São Nicolau de Bari |
Comentário:
Fray Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Jesus lhes perguntou: Acreditais que
eu posso fazer isso? Eles responderam: Sim, Senhor
Hoje,
nesta primeira Sexta-Feira de Advento, o Evangelho apresenta-nos três
personagens: Jesus no centro da cena, e dois cegos que se aproximam cheios de
fé e com o coração esperançado. Tinham ouvido falar Dele, da sua ternura para
com os doentes e do seu poder. Estes traços identificavam-No como o Messias.
Quem melhor que Ele podia tomar a seu cargo a sua desgraça?
Os
dois cegos unem-se e, em comunidade, dirigem-se ambos a Jesus. Em uníssono
fazem uma oração de petição ao Enviado de Deus, ao Messias, a quem chamam
“Filho de Davi”. Querem, com a sua oração, provocar a compaixão de Jesus: «Tem
compaixão de nós, filho de Davi!» (Mt 9,27).
Jesus
interpela a sua fé: «Acreditais que eu posso fazer isso?» (Mt 9,28). Se eles se
aproximaram do Enviado de Deus é precisamente porque acreditam Nele. A uma só
voz fazem uma bela profissão de fé, respondendo: «Sim, Senhor» (Ibidem). E
Jesus concede a vista àqueles que já viam pela fé. De fato, acreditar é ver com
os olhos do nosso interior.
Este
tempo de Advento é o adequado, também para nós, para procurar Jesus com um
grande desejo, como o dos cegos, fazendo comunidade, fazendo Igreja. Com a
Igreja proclamamos no Espírito Santo: «Vem, Senhor Jesus» (cf, Ap 22,17-20).
Jesus vem com o seu poder de abrir completamente os olhos do nosso coração, e
fazer que vejamos, que acreditemos. O Advento é um tempo forte de oração: tempo
para fazer oração de petição e, sobretudo, oração de profissão de fé. Tempo de
ver e de acreditar.
Recordemos
as palavras do Pequeno Príncipe: «O essencial só se vê com o coração».
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm
Novamente,
o evangelho de hoje coloca diante de nós o encontro de Jesus com a miséria
humana. Jesus não se retrai nem se esquiva. Ele acolhe as pessoas e na sua
acolhida cheia de ternura revela o amor de Deus.
*
Dois cegos seguem Jesus e gritam: “Filho de Davi, tem piedade de nós!”. Jesus
não gostava muito deste título Filho de Davi. Ele chegou a criticar o
ensinamento dos escribas que diziam que o Messias devia ser filho de Davi: “Se
o próprio Davi o chama Senhor, como pode ser seu filho? (Mc 12,37).
*
Chegando à casa, Jesus pergunta aos cegos: “Vocês acreditam que eu possa fazer
isso?” Eles respondem: “Sim, Senhor!” Uma coisa é ter a doutrina correta na
cabeça, outra é ter a fé correta no coração e nos pés. A doutrina dos dois
cegos não era muito correta, pois eles chamam Jesus de Filho de Davi. Mas Jesus
não se importa se o chamam assim. Ele quer saber se eles tem a fé correta.
*
Ele toca nos olhos e diz: “Aconteça conforme a fé de vocês!” Imediatamente, os
olhos se abriram. Apesar de não terem a doutrina correta, os dois cegos tinham
uma fé correta. Hoje muita gente está mais preocupada com a doutrina correta do
que com a fé correta.
*
Vale a pena anotar um pequeno detalhe de hospitalidade. Jesus chega em casa e
os dois cegos também entram com ele na casa dele, como se fosse a coisa mais
normal do mundo. Eles se sentem em casa na casa de Jesus! E hoje? Uma religiosa
dizia: “Hoje, a situação do mundo é tal que fico desconfiada até dos pobres!”
Mudou muito, de lá para cá!
*
Jesus pede para não divulgar o milagre. Mas a proibição não adiantou muito. Os
dois saíram e espalharam a Boa Notícia. Anunciar o Evangelho, isto é, a Boa
Notícia, é partilhar com os outros o bem que Deus nos faz na vida.
Para um confronto pessoal
1. Será que tenho alguma Boa Notícia de Deus na minha
vida a partilhar com os outros?
2. Em que ponto eu insisto mais: em ter doutrina correta
ou em ter a fé correta?
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