ORAÇÃO INICIAL: Santíssima
Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem
mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa
prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a
caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e
espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a
graça ... que peço com toda a confiança. Amém.
CAUSA DA NOSSA ALEGRIA.
I. Ó DEUS, QUE PELA ENCARNAÇÃO do vosso Filho enchestes o mundo de
alegria, concedei-nos, aos que veneramos a sua Mãe, causa da nossa alegria, que
permaneçamos sempre no caminho dos vossos mandamentos, para que os nossos
corações estejam firmes na verdadeira alegria1. A verdadeira alegria
está em Deus, e tudo o que nos chega dele sempre vem com esse sinal. Quando
Deus criou este mundo do nada, e de modo especial quando criou o homem à sua
imagem e semelhança, tudo foi uma festa. Há uma alegria contida na expressão com
que se conclui o relato da criação: E Deus viu que era muito bom tudo o que
tinha feito2. Os nossos primeiros pais desfrutavam de tudo o que
existia e exultavam no amor, louvor e gratidão a Deus. Não conheciam a
tristeza. Mas chegou o primeiro pecado, e com ele algo de perturbador envolveu
o coração humano. A clara e luminosa alegria foi substituída pelo pesar, e a
tristeza infiltrou-se no íntimo das coisas. Com a Imaculada Conceição de Maria,
veio ao mundo, silenciosamente, o primeiro fulgor de alegria autêntica. O seu
nascimento foi um imenso júbilo para a Santíssima Trindade, que olhava
comprazida para o mundo porque nele estava agora presente a Virgem Maria. E com
o faça-se, pelo qual Nossa Senhora deu o seu assentimento aos planos divinos da
Redenção, esse júbilo derramou-se sobre toda a humanidade. Quando Deus
"quer trabalhar uma alma, elevá-la ao cume do seu amor,
estabelece-aprimeiro na sua alegria"3. Foi o que a Santíssima Trindade fez com a
Virgem. E a plenitude dessa alegria é dupla: em primeiro lugar, porque Maria
está cheia de graça, cheia de Deus, como nunca esteve nem chegará a estar
nenhuma outra criatura; em segundo lugar, porque desde o momento do seu
assentimento à embaixada do Anjo, o Filho de Deus assumiu a natureza humana nas
suas entranhas puríssimas: com Ele, chegou aos homens toda a alegria
verdadeira. O anúncio do seu nascimento em Belém será levado a cabo com estas
significativas palavras: Não temais, porque eis que vos anuncio uma grande
alegria, que o será para todo o povo. Nasceu-vos na cidade de Davi um Salvador,
que é o Cristo Senhor4. Cristo é a grande alegria, que cura as
tristezas do coração; e Nossa Senhora foi a Causa da nossa alegria verdadeira,
porque com o seu assentimento deu-nos Cristo, e atualmente, todos os dias, nos
leva a Ele e no-lo entrega novamente. O caminho da vida interior conduz a Jesus
por meio de Maria. A alegria - não podemos esquecê-lo nunca - é estar com
Jesus, ainda que nos vejamos rodeados de dores e contradições por todos os
lados; a única tristeza seria não o possuir. "Esta experiência viva de
Cristo e da nossa unidade é o lugar da esperança e é, portanto, fonte de gosto
pela vida; e deste modo, torna possível a alegria; uma alegria que não se vê
obrigada a esquecer ou a censurar nada para ter consistência"5.
II. A VIRGEM LEVA A ALEGRIA aonde quer que vá. E aconteceu que,
apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre e Isabel
ficou cheia do Espírito Santo6. É a proximidade de Maria, que leva
no seu seio o Filho de Deus, a causa de tanto alvoroço naquela casa, de um
alvoroço que até o Batista ainda não nascido manifesta no ventre de sua mãe.
"Na presença do Senhor - escreve São João Crisóstomo -, não pode conter-se
nem suporta esperar os prazos da natureza,mas procura romper a prisão do seio
materno e cuida de dar testemunho de que o Salvador está prestes a chegar"7. A
Virgem ensina-nos a ser causa de alegria para os outros no seio da família, no trabalho,
nas relações com as pessoas com quem convivemos ou com quem entramos em
contacto, mesmo de passagem, como por exemplo numa entrevista, numa viagem ouno
ponto de espera de um ônibus que demora a chegar. Deve acontecer-nos o mesmo que
a essas fontes que existem em muitos povoados, onde as mulheres do lugar vão
buscar água. Umas carregam grandes vasilhas, e a fonte as enche; outras são
menores, e também ficam cheias até à borda; outras estão sujas, e a fonte as
limpa... Sempre acontece que todo o cântaro que vai à fonte volta cheio. E
assim deve acontecer na nossa vida: qualquer pessoa que se aproxime de nós deve
partir com mais paz, com alegria. Todo aquele que nos visite por estarmos
doentes, ou por amizade, vizinhança, relações de trabalho..., deve despedir-se
de nós um pouco mais alegre. A água da fonte, normalmente, vem de outro lugar.
A origem da nossa alegria está em Deus, e a Virgem leva-nos a Ele. Quando uma
fonte não tem água, enche-se de muita sujidade; como a alma que deixou de ser
manancial de paz para os outros, porque possivelmente as suas relações com o
Senhor não são claras. "Não há alegria? Então pensa: há um obstáculo entre
Deus e mim. - Quase sempre acertarás"8. E uma vez descoberto
esse obstáculo, Nossa Senhora ajudar-nos-á a tirá-lo. A alegria - ensina São
Tomás de Aquino - nasce do amor9. E o amor tem tanta força "que
esquecemos a nossa alegria para alegrar aqueles que amamos. E verdadeiramente é
assim, a tal ponto que, mesmo que sejam grandíssimos os trabalhos, sabendo que
contentam a Deus, tornam-se doces"10. O trato com Jesus faz-nos
passar por cima das diferenças ou pequenas antipatias que podem surgir em algum
momento, para chegarmos ao fundo da alma daqueles com quem convivemos, frequentemente
sedentos de um sorriso, de uma palavra amável, de uma resposta cordial.Neste dia da Novena à Imaculada, podemos examinar como é a nossa alegria: se é
caminho para que os outros encontrem a Deus, se somos luz e não cruz para aqueles
com quem estamos habitualmente numa relação mais intensa. Hoje, podemos oferecer
a Nossa Senhora o propósito firme e sincero de ser semeadores de alegria, de
"tornar amável e fácil o caminho aos outros, que já bastantes amarguras
traz a vida consigo"11. É um modo cordial de imitarmos a
Virgem, que dos Céus nos sorrirá e nos animará a seguir por esse caminho ao
encontro do seu Filho. E isso tanto nos dias em que nos seja fácil alegrar os
outros, como também naqueles em que, por cansaço ou por estarmos
sobrecarregados, sorrir e manifestar bom-humor nos custe um pouco mais. Nessas
ocasiões, a nossa Mãe do Céu - Mater amabilis -ajudar-nos-á especialmente.
III. AQUELES QUE ESTIVERAM perto de Nossa Senhora participaram da
imensa alegria e da paz inefável que inundavam a sua alma, pois nela se
refletia "a riqueza e a formosura com que Deus a engrandeceu.
Principalmente, por ter sido redimida e preservada em Cristo, e nela reinarem a
vida e o amor divinos. A isso se referem algumas invocações da ladainha: Mãe
amável, Mãe admirável, Virgem prudentíssima, poderosa, fiel... Sempre uma nova
alegria brota dela, quando está diante de nós e a olhamos com respeito e amor.
E se, ao contemplá-la, alguma fração da sua formosura vem e penetra na nossa
alma, tornando-a também formosa, como se torna grande a nossa alegria!"12
Não nos custa nada imaginar como todos
os que tiveram a felicidade de conhecê-la desejariam estar perto dela! Os
vizinhos viriam com frequência à sua casa, e os amigos, e os parentes... Ninguém
ouviu dos seus lábios queixas ou lamentações pessimistas, mas presenciou apenas
os seus desejos de servir, de dar-se, convertidos em detalhes. Quando a alma
está alegre - com penas e lágrimas, às vezes - extravasa-se e é estímulo para
os outros; a tristeza, pelo contrário, obscurece o ambiente e faz-lhe mal.
Assim como a traça come o vestido, e o caruncho a madeira, assim a tristeza
prejudica o coração do homem13; e prejudica a amizade, a vida de
família..., tudo: predispõe para o mal. Por isso, devemos lutar rapidamente
contra esse estado de ânimo, se alguma vez nos pesa no coração: Fixa o teu
coração na santidade do próprio Deus e afugenta para longe de ti a tristeza.
Porque a tristeza tem matado a muitos, e não há utilidade nela14. O
esquecimento de si mesmo, uma serena despreocupação pelos problemas próprios, que
poucas vezes são realmente importantes, uma confiança mais plena em Deus são condições
necessárias para estarmos alegres e servirmos os que nos rodeiam. Quem anda
preocupado consigo mesmo dificilmente encontrará a alegria, que é abertura para
Deus e para os outros. Em contrapartida, a nossa alegria será em muitas
ocasiões um caminho para que os outros encontrem a Deus. A oração abre a alma
ao Senhor, e é nela que podemos encontrar forças para aceitar uma
contrariedade, para abandonar nas mãos de Deus as coisas que nos preocupam; é a
oração que nos leva a ser mais generosos e a fazer uma boa Confissão, se a raiz
da nossa tristeza e mau-humor estiver na tibieza ou no pecado. Terminamos a
nossa oração dirigindo-nos à Virgem: "Causa
nostrae laetitiae!, Causa da nossa alegria, rogai por nós! Ensinai-nos a
saber acolher na fé o paradoxo da alegria cristã, que nasce e floresce da dor,
da renúncia, da união com o vosso Filho crucificado: fazei com que a nossa alegria
seja sempre autêntica e plena, para podermos comunicá-la a todos"15.Ofereçamos
à nossa Mãe do Céu, neste dia da Novena, o firme propósito de rejeitarmos
sempre a tristeza e de sermos causa de paz e de alegria para os outros.
(1) Missas da Virgem Maria, II, Missa de Santa Maria, Causa
da nossa alegria. Oração coleta; (2) Gên 1, 31; (3) M. D. Philippe, Mistério de
Maria, pág. 134; (4)Lc 2, 10-11; (5) L. Giussani, La utopia y la presencia, em
30 Dias, 8.9.1990, pág. 9; (6) Lc 1, 41; (7) São João Crisóstomo, Sermão
recolhido por Metafrasto; (8) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 662; (9) São
Tomás, Summa theologica, II-II, q. 28, a. 4; (10) Santa Teresa, Livro das
Fundações, 5, 10; (11) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 63; (12) F. M.
Moschner, Rosa mística, Rialp, Madrid, 1957, pág. 180; (13) Prov 25, 20; (14)
Ecle 30, 24-25; (15) João Paulo II, Homilia, 31-V-1979.
Ave Maria
Ó Maria concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós
Oração final - Ó Deus, que
pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes a Vosso Filho digna
habitação, nós Vos rogamos que, como a preservastes de toda a mancha pela
previsão da morte de seu mesmo Filho, nos concedais por sua intercessão que
também puros cheguemos até Vós. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
LEIA, ABAIXO A LECTIO
DIVINA PARA A SEGUNDA-FEIRA DA 1ª SEMANA DO ADVENTO
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