domingo, 11 de agosto de 2013

Segunda-Feira da 19ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 17,22-27): Quando estava reunido com os discípulos na Galiléia, Jesus lhes disse: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão, mas no terceiro dia ressuscitará». E os discípulos ficaram extremamente tristes. Quando chegaram a Cafarnaum, os que cobravam o imposto do templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: «O vosso mestre não paga o imposto do templo?». Pedro respondeu: «Paga, sim!». Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se e perguntou: «Simão, que te parece: os reis da terra cobram impostos ou tributos de quem, do próprio povo ou dos estranhos?». Ele respondeu: «Dos estranhos!» — «Logo os filhos estão isentos», retrucou Jesus, «mas, para não escandalizar essa gente, vai até o lago, lança o anzol e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda valendo duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por mim e por ti».

Comentário: P. Joaquim PETIT Llimona, L.C. (Barcelona, Espanha)

Quando estava reunido com os discípulos na Galiléia

Hoje, a liturgia oferece-nos diferentes possibilidades para nossa consideração. Entre elas, podemos deter-nos em algo que está presente no texto todo: o trato familiar de Jesus com os discípulos.

Diz São Mateus que Jesus «estava reunido com os discípulos na Galileia» (Mt 17,22). Pareceria evidente, mas o fato de mencionar que estavam juntos demonstra a proximidade de Cristo. Depois, abre-lhes seu Coração para confiar-lhes o caminho de sua Paixão, Morte e Ressurreição, ou seja, algo que Ele tem no seu interior e, não quer que aqueles que ama tanto, ignorem-no. Posteriormente, o texto comenta o episódio do pagamento dos impostos, e o evangelista também nos amostra o trato de Jesus que, coloca-se ao mesmo nível do que Pedro, contrapondo aos filhos (Jesus e Pedro) isentos de pagar os impostos e dos estranhos obrigados a pagá-los. Cristo, afinal, mostra-lhe como conseguir o dinheiro necessário para pagar não só por Ele, mas por os dois e, evitar ser motivo de escândalo.

Em todos estes fatos descobrimos uma visão fundamental da vida cristã: é o afã de Jesus por estar conosco. Diz o Senhor no livro dos Provérbios: «alegrando-me em estar com os filhos dos homens» (Prov 8,31). Como muda, a nossa realidade, o nosso enfoque da vida espiritual na qual às vezes pomos apenas a atenção nas coisas que fazemos como se fosse o mais importante! A vida interior deve centrar-se em Cristo, em seu amor por nós, em sua entrega até a morte por mim, na sua persistente busca do nosso coração. Muito bem o expressava João Paulo II em um dos seus encontros com os jovens, o Papa exclamou com voz forte: «Olhe Ele!».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm  

* Os cinco versículos do evangelho de hoje falam de dois assuntos bem diferentes um do  outro: 
1)  Trazem  o  segundo  anúncio  da  paixão,  morte  e  ressurreição  de  Jesus (Mt  17,22-23):   
2)  Informam  sobre  a  conversa  de  Jesus  com  Pedro  sobre  o pagamento das taxas e impostos ao templo (Mt 17,24-27). 

* Mateus 17,22-23: O anúncio da morte e ressurreição de Jesus.  
O primeiro anúncio (Mt 16,21) havia provocado uma forte reação da parte de Pedro que não quis saber de sofrimento nem de cruz. Jesus tinha respondido com a mesma força: “Atrás der mim, satanás!” (Mt 16,23) Aqui, no segundo anúncio, a reação dos discípulos é mais branda, menos agressiva. O anúncio provoca tristeza. Parece que eles começam a compreender que a cruz faz parte do caminho. A proximidade da morte  e  do  sofrimento  pesa  neles,  gerando  desânimo.  Por  mais  que  Jesus  procurasse  ajuda-los,  a resistência  de  séculos  contra  a  idéia  de  um  messias
crucificado era maior.

*  Mateus 17,24-25a: A pergunta dos fiscais do imposto a Pedro .
Quando  chegaram  em  Cafarnaum,  os  fiscais  do  imposto  do  Templo  perguntaram  a Pedro: "O mestre de vocês não paga o imposto do Templo?"  Pedro responde: “Paga sim!”  Desde  os  tempos  de  Neemias,  (Séc  V  aC),  os  judeus  que  tinham  voltado  do cativeiro  da  Babilônia,  comprometeram-se  solenemente  em  assembléia  a  pagar vários  impostos  e  taxas  para poder  manter  funcionando  o  culto  no  Templo  e  para cuidar da manutenção tanto do serviço sacerdotal como do prédio do Templo (Ne 10,33-40). Pelo que transparece na resposta de Pedro, Jesus pagava este imposto como, aliás, todos os judeus faziam.

* Mateus 17,25b-26: A pergunta de Jesus a Pedro sobre o imposto.
É  curiosa  a  conversa  entre  Jesus  e  Pedro.  Quando  eles  chegam  em  casa,  Jesus pergunta: "O que é que você acha, Simão? De quem os reis da terra recebem taxas ou impostos: dos filhos ou dos estrangeiros?" Pedro respondeu: "Dos estrangeiros!" Então  Jesus  disse: "Isso  quer  dizer  que  os  filhos  não  precisam  pagar!” Provavelmente,  aqui  se  reflete  uma  discussão  entre  os  judeus  cristãos  anterior  à destruição do Templo no ano 70. Eles se perguntavam se deviam ou não continuar a pagar  o  imposto  do  Templo,  como  faziam  antes.  Pela  resposta  de  Jesus,  eles descobrem  que  não  há  obrigação  de  pagar  esse  imposto: “Os  filhos  não  precisam pagar”.  Os  filhos  são  os  cristãos.  Mas  mesmo  não  havendo  obrigação,  a recomendação de Jesus é pagar para não provocar escândalo. 

* Mateus 17,27: A conclusão da conversa sobre o pagamento do imposto.
Mais curiosa do que a conversa é a solução que Jesus dá à questão. Ele diz a Pedro: “Para não provocar escândalo, vá ao mar, e jogue o anzol. Na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar uma moeda de prata para pagar o imposto. Pegue-a, e pague  por  mim  e  por  você".  Milagre  curioso!  Tão  curioso  como  aquele  dos  2000 porcos  que  se  precipitaram  no  mar  (Mc  5,13).  Qualquer  que  seja  a  interpretação deste fato miraculoso, esta maneira de solucionar o problema sugere que se trata de um assunto que não tem muita importância para Jesus.  

Para um confronto pessoal
1)  O  sofrimento  e  a  cruz  abateram  e  entristeceram  os  discípulos.  Isto  já aconteceu na sua vida?
2) Como você entende o episódio da moeda encontrada na boca do peixe? 

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