segunda-feira, 27 de outubro de 2014

OS PRESSUPOSTOS DA ORAÇÃO TERESIANA


Para facilitar a vida de oração, Santa Teresa de Jesus indica alguns elementos essenciais:

01POBREZA “A pobreza é um bem que encerra todos os bens do mundo.”
Escolher a pobreza antes de mais nada para “assemelhar-se a Jesus que, sendo rico se fez pobre” (2 Cor 8,9).
De todo modo queiramos ser pobres: na casa, nas roupas, nas palavras e muito mais no pensamento” - a pobreza material — ambiente ideal para viver a pobreza mais verdadeira e elevada que se chama pobreza espiritual.

Benefícios da vida “pobre” segundo Sta. Teresa de Jesus:

Liberdade — as realidades terrenas, não desejadas e não amadas, mantidas distantes porque supérfluas e impeditivas, perdem a força de influência e atração e ajudam o homem a manter o domínio de sua liberdade diante delas.

Alegria interior— as realidades terrenas não realizam a salvação do homem e não facilitam o diálogo com Deus, que é a fonte e a causa da verdadeira e perfeita alegria — “só Deus basta”

Vivacidade do espírito — não se pode possuir as coisas do mundo sem se deixar possuir por elas. O homem chamado a encaminhar-se decididamente para Deus, não se pode deixar prender por aquilo que não leva a Deus ou não é Ele — “tudo passa, Deus não muda” — o homem unifica todas as suas energias vitais e empenha-se na busca de Deus.

Paz“quem tem a Deus, nada lhe falta”“nada te perturbe”— brotada da certeza confiante — “o Senhor assegurou-me que o necessário para viver não falta a quem o serve”; portanto “o que é necessário é nos contentarmos com o pouco”:

02CARIDADE FRATERNA — Não podemos nos contentar em amar o irmão idealmente; é preciso amá-lo de maneira real e concreta. O amor não basta dize-lo e proclamá-lo; é necessário vivê-lo, dá-lo a sentir.
Para Sta. Teresa, o amor fraterno além de ser fonte de verdadeira paz, é também o índice pelo qual se mede o progresso de uma comunidade no amor para com Deus.
A única medida da caridade, isto é, do amor que serve, é o amor de Deus. Este amor-serviço, “vem de Deus e a Ele conduz”. Amar quer dizer doar-se, colocar-se à disposição, não mais se pertencer; por isso, o sacrifício de si está subtendido e incluído no viver o amor.

Santa Teresa indica três características Dara o amor fraterno:

1 — É universal — as amizades particulares, embora lícitas, escondem possíveis interesses que, embora no início se pense que sejam inofensivas ou louváveis, são verdadeiras ciladas da natureza ou do demônio.
“Não consintamos que a nossa vontade seja escrava a não ser daquele que a comprou com o seu sangue”.

2— É alegre — o mau humor, alerta a Santa, “é um inferno”:

3 — Não poupa, à imitação de Jesus, a admoestação fraterna quando necessária ou simplesmente útil.

De que modo se deve amar, que coisa é o verdadeiro amor, como saber se temos esta virtude?
O amor verdadeiro tem como fim a glória de Deus, a salvação e a santidade das almas, com todas as disposições para favorece-lo e vive-lo, seja mesmo ao preço da própria vida.

Este amor apresenta como pressupostos:

1 — A iluminação (o conhecimento) que tem como objeto a diferença entre o tempo e a eternidade, entre o Criador e a criatura, entre aquilo que se ganha e o se perde dedicando-se a um ou a outro.

2 — A pureza de intenção — quanto mais a alma está repleta de Deus, mais deseja que a pessoa amada tenha este amor de Deus para também ser amado por Ele, O sinal disto é claro: “o amante é sempre mais afeiçoado em dar que a receber, até com o próprio Deus”.

03A HUMILDADE — Quanto mais se reduz a distância que separa o orante de Deus, tanto mais necessária a humildade como postura de todo o ser e para toda a vida.
“Considerando a oração como uma casa a construir, diríamos que a humildade representa o seu alicerce”
Enquanto vivermos neste mundo, diz a Santa, não há coisa mais importante para nós do que a humildade.
Para seu próprio bem, a alma ainda que tenha sido elevada aos vértices da caridade, não deve jamais esquecer de olhar para dentro de si com a finalidade de se ver no espelho da grandeza de Deus.

Que vantagem haveria nisso?

1—Olhando para Deus, terá um meio para se conhecer melhor por aquilo que é. Tão só quando se conhece a grandeza de Deus pode-se medir a extrema pequenez do homem.
Santa Teresa chama atenção sobre a diferença existente entre o conhecimento que o homem tem de si mesmo e aquele que provém do conhecimento de Deus: quanto mais se conhece a Deus, também mais luz se projeta sobre o homem, sua pequenez e sua pobreza.

2—Olhando para Deus e reconhecendo-se pobre e pequeno, mas infinitamente amado, o homem irá adquirir coragem para libertar-se de sua miséria, confiando unicamente no auxílio amoroso de Deus, que é Pai.
“A verdadeira humildade é sempre acompanhada de suavidade, enquanto aquela que é inspirada pelo demônio é acompanhada de inquietude.”
Assim, a humildade é, segundo a Santa, “andar na verdade’ que nada mais é do que a tomada de consciência do Deus que é todo-poderoso, mas Pai e Pai todo-poderoso e da nossa limitação, pequenez e miséria, mas filhos no Filho, e por isso, grandes e ricos.
Diante de Deus “vale mais um pouco de humildade e apenas um ato desta virtude, do que toda a ciência do mundo”

A humildade leva à descoberta das verdades — “rezar é ver verdades”
1 — A grandeza e o poder de Deus e a pequenez e miséria do homem.
2—A paternidade de Deus e seu grande amor pelo homem.
3—A grandeza do homem como objeto e conhecimento do amor do Pai
4 — A consciência do limite e a necessidade de empenho para acolhera amor do Pai.

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