ORAÇÃO
INICIAL: Santíssima
Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem
mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa
prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a
caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e
espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a
graça ... que peço com toda a confiança. Amém.
REFÚGIO DOS PECADORES
I.
AVE, CHEIA DE GRAÇA,
és chamada clementíssima para com os pecadores porque contemplas misericordiosa
a nossa miséria1.
Em alguns lugares,
desde tempos imemorais, foi costume representar Nossa Senhora com um grande
manto debaixo do qual se encontra todo o gênero de pessoas com um rosto cheio
de paz: papas e reis, comerciantes e camponeses, homens e mulheres... Alguns,
que não se abrigaram bem debaixo desse manto protetor, têm alguma parte do
corpo atravessada por uma flecha: o preguiçoso é representado sentado e com uma
flecha na perna, o guloso com um prato na mão e a flecha na barriga...2
Refúgio dos pecadores:
desde sempre, os cristãos viram a Santíssima Virgem como amparo e refúgio dos
pecadores, para onde corremos, como que por instinto, nos momentos de maior
tentação ou dificuldade, ou quando talvez não tenhamos sido fiéis ao Senhor.
Ela é o atalho que nos facilita o retorno a Jesus.
Nos primeiros séculos
da nossa fé, os Santos Padres, ao tratarem do mistério da Encarnação do Verbo,
afirmavam com frequência que o seio virginal de Maria foi o lugar em que se
selou a paz entre Deus e os homens. Pela sua especialíssima união com Cristo, a
Virgem exerce uma maternidade em relação aos homens que consiste em “contribuir
para a restauração da vida sobrenatural nas almas”3; por essa
maternidade, ocupa Ela um lugar totalmente especial no plano pensado por Deus
para livrar o mundo dos seus pecados. Para isso, “consagrou-se totalmente como
escrava do Senhor à Pessoa e à obra do seu Filho, servindo sob Ele e com Ele o
mistério da Redenção”4; esteve associada à expiação de Cristo por
todos os pecados do mundo, padeceu com Ele e foi corredentora em todos os
momentos da vida de Jesus e de modo especial no Calvário, onde ofereceu o seu
Filho ao Pai e se ofereceu juntamente com Ele: “Verdadeiramente, em virtude da
sua maternidade divina, Maria converteu-se na aliada de Deus na obra da reconciliação”5.
Por isso, muitos teólogos costumam comentar que a Virgem se encontra de algum
modo presente na Confissão sacramental, em que nos são concedidas
particularmente as graças da Redenção. “Se alguém separa do sacramento da
penitência a coexpiação de Maria, introduz entre Ela e Cristo uma divisão que
nunca existiu nem pode ser admitida [...], já que é o próprio Cristo quem
assume na sua expiação toda a cooperação expiatória da sua Mãe”6.
Maria encontra-se
sempre muito perto da Confissão: está presente no caminho que leva a esse
sacramento, preparando a alma para que se aproxime dele com humildade,
sinceridade e arrependimento. Exerce um trabalho maternal importantíssimo,
facilitando o caminho da sinceridade e conduzindo suavemente a essa fonte de graça.
Se alguma vez as faltas cometidas nos envergonham particularmente, Ela é o
primeiro Refúgio para o qual devemos correr, certos de que, pouco a pouco, com
a sua graça maternal, se tornará fácil o que a princípio era difícil. Se um
filho se afasta da casa paterna, que mãe não estará disposta a facilitar-lhe o
regresso? “A Mãe de Deus, que buscou afanosamente o seu Filho, perdido sem
culpa dela, que experimentou a maior alegria ao encontrá-lo, ajudar-nos-á a
desandar o andado, a retificar o que for preciso quando pelas nossas
leviandades ou pecados não conseguirmos distinguir Cristo. Alcançaremos assim a
alegria de abraçá-lo de novo, para lhe dizer que nunca mais o perderemos”7.
Santa Maria, Refúgio
dos pecadores, nosso refúgio, dai-nos o instinto certeiro de recorrer a Vós
quando nos afastarmos do amor do vosso Filho. Dai-nos o dom da contrição.
II.
SANTA MARIA, Mãe de
Deus, rogai por nós, pecadores... O perdão sempre é possível. O Senhor deseja a
nossa salvação e a limpeza da nossa alma mais do que nós mesmos. Deus é
todo-poderoso, é nosso Pai e é Amor. E Jesus diz a todos, e a nós também: Eu
não vim chamar os justos, mas os pecadores8. Ele chama-nos – com
mais força nesta novena – para que, com a ajuda da sua Mãe, nos desapeguemos do
egoísmo, dos pequenos rancores, das faltas de amor, dos juízos precipitados
sobre os outros, das faltas de desprendimento...
Devemos aproximar-nos
da grande festa de Nossa Senhora com um coração mais limpo. Na intimidade do
nosso coração, devemos sentir esse convite divino a uma maior pureza interior.
Uma tradição muito antiga relata uma aparição do Senhor a São Jerônimo:
“Jerônimo, que me vais dar?” E o santo respondeu: “Oferecer-te-ei os meus
escritos”. E Cristo respondeu-lhe que não era suficiente. “Que entregarei
então? A minha vida de mortificação e penitência?” A resposta foi: “Também não
me bastam”. “Que me fica por dar-te?”, perguntou São Jerônimo. E Cristo
respondeu-lhe: “Podes dar-me os teus pecados, Jerônimo”9. Às vezes,
pode custar-nos reconhecer diante de Deus os nossos pecados, fraquezas e erros,
deixá-los nas suas mãos sem nenhum invólucro, como são, sem justificações, com
sinceridade de coração, chamando cada coisa pelo seu nome. Deus toma-os porque
são o que nos separa dele e dos outros, o que nos faz sofrer, o que impede uma
verdadeira vida de oração. Deus deseja-os para destruí-los, para perdoá-los e
dar-nos em troca uma fonte de Vida.
É surpreendente,
gozosamente surpreendente, a insistência com que Jesus chama os pecadores, pois
o Filho do homem veio salvar o que tinha perecido10. Essa atitude
misericordiosa foi a que fez com que o conhecessem muitos dos que viveram perto
dele: Os escribas e fariseus murmuravam e diziam: Ele recebe os pecadores e
come com eles11. E, ante o assombro de todos, livra a mulher adúltera
da humilhação a que estava sendo submetida, e depois despede-a, perdoada, com
estas simples palavras: Vai e não peques mais12. Jesus é sempre
assim. Nunca nos passe pela cabeça – recomendava o Cardeal Newman – a ideia de
que Deus é um amo duro, severo13. Esta é a imagem que pode formar
quem se comportasse dessa maneira – áspera e friamente, ou mostrando-se
incomodado – ante as ofensas alheias. Mas Deus não é assim: quanto pior é a
nossa situação, mais Ele nos ama, mais nos procura.
Ensina Santo Afonso
Maria de Ligório que a principal missão confiada por Deus à Virgem foi exercer
a misericórdia, e que Maria põe todas as suas prerrogativas a serviço dessa
tarefa14.
A missão de Maria não
é aplacar a justiça divina. Deus é sempre bom e misericordioso. A missão de
Nossa Senhora é a de preparar o nosso coração para que possamos receber as
inumeráveis graças que o Senhor nos quer dar. “Não será Maria um suave e
poderoso estímulo para superarmos as dificuldades inerentes à Confissão
sacramental? Não é verdade que Ela nos convida a aceitar essas dificuldades
para transformá-las em meio de expiação das nossas culpas e das alheias?”15
Recorramos sempre ao seu auxílio enquanto nos preparamos para receber esse
sacramento.
Santa Maria,
“Esperança nossa, olhai-nos com compaixão, ensinai-nos a ir continuamente a
Jesus e, se caímos, ajudai-nos a levantar-nos, a voltar para Ele, mediante a
confissão das nossas culpas e pecados no Sacramento da Penitência, que traz
sossego à alma”16.
III.
SANTA MARIA, Refúgio
e fortaleza nossa.
A palavra refúgio vem
do latim “fugere”, fugir de algo ou alguém... Quando procuramos um refúgio,
fugimos do frio, da escuridão da noite, de uma tempestade; procuramos
segurança, abrigo. Quando recorremos a Nossa Senhora, encontramos a única
proteção verdadeira contra as tentações, o desânimo, a solidão... Muitas vezes,
o simples fato de começarmos a rezar-lhe é suficiente para que a tentação
desapareça e recuperemos a paz e o otimismo. Se em algum momento as dificuldades
se avolumam e as tentações se tornam mais fortes, devemos correr rapidamente a
abrigar-nos sob o manto de Nossa Senhora. “Todos os pecados da tua vida parecem
ter-se posto de pé. – Não desanimes. Pelo contrário, chama por tua Mãe, Santa
Maria, com fé e abandono de criança. Ela trará o sossego à tua alma”17.
Nela encontramos
sempre abrigo e proteção. Ela “consola o nosso temor, move a nossa fé,
fortalece a nossa esperança, dissipa os nossos temores e anima a nossa
pusilanimidade”18. Os seus filhos, logo que percebem o seu amor de
Mãe, refugiam-se nela implorando perdão; “ao contemplarem a sua beleza
espiritual, esforçam-se por livrar-se da fealdade do pecado, e, ao meditarem
nas suas palavras e exemplos, sentem-se chamados a cumprir os preceitos do seu
Filho”19.
Minha Mãe, Refúgio
dos pecadores, ensina-nos a reconhecer os nossos pecados e a arrepender-nos
deles. Vem ao nosso encontro quando for difícil o caminho de volta para o teu
Filho, quando nos sentirmos perdidos.
(1)
Missas da Virgem Maria, n. 14; Antífona de entrada da Missa Mãe da
reconciliação; (2) cfr. M. Trens, María. Iconografia de la Virgen en el arte
español, pág. 274 e segs.; (3) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 61; (4)
ib., 56; (5) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et Paenitentia,
2-XII-1984, n. 35; (6) A. Bandera, La Virgen Maria y los sacramentos, Rialp,
Madrid, 1978, pág. 173; (7) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 278; (8) Mt
9, 13; (9) cfr. F. J. Sheen, Desde la cruz, pág. 16; (10) Mt 18, 11; (11) Mt
11, 19; (12) Jo 8, 11; (13) Card. J. H. Newman, Sermão para o IV domingo depois
da Epifania; (14) Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, VI, 3, 5;
(15) A. Bandera, op. cit., págs. 179-180; (16) João Paulo II, Oração à Virgem de
Guadalupe, janeiro de 1979; (17) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 498; (18) São
Bernardo, Homilia na Natividade da B. Virgem Maria, 7; (19) cfr. Missas da
Virgem Maria, n. 14; Prefácio da Missa Mãe da reconciliação.
Ave Maria
Ó Maria concebida sem
pecado,
Rogai por nós que
recorremos a vós
Oração
final - Ó Deus, que
pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes a Vosso Filho digna
habitação, nós Vos rogamos que, como a preservastes de toda a mancha pela
previsão da morte de seu mesmo Filho, nos concedais por sua intercessão que
também puros cheguemos até Vós. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA PARA A
QUINTA-FEIRA DA 1ª SEMANA DO ADVENTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO