Alessandro
Lima
Maria
é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Se
perguntarmos a alguém se ele e filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a
mãe dele, de certo nos lancará um olhar de espanto. E teria razão. O homem como
sabemos é composto de corpo, alma e espírito. A minha mãe me deu meu corpo, a
parte material deste conjunto trinitário que eu sou; sendo minha alma e
espírito dados por Deus. E minha mãe que me deu a luz não é verdadeiramente
minha mãe?
Apliquemos,
agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Nossa
Senhora. Há em Nosso Senhor Jesus Cristo duas naturezas: a humana e a divina,
constituindo uma só pessoa, a pessoa de Jesus. Nossa Santa Mãe é mãe desta
pessoa, dando a ela somente a parte material, como nosso mãe também o faz. O
Espírito e Alma de Cristo também vieram de Deus. Nossa mãe não é mãe do nosso
corpo, mas mãe de nossa pessoa. Assim também Maria é Mãe de Cristo. Ela não é a
Mae da Divindade ou da Trindade, mas é mãe de Cristo a segunda pessoa da
Santíssima Trindade, que também é Deus. Sendo Jesus Deus, Maria é Mãe de Deus.
Basta
um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da
Santíssima Virgem. Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não
morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a
natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas,
pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como
homem. Logo, Nossa Santa Mãe, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da
divindade é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de
Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano.
A
negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, uma
negação ao ensino dos Apóstolos de Cristo.
Provas da Sagrada Escritura
A
Igreja Católica sendo a única Igreja Fundada por Cristo, confirmada pelos
Apóstolos e seus legítimos sucessores; sendo Ela a escritora, legitimadora e
guardiã da Bíblia, jamais poderia ensinar algo que estivesse contra o Ensino da
Bíblia.
Vejamos
o que a Sagrada Escritura ensina sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora:
O
profeta Isaías escreveu: "Portanto,
o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um
filho, e será o seu nome Emanuel [Deus conosco]." (Is 7,14).
Claramente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a
maternidade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus.
O
Arcanjo Gabriel disse: "O Santo que
há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35). Se ele é
filho de Deus, ele tb é Deus e Maria é sua Mãe, portanto Mãe de Deus. Isaías
também escreveu o mesmo em Is 7,14.
Cheia
do Espírito Santo, Santa Izabel saudou Maria dizendo: "Donde a mim esta dita de que a mãe do meu Senhor venha ter
comigo"? (Lc 1,43) E Mãe de meu Senhor quer dizer Mãe do meu Deus,
portanto Mãe de Deus..
São
Paulo ainda escreveu: "Mas, vindo a
plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei." (Gl. 4,4). São Paulo claramente afirma que uma mulher foi a Mãe
do filho de Deus, portanto Mãe de Deus.
Tendo
a Sagrada Escritura seu berço na Igreja - portanto sendo menor que Ela - ,
vemos como está de acordo com o ensino da mesma.
A Doutrina dos Santos Padres
Será
que os Apóstolos de Cristo concordavam com a Maternidade Divina de Nossa
Senhora? Pois segundo os protestantes, a Igreja Católica inventou a maternidade
divina de Maria no séc V durante o Concílio de Éfeso.
Vejamos
o que diz o Apóstolo Santo André: "Maria
é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que,
abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu". (Sto Andreas Apost.
in trasitu B. V., apud Amad.)
Veja
agora o testemunho de São João Apóstolo: "Maria,
é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu a
luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido a carne
humana." (S.
João Apost. Ibid)
São
Tiago: "Maria é Santíssima, a
Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus" (S. Jac. in Liturgia)
São
Dionísio Areopagita: "Maria é feita
Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel.
S. Brigit.)
Orígenes
escreveu: "Maria é Mãe de Deus,
unigênito do Rei e criador de tudo o que existe" (Orig. Hom I, in
divers. - Sec. II )
Santo
Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus,
completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.)
Santo
Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem
culpa" (S.
Ephre. in Thren. B.V.).
São
Jerônimo: "Maria é verdadeiramente
Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm.
Ass. B.V.).
Santo
Agostinho: "Maria é Mãe de Deus,
feita pela mão de Deus". (S. Agost. in
orat. ad heres.).
Todos
os Santos Padres afirmaram em amor e veneração a maternidade divina por Nossa
Senhora. Me cansaria em citar todos os testemunhos primitivos.
Agora
uma surpresa para os protestantes. Lutero e Calvino sempre veneraram a
Santíssima Virgem. Veja abaixo a testemunho dos pais da Reforma: "Quem são todas as mulheres, servos,
senhores, príncipes, reis monarcas da Terra, comparados com a Virgem Maria que,
nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de
Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais
nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar o suficiente, a
mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com
sabedoria e santidade." (Martinho Lutero no comentário do
Magnificat - cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista Jesus vive e
é o Senhor).
"Não há honra, nem beatitude,
que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável prerrogativa,
superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um Filho em
comum com o Pai Celeste" (Martinho Lutero - Deutsche Schriften,
14,250).
"Não podemos reconhecer as
bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente
Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (Calvino - Comm. Sur I'Harm. Evang., 20)
A
negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, é negar
a Divindade de Cristo, é negar o ensino dos Apóstolos de Cristo.
O Concílio Ecumênico de Éfeso
Quando
o heresiarca Ario divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus
Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para
confundi-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho para suplantar o herege
Pelágio, e São Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que
haviam semeado a pertubação e a indignação no Oriente.
Em
430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de
Nestório que lhe fora apresentada por São Cirilo e condenou-a anti-católica,
herética.
São
Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em
que resumia toda a doutrina católica a este respeito.
Pode-se
resumi-la em três pontos:
1. Em
Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus;
2. A
Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus
Crito, que é Deus;
3. Em
virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é; denominações,
propriedades e ações das duas naturezas em Jesus Cristo, que podem ser atribuídas
à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o
mundo, Deus ressuscitou.
Para
exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o
Papa resolveu reunir o Concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando
todos os bispos do mundo.
Perto
de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. São
Cirilo presidiu a assembleia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer
perante aos bispos unidos.
Desde
a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da
assembleia, os bispos colocaram o Santo Evangelho, para representar a
assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a
consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi
adotado em todos os concílios.
Os
bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e
simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de
Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla.
Quando
a multidão ansiosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o
concílio, soube da definição que proclamava Maria Mãe de Deus, num imenso brado
ecoou a exclamação: "Viva Maria,
Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa
Mãe de Deus!"
Em
memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas
palavras simples e expressivas: "Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa
morte".
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