Beata Dulce (100 anos) |
Comentário: Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz (El
Montanyà, Barcelona, Espanha)
Se teu irmão pecar
contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! (...) Pois onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.
Hoje,
neste breve fragmento do Evangelho, o Senhor nos ensina três importantes modos
de proceder que frequentemente se ignoram.
Compreensão
e advertência com o amigo ou o colega. Faça-o ver, com discrição e
reservadamente («tu e ele a sós»), com claridade («vai corrigi-lo»), o seu
comportamento equivocado para que acerte o seu caminho na vida. Acudir à
colaboração de um amigo, se a primeira tentativa não deu certo. E, se nem assim
se consegue a sua conversão e, se seu pecar escandaliza, não duvide em exercer
a denúncia profética e pública, que hoje pode ser uma carta ao diretor de uma
publicação, uma manifestação pública ou um cartaz. Esta maneira de proceder é
uma exigência que pesa para o mesmo que a prática, e que frequentemente é
ingrata e incômoda. Por tudo isso é mais fácil escolher o que chamamos
equivocadamente de “caridade cristã” e, que costuma ser puro escapismo,
comodidade, covardia, falsa tolerância. Na verdade, «está reservada a mesma
pena para os que fazem o mal e para aqueles que o consentem» (São Bernardo).
Todo
cristão tem o direito de solicitar dos nossos sacerdotes o perdão de Deus e da
sua Igreja. O psicólogo, em um determinado momento, pode apaziguar o seu estado
de ânimo; o psiquiatra em um ato médico pode conseguir vencer um transtorno
endógeno. Ambas as atitudes são muito úteis, mas insuficientes para
determinadas situações. Só Deus é capaz de perdoar, apagar, esquecer,
pulverizar destruindo o pecado pessoal. E só, sua Igreja pode atar ou desatar
comportamentos, transcendendo a sentença no céu. E com isso gozar da paz
interior e começar a ser feliz.
Nas
mãos e palavras do sacerdote está o privilégio de tomar o pão e que Jesus -
Eucaristia seja realmente presença e alimento. Qualquer discípulo do Reino pode
unir-se a outro, ou melhor, pode unir-se a muitos e, com fervor, Fé, coragem e
Esperança, submergir no mundo e convertê-lo em verdadeiro corpo do Jesus -
Místico. E, na sua companhia acudir a Deus Pai que escutará às suas súplicas,
pois seu Filho comprometeu-se a isso: «pois onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles» (Mt 18,20).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
*
No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão
da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da
oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz
a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda
parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver
reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e
perdoar, pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim
a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas
continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdoo, mas não
esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações
dificultam o perdão e a reconciliação.
*
A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de
Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas
bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo,
traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os
membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos.
Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim
do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam
naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns
e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os
pequenos, os pobres, na comunidade.
* Mateus 18,15-18: A
correção fraterna e o poder de perdoar.
Estes versículos trazem normas simples de
como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã
pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da
comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós.
Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três
pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo,
deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar
a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como
alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é
a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas
constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome
de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão
da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das
decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.
* Mateus 18,19: A
oração em comum
A exclusão não significa que a pessoa seja
abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas
nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado
e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso
de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o
Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer
coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.
* Mateus 18,20: A
presença de Jesus na comunidade.
O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é
a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei
no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com
a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do
retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.
Para um confronto
pessoal
1. Por que será que é tão difícil
perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que
maneira?
2. Jesus disse: "Onde dois ou
três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa
isto para nós hoje?
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