sábado, 11 de outubro de 2014

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida

«Fazei tudo o que Ele vos disser»

O verdadeiro objetivo do acontecimento de Caná não é o vinho, este é apenas o sinal. O Senhor ofereceu aos Hóspedes das Bodas de Caná cerca de 600 (seiscentos) litros de saboroso vinho, das seis medidas, que os servos tinham enchido de água, segundo a ordem de Jesus. O objetivo era antes a manifestação da glória de Jesus, o brilho da infinita bondade de Deus e o despertar da fé nos discípulos. O milagre mais profundo de Caná é a fé dos discípulos, os quais, para além do acontecimento exterior, começam a reconhecer uma coisa maior: a presença de Deus no meio de nós. Maria não pede ao Senhor um milagre. De facto ainda não era claro se o fazer milagres pertencia à Sua missão. Ela simplesmente apresenta ao Senhor a dificuldade, na qual os amigos se encontravam. Maria coloca tudo nas mãos de Jesus e abandona-se a Ele e ao Seu operar. Os discípulos esses são quem mais ganha ao aumentarem realmente a sua fé em Jesus Salvador.

Pe. Tarcízio Morais, sdb

Evangelho Jo 2,1-11 - Naquele tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora». Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas a três medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles levaram. Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho, – ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora». Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.

Naquele tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento.

Um casamento serve de pano de fundo ao primeiro milagre de Jesus. Convidado para um Casamento em Caná, da Galileia, compareceu em companhia de alguns Discípulos. Numa atitude de perfeita integração com amigos e conhecidos, Jesus participa de um casamento. Um momento de festa, de partilha, de alegria. Lá encontrou-se com Maria, sua Mãe.
Não há nada na vida que não possa ser partilhado com o Senhor Jesus. Mesmo uma festa? Com certeza! Juntamente com os seus discípulos, Jesus partilha da alegria dos que o rodeiam. E esta alegria não pode ser turbada porque está prestes a faltar o vinho. Desta forma, com a sua presença natural e festiva, Jesus torna-se mais próximo e simultaneamente mais credível. Mais humano. Mais nosso. Assim é Jesus: contra aquilo que possamos pensar Jesus faz festa com os seus. Conosco. Quer a nossa felicidade e alegria.

A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora».

As bodas de Caná estão no imaginário dos primeiros cristãos e de toda a Igreja por este feito inesquecível: no melhor da festa, acaba-se o vinho. Maria como que diz: “Tem pena deles, senão a festa vai acabar”. A disponibilidade e atenção de Maria, a atitude de Jesus diante da falta de vinho, o facto de não ter chegado “ainda” a hora de Jesus todos estes detalhes nos ajudam a entrar no contexto da cena que nos abrirá ao primeiro milagre de Jesus.
A hora de Jesus, a hora do anúncio e manifestação da chegada do Reino, vai sendo cumprida pouco a pouco, ao ritmo de Jesus, começando pelos que lhe estão mais próximos. Mas é Maria quem primeiro dá conta de uma necessidade que obriga a uma ação concertada para ser evitado um desaire. Maria, sempre atenta, aproxima-se como mãe do sentir das nossas necessidades como em Caná. Leva as nossas contrariedades até Jesus. Não teme “perturbar” porque atenta e solícita. Como em Caná, os obstáculos que se apresentam na nossa vida, com Maria, desaparecem. Por isso, também aqui podemos seguir o que D. Bosco dizia aos seus jovens: “Confiai em Maria e vereis o que são milagres” … mesmo que não seja ainda a hora de Jesus…

Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser».

Depois do Fiat, é talvez a sua mais bela palavra: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Maria, mãe de Jesus, indica aos serventes a forma de atuar. Ela exorta a uma confiança sem hesitação, sobretudo quando não se compreendem o sentido e a utilidade de quanto Cristo pedirá. Mediando esta intervenção de Jesus, percebe como “fazer o que Jesus disser” é a forma de salvar aquela festa da falta do elemento mais importante. Maria conhece a forma de atuar de Jesus e ainda que “não tenha chegado a sua hora”, na hora da verdade, Jesus revelar-se-á como o Salvador.
O convite de Maria continua em aberto para cada um de nós. Senhor, que queres que eu faça? Deixarmo-nos guiar por Jesus, fazer o que a sua Palavra e a sua vontade nos indica é caminho que nos conduz à salvação, à vida em Deus. Nas nossas vidas somos muitas vezes tentados a afastar-nos daquilo que Jesus nos diz. Porque é muito complicado. Porque está na moda ser do contra. Mas o que “Ele” nos disser é Palavra que nos conduz à felicidade. Porque, então, não estar disposto a escutá-lo?

Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas a três medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles levaram.

As talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, eram certamente de grande porte (80 a 120 litros). Vazias são perfeitamente inúteis. É necessário enchê-las de água para que o milagre aconteça: que a água seja transformada em vinho. Vinho do melhor. Caberá ao chefe de mesa, ausente de todo este processo ao qual assistem unicamente os serventes, saber identificar a qualidade do vinho novo de Jesus!
O gesto de Jesus transformará o significado do ritualismo associado ao símbolo da purificação dos judeus. O ritualismo, o legalismo, a norma fria e vazia é transformada em vinho, símbolo de alegria, de festa, pela chegada do tempo novo do Reino de Deus. Em Jesus, a novidade acontece. Em Jesus, as coisas de Deus adquirem uma nova dimensão. Abandonam-se as vias da tristeza, da desilusão, para tudo inundar pela alegria do Reino, pela presença de Deus no meio de nós.

Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho, – ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora».

Quem dirige o banquete reconhece a excelência do vinho transformado por Jesus. Um vinho muito melhor que o primeiro a ser servido. Coisa fora do habitual: nestas circunstâncias, primeiramente era servido o vinho bom, só depois o de menor qualidade.
A oferta de Jesus é de vinho novo e excelente. A oferta de Jesus revigora a vida dos crentes e torna extraordinária (e excelente) a vida dos que se deixam transformar por “tudo aquilo que ele vos disser”. A missão de Jesus é oferecer à humanidade o maior dom (e inigualável dom) do amor de Deus. Quem como nós para o recebermos? Porquê a mim, Senhor, me fazes convidado do teu banquete?

Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.

No final da narração do primeiro milagre de Jesus, que se tornou possível pela fé sólida da Mãe do Senhor no seu divino Filho, o evangelista João conclui: ´Os Seus discípulos acreditaram n’Ele´ (2, 11). Em Caná Maria inicia o caminho da fé da Igreja, precedendo os discípulos e orientando para Cristo a atenção dos servos. A sua perseverante intercessão encoraja, além disso, aqueles que às vezes se encontram diante da experiência do ´silêncio de Deus´. Eles são convidados a esperar para além de toda a esperança, confiando sempre na bondade do Senhor.
Em Caná da Galileia dão-se início aos sinais de Jesus. São manifestações em que se torna clara a ação transformante de Deus, sinal da glória de Deus. Sinal do seu amor por nós. E esta ação de Deus gera a fé entre os seus. Entre cada um de nós. Esta é mais uma manifestação de Deus para nós. Um sinal do seu agir e da sua forma de estar. Jesus manifesta-se cem toda a sua glória para que, como os seus discípulos, possamos também nós acreditar. Ir mais longe. Captarmos todos os sinais que o Senhor Jesus nos indica para crescermos na nossa fé. Para com ele também nós vivermos em ambiente de festa e alegria na felicidade de quem saber ter a Deus da sua parte.

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