1
- No “Dia da Vida Consagrada”, a liturgia celebra a “Apresentação do Senhor” no
Templo de Jerusalém. Essa festa convida todos os consagrados e consagradas no
Carmelo a renovar a sua entrega nas mãos de Deus e a fazer da própria existência
um dom de amor, um testemunho comprometido da realidade do Reino, ao serviço do
projeto salvador de Deus para os homens e para o mundo.
Poderíamos
dizer que se celebra hoje em toda a Igreja um singular “ofertório”, no qual os
homens e as mulheres consagradas renovam espiritualmente o dom de si. Agindo
desta forma, ajudam as comunidades eclesiais a crescer na dimensão oblativa que
as constitui intimamente, as edifica e as estimula a testemunhar Jesus pelos
caminhos do mundo.
2
- A “apresentação do Senhor” no Templo de Jerusalém revela que, desde o início
da sua caminhada entre os homens, Jesus escolheu um caminho de total fidelidade
aos mandamentos e aos projetos do Pai. Ao oferecer-se a Deus em oblação, ao ser
“consagrado” ao Pai, Jesus manifesta a sua disponibilidade para cumprir fiel e incondicionalmente
o plano salvador do Pai até às últimas consequências, até ao dom total da
própria vida em favor dos homens.
O
“ecce venio” de Jesus é o modelo da doação e da entrega de todos os
consagrados, chamados a seguir Jesus mais de perto, numa oblação total a Deus e
ao Reino. A vocação de consagrados concretiza-se na entrega de toda a
existência nas mãos do Pai, na fidelidade absoluta à sua vontade e aos seus
planos.
Que
valor e que importância tem, em nossas vidas, o projeto de Deus? Procuramos
identificar a vontade de Deus e com ela conformar a nossa vida, em total doação
e entrega, ou deixamos que sejam os nossos projetos e esquemas pessoais a ditar
as nossas opções e as coordenadas da nossa vida?
3
- Jesus é-nos apresentado, neste texto, como “a salvação colocada ao alcance de
todos os povos”, a “luz para se revelar às nações e a glória de Israel”, o
messias com uma proposta de libertação para todos os homens.
Que
eco tem esta “apresentação” de Jesus nos nossos corações de consagrados? Jesus
é, de fato, a luz que ilumina as nossas vidas e que nos conduz pelos caminhos
do mundo? Ele é o caminho certo e inquestionável para a salvação, para a vida
verdadeira e plena? É nele que colocamos a nossa ânsia de libertação e de vida
nova? Este Jesus aqui apresentado tem real impacto nas nossas vidas, nas nossas
opções, nos passos que damos no nosso caminho de consagração, ou é apenas uma
figura decorativa de certo Cristianismo de fachada?
4
- Simeão e Ana são, na cena evangélica que nos é proposta, figuras do Israel
fiel, que foi preparado desde sempre para reconhecer e para acolher o messias
de Deus. Na verdade, quando Jesus aparece, eles estão suficientemente despertos
para reconhecer naquela frágil criança o Messias libertador que todos esperavam
e apresentam-no formalmente ao mundo.
Hoje,
nós consagrados – discípulos que acolheram Jesus como a sua luz e que aceitaram
segui-lo – temos a responsabilidade de apresentá-lo ao mundo e de torná-lo uma
proposta questionadora, libertadora, iluminadora, salvadora, para os homens
nossos irmãos.
É
isso que acontece? Através do nosso anúncio – feito com palavras, com gestos,
com atitudes, com a fidelidade aos votos religiosos – Jesus é apresentado ao mundo
e questiona os homens nossos irmãos?
Se
tantos homens ignoram a “luz” libertadora que Jesus veio acender ou não se
sentem interpelados pelo projeto de Jesus, a culpa não será, um pouco, de certo
imobilismo e instalação, de algum “cinzentismo” na vivência da fé, da forma
pouco entusiasta como é testemunhada na nossa Vida Consagrada no Carmelo?
5
- A Vida Consagrada do terceiro carmelita é chamada a refletir de maneira
particular a luz de Cristo. Olhando para nós, que procuramos viver ao estilo
das Bem-aventuranças, os homens e mulheres do nosso tempo têm de ver o
“fermento” de esperança para a humanidade, o “sal” que dá sabor ao mundo, uma
“luz” que se acende na escuridão do mundo e que indica caminhos de verdade e de
liberdade, a “porta” entreaberta para o Reino de Deus e para os “novos céus e a
nova terra” que Deus quer apresentar à humanidade.
É
preciso que os consagrados carmelitas sejam luz e conforto para cada pessoa,
velas acesas que ardem com o próprio amor de Cristo, luz que ilumina as sombras
do mundo e que profeticamente anuncia a aurora de uma nova realidade.
É
isso que acontece? O nosso testemunho interpela positivamente os homens e mulheres
que todos os dias cruzam conosco nos caminhos do mundo e aponta-lhes a
realidade do Reino?
6
- Os desafios de Deus, os seus planos, revelam-se, de forma privilegiada, na
Palavra de Deus…
Que
importância é que a Palavra de Deus assume na vida dos cristãos e dos
consagrados no Carmelo e das nossas comunidades cristãs? Procuramos viver na
escuta da Palavra, numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus, a fim de
discernir os desafios de Deus? Encontramos tempo, individualmente e a nível
comunitário, para nos reunir à volta da Palavra de Deus, para partilhar a Palavra
de Deus, para nos deixarmos questionar pela Palavra de Deus?
7
- Pobreza, castidade e obediência são as características distintivas do homem
redimido, interiormente resgatado da escravidão do egoísmo.
Livres
para amar, livres para servir: assim são os homens e as mulheres que renunciam
a si mesmos pelo Reino dos Céus. Seguindo Cristo, crucificado e ressuscitado,
os consagrados carmelitas vivem esta liberdade como solidariedade, assumindo os
pesos espirituais e materiais dos seus irmãos.
Nossos
votos são assumidos como elemento desta entrega total nas mãos de Deus – a
exemplo de Cristo – para o serviço do Reino e da humanidade, ou são vistos como
uma carga insuportável que nos limita e nos torna infelizes?
RENOVAÇÃO
DOS VOTOS
Eu
.... renovo meus votos de obediência, castidade e pobreza a Deus, à
Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, e ao reverendíssimo Padre
Fernando Milan, Prior Geral da Ordem dos Irmãos da mesma Bem-Aventurada Virgem
Maria e seus sucessores, segundo a Regra e as Constituições da Ordem Terceira
do Carmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO