ORAÇÃO
INICIAL: Santíssima
Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem
mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa
prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a
caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e
espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a
graça ... que peço com toda a confiança. Amém.
PORTA DO CÉU
I.
AVE, MARIS STELLA,
- “Ave, estrela do mar, / Mãe santa de Deus, / e sempre Virgem, / feliz porta
do Céu”1.
Porta do Céu, assim a
temos invocado tantas vezes na ladainha do terço. Maria é a entrada e o acesso
a Deus, é a Porta oriental do Templo2 de que fala o Profeta, porque
por Ela chegou-nos Jesus, o Sol da justiça. E é, ao mesmo tempo, “a porta
dourada do Céu pela qual confiamos entrar um dia no descanso da eterna
bem-aventurança”3. Por meio de Maria, sempre encontramos Jesus.
Às vezes, os homens
percorrem mil caminhos extraviados, procurando a Deus com nostalgia; tentam
chegar até Ele à força de braçadas, de complicadas especulações, e esquecem
essa entrada simples que é Maria, “que nos conduz ao interior do Céu da
convivência com Deus”4.
Conta-se de frei
Leão, um leigo que acompanhava sempre São Francisco de Assis, que, depois da
morte do Santo, depositava todos os dias sobre o seu túmulo um punhado de ervas
e flores e meditava sobre as verdades eternas. Certo dia, adormeceu e teve uma
visão do dia do Juízo. Viu que se abria uma janela no Céu e aparecia Jesus, o
amável Juiz, acompanhado de São Francisco. Fizeram descer uma escada vermelha,
que tinha os degraus muito espaçados, de tal maneira que era impossível subir
por ela. Todos tentavam e pouquíssimos conseguiam subir. Ao cabo de certo
tempo, e como subisse da terra um grande clamor, abriu-se outra janela, à qual
apareceram novamente Jesus e São Francisco, mas com a Virgem ao lado do Senhor.
Lançaram outra escada, mas esta era branca e tinha os degraus mais juntos. E
todos, com imensa alegria, iam subindo. Quando alguém se sentia especialmente
fraco, Santa Maria animava-o chamando-o pelo nome e enviando algum dos anjos
que a serviam para que o ajudasse. E assim todos foram subindo, um atrás do
outro5. Não deixa de ser uma lenda piedosa, que no entanto nos
ensina uma verdade essencial e consoladora, conhecida desde sempre pelo povo
cristão: com a Virgem, a santidade e a salvação tornam-se mais fáceis. Sem a
Virgem, tudo se torna não só mais difícil, como talvez impossível, pois Deus
quis que Ela fosse “a dispensadora de todos os tesouros que Jesus conquistou
com o seu Sangue e a sua Morte”6.
A Virgem não é apenas
a porta do Céu, mas também uma ajuda poderosíssima para que o alcancemos. Pois,
“assunta aos céus, não abandonou esta missão salvífica, mas pela sua múltipla
intercessão continua a granjear-nos os dons da salvação eterna. Pela sua
maternal caridade, cuida dos irmãos do seu Filho que ainda peregrinam rodeados
de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à Pátria bem-aventurada.
Por isso, a Santíssima Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de
Advogada, Auxiliadora, Socorro, Medianeira”7.
Por vontade divina, a
Santíssima Virgem é a Medianeira perante o Mediador, a quem está subordinada,
como ensina São Bernardo8. Todas as graças nos chegam através das
mãos de Maria, de tal maneira que, como afirmam muitos teólogos, Cristo não nos
concede nada a não ser por meio de Nossa Senhora. E Ela está sempre disposta a
conceder-nos tudo o que lhe queiramos pedir e possa ser útil à nossa salvação.
Oxalá os nossos pedidos não sejam tímidos durante esta Novena.
II.
SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO
afirma que Maria é a Porta do Céu porque, da mesma forma que todas as graças e
indultos que os reis concedem passam pela porta do seu palácio, de igual modo
nenhuma graça desce do Céu à terra sem passar pelas mãos de Maria9.
Já na sua vida
terrena, Nossa Senhora aparece como a dispensadora das graças. Por Ela, Jesus
santifica o Precursor quando a Virgem visita a sua prima Isabel. Em Caná, a
pedido de Maria, Jesus realiza o seu primeiro milagre, convertendo a água em
vinho; e é ali também, em consequência desse milagre, que os discípulos do
Senhor passam a crer nele10. A Igreja começa o seu caminho, através
da história dos homens e dos povos, no dia de Pentecostes, e “sabe-se que Maria
está presente no começo desse caminho, pois vemo-la no meio dos Apóstolos no
Cenáculo de Jerusalém, «implorando com as suas orações o dom do Espírito
Santo»”11.
Pela sua intercessão,
Maria alcança-nos e distribui-nos todas as graças, mediante súplicas ao seu
Filho que não podem cair no vazio. Esta intercessão é ainda maior depois da sua
Assunção ao Céu e depois de ter sido elevada em dignidade acima dos anjos e dos
arcanjos. A Virgem distribui-nos a água da fonte, não toda de uma vez – afirma
São Bernardo –, mas fazendo cair a graça gota a gota sobre os nossos corações
ressecados, na medida da nossa capacidade12. Ela conhece
perfeitamente as nossas dificuldades e concede-nos as graças de que
necessitamos. Só a nossa má vontade pode impedir que essas graças cheguem até à
nossa alma.
Pelo conhecimento que
possui das necessidades espirituais e materiais de cada um dos seus filhos,
Nossa Senhora, levada pela sua imensa caridade, intercede constantemente por
nós. E muito mais quando lhe dirigimos com insistência as nossas súplicas.
Noutros casos, porém, deixamos por completo nas suas mãos a solução dos
problemas que nos afligem, convencidos de que Ela sabe melhor do que nós o que
nos convém: “Minha Mãe... vês que necessito disto e daquilo..., que este amigo,
este irmão, este filho... estão longe da casa paterna...” Nela se dão em
plenitude as palavras de Jesus no Evangelho: Todo aquele que pede, recebe; e
aquele que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á13. Como pode
Nossa Senhora deixar-nos à porta quando lhe pedimos que no-la abra? Como não há
de socorrer-nos se nos vê tão necessitados?
III.
Porta do Céu, rogai por nós.
- O título de Porta do Céu convém à Virgem pela sua íntima união com o seu
Filho e pela sua participação na plenitude de poder e de misericórdia que
deriva de Cristo, Nosso Senhor. Jesus Cristo é, por direito próprio e
principal, o caminho e a entrada para a glória, pois com a sua Paixão e Morte
abriu-nos as portas do Céu que antes estavam fechadas. Mas chamamos a Maria
Porta do Céu porque, com a sua intercessão onipotente, nos proporciona os
auxílios necessários para alcançarmos as graças que Cristo nos mereceu e irmos
até o trono de Deus14, onde nos espera o nosso Pai.
Além disso, já que
por essa porta celestial nos chegou Jesus, iremos a Ela para encontrá-lo, pois
“Maria é sempre o caminho que conduz a Cristo. Cada encontro com Ela é
necessariamente um encontro com o próprio Cristo. Que outra coisa significa o
contínuo recurso a Maria senão buscar nos seus braços, nela, por Ela e com Ela,
o nosso Salvador, Jesus Cristo?”15 Sempre, como os Magos em Belém,
encontramos Jesus com Maria, sua Mãe16. Esta é a razão por que já se
disse em tantas ocasiões que a devoção à Virgem é sinal de predestinação17.
Ela cuida de que os seus filhos encontrem o caminho que leva à casa do Pai. E
se alguma vez nos desviamos, utilizará os seus recursos poderosos para que
retornemos ao bom caminho, e nos estenderá a mão para que não nos desviemos
novamente. E se caímos, levantar-nos-á; e arrumar-nos-á uma vez mais para que
estejamos apresentáveis na presença do seu Filho.
A intercessão da
Virgem é maior do que a de todos os santos juntos, pois os outros santos nada
obtêm sem Ela. A mediação dos santos depende da de Maria, que é universal e
sempre subordinada à do seu Filho. Além disso, as graças que a Virgem nos obtém
foram merecidas por Ela pela sua profunda identificação com a Paixão e Morte de
Cristo. Com a sua ajuda, entraremos na casa do Pai.
Com esses pequenos
atos de amor que lhe estamos oferecendo nestes dias, não podemos nem sequer
imaginar a chuva de graças que vem derramando sobre cada um de nós, sobre as
pessoas que pusemos sob os seus cuidados e sobre toda a Igreja. “As mães não
contabilizam os pormenores de carinho que os seus filhos lhe demonstram; nada
pensam ou medem com critérios mesquinhos. Uma pequena manifestação de carinho,
elas a saboreiam como mel, e extravasam-se, concedendo muito mais do que
recebem. Se assim reagem as mães boas da terra, imaginai o que poderemos
esperar da Nossa Mãe Santa Maria”18. Não nos separemos dela; não
deixemos um só dia de recorrer à sua proteção maternal.
(1)
Hino Ave, Maris stella; (2) Ez 44, 1; (3) Bento XIV, Bula Gloriosae Dominae,
27-IX-1748; (4) F. M. Moshner, Rosa mística, pág. 240; (5) cfr. Vita Fratris
Leonis, em Analecta Franciscana, III, I; (6) São Pio X, Enc. Ad diem illum,
2-II-1904; (7) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 62; (8) São Bernardo,
Sermão sobre as doze prerrogativas da B. Virgem Maria, em Suma Aurea, VI, 996;
(9) Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, I, 5, 7; (10) cfr. Jo
2, 11; (11) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, n. 26; (12)
cfr. São Bernardo, Homilia na Natividade da B. Virgem Maria, 3, 5; (13) Mt 7,
8; (14) cfr. Card. Gomá, Maria Santíssima, vol. II, págs. 162-163; (15) Paulo
VI, Enc. Mense Maio, 29-IV-1965; (16) cfr. Mt 2, 11; (17) cfr. Pio XII, Enc.
Mediator Dei, 20-II-1947; (18) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 280.
Ave
Maria
Ó Maria concebida sem
pecado,
Rogai por nós que
recorremos a vós
Oração
final - Ó Deus, que
pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes a Vosso Filho digna
habitação, nós Vos rogamos que, como a preservastes de toda a mancha pela
previsão da morte de seu mesmo Filho, nos concedais por sua intercessão que
também puros cheguemos até Vós. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA PARA A
SEXTA-FEIRA DA 1ª SEMANA DO ADVENTO
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