Comentário: P. Josep LAPLANA OSB Monge de Montserrat
(Montserrat, Barcelona, Espanha)
Sereis odiados por
todos, por causa do meu nome
Hoje,
o Evangelho remarca as dificuldades e as contradições que o cristão haverá de
sofrer por causa de Cristo e do seu Evangelho e como deverá resistir e perseverar
até o final. Jesus nos prometeu: «Eis que estou convosco todos os dias, até o
fim dos tempos» (Mt 28,20); mas não prometeu, aos seus, um caminho fácil, antes
pelo contrário, lhes disse: «Sereis odiados por todos, por causa do meu nome»
(Mt 10,22).
A
Igreja e o mundo são duas realidades de ”difícil” convivência. O mundo, que a
Igreja há de converter a Jesus Cristo, não é uma realidade neutra, como se
fosse uma cera virgem que só espera o selo que lhe dará forma. Isto só teria
sido assim se não tivesse havido uma história de pecado entre a criação do
homem e a sua redenção. O mundo, como estrutura afastada de Deus, obedece a
outro senhor, que o Evangelho de São João denomina como o senhor deste mundo, o
inimigo da alma, o que fez com que o cristão fizesse um juramento— no dia de
seu batismo— de desobediência, de dizer não ao inimigo, para pertencer somente
ao Senhor e à Mãe Igreja que ela engendrou em Jesus Cristo.
Mas
o batizado continua vivendo neste mundo e não em outro, não renuncia à
cidadania deste mundo nem lhe nega sua honesta contribuição para mantê-lo e
melhorá-lo; os deveres de cidadania cívica são também deveres dos cristãos;
pagar os impostos é um dever de justiça para o cristão. Jesus disse que nós,
seus seguidores, estamos no mundo, mas não somos do mundo (cf. Jo 17,14-15).
Não pertencemos ao mundo incondicionalmente, inteiramente, só pertencemos a
Jesus Cristo e à sua Igreja, verdadeira pátria espiritual, que está aqui na
terra e que transpassa a barreira do espaço e do tempo para desembarcar-nos na
pátria definitiva que é o céu.
Esta
dupla cidadania inevitavelmente se choca com as forças do pecado e do domínio
que move os mecanismos mundanos. Repassando a história da Igreja, Newman dizia
que «a perseguição é a marca da Igreja e talvez a mais duradoura de todas».
Reflexão de Freis
Carlos Mesters, OCarm.
São Bento, Abade |
• Mateus 10,16-19: o
perigo e a confiança em Deus.
Jesus
introduz esta parte do seu discurso com duas metáforas: ovelhas entre lobos, ser
prudentes como as serpentes e simples como as pombas. A primeira mostra o
contexto difícil e perigoso em que os discípulos são enviados. Por um lado,
demonstra a situação de perigo em que se encontram os discípulos enviados em
missão; por outro lado, a expressão "eu vos envio" expressa proteção.
Também na esperteza das serpentes e a simplicidade das pombas parece que Jesus
relaciona dois comportamentos: a confiança em Deus e a reflexão atenta e
prolongada do modo de se relacionar com os outros.
Jesus
continua depois uma ordem que, à primeira vista, parece ser marcada por uma
acentuada desconfiança: "Cuidado com os homens ...", mas na realidade
é estar alerta para uma possível perseguição, hostilidade e denúncias. A
expressão "os entregarão" não se refere apenas à acusação no
tribunal, mas principalmente tem um valor teológico: o discípulo que segue
Jesus poderá ter a mesma experiência que o Mestre, “ser entregue nas mãos dos
homens” (17,22). Os discípulos devem ser fortes e resistir "para dar
testemunho", sua entrega aos tribunais será um testemunho para os judeus e
para os pagãos, como a possibilidade de atraí-los para a pessoa e para a causa
de Jesus e, portanto, ao conhecimento do evangelho. É importante este retorno
positivo ao testemunho caracterizado pela fé que se faz crível e atraente.
• Mateus 10,20: ajuda
divina.
Para
que tudo isso seja realizado na missão-testemunho dos discípulos, é essencial a
ajuda que vem de Deus. Ou seja, não devemos confiar nas próprias seguranças ou
recursos, mas nas situações críticas, perigosas e agressivas de sua vida, os
discípulos encontrarão em Deus ajuda e solidariedade. Aos discípulos também se
prometeu o Espírito do Pai (v. 20) para realizar a sua missão. Ele vai
trabalhar neles para realizar sua missão de evangelização e dar testemunho, o
Espírito falará através deles.
• Mateus 10, 21-22:
ameaça-consolo.
O
tema da ameaça retorna de novo com o termo "entregará": irmão contra
irmão, pai contra filho, filho contra seus pais. Trata-se de uma verdadeira e
grande desordem das relações sociais, o esmagamento da família. As pessoas
unidas pelos mais íntimos laços familiares - como pais, filhos, irmãos e irmãs
- caem na desgraça de odiar-se e de se eliminar um ao outro. Em que sentido
essa divisão da família tem algo a ver com o testemunho em favor de Jesus? Tal
ruptura nas relações familiares poderia encontrar sua causa na diversidade de
atitudes adotadas no seio da família em relação a Jesus. A expressão
"sereis odiados", sugere o tema da acolhida hostil de seus enviados
por parte dos contemporâneos. A dureza das palavras de Jesus são comparáveis a
outro texto do NT: "Bem-aventurados sois se são insultados pelo nome de
Cristo, porque o Espírito de glória, que é o Espírito de Deus repousa sobre
vós. Que nenhum de vós padeça como homicida, ladrão, malfeitor ou delator. Mas,
se alguém sofre como cristão, não se envergonhe, mas sim dê glória a Deus por
este nome." Ao anúncio da ameaça segue a promessa de consolação (v. 23). O
maior consolo dos discípulos será "ser salvos", para viver a
esperança do salvador, ou seja, participar na sua vitória.
Para um confronto
pessoal
1. Estas disposições de Jesus nos
ensinam hoje como entender a missão do cristão?
2. Você sabe confiar na ajuda de Deus
quando você sofre conflitos, perseguições
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