sábado, 1 de junho de 2013

IX DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

Lucas 7, 1-10 - Jesus entrou na cidade de Cafarnaum.  Havia aí um oficial romano que tinha um empregado, a quem estimava muito. O empregado estava doente, a ponto de morrer.  O oficial ouviu falar de Jesus, e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedir a Jesus que fosse salvar o empregado.  Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: «O oficial merece que lhe faças esse favor,  porque ele estima o nosso povo, e até construiu uma sinagoga para nós.»  Então Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizer a Jesus: «Senhor, não te incomodes, pois eu não sou digno de que entres em minha casa;  nem sequer me atrevi a ir pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu empregado ficará curado.  Pois eu também estou sob a autoridade de oficiais superiores, e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem; e ao meu empregado: Faça isso, e ele o faz.»  Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia, e disse: «Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.» Os mensageiros voltaram para a casa do oficial, e encontraram o empregado em perfeita saúde.

Fé, Dom de Deus e um Ato Humano
A fé é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos os homens, sem exceção. Chamamos de dons infusos a fé, a esperança, e a caridade.
A fé é como uma semente. Quando nascemos Deus planta em nós a semente da fé, e nós nascemos com esta semente. É uma semente em potencial, que ainda não é ato, mas compete a nós darmos condições materiais para que a fé cresça.  Ou seja, a fé é dom de Deus que não nasce separadamente  da vontade humana, porque ninguém acredita se não quiser. Também ninguém acredita sem que Deus o permita.
A fé precisa ser estimulada, precisa ser exercitada, e para isto requer algumas atitudes importantes. Podemos tomar como exemplo o dom de tocar violão, a pessoa tem o dom mas precisa  treinar, estudar,  exercitar.

Passos para exercitar a fé:
· A caridade. A fé cresce na prática da caridade.
· A vivência sacramental. Buscar os sacramentos da confissão e da comunhão, mesmo que não tenha vontade e não o faça por sentimento. Santa Teresa D’Ávila ensinava que quando se tem vontade de ir à missa, vai; mas, se no domingo seguinte não se tem, não se deve deixar de ir,  porque é  justamente quando se vai sem ter vontade,  que se vai pela fé. - É o mesmo com a oração; quando se reza sem vontade, sem prazer, então, se age pela fé, e o valor desta oração é dobrado. Não é uma questão de sentir prazer, sentir vontade,  é uma questão de atitude. Não podemos reduzir a fé ao sensacionalismo, ao sentimento de estar com vontade ou não.
· Leitura da palavra de Deus. A fé unida à inteligência e à razão voa com maior facilidade.

A fé vem pelo pelo ouvido. Rm 10:17
O oficial ouviu falar de Jesus”. Segundo São Paulo “a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus”. Ele nos mostra a necessidade do anúncio do Evangelho para que todos possam conhecer e crer em Jesus: “como invocarão aquele em quem não tem fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” Tornar Jesus conhecido e amado; este é o primeiro compromisso do cristão comprometido com sua fé.

Fé na Intercessão dos Santos é licita?
O oficial enviou alguns anciãos dos judeus, para pedir a Jesus que fosse salvar o empregado”.  Reconhecendo suas limitações, o centurião pede a intervenção dos anciãos judeus, que apresentam a Jesus sua necessidade e intercedem por ele. E Jesus atendeu ao pedido dos anciãos que suplicavam pelo servo do oficial romano.  Não foram os anciãos que curaram o jovem.  Foi Jesus.  Mas é atendendo ao pedido deles e vendo a fé do romano que Jesus realiza o milagre. Portanto, recorrer a Nossa Senhora e aos santos, não é idolatria, porque, nós católicos não adoramos os santos, mas os veneramos e respeitamos como amigos de Deus. São nossos intercessores na comunhão dos Santos.

As características da fé do centurião:
Um pagão serve de exemplo para a multidão! Na boca de alguém considerado “impuro” se expressa a mais profunda fé! Quantas vezes a mesma coisa acontece hoje - pessoas consideradas impuras, ou tolas, ou ignorantes, dão lição de fé a nós, às vezes formados na teologia, praticantes dos sacramentos, estudiosos da religião?
A fé não depende do grau do estudo - é uma atitude profunda que brota da intimidade com Deus.
É de notar também a prontidão com que Jesus atende o pedido para ajudar o oficial. Embora esteja consciente que o homem é estrangeiro e pagão, a compaixão faz com que Jesus não se amarra aos limites costumeiros da prática religiosa do seu tempo, mas se prontifica até a entrar na casa de um “impuro”, pois para Jesus, ninguém pode ser taxado de impuro.

1º) Uma fé COMPASSIVA: Toda a lei de Deus se resume no amor e esse centurião mostrou que amava seu servo que estava doente, indo interceder a Jesus. Sua atitude em relação ao servo era incomum. De acordo com a lei romana, o servo era definido como uma ferramenta viva sem direitos e freqüentemente abusada por seu senhor. O centurião não queria nada pra ele. Ele poderia pedir algo a Jesus, com certeza ele teria alguma coisa a pedir, mas preferiu priorizar o sofrimento do seu servo. Ele se compadeceu do seu próximo. Certamente, isso agradou a Jesus, pois de imediato Ele respondeu: “Eu irei e o curarei”. Então, se queremos também nós agradar a Jesus, devemos, assim como centurião, seguir a palavra de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”(Lv 19, 18). Com essa passagem entendemos o que Deus fala que aquele que quer ser servido, sirva primeiro. São Tiago em sua carta (2:14) fala "Meus irmãos, que interessa se alguém disser que tem fé em Deus, e não fizer prova disso através de obras? Esse tipo de fé não salva ninguém."

2º) Uma fé HUMILDE: O centurião enviou antes anciãos judeus para rogar ao Senhor pelo seu servo, pois ele não se achava digno nem de chegar até Jesus. Após Jesus mostrar-se disposto a ir à casa do centurião para curar o servo enfermo, o próprio centurião se diz indigno de recebê-Lo. “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa” . Com profundo respeito, ele nem pede que Jesus entre na sua casa - pois tal ação deixaria Jesus ritualmente impuro! Ele está consciente de não pertencer ao povo eleito, e sabe que para um judeu entrar em casa de um pagão seria sinal de impureza. Por isso não se crê digno de hospedar a Jesus. Ele conhece as normas dos judeus quanto à pureza, por isso não vai pessoalmente ter com Jesus, mas envia anciãos judeus para intercederem por ele junto a Jesus. Dizer-se indigno é reconhecer a autoridade de Jesus.
O centurião reconhece que Jesus Cristo é uma autoridade muito maior que ele. Devemos assim também nós, com humildade, reconhecermos que somos pequenos e frágeis perante o Senhor. Muitas súplicas são verdadeiras imposições ("eu determino") apresentadas com arrogância ao Senhor de tudo. Isto impede que Deus possa se aproximar de sua criatura. Um primeiro requisito da parte do suplicante é reconhecer quem ele é  a quem está se dirigindo. Cumpre entregar a Ele os problemas e deixar por conta dele as soluções.  Quem possui um coração humilde encontrará sempre o Deus santo.  Quem está convencido de suas qualidades e de seus direitos perante o Onipotente não oferece espaço para que Ele possa vir de encontro às necessidades de quem dele precisa, mesmo porque o orgulho impede a ação divina. É na fé e pela fé que Deus vem até à alma humilde e contrita. Esta reconhece suas limitações e assegura a possibilidade de Deus poder agir. São Paulo advertiu aos Gálatas: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo" (Gl 6,3), pois Deus, de fato, resiste aos soberbos. Quem possui a humildade e a fé do Centurião tudo alcança. O humilde possui ao lado dum sentimento profundo de seu nada e de sua fraqueza a percepção de riquezas infinitas e alegrias inefáveis que enchem o seu coração sempre fortificado na fé.

3º) Uma fé CONFIANTE: O centurião estava convencido de que Jesus podia curar o seu servo. Não duvidou, teve confiança. E ele foi além na sua fé quando acreditou que somente uma Palavra de Cristo e seu servo ficaria curado. Foi capaz de dar o testemunho de sua confiança em Jesus, ao ponto de declarar: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado” (Mt 8,8). O centurião dava-se por satisfeito apenas com uma palavra de Jesus, nada mais que isso. Mostrou assim que acreditava que o poder de Cristo não se limitava e podia curar a distância.
Ele tem confiança absoluta em Jesus - basta a palavra d’Ele para que a cura se concretize! Aqui temos mais um exemplo do interesse de Lucas em enfatizar o poder da Palavra de Jesus (por exemplo, na versão lucana da cura da sogra do Pedro, Jesus não toca nela, como em Marcos, mas só ameaça a febre, e com a sua palavra, essa deixa a mulher - Lc 4, 39). A constatação da cura revela o poder vivificante e eficaz da Palavra do Senhor. Quantos seguidores de Cristo querem manifestações visíveis, enquanto Ele quer da parte de todos é uma fé inabalável, fruto de uma sinceridade interior que reconhece nele o Deus Todo-Poderoso que intervirá sempre no momento oportuno.
A certeza da eficácia da palavra de Jesus é prova de uma vigorosa fé na divindade d’Ele, segundo a interpretação dada por Santo Agostinho ao pedido: “Se eu, que estou subordinado, mando nos que estão debaixo de mim, tu, que não estás subordinado a ninguém, não poderás mandar em tua criatura, uma vez que todas as coisas foram feitas por ti e sem ti nada foi feito? Acreditava depender tudo da vontade do Salvador, bastando transmitir-Lhe seu pedido para obter a realização.

“Senhor, dê-nos a fé do oficial romano, e de muita gente simples e humilde. Diga uma só palavra e a nossa falta de fé será curada! Ajude-nos também a cultivar a compaixão que derruba as barreiras artificialmente criadas por causa da etnia, cultura, religião ou condição de vida.”

Para um questionamento:
1. E nós, como será a nossa fé?
2. Como está nossa confiança em Deus?
3. Que frutos nós temos visto de nossa fé?
4. A nossa fé tem influenciado o mundo ou é o mundo que está determinando a nossa fé?.


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