Imaculada Conceição da Medalha Milagrosa |
Comentário: Rvdo. D. Manuel COCIÑA Abella (Madrid,
Espanha)
É pela vossa
perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!
Hoje,
prestamos atenção a esta frase breve e incisiva de Nosso Senhor, que se crava
na alma e, ao feri-la, nos faz pensar: Por que é tão importante a perseverança?
Por que faz Jesus depender a salvação do exercício desta virtude?
Por
que o discípulo não é mais do que o Mestre —«sereis odiados por todos, por
causa de meu nome» (Lc 21,17)— e, se o Senhor foi sinal de contradição,
necessariamente o seremos nós, os seus discípulos. O Reino de Deus será arrebatado
pelos que se fazem violência, pelos que lutam contra os inimigos da alma, pelos
que combatem com bravura essa «belíssima guerra de paz e de amor», como gostava
de dizer São Josemaria Escrivá, em que consiste a vida cristã. Não há rosas sem
espinhos, e o caminho até ao Céu não é uma senda sem dificuldades. De aí que
sem a virtude cardeal da fortaleza nossas boas intenções acabariam sendo
estéreis. E a perseverança faz parte da fortaleza. Anima-nos, em concreto, a
ter as forças suficientes para tolerar com alegria as contradições.
A
perseverança em grau extremo dá-se na cruz. Por isso a perseverança confere
liberdade ao outorgar a possessão de si mesmo mediante o amor. A promessa de
Cristo é indefectível: «É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a
vossa vida» (Lc 21,19) e isto é assim porque o que nos salva é a Cruz. É a
força do amor que nos dá a cada um a paciente e gozosa aceitação da Vontade de
Deus, quando esta —como acontece na Cruz— contraria num primeiro momento a
nossa pobre vontade humana.
Só
num primeiro momento, porque depois se liberta a desbordante energia da
perseverança que nos leva a compreender a difícil ciência da cruz. Por isso, a
perseverança gera paciência, que vai muito mais além do que a simples
resignação. Mas, nada tem que ver com atitudes estoicas. A paciência contribui
decididamente para entender que a Cruz, muito mais do que dor, é essencialmente
amor.
Quem
entendeu melhor que ninguém esta verdade salvadora, a nossa Mãe do Céu, nos
ajudará também a nós a compreendê-la.
Reflexão de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
*
No evangelho de hoje, que é a continuação do discurso iniciado ontem, Jesus
enumera mais um sinal para ajudar as comunidades a se situar dentro dos fatos e
não perder a fé em Deus nem a coragem de resistir contra as investidas do
império romano. Repetimos os primeiros cinco sinais do evangelho de ontem:
1º
sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º
sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º
sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º
sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º
sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11).
Até
aqui foi o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, mais um sinal:
6º
sinal: a perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19)
* Lucas 21,12. O sexto
sinal da perseguição.
Várias
vezes, durante os poucos anos que passou entre nós, Jesus tinha avisado aos
discípulos que eles iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, ele repete o
mesmo aviso e faz saber que a perseguição deve ser levado em conta no
discernimento dos sinais dos tempos: "Antes que essas coisas aconteçam,
vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão
lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do
meu nome”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos Jesus tinha
dito: “Não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não
será logo o fim." (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos
estes sinais são "apenas o começo das dores de parto!" (Mc 13,8) Ora,
dores de parto, mesmo sendo muito dolorosas para a mãe, não são sinal de morte,
mas sim de vida! Não são motivo de medo, mas sim de esperança! Esta maneira de
ler os fatos trazia tranqüilidade para as comunidades perseguidas. Assim, lendo
ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus no ano 33, os leitores de Lucas
dos anos oitenta podiam concluir: "Todas estas coisas já estão acontecendo
conforme o plano previsto e anunciado por Jesus! Por tanto, a história não
escapou da mão de Deus! Deus está conosco!"
* Lucas 21,13-15: A
missão dos cristãos em época de perseguição
A
perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desânimo ou de
desespero, mas deve ser vista como uma oportunidade, oferecida por Deus, para
as comunidades realizarem a missão de testemunhar com coragem a Boa Nova de
Deus. Jesus diz: “Isso acontecerá para que vocês deem testemunho. Portanto,
tirem da cabeça a ideia de que vocês devem planejar com antecedência a própria
defesa; porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos
inimigos poderá resistir ou rebater vocês”. Por meio desta afirmação Jesus
anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Ele faz saber que, mesmo
perseguidos, eles tinham uma missão a cumprir, a saber: testemunhar a Boa Nova
de Deus e, assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria
o povo a repetir o que diziam os magos do Egito diante dos sinais e da coragem
de Moisés e Aarão: “Aqui há o dedo de Deus!” (Ex 8,15). Conclusão: se as
comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo já
era previsto por Deus, se tudo não passa de dor de parto, então não há motivo
para ficarmos preocupados.
* Lucas 21,16-17:
Perseguição até dentro da própria família
“E
vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos.
E eles matarão alguns de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu
nome”. A perseguição não vinha só de fora, da parte do império, mas também de
dentro, da parte da própria família. Numa mesma família, uns aceitavam a Boa
Nova, outros não. O anúncio da Boa Nova provocava divisões no interior das
famílias. Havia até pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a
denunciar e matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus
(Dt 13,7-12).
* Lucas 21,18-19: A
fonte da esperança e da resistência
“Mas não perderão um só fio de cabelo. É
permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!" Esta observação final
de Jesus lembra a outra palavra que Jesus tinha dito: “nenhum cabelo vai cair
da cabeça de vocês!” (Lc 21,18). Esta comparação era um apelo forte a não
perder a fé e a continuar firme na comunidade. E confirma o que Jesus já tinha
dito em outra ocasião: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem
perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,24).
Para um confronto
pessoal
1) Como você costuma ler as etapas da
história da sua vida e do seu país?
2) Olhando a história da humanidade
dos últimos 50 anos, a esperança aumentou em você, ou diminuiu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO