Beato Ângelo Paoli Presbítero de nossa Ordem |
Comentário: Rev. D. Ignasi FABREGAT i Torrents
(Terrassa, Barcelona, Espanha)
O sábado foi feito
para o homem, e não o homem para o sábado.
Hoje
como ontem, Jesus deve se enfrentar com os fariseus, que deformaram a Lei de
Moisés, ficando-se nas pequenices e esquecendo-se do espírito que a informa. Os
fariseus, da fato, acusam, os discípulos de Jesus de violar o sábado (cf. Mc
2,24). Segundo sua casuística agoniante, arrancar espigas, equivale a “segar” e
trilhar significa “bater": essas tarefas de campo — e uma quarentena mais
que poderíamos acrescentar — estavam proibidas no sábado, dia de descanso. Como
já sabemos, os pães da oferenda dos que nos fala o Evangelho, eram doze pães
que eram colocados a cada semana na mesa do santuário, como homenagem das doze
tribos de Israel ao seu Deus e Senhor.
A
atitude de Abiatar é a mesma que hoje ensina-nos Jesus: os preceitos da Lei que
tem menos importância cedem diante dos maiores; um preceito cerimonial deve
ceder diante um preceito de lei natural; o preceito do repouso de sábado não
está, então, em cima das elementares necessidades de subsistência. O Concílio
Vaticano II, inspirando-se na perícopa que comentamos e, para recalcar que a
pessoa que está por cima das questões econômicas e sociais, diz: «A ordem
social e seu progressivo desenvolvimento devem subordinar-se em todo momento ao
bem da pessoa, porque a ordem das coisas deve submeter-se à ordem das pessoas
e, não ao contrário. O mesmo Senhor o advertiu quando disse que o sábado tinha
sido feito para o homem e, não o homem para o sábado (cf. Mc 2,24)».
Santo
Agostinho disse: «Ama e faz o que queres». O entendemos bem, o ainda a obsessão
por aquilo que é secundário afoga o amor que há de pôr em tudo o que fazemos?
Trabalhar, perdoar, corrigir, ir a missa os domingos, cuidar os doentes,
cumprir os mandamentos..., O fazemos porque devemos ou por amor de Deus? Tomara
que essas considerações ajudem-nos a vivificar todas nossas obras com o amor
que o Senhor pôs nos nossos corações, precisamente para que possamos lhe amar.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
São Sebastião, Martir |
*
A lei existe para o bem das pessoas. Num dia de sábado, os discípulos passam
pelas plantações e abrem caminho arrancando espigas. Em Mateus 12,1 se diz que
eles estavam com fome. Invocando a Bíblia, os fariseus criticam a atitude dos
discípulos. Seria uma transgressão da lei do Sábado (cf Ex 20,8-11). Jesus
responde invocando a mesma Bíblia para mostrar que os argumentos dos outros não
tinham fundamento. Ele lembra que o próprio Davi também fez coisa proibida,
pois tirou os pães sagrados do templo e os deu de comer aos soldados que
estavam com fome (1 Sm 21,2-7). E Jesus termina com duas frases importantes:
1)
O sábado é para o ser humano, e não o ser humano para o sábado,
2)
O Filho do Homem é dono até do sábado!
*
O sábado é para o ser humano, e não o ser humano para o sábado. Durante mais de
quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até a época de
Jesus, os judeus tinham observado a lei do sábado. Esta observância secular
tornou-se para eles um forte sinal identidade. O sábado era rigorosamente
observado. Na época dos Macabeus, meados do século II antes de Cristo, esta
observância rígida chegou a um ponto crítico. Atacados pelos gregos em dia de
sábado, os rebeldes macabeus preferiram deixar-se matar a transgredir o sábado
usando as armas para defender sua vida. Por isso, morreram mil pessoas (1Mac
2,32-38). Refletindo sobre este massacre, os líderes macabeus concluíram que
deviam resistir e defender sua vida, mesmo em dia de sábado (1Mac 2,39-41).
Jesus teve a mesma atitude de relativizar a lei do sábado em favor da vida,
pois a lei existe para o bem da vida humana, e não vice-versa!
*
O Filho do Homem é dono até do sábado! A nova experiência de Deus como Pai/Mãe
fez com que Jesus, o Filho do Homem, dava a Jesus uma chave para descobrir a
intenção de Deus que está na origem das leis do Antigo Testamento. Por isso, o
Filho do Homem é dono até do Sábado. Convivendo com o povo da Galileia durante
trinta anos e sentindo na pele a opressão e a exclusão a que tantos irmãos e
irmãs eram condenados em nome da Lei de Deus, Jesus percebeu que isto não podia
ser o sentido daquelas leis. Se Deus é Pai, então ele acolhe a todos como
filhos e filhas. Se Deus é Pai, então nós temos que ser irmão e irmã uns dos
outros. Foi o que Jesus viveu e pregou, desde o começo até o fim. A Lei do
Sábado deve estar a serviço da vida e da fraternidade. Foi por causa da sua
fidelidade a esta mensagem que Jesus foi preso e condenado à morte. Ele
incomodou o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois
ele queria a Lei a serviço da vida, e não vice-versa.
*
Jesus e a Bíblia. Os fariseus criticavam Jesus em nome de Bíblia. Jesus
responde e critica os fariseus usando a Bíblia. Ele conhecia a Bíblia de
memória. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em
cada comunidade só havia uma única Bíblia, escrita a mão, que ficava na
sinagoga. Se Jesus conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele, durante
aqueles 30 anos da sua vida em Nazaré, deve ter participado intensamente da
vida da comunidade, onde todo sábado se liam as Escrituras. Ainda falta muito
para nós termos a mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na
comunidade!
Para um confronto
pessoal
1) O Sábado é para o ser humano, e não
vice versa. Quais os pontos em minha vida que devem mudar?
2) Mesmo sem ter Bíblia em casa, Jesus
conhecia a Bíblia de memória. E eu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO