Pe. Vitor Gino Finelon, Vice-Diretor das Escolas de Fé e
Catequese, Mater Ecclesiae e Luz e Vida.
A
palavra “advento” tem origem latina e significa “chegada”, “aproximação”,
“vinda”. No Ano Litúrgico, o Advento é um tempo de preparação para a segunda
maior festa cristã: o Natal do Senhor. Neste tempo, celebramos duas verdades de
nossa fé: a primeira vinda (o nascimento de Jesus em Belém) e a segunda vinda
de Jesus (a Parusia). Assim, a Igreja comemora a vinda do Filho de Deus entre
os homens (aspecto histórico) e vive aalegre expectativa da segunda vinda
d’Ele, em poder e glória, em dia e hora desconhecidos (aspecto escatológico).
Como se estrutura o
Tempo do Advento
O
tempo do Advento não tem um número fixo de dias e depende sempre da solenidade
do Natal. Ele começa na tarde (1ª Vésperas) do primeiro domingo após a
Solenidade de Cristo Rei e se desenvolve até o momento anterior à tarde (1ª
Vésperas) do Natal. Ele possui quatro semanas e, por isso, quatro domingos
celebrativos. O terceiro domingo do Advento é chamado de domingo da alegria
(gaudete, em latim) por causa da antífona de entrada da missa (Alegrai-vos
sempre no Senhor), mostrando a alegria da proximidade da celebração do Natal. O
tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira, que vai até o dia 16 de
dezembro, é marcada pela espera alegre da segunda vinda de Jesus. A segunda, os
dias que antecedem o Natal, se destaca pela recordação sobre o nascimento de
Jesus em Belém.
As figuras Bíblicas
principais do Advento
Dois
personagens bíblicos ganham destaque na celebração do Advento: Maria e João
Batista. Ela porque foi escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, e ele
porque foi vocacionado a ser o precursor do Messias. Ela se torna modelo do
coração que sabe acolher a Palavra e gerar Jesus. Ele se torna modelo de uma
vida que sabe esperar nas promessas de Deus e agir anunciando e preparando a
chegada da salvação. Em ambos se manifesta a realização da esperança messiânica
judaica e o anúncio da plenitude dos tempos.
“Atentos e vigilantes”
A
espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes básicas: a preparação
para receber o Cristo; a oração e a vivência da esperança cristã. A preparação
para receber o Senhor se dá na vivência da conversão e da ascese. Precisamos
ter um olhar atento sobre nós e a realidade que nos cerca e nos empenharmos
para correspondermos com a ação do Espírito de Deus que quer restaurar todas as
coisas. O nosso relacionamento com o nosso corpo e os nossos afetos, com nossos
familiares e pessoas íntimas, nossa participação na vida eclesial e social
devem estar no foco de nossa atenção. A preparação para celebrar o Natal
demanda uma confissão sacramental bem feita e um propósito firme de renovação
interior.
“Orai a todo momento”
Este
tempo é marcado por uma vivência mais profunda da vida de oração. A leitura
orante deste período nos coloca em contato com as profecias de salvação do
Antigo Testamento, com a expectativa que os cristãos da Igreja primitiva tinham
da Parusia e com os eventos principais que antecederam o nascimento de Jesus. A
recordação dos eventos que antecederam a primeira vinda de Cristo se torna a
base da preparação da Igreja para o novo Advento do Senhor. A Santa Missa e a
Liturgia das Horas são os principais momentos celebrativos. Os exercícios de
piedade, como a oração e a meditação dos mistérios gozosos do Rosário, a oração
do Angelus Domini e a Novena de Natal podem ser um caminho feliz para a
vivência da oração comunitária neste tempo.
“Para ficardes em pé
diante do Filho do Homem”
Cada
um de nós, apesar do pecado e do mal que nos cerca, deve desejar sempre mais a
felicidade, aceitando que, em última análise, ela é o Reino dos Céus, a
vivência em comunhão plena e eterna com Deus. Para isto é necessário vivermos
dirigindo nossa vida para esta meta, colocando nossas forças no socorro da
graça do Espírito Santo. Deus já nos criou desejando a felicidade. Contudo, por
causa do pecado, vamos procurando nas criaturas aquela completude que só pode
ser vivida na comunhão com o Criador. O Advento nos propõe entendermos todas as
coisas na sua relação com Deus e usarmos elas como meios de estarmos com Ele,
colocando nossa esperança nas realidades que não passam.
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