Textos: Ex 20, 1-17; 1 Co 1, 22-25; Jo 2, 13-25
Evangelho (Jo
2,13-25): Estava próxima a Páscoa dos
judeus; Jesus, então, subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os que vendiam
bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nas suas bancas. Então fez um chicote
com cordas e a todos expulsou do templo, juntamente com os bois e as ovelhas;
jogou no chão o dinheiro dos cambistas e derrubou suas bancas, e aos vendedores
de pombas disse: «Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um
mercado!» Os discípulos se recordaram do que está na Escritura: «O zelo por tua
casa me há de devorar». Então os judeus
perguntaram a Jesus: «Que sinal nos mostras para agires assim?» Jesus
respondeu: «Destruí este templo, e em três dias eu o reerguerei». Os judeus,
então, disseram: «Trabalharam durante quarenta e seis anos erguer este templo,
e tu serias capaz de erguê-lo em três dias?» Ora, ele falava isso a respeito do
templo que é seu corpo. Depois que Jesus fora reerguido dos mortos, os
discípulos se recordaram de que ele tinha dito isso, e creram na Escritura e na
palavra que Jesus falou. Estando em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos
creram no seu nome, vendo os sinais que realizava. Jesus, no entanto, não lhes
dava crédito, porque conhecia a todos e não precisava de ser informado a
respeito do ser humano. Ele bem sabia o que havia dentro do homem.
Comentário: Rev.
D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)
Não façais da casa de meu Pai um mercado!
Hoje, perto da
Páscoa, sucedeu um fato insólito no templo. Jesus retirou do templo o rebanho
dos vendedores, derrubou as bancas dos cambistas e disse aos vendedores de
pombas: «Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado!»
(Jo 2,16). E enquanto as ovelhas e os carneiros corriam pela explanada, os
discípulos descobriram uma nova face da alma de Jesus: O zelo pela casa de seu
Pai, o zelo pelo templo de Deus.
O templo de Deus
convertido num mercado! Que barbaridade! Deve ter começado com pouca coisa.
Algum pastor que subia para vender um cordeiro, uma anciã que queria ganhar
algum trocado vendendo pombas..., e a bola foi crescendo. Tanto é assim que o
autor do Cântico dos Cânticos clamava: «pegai as raposas, as pequenas raposas
que devastam as vinhas» (Cant 2,15). Mas, quem ligava pra aquilo? A explanada
do templo era como um mercado em dia de feira.
— Eu também sou
templo de Deus. Se não cuido as pequenas raposas, o orgulho, a preguiça, a
gula, a inveja, a avareza, tantos trajes do egoísmo, se infiltram dentro nós e
estragam tudo. Por isso, o Senhor nos coloca em alerta: «O que vos digo, digo a
todos, vigiai!» (Mc 13,37).
Vigiemos! Para
que a preguiça não invada a consciência: «negar-se a ver a culpa é uma doença
da alma mais perigosa que a culpa, pois está muito mais distante da verdade e
da conversão» (Bento XVI).
Vigiar? — Tento
fazê-lo cada noite. Ofendi alguém? São retas as minhas intenções? Estou
disposto a cumprir sempre e em tudo a vontade de Deus? Mas, nessas horas estou
cansado e me vence o sono.
—Jesus, você me
conhece a fundo, você que conhece muito bem o que existe no interior de cada
homem, faz-me conhecer as faltas, dá-me fortaleza e um pouco deste zelo seu,
para que jogue fora do templo, aquilo que me separa de ti.
Quais “mercadores” eu tenho que expulsar nesta
quaresma que querem traficar com a minha alma, e meu corpo, templo de Deus?
Pe. Antonio
Rivero, L.C.
Deus nesta
quaresma quer purificar o templo da minha alma e do meu coração, para poder
celebrar comigo a sua Páscoa, isto é, o triunfo do pecado e a injeção da graça
divina, fazendo-me homem novo.
Em primeiro
lugar, Cristo tem que entrar hoje com o açoite na mão no templo da nossa Igreja
e expulsar dela todos esses mercadores que só buscam fazer carreira, ambições,
desejo de protagonismo e vaidade, cheios de mundanismo na sua mente e no seu
coração, como tantas vezes nos lembra o Papa Francisco. E assim purificada, a
nossa Igreja seja una, santa, católica e apostólica, e, sobretudo, segundo o
evangelho na mente, no coração e nos ritos. E assim a nossa Igreja só busque a
glória de Deus e o bem de todas as pessoas, visitando as periferias
existenciais, consolando os tristes, ajudando e promovendo os pobres com obras
de caridade, perdoando os pecadores. Só assim a nossa Igreja será facilitadora
da graça, como diz o Papa Francisco, e não burocrática, que controla e que
obstaculiza o encontro do homem com Deus. E assim na nossa Igreja terá a
comunhão fraterna, deixando de um lado as invejas que carcomem; os ciúmes que
desgastam e as murmurações que nos matam. Só assim a nossa Igreja católica
enfrentará o desafio da proliferação dos novos movimentos religiosos, aonde
muitos vão encontrando o que nós, talvez, não lhes damos: acolhida,
proximidade, carinho, respeito, ternura e solução para os seus problemas
espirituais, humanos e materiais; e realizando tudo sem buscar benefícios
econômicos ou querer exercer algum poder sobre essas pobres gentes (Evangelii
Gaudium 70).
S. João de Deus |
Finalmente, Cristo tem que entrar hoje com o açoite na mão no templo das nossas famílias, dos nossos corações e expulsar de nós todo egoísmo, soberba, luxúria, grosserias, divisões, ídolos (1 leitura), e purificada a nossa alma, possamos render o culto devido a Deus e cumprir alegremente e por amor os mandamentos (1 leitura). Não nos envergonharemos da cruz de Cristo que é força e sabedoria de Deus (2 leitura).
Para refletir: Deixei a porta aberta do templo da minha alma
para Jesus entrar e tirar para fora todos esses mercadores que tratam de
traficar com a minha fé, a minha esperança e a minha caridade? Já os localizei:
seitas e propostas mundanas, egoísmo e vaidade, orgulho e ambição, vida cheia
de prazeres e de luxo, comodidade e preguiça, insensibilidade e indiferença,
tristeza e desilusão, depressão e ceticismo? Tenho bem trancada a minha porta
com o cadeado da vigilância e da coerência na minha vida cristã?
Para rezar: Senhor, entrai com o vosso açoite de amor e
tirai para fora todos esses inquilinos que querem roubar de mim o patrimônio
que Vós presenteastes à minha alma desde o dia do meu batismo. Quero viver a
santa Quaresma com essa consciência e necessidade de purificação para poder
entrar e desfrutar da vossa Páscoa.
Qualquer sugestão ou dúvida
podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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