«Fazei tudo o que Ele
vos disser»
O
verdadeiro objetivo do acontecimento de Caná não é o vinho, este é apenas o
sinal. O Senhor ofereceu aos Hóspedes das Bodas de Caná cerca de 600
(seiscentos) litros de saboroso vinho, das seis medidas, que os servos tinham
enchido de água, segundo a ordem de Jesus. O objetivo era antes a manifestação
da glória de Jesus, o brilho da infinita bondade de Deus e o despertar da fé
nos discípulos. O milagre mais profundo de Caná é a fé dos discípulos, os
quais, para além do acontecimento exterior, começam a reconhecer uma coisa
maior: a presença de Deus no meio de nós. Maria não pede ao Senhor um milagre.
De facto ainda não era claro se o fazer milagres pertencia à Sua missão. Ela
simplesmente apresenta ao Senhor a dificuldade, na qual os amigos se
encontravam. Maria coloca tudo nas mãos de Jesus e abandona-se a Ele e ao Seu
operar. Os discípulos esses são quem mais ganha ao aumentarem realmente a sua
fé em Jesus Salvador.
Pe. Tarcízio Morais, sdb
Evangelho
Jo 2,1-11 - Naquele tempo, realizou-se
um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus
discípulos foram também convidados para o casamento. A certa altura faltou o
vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher,
que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora». Sua Mãe disse aos
serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis talhas de pedra,
destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até acima.
Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles levaram.
Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho, – ele não sabia de
onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam – chamou o
noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os
convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até
agora». Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.
Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus
e os seus discípulos foram também convidados para o casamento.
Um
casamento serve de pano de fundo ao primeiro milagre de Jesus. Convidado para
um Casamento em Caná, da Galileia, compareceu em companhia de alguns
Discípulos. Numa atitude de perfeita integração com amigos e conhecidos, Jesus
participa de um casamento. Um momento de festa, de partilha, de alegria. Lá
encontrou-se com Maria, sua Mãe.
Não
há nada na vida que não possa ser partilhado com o Senhor Jesus. Mesmo uma
festa? Com certeza! Juntamente com os seus discípulos, Jesus partilha da
alegria dos que o rodeiam. E esta alegria não pode ser turbada porque está
prestes a faltar o vinho. Desta forma, com a sua presença natural e festiva,
Jesus torna-se mais próximo e simultaneamente mais credível. Mais humano. Mais
nosso. Assim é Jesus: contra aquilo que possamos pensar Jesus faz festa com os
seus. Conosco. Quer a nossa felicidade e alegria.
A certa altura faltou
o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe:
«Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora».
As
bodas de Caná estão no imaginário dos primeiros cristãos e de toda a Igreja por
este feito inesquecível: no melhor da festa, acaba-se o vinho. Maria como que
diz: “Tem pena deles, senão a festa vai acabar”. A disponibilidade e atenção de
Maria, a atitude de Jesus diante da falta de vinho, o facto de não ter chegado
“ainda” a hora de Jesus todos estes detalhes nos ajudam a entrar no contexto da
cena que nos abrirá ao primeiro milagre de Jesus.
A
hora de Jesus, a hora do anúncio e manifestação da chegada do Reino, vai sendo
cumprida pouco a pouco, ao ritmo de Jesus, começando pelos que lhe estão mais
próximos. Mas é Maria quem primeiro dá conta de uma necessidade que obriga a
uma ação concertada para ser evitado um desaire. Maria, sempre atenta,
aproxima-se como mãe do sentir das nossas necessidades como em Caná. Leva as
nossas contrariedades até Jesus. Não teme “perturbar” porque atenta e solícita.
Como em Caná, os obstáculos que se apresentam na nossa vida, com Maria,
desaparecem. Por isso, também aqui podemos seguir o que D. Bosco dizia aos seus
jovens: “Confiai em Maria e vereis o que são milagres” … mesmo que não seja
ainda a hora de Jesus…
Sua Mãe disse aos
serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser».
Depois
do Fiat, é talvez a sua mais bela palavra: «Fazei tudo o que Ele vos disser».
Maria, mãe de Jesus, indica aos serventes a forma de atuar. Ela exorta a uma
confiança sem hesitação, sobretudo quando não se compreendem o sentido e a
utilidade de quanto Cristo pedirá. Mediando esta intervenção de Jesus, percebe
como “fazer o que Jesus disser” é a forma de salvar aquela festa da falta do
elemento mais importante. Maria conhece a forma de atuar de Jesus e ainda que
“não tenha chegado a sua hora”, na hora da verdade, Jesus revelar-se-á como o
Salvador.
O
convite de Maria continua em aberto para cada um de nós. Senhor, que queres que
eu faça? Deixarmo-nos guiar por Jesus, fazer o que a sua Palavra e a sua
vontade nos indica é caminho que nos conduz à salvação, à vida em Deus. Nas
nossas vidas somos muitas vezes tentados a afastar-nos daquilo que Jesus nos
diz. Porque é muito complicado. Porque está na moda ser do contra. Mas o que
“Ele” nos disser é Palavra que nos conduz à felicidade. Porque, então, não
estar disposto a escutá-lo?
Havia ali seis talhas
de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas a três
medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até
acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles
levaram.
As
talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, eram certamente de grande
porte (80 a 120 litros). Vazias são perfeitamente inúteis. É necessário
enchê-las de água para que o milagre aconteça: que a água seja transformada em
vinho. Vinho do melhor. Caberá ao chefe de mesa, ausente de todo este processo
ao qual assistem unicamente os serventes, saber identificar a qualidade do
vinho novo de Jesus!
O
gesto de Jesus transformará o significado do ritualismo associado ao símbolo da
purificação dos judeus. O ritualismo, o legalismo, a norma fria e vazia é
transformada em vinho, símbolo de alegria, de festa, pela chegada do tempo novo
do Reino de Deus. Em Jesus, a novidade acontece. Em Jesus, as coisas de Deus
adquirem uma nova dimensão. Abandonam-se as vias da tristeza, da desilusão,
para tudo inundar pela alegria do Reino, pela presença de Deus no meio de nós.
Quando o chefe de mesa
provou a água transformada em vinho, – ele não sabia de onde viera, pois só os
serventes, que tinham tirado a água, sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: «Toda
a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem,
serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Quem
dirige o banquete reconhece a excelência do vinho transformado por Jesus. Um
vinho muito melhor que o primeiro a ser servido. Coisa fora do habitual: nestas
circunstâncias, primeiramente era servido o vinho bom, só depois o de menor
qualidade.
A
oferta de Jesus é de vinho novo e excelente. A oferta de Jesus revigora a vida
dos crentes e torna extraordinária (e excelente) a vida dos que se deixam
transformar por “tudo aquilo que ele vos disser”. A missão de Jesus é oferecer
à humanidade o maior dom (e inigualável dom) do amor de Deus. Quem como nós
para o recebermos? Porquê a mim, Senhor, me fazes convidado do teu banquete?
Foi assim que, em Caná
da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os
discípulos acreditaram n’Ele.
No
final da narração do primeiro milagre de Jesus, que se tornou possível pela fé
sólida da Mãe do Senhor no seu divino Filho, o evangelista João conclui: ´Os
Seus discípulos acreditaram n’Ele´ (2, 11). Em Caná Maria inicia o caminho da
fé da Igreja, precedendo os discípulos e orientando para Cristo a atenção dos
servos. A sua perseverante intercessão encoraja, além disso, aqueles que às
vezes se encontram diante da experiência do ´silêncio de Deus´. Eles são
convidados a esperar para além de toda a esperança, confiando sempre na bondade
do Senhor.
Em
Caná da Galileia dão-se início aos sinais de Jesus. São manifestações em que se
torna clara a ação transformante de Deus, sinal da glória de Deus. Sinal do seu
amor por nós. E esta ação de Deus gera a fé entre os seus. Entre cada um de
nós. Esta é mais uma manifestação de Deus para nós. Um sinal do seu agir e da
sua forma de estar. Jesus manifesta-se cem toda a sua glória para que, como os
seus discípulos, possamos também nós acreditar. Ir mais longe. Captarmos todos
os sinais que o Senhor Jesus nos indica para crescermos na nossa fé. Para com
ele também nós vivermos em ambiente de festa e alegria na felicidade de quem
saber ter a Deus da sua parte.
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