Beato Guerric d’Igny (c.1080-1157), abade
cisterciense
1º Sermão para a Natividade
«Eis o sinal que vos é dado: um
recém-nascido […] deitado numa manjedoura (Lc 2,12)»
«Um menino nasceu para nós» (Is 9,5). E o Deus de
majestade, aniquilando-se a si próprio (Fl 2,7) tornou-se semelhante ao corpo
terrestre dos mortais, nele se assumindo na frágil e tenra idade das crianças
[…]. Ó santa e doce infância, que restitui ao homem a verdadeira inocência! Por
ti todos os homens podem voltar a uma beata infância (Mt 18,3) e ser conformes
ao Menino Deus, não pela pequenez dos membros, mas pela humildade do coração e
doçura dos hábitos […].
Que te sirva de exemplo: Deus, sendo o maior, quis
tornar-se no mais humilde e mais pequeno de todos. Para Ele era ainda bem pouco
ficar abaixo dos anjos, ao tomar a condição da natureza mortal; teve pois de
fazer-se mais pequeno que os homens, assumindo a idade e a fragilidade de uma
criança. Que o homem pio e humilde a isto preste atenção, e em tal encontre
motivo de felicidade. Que o homem ímpio e orgulhoso a isto preste atenção, e
com tal se espante. Vejam o Deus infinito feito menino, um pequenino que
devemos adorar […].
Nesta primeira manifestação aos mortais, Deus
prefere mostrar-se com os traços de uma pequena criança, suscitando, nessa
aparência, mais amor que temor. E, como vem para salvar e não para julgar, ele
demonstra assim o que o amor poderá suscitar, remetendo para depois o que
poderá inspirar o temor.
Aproximemo-nos portanto com toda a confiança do trono
da sua graça (He 4,16), nós que trememos só de pensar nesse trono de glória. Nada
de terrível nem de severo há aqui a temer. Pelo contrário, tudo é bondade e
doçura, que nos inspiram confiança. Não há, em verdade, coisa mais fácil de
pacificar que o coração desta criança; Ele precede-te nas oferendas de paz e de
satisfação e é o primeiro a enviar-te mensageiros de paz para te encorajar à
reconciliação, a ti, que és culpado. Basta-te querer, e querer com verdade e de
forma perfeita. Ele dar-te-á não apenas o perdão, mas cumular-te-á de graça.
Mais ainda: certo de não ser ganho pequeno ter encontrado a ovelha perdida,
celebrará uma festa com os seus anjos (Lc 15,7).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO