sexta-feira, 29 de agosto de 2014

XXII domingo do Tempo Comum

Queridos irmãos no Carmelo.
Nosso Sodalício iniciará, hoje, seu retiro anual.  Portanto, ja foram colocadas os textos da Lectio Divina do fim de semana.  Rezem por nós.

Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C

Textos: Jr 20, 7-9; Rm 12, 1-2; Mt 16, 21-27

Ou pensamos como Deus, ou pensamos como o mundo e os homens. Não há outra opção.

Quando Jesus anuncia por primeira vez que vai a Jerusalém para padecer e que será entregue à morte ali, e ressuscitará ao terceiro dia, se encontra com a reação, de boa fé, mas exagerada, de Pedro que quer impedir esse fracasso a Cristo. A resposta de Jesus hoje não é certamente de louvor, como no domingo passado, mas uma das mais duras palavras que saíram da boca de Jesus: “Afasta-te de mim, Satanás”. Cristo o convida- nos convida- a pensar como Deus e não como os homens.

Em primeiro lugar, os homens, pensamos de ordinário em clave de êxito, e não de fracasso. E, quando o êxito não vem, nos invade a depressão, o desânimo e a tristeza. Perguntemos se não é assim, ao profeta Jeremias na primeira leitura. Profeta do tempo final do desterro e figura de Jesus no seu caminho de paixão, e de todo cristão que quiser ser consequente com a sua fé. Era jovem e o ministério que lhe foi conferido não era nada fácil: anunciar desgraças, se nos mudavam de conduta e inclusive de planos políticos de alianças. Ninguém deu bola. Perseguiram-no e o ridicularizaram. Não encontrou apoio nem na sua família nem na sociedade. Jeremias sofreu angustia, crise pessoal e pensou em abandonar a sua missão profética. Que fácil acomodar-se às palavras dos governantes e do povo para ganhar o êxito e o aplauso! Os profetas verdadeiros, os cristãos verdadeiros, não costumam ser populares e frequentemente terminam mal por denunciar injustiças. Nesses momentos, olhemos Cristo no Getsêmani.

Em segundo lugar, os homens, pensamos de ordinário em clave de poder e ambição, e não de humildade e desprendimento. Não entra na cabeça de Pedro a ideia da humilhação, do despojo, do último lugar. Não tinha entendido que toda autoridade deve ser exercida como serviço, e não como domínio. Faltava tanto para amadurecer. Pensamos como homens e não como Deus. E quando Pedro entendeu, enfrentou todo tipo de perseguições, até a morte final em Roma, em tempos de Nero, como testemunha de Cristo. Os projetos humanos vão por outros caminhos, de vantagens materiais e manipulações para poder prosperar e ser mais que os outros e dominar quantos mais, melhor. Mas os projetos de Deus são outros.

Finalmente, os homens, pensamos de ordinário em clave de comodidade, e não de cruz. Nem Pedro nem nós gostamos da cruz, já seja ela física (doenças), moral (abandono, calúnia, incompreensão) ou espiritual (noites escuras da alma que nada e nem sente; somente existe um túnel escuro). Quem gosta da cruz? Jesus já nos avisou. Não nos prometeu que o seu seguimento seria fácil e cômodo. “Carrega a cruz e segue-me”. Preferimos um cristianismo “ao cardápio”, aceitando algumas coisas do evangelho e omitindo outros. Queremos Tabor, não Calvário. Queremos consolo e euforia, não renuncia nem sacrifício. A cruz que temos, talvez, como enfeite nas paredes ou pendurada no pescoço. Mas que essa cruz penetre nas nossas carnes e nos nossos corações, de jeito nenhum. São Paulo nos dá a clave na segunda leitura de hoje aos romanos para quando nos visitar a cruz de Cristo: oferecer-nos a Deus como oferenda viva, santa e agradável a Deus. Somente assim pensaremos como Deus.

Para refletir:
1. Pensamos como Deus em matéria de negócios, de moral sexual, de política, de relações humanas?
2. Diz o papa Francisco: “O mundanismo espiritual que se esconde detrás de aparências de religiosidade e inclusive de amor à Igreja, é buscar, em lugar da glória do Senhor, a glória humana e o bem estar pessoal... Se invadisse a Igreja (este mundanismo) seria infinitamente mais desastroso do que qualquer outro mundanismo simplesmente moral” (Evangelii gaudium, n. 93).

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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