Evangelho (Jo
11,45-56): Muitos judeus que tinham ido
à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. Alguns, porém, foram
contar aos fariseus o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus,
então, reuniram o sinédrio e discutiam: «Que vamos fazer? Este homem faz muitos
sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os
romanos virão e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação». Um deles,
chamado Caifás, sumo sacerdote naquele ano, disse: «Vós não entendeis nada! Não
percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?».
Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus iria morrer pela nação; e não só pela nação, mas também
para reunir os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia, decidiram matar
Jesus. Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Ele foi
para uma região perto do deserto, para uma cidade chamada Efraim. Lá permaneceu
com os seus discípulos. A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente da
região tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. Eles
procuravam Jesus e, reunidos no templo, comentavam: «Que vos parece? Será que
ele não vem para a festa?» Entretanto, os sumos sacerdotes e os fariseus tinham
dado a seguinte ordem: se alguém soubesse onde Jesus estava, devia comunicá-lo,
para que o prendessem.
Comentário: Rev.
D. Xavier ROMERO i Galdeano (Cervera, Lleida, Espanha)
Jesus iria morrer pela nação; e não só pela
nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos.
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
Hoje, de caminho
para Jerusalém, Jesus sente-se perseguido, vigiado, sentenciado, porque quanto
maior e original tem sido sua revelação — o anuncio do Reino — mais ampla e mais
clara tem sido a divisão e a oposição que ele encontrou nos ouvintes. «Então
muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez,
acreditaram nele. Alguns foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus
tinha feito». (cf. Jo 11,45-46).
As palavras
negativas de Caifás, «Vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo
povo, do que a nação inteira perecer?» (Jo 11,50), Jesus as assumirá positivamente
na redenção feita por nós. Jesus, o Filho Unigênito de Deus, morre na cruz por
amor a todos! Morre para realizar o plano do Pai, quer dizer, «E não só pela
nação, mas também para reunir os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo
11,52).
E esta é a
maravilha e a criatividade de nosso Deus! Caifás, com sua sentença («Convém que
morra um só...») não faz mais que, por ódio, eliminar a um idealista; por outro
lado, Deus Pai, enviando o seu Filho por amor a nós, faz algo maravilhoso:
converter aquela sentença malévola em una obra de amor redentora, porque para
Deus Pai, cada homem vale todo o sangue derramado por Jesus Cristo!
Daqui a uma
semana cantaremos — em solene vigília — o Pregão Pascoal. Através dessa
maravilhosa oração, a Igreja faz louvor ao pecado original. E não o faz porque
desconheça sua gravidade, e sim porque Deus - em sua bondade infinita— tem
feito proezas como resposta ao pecado do homem. Isto é, ante o “desgosto
original”, Ele respondeu com a Encarnação, com o sacrifício pessoal e com a
instituição da Eucaristia. Por isso, a liturgia cantará no próximo sábado: «Que
assombroso beneficio de teu amor por nós! Que incomparável ternura e caridade!
Oh feliz culpa que mereceu tal Redentor!».
Espero que nossas
sentenças, palavras e ações não sejam impedimentos para a evangelização, uma
vez que nós também recebemos de Cristo a responsabilidade, de reunir os filhos
de Deus dispersos: «Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus
discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo» (Mt
28,19).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de
hoje traz a parte final do longo relato da ressurreição de Lázaro em Betânia,
na casa de Marta e Maria (João 11,1-56). A ressurreição de Lázaro é o sétimo
sinal (milagre) de Jesus no evangelho de João e é também o ponto alto e
decisivo da revelação que ele vinha fazendo de Deus e de si mesmo.
* A pequena
comunidade de Betânia, onde Jesus gostava de hospedar-se, reflete a situação e
o estilo de vida das pequenas comunidades do Discípulo Amado no fim do primeiro
século lá na Ásia Menor. Betânia quer dizer "Casa dos pobres". Eram
comunidades pobres de gente pobre. Marta quer dizer "Senhora"
(coordenadora): uma mulher coordenava a comunidade. Lázaro significa "Deus
ajuda": a comunidade pobre esperava tudo de Deus. Maria significa
"amada de Javé": era a discípula amada, imagem da comunidade. O
episódio da ressurreição de Lázaro comunicava esta certeza: Jesus traz vida
para a comunidade dos pobres. Jesus é fonte de vida para todos que nele
acreditam.
* João 11,45-46:
A repercussão do sétimo Sinal no meio do povo
Depois da
ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-44), vem a descrição da repercussão deste sinal
no meio do povo. O povo estava dividido. “Muitos judeus, que tinham ido à casa
de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele”. Mas outros “foram ao
encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. Estes últimos fizeram
a denúncia. Para poder entender esta reação negativa de uma parte do povo é
preciso levar em conta que a metade da população de Jerusalém dependia em tudo
do Templo para poder viver e sobreviver. Por isso, dificilmente eles iriam
apoiar um desconhecido profeta da Galileia que criticava o Templo e as autoridades.
Isto também explica como alguns se prestavam para ser informantes das
autoridades.
* João 11,47-53:
A repercussão do sétimo Sinal no meio das autoridades
A notícia da
ressurreição de Lázaro fez crescer a popularidade de Jesus. Por isso, os
líderes religiosos convocam o conselho, o sinédrio, a autoridade máxima, para
discernir o que fazer. Pois, “esse homem está realizando muitos sinais. Se
deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e
destruirão o Templo e toda a nação”. Eles tinham medo dos romanos. De fato, o
passado, desde a invasão romana em 64 antes de Cristo até à época de Jesus, já
tinha mostrado várias vezes que os romanos reprimiam com toda a violência
qualquer tentativa de rebelião popular (cf. Atos 5,35-37). No caso de Jesus, a
reação romana poderia levar à perda de tudo, inclusive do Templo e da posição
privilegiada dos sacerdotes. Por isso, Caifás, o sumo sacerdote, decide: “É
melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer”. E o
evangelista faz este bonito comentário: “Caifás não falou isso por si mesmo.
Sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. E
não só pela nação, mas também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam
dispersos”. Assim, a partir deste momento, os líderes, preocupados com o
crescimento da liderança de Jesus e motivados pelo medo dos romanos, decidem
matar Jesus.
* João 11,54-56:
A repercussão do sétimo Sinal na vida de Jesus
O resultado final
é que Jesus tinha que viver como clandestino. “Ele não andava mais em público
entre os judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma
cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos”. A páscoa estava
próxima. Nessa época do ano, a população de Jerusalém triplicava por causa do
grande número de peregrinos e romeiros. A conversa de todos era em torno de
Jesus: "Que é que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?" Da
mesma maneira, na época em que foi escrito o evangelho, no fim do primeiro
século, época da perseguição do imperador Domiciano (81 a 96), as comunidades
cristãs que traziam a vida para os outros se viam obrigadas a viver na
clandestinidade.
* Uma chave para
entender o sétimo sinal da ressurreição de Lázaro
Lázaro estava
doente. As irmãs Marta e Maria mandaram chamar Jesus: "Aquele a quem amas
está doente!" (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e explica aos
discípulos: "Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para
que por nela seja glorificado o Filho de Deus!" (Jo 11,4) No evangelho de
João, a glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1).
Uma das causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo
11,50; 12,10). Muitos judeus estavam na casa de Marta e Maria para consolá-las
da perda do irmão. Os judeus, representantes da Antiga Aliança, só sabem
consolar. Não trazem vida nova. Jesus é que vai trazer vida nova! Assim, de um
lado, a ameaça de morte contra Jesus! De outro lado, Jesus chegando para vencer
a morte! É neste contexto de conflito entre vida e morte, que se realiza o
sétimo sinal da ressurreição de Lázaro.
Marta diz que crê
na ressurreição.
Os fariseus e a maioria do povo também acreditavam na Ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas não a revelavam. Era apenas fé na ressurreição no fim dos tempos e não na ressurreição presente na história, aqui e agora. Esta fé antiga não renovava a vida. Pois não basta crer na ressurreição que vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a Ressurreição já está presente aqui e agora na pessoa de Jesus e naqueles que acreditam em Jesus. Sobre estes a morte já não tem mais nenhum poder, porque Jesus é a "ressurreição e a vida". Mesmo sem ver o sinal concreto da ressurreição de Lázaro, Marta confessa a sua fé: "Eu creio que tu és o Cristo, o filho de Deus que vem ao mundo" (Jo 11,27).
Os fariseus e a maioria do povo também acreditavam na Ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas não a revelavam. Era apenas fé na ressurreição no fim dos tempos e não na ressurreição presente na história, aqui e agora. Esta fé antiga não renovava a vida. Pois não basta crer na ressurreição que vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a Ressurreição já está presente aqui e agora na pessoa de Jesus e naqueles que acreditam em Jesus. Sobre estes a morte já não tem mais nenhum poder, porque Jesus é a "ressurreição e a vida". Mesmo sem ver o sinal concreto da ressurreição de Lázaro, Marta confessa a sua fé: "Eu creio que tu és o Cristo, o filho de Deus que vem ao mundo" (Jo 11,27).
Jesus manda tirar
a pedra.
Marta reage: "Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!” (Jo 11,39). Novamente, Jesus a desafia apelando para a fé na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da glória de Deus: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" (Jo 11,40). Retiraram a pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade das pessoas, Jesus se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de graças: "Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me ouves!" (Jo 11,41-42). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o enviado do Pai. Em seguida, ele grita em alta voz, grito criador: "Lázaro, vem para fora!" E Lázaro veio para fora (Jo 11,43-44). É o triunfo da vida sobre a morte, da fé sobre a incredulidade! Um agricultor comentou: "A nós cabe retirar a pedra! E aí Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer tirar a pedra, e por isso a comunidade deles não tem vida!"
Marta reage: "Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!” (Jo 11,39). Novamente, Jesus a desafia apelando para a fé na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da glória de Deus: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" (Jo 11,40). Retiraram a pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade das pessoas, Jesus se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de graças: "Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me ouves!" (Jo 11,41-42). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o enviado do Pai. Em seguida, ele grita em alta voz, grito criador: "Lázaro, vem para fora!" E Lázaro veio para fora (Jo 11,43-44). É o triunfo da vida sobre a morte, da fé sobre a incredulidade! Um agricultor comentou: "A nós cabe retirar a pedra! E aí Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer tirar a pedra, e por isso a comunidade deles não tem vida!"
Para um confronto pessoal
1) O que significa
para mim, bem concretamente, crer na ressurreição?
2) Parte do povo
aceitava Jesus, parte não aceitava. Hoje, parte do povo aceita a renovação da
igreja, e parte não aceita. E eu?
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