O
corpo de Jesus repousa no túmulo. A sua Alma desce até onde a esperam todos
aqueles que acreditaram em Deus e viveram na esperança da vinda do Redentor.
No
primeiro Sábado Santo, tudo parecia perdido. Os discípulos se dispersaram,
desesperados, com a esperança abalada. Somente Maria manteve a fé, e esperou a
ressurreição de seu filho; Por isso nos sábados durante o ano, a Igreja celebra
a Virgem Maria, e existe Missa votiva e ofício em honra.
Pondo
de parte toda atividade (este é o único dia, em que não há assembleia
eucarística).
A
Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e morte. É
dia de espera serena, orante. Participando embora do mistério do Seu sofrimento
e da Sua Morte, a Igreja vive na esperança. Sabe, que Jesus, tão fiel ao Pai
até à morte, não pode ficar “abandonado à corrupção”. A Sua Morte será o penhor
da nova Criação, que se aproxima. Sabe também que o “repouso” de Jesus é a
imagem do “repouso” de todos aqueles que foram batizados na Sua Morte e
Ressurreição. Depois que Ele morreu e foi sepultado, a morte, já não será uma
realidade terrível, mas sim “um intervalo, espiritualmente vivo, para o início
duma vida superior”.
Vigília
Pascal
A
celebração anual da Morte e Ressurreição do Senhor tem o seu ponto culminante
na Vigília Pascal, coração da liturgia cristã, centro do ano litúrgico, a mais
antiga, a mais sagrada, a mais rica de todas as celebrações, “a mãe de todas as
vigílias” (Santo Agostinho).
Nesta
“noite de vigília em honra do Senhor” (Ex 12,42), os cristãos reúnem-se para
celebrarem, na esperança e na alegria, o grande acontecimento da salvação, pelo
qual Jesus, depois do Seu aniquilamento voluntário, foi constituído “filho de
Deus em todo o Seu poder” (Rm 1,4), “Senhor da Glória” (1 Cor 2,8), “Chefe e
Salvador” (At 5,31).
O
Mistério Pascal é uma “passagem”, um movimento, em que é envolvido todo o Povo
de Deus. Os cristãos esta noite não só comemoram um fato histórico, objetivo e
real, sua espera é a espera de Alguém. É a espera do Senhor, que volta, para
nos levar a fazermos a Sua “passagem”, a Sua Páscoa com Ele.
Misteriosamente
presente no meio da assembleia cristã, o Senhor Jesus renova nesta Vigília, o
Seu Mistério Pascal, inserindo-nos nele, fazendo-nos assim passar com Ele das
“trevas à luz admirável” (1Ped 2,9).
Esta
“passagem” da morte do pecado à vida da graça realiza-se, em primeiro lugar,
pelo Batismo. Ser batizado é, na verdade, morrer com Cristo, para ressuscitar
com Ele. Por isso, a Igreja, desde a mais alta antiguidade, pensou que o melhor
meio de celebrar o Mistério Pascal era batizar, nesta noite, os seus
catecúmenos e levar os batizados a reviver a própria ressurreição e a tomar
consciência do seu nascimento como Povo de Deus.
Esta
nova criação, surgida das águas do Batismo, só no último dia, na Vinda do
Senhor, “passará” da sua forma atual e perecível à forma definitiva e gloriosa.
Por isso, nesta Vigília, os cristãos, conservando nas suas mãos as lâmpadas
acesas (Lc 12,35ss), orientam também a sua espera para o momento do encontro
com o Esposo, que vem (Mt 25,13).
Dentro
deste espírito, a Vigília Pascal desenrola-se por este modo:
1.Início
da Vigília ou “Lucernário” (Liturgia da luz)
Diante
da porta da igreja, acende-se o fogo, símbolo da vida que desponta, se expande e
tudo transfigura e símbolo também da alegria fraterna, pois à volta do fogo
convivem os homens.
Neste
fogo se acende o Círio pascal, símbolo de Cristo crucificado e ressuscitado,
principio e fim de todas as coisas, luz do mundo, Salvador dos homens de todos
os tempos, “Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o
fim” (Ap 22,13), como o indicam, respectivamente, a primeira e a última letra
do alfabeto grego nele gravadas e os números do ano, em que decorre a Vigília.
O Sacerdote pode aplicar no círio cinco grãos de incenso, representando as
chagas que o Salvador recebeu nos pés, nas mãos e no lado.
Guiado
pelo Círio pascal, o Povo de Deus entra na igreja (cujas luzes estão apagadas),
à semelhança do Povo de Israel que avançou para a Terra Prometida, conduzido
pela coluna de fogo.
Á
luz do Círio pascal, que está no centro dos ritos inicias da Vigília, anuncia e
proclama o mistério desta noite santa.
2.Liturgia
da Palavra
Para
preparar os catecúmenos para o Batismo, a Igreja mandava que lhes fossem lidos
aqueles textos da Bíblia, que nos apresentam os misteriosos desígnios de Deus a
respeito da humanidade. Seguindo esta catequeses batismal, a todos os cristãos
que, nesta noite, se preparam para reviver o Mistério Pascal e para renovar os
compromissos batismais são recordados os acontecimentos essenciais da história
da Salvação.
À
luz do Círio pascal, é evocada a história da salvação: da criação (Gn. 1,1-2,2;
Gn. 22,1-18) e da saída do Egito (Ex 14,15-15,1), a nova Jerusalém (Is
54,5-14), a salvação oferecida a todos gratuitamente (Is 55,1-11), a fonte da
sabedoria (Bar 3,9-15.31-4,4), o coração novo e o espírito novo (Ez 36,16-28),
justificados por Deus pela fé em Jesus (Rm 6,3-11) à Ressurreição de Jesus e à
Sua exaltação celeste (Mt 28,1-10 [ano A], Mc 16,1-8 [ano B], Lc 24,1-12 [ano
C]. À luz de Jesus compreendem-se acontecimentos e pessoas e descobre-se o fio
condutor da história da salvação – o amor de Deus.
A
descoberta deste amor de salvação do nosso Deus leva a comunidade cristã à
oração e ao canto.
3.Liturgia
Batismal
Pelo
Batismo morremos em Cristo, para n’Ele ressuscitar para a vida da graça (Rm
6,8). Nasce o novo Povo de Deus. Por isso o Batismo domina esta parte da
Vigília. É benzida a água batismal, como que para significar que toda a sua
eficácia deriva do Mistério Pascal. E os catecúmenos, cuja preparação concluía
com as reuniões da Quaresma, são mergulhados na Morte de Cristo, para
renascerem espiritualmente. A Vigília Pascal só é plenamente vivida quando a
comunidade cristã apresenta, nesta noite, adultos ou crianças, para se
incorporarem em Cristo Ressuscitado.
Por
outro lado, toda a comunidade deve unir-se aos que, nesta noite, são batizados
e com eles dar a sua adesão pessoal a Cristo Ressuscitado, renovando as
promessas do seu Batismo.
4.Liturgia
da Eucaristia
A
Vigília termina com a Eucaristia. Nela exprimimos a nossa alegria e dirigimos a
nossa ação de graças pelas maravilhas realizadas nesta noite, “em que Cristo,
nossa Páscoa, foi imolado”. Nela, ao tomarmos parte no banquete da Nova
Aliança, se ratifica a nossa adesão a Cristo vivo e ressuscitado, que nos
resgatou. Nela, faremos verdadeiramente nossa a Páscoa do Senhor.
Pela
ressurreição de Cristo, a vida substitui a morte; o amor ao egoísmo, a
esperança à desesperança: a criação nova é inaugurada. Ficamos pecadores mais
com Cristo ressuscitado, a salvação é possível e a vida divina é dada; o
sofrimento e a morte são caminho para a vida. A Vigília Pascal que celebra esta
ressurreição é verdadeiramente a solenidade de solenidades, a primeira e a
maior festa do ano.
A
Páscoa nos introduz numa fase dinâmica que brota da vida do Ressuscitado.
Batizados na Morte e Ressurreição de Jesus, começamos a caminha em novidade de
vida. Este nosso caminhar, este nosso “êxodo”, esta nossa “páscoa”, que tem a
duração da nossa existência exige de nós esforço, generosidade, sacrifício.
Ressuscitados com Cristo temos de levar uma vida de ressuscitados. Por maiores
que sejam as dificuldades, um verdadeiro cristão nunca desanima. Cristo
Ressuscitado, vive eternamente, vai conosco, para nos ajudar a sermos fieis ao
Pai e aos homens, nossos irmãos.
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