quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

11 de janeiro (Feira do tempo de Natal)



Evangelho (Lc 5,12-16): Estando Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto em terra e suplicou-lhe: «Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me». Estendendo a mão, Jesus tocou nele e disse: «Quero, fica purificado». E imediatamente a lepra desapareceu. E ordenou-lhe que não o contasse a ninguém. «Mas», disse, «vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta por tua purificação a oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho». Cada vez mais, sua fama se espalhava, e as multidões acorriam para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Ele, porém, se retirava para lugares desertos, onde se entregava à oração.

Comentário: Rev. D. Santi COLLELL i Aguirre (La Garriga, Barcelona, Espanha)

Cada vez mais, sua fama se espalhava

Hoje temos uma grande responsabilidade em fazer que «sua fama» (Lc 5,15) continue se estendendo, sobre tudo, a todos aqueles e aquelas que não lhe conhecem ou que, por diversas razões e circunstâncias, se afastaram Dele.

Mas, este contágio não será possível se antes nós, cada um e cada uma, não temos sido capazes de reconhecer nossas próprias “lepras” particulares e de nos acercar a Cristo tendo consciência de que somente Ele nos pode liberar de maneira eficaz de todos nossos egoísmos, invejas, orgulhos e rancores...

Que a fama de Cristo se estenda a todos os cantos de nossa sociedade depende, em grande medida, dos ”encontros particulares” que tivemos com Ele. Quanto mais e mais intensamente nos impregnemos de seu Evangelho, de seu amor, de sua capacidade de escutar, de acolher, de perdoar, de aceitar o outro (por diferente que seja), mais capazes seremos nós de dá-lo a conhecer a nosso entorno.

O leproso do Evangelho que hoje se lê na Eucaristia é alguém que tem feito um duplo exercício de humildade. O de reconhecer qual é seu mal e, o de aceitar a Jesus como seu Salvador. Cristo é quem nos dá a oportunidade de fazer uma mudança radical e profunda na nossa vida. Diante de tudo aquilo que é impedimento para o amor e que tem se enquistado nos nossos corações e em nossas vidas, Cristo, com seu testemunho de vida e de Vida Nova, propõem-nos uma alternativa totalmente real e possível. A alternativa do amor, da ternura da misericórdia. Jesus, diante de quem é diferente a Ele (o leproso) não escapa, não o ignora, não o “despacha” à administração, nem às instituições ou às “ong’s”. Cristo aceita o reto do encontro e, ao “enfermo” lhe oferece aquilo que necessita, a cura/purificação.

Nós temos que ser capazes de oferecer aos que se aproximam a nossas vidas aquilo que recebemos do Senhor. Mas, antes será necessário encontrar-nos com Ele e renovar nosso compromisso de viver seu Evangelho nos pequenos detalhes de cada dia.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

Reflexão
* Um leproso chega perto de Jesus. Era um excluído. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava impuro! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da religião para poder chegar perto de Jesus. Ele diz: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta o senhor querer para eu ficar curado!” A frase revela duas doenças:
1) a doença da lepra que o tornava impuro;
2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado!

* O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo, quem tocava num leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época.

* Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver. Ele reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico de plantão. Jesus obrigou o fulano a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.

* Jesus tinha proibido o leproso de falar sobre a cura. O Evangelho de Marcos informa que esta proibição não adiantou nada. O leproso, assim que partiu, começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos (Mc 1,45). Por que? É que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião da religião daquele tempo, agora ele mesmo era um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. E Marcos mostra ainda que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele (Mc 1,45). Subversão total!

 * O duplo recado que Lucas e Marcos dão às comunidades do seu tempo e a todos nós é este:
1) anunciar a Boa Nova é dar testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus.

Para um confronto pessoal
1. Para ajudar o próximo, Jesus transgrediu a lei da pureza. Existem hoje leis na igreja que dificultam ou impedem a prática do amor ao próximo?
2. O leproso para poder ser curado teve coragem a opinião pública do seu tempo. E eu?

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