«Que devemos fazer?»
João
Batista tinha acabado de apelar à conversão. Muitos corações mostraram-se
receptivos ao seu apelo. As multidões, os publicanos e os soldados querem dar
passos concretos nesta conversão pessoal e perguntam: “Que devemos fazer?”.
João indica que o modo privilegiado para “preparar o caminho do Senhor”, de
tornar visível a sua conversão, é converterem-se ao irmão. As relações
renovadas com os irmãos serão o sinal da relação renovada com Deus. Que ninguém
se iluda do contrário. Não se pode ser cristãos, ser filhos de Deus e desprezar
o irmão. Não se pode correr para os braços do Pai sem abraçar o irmão. O
Messias está a chegar para operar uma verdadeira transformação da nossa vida no
sentido de Deus. Ocupemo-nos do cuidado do nosso irmão; esse será o melhor
sinal de que estamos preparados para a Sua vinda.
Sérgio
Paulo Pinto
EVANGELHO:
Lc 3,10-18 - Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Batista: «Que devemos
fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem
nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns
publicanos para serem batizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João
respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito».
Perguntavam-lhe também os soldados: E nós, que devemos fazer?». Ele
respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis
injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na
expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele
tomou a palavra e disse a todos: «Eu vos batizo com água, mas está a chegar
quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas
sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá
para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém,
queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras
exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».
SEGUNDA-FEIRA
PALAVRA
- Naquele
tempo, as multidões perguntavam a João Batista: «Que devemos fazer?».
MEDITAÇÃO
João
Batista tinha acabado de pregar um ‘batismo de penitência para remissão dos
pecados’, convidando todos os ouvintes a ‘preparar o caminho do Senhor’. E a
sua pregação chegou ao coração das multidões que, arrependidas, perguntam: ‘Que
devemos fazer?’. Sentiam que os seus pecados tinham ofuscado o brilho dos seus
corações e viviam longe dos caminhos de Deus. Por isso, abrem-se à conversão:
‘Que devemos fazer?’; não querem perder esta oportunidade de encontrar o Senhor
que vem. E com esta atitude estão preparados para a vinda do Senhor.
Provavelmente a pregação de João ainda não teve em nós os mesmos frutos porque
continuamos a exigir de Deus a ‘nossa vontade’ e só raramente lhe perguntamos:
‘Que devemos fazer?’. Não tenhamos dúvidas: cheios de nós próprios… não haverá
lugar para Deus e para os irmãos.
ORAÇÃO
Estás
prestes a chegar, de novo, a minha casa, Senhor. Repetidas vezes me visitas,
mas nem sempre me encontras atento ou disponível. Ando tão ocupado com as
minhas coisas, com os meus caminhos, que passo temporadas sem Te encontrar. É
que muitas vezes os Teus caminhos não são os meus caminhos… Que pena! Por isso,
raramente Te pergunto: ‘Que devo fazer?’. Sei que estás prestes a chegar,
Senhor: já tenho a decoração de Natal preparada, com muitas luzinhas e cores;
já sei o que vou fazer para o jantar; já comprei as prendas todas; até já sei o
que vou vestir… como vês estou pronto para a Tua chegada! Perdoa-me, Senhor, o
meu Natal vazio, que me arrisca a perder-Te uma e outra vez. Neste Natal quero
o mais importante: quero-Te a Ti, no meu coração: ‘Que devo fazer, Senhor?’.
AÇÃO
Durante
uns minutos coloquemo-nos diante de Deus, e com toda a sinceridade,
perguntemos-lhe simplesmente, como as multidões a João Batista: ‘Senhor, que
devo fazer?’.
TERÇA-FEIRA
PALAVRA - Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem
nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo».
MEDITAÇÃO
‘Preparai
o caminho do Senhor’, tinha João acabado de anunciar. E as multidões,
receptivas, perguntam-lhe: ‘Que devemos fazer?’. Que devemos fazer para
preparar a vinda do Senhor que vem? À multidão anônima, João recomenda
partilhar com os necessitados tudo o que se tem (Is 58,7; Ez 18,7). Está cheia
de sabedoria e sentido esta resposta de João. Mas não deveria ser uma surpresa,
para nós cristãos, pois sabemos que quem quiser receber Jesus, deve
necessariamente ser sensível às necessidades de quem nada tem. Quem quiser
viver como filho de Deus deve primeiramente ser irmão. A partilha, a capacidade
de viver como irmãos será o sinal da conversão autêntica e a capacidade que,
depois, teremos para viver como filhos. A partilha é a ‘preparação dos caminhos
do Senhor’ que João pede às multidões.
ORAÇÃO
Há
uma canção de advento que diz: “Vem, Senhor, oh vem Senhor, vem, ó Jesus, vem.
Vem reinar no meu coração, vem, ó Jesus, vem. Ao ver as mãos gosto de dá-las,
vem, ó Jesus, vem. E aos meus irmãos eu vou ajudar, vem, ó Jesus, vem”. Sim,
Jesus, vem reinar no meu coração, vem transformar o meu egoísmo em partilha,
para que possa olhar o irmão, olhar as suas necessidades de pão e afeto,
olhá-lo para amá-lo e amá-lo com gestos concretos. Vem, Senhor, vem ajudar-me a
ser melhor irmão, para que possa começar a ser filho Teu. Vem, Senhor, que aos
meus irmãos eu vou ajudar, vem, ó Jesus, vem.
AÇÃO
Vou
realizar gestos concretos que respondam às necessidades de pão e afeto dos meus
irmãos, como recomendou João às multidões: «Quem tiver duas túnicas reparta com
quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo».
QUARTA-FEIRA
PALAVRA - Vieram também alguns publicanos para serem batizados e disseram:
«Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do
que vos foi prescrito».
MEDITAÇÃO
Depois
das multidões, também os publicanos se abrem à conversão. Tantas vezes, os
cobradores de impostos, aproveitando-se do seu cargo, exigiam mais do que
realmente era devido, para proveito pessoal. João não lhes exige que abandonem
o seu trabalho, mas recomenda-lhes que sejam honestos: ‘Não exijais nada além
do que vos foi prescrito’. Tal como pediu às multidões, João convida-nos a
olhar para as nossas atitudes para com os irmãos, como forma de ‘preparar o
caminho do Senhor’. Não poucas vezes as nossas atitudes não são honestas e
exigimos muito mais dos outros daquilo que é devido e muito mais do que
humanamente lhes é possível: exigimos tempo, exigimos dinheiro, exigimos
disponibilidade, exigimos toda a atenção, exigimos paciência, exigimos,
exigimos, exigimos. E assim tornamo-nos exploradores ilícitos dos que nos
rodeiam…
ORAÇÃO
Hoje, Senhor, ouvindo as palavras de João,
fico com a certeza que tenho cobrado demais aos que me rodeiam. Tenho explorado
o que são e o que têm para proveito próprio. Tenho-lhes exigido, Senhor,
egoisticamente, toda a atenção, toda a paciência, uma disponibilidade extrema…
Tenho-lhes exigido os seus recursos e o seu melhor, sem esforço da minha parte.
Na verdade, Senhor, por vezes comporto-me como os publicanos e exijo muito mais
dos outros do que é devido. Mas hoje, preparando já os Teus caminhos, Senhor, a
Tua chegada, vou esforçar-me por cimentar as minhas relações na honestidade e
na gratuidade. Só assim estarei preparado para acolher-Te, a Ti, que vens a
‘minha casa’.
AÇÃO
As minhas ações e relações deste dia vão ser
pautadas pela honestidade: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Em
vez de exigir dos outros, hoje vou oferecer paciência, disponibilidade, tempo,
pão, etc.
QUINTA-FEIRA
PALAVRA - Perguntavam-lhe também os soldados: E nós, que devemos fazer?». Ele
respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis
injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo».
MEDITAÇÃO
Alguns destes soldados trabalhavam com os
cobradores de impostos. Era muito fácil excederem-se em violência perante os
protestos de quem se sentia explorado e enganado. Mas perante a pregação de
João e a eminente chegado do Messias, abrem o seu coração à conversão: ‘E nós,
que devemos fazer?’. Podiam ser muito mal vistos e indesejados pelo povo, mas
não querem perder esta oportunidade de acolher o Senhor que vem. Uma vez mais,
tal como pedira às multidões e aos publicanos, João responde-lhes com um convite
a sermos melhores irmãos: aconselha-os a não abusar da sua autoridade, a agir
com justiça e a evitar a ambição desmedida. Pratica a violência quem não ama,
usa as mãos para magoar quem não as usa para abraçar. Não tenhamos mais
dúvidas: quem esquece o irmão, quem o despreza e violenta, ergue barreiras
intransponíveis para os caminhos do Senhor.
ORAÇÃO
Senhor,
por vezes, quanta violência nas minhas palavras, em palavras tão doces como
“bom dia” ou “até logo”, mas que as torno tão amargas; quanta violência,
Senhor, nos meus silêncios, momentos de paz que transformo em vulcões; quanta
violência, Senhor, em minhas mãos feitas para acariciar e abraçar e que, por
vezes, uso para magoar. Vem, Senhor, vem depressa ganhar-me definitivamente
para Ti para que possa abraçar incondicionalmente os irmãos. Que as minhas
atitudes violentas se transformem em gestos de carinho e doçura. Se Tu
estiveres em mim, se Eu estiver em Ti, minhas mãos acolherão, minhas palavras
confortarão e voltarei a ser irmão de irmãos e filho Teu… Pai.
AÇÃO
As minhas ações e relações deste dia vão ser
pautadas pela doçura, pela “não violência”. Vou pegar em gestos concretos,
simples, e carregá-los de carinho… para ganhar um irmão: «Não pratiqueis
violência com ninguém nem denuncieis injustamente».
SEXTA-FEIRA
PALAVRA - Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se
João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu batizo-vos
com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de
desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo
e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu
celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga».
MEDITAÇÃO
Perante
a pregação de João muitos se converteram e ‘prepararam o caminho do Senhor’ em
seus corações. João começou a ser visto como um grande profeta e até mesmo como
o Messias. Por isso, vê-se obrigado a definir o seu papel diante do Messias que
está a chegar. É admirável a postura de João: não se perdeu em vãs glórias, mas
centrou a sua pregação para o verdadeiro Messias. A nossa melhor pastoral é
aquela que se centra unicamente em Cristo, que faz nascer Cristo nos corações,
que a Ele conduz… e não se perde em vaidades e conquistas pessoais. Se ‘não
somos dignos de desatar as correias das suas sandálias’, mais agraciados e
agradecidos nos devemos sentir com a Sua presença entre nós, porque Ele veio
batizar-nos com o Espírito Santo e com o fogo. A força do Espírito em nós, pelo
batismo, deve transformar-nos em sinais da Sua presença. Sejamos trigo, sejamos
fruto, para que o ‘fogo que não se apaga’ não nos devore se formos palha,
secos, numa vida sem frutos do Espírito.
ORAÇÃO
Outra canção de advento diz: “Oh! Vem, Messias
divino, oh! Vem trazer-nos paz e amor. Oh! Vem, ó doce alegria do triste
pecador. De olhos postos no céu, tudo anseia por Ti; Maná do céu, não tardes
mais, promessa feita aos nossos pais. Oh! Vem, Messias divino”. Vem, Messias
divino, vem batizar-nos com o Espírito Santo e com o fogo, vem transformar a
nossa vida cristã em trigo, em fruto abundante na eira deste mundo. Vem,
Messias divino, despertar-nos da nossa vida cristã adormecida, do nosso
testemunho seco, como palha, sem fruto. Vem, Messias divino, vem porque estamos
sedentos de Ti, da Tua presença que atua bem dentro de nós.
AÇÃO
Somos já batizados, tendo recebido o batismo
com o Espírito Santo. Não permitirei desperdiçar o meu dia, como cristão (de
Cristo), sendo palha, sem fruto; pelo contrário, serei trigo, serei fruto nas
minhas atitudes.
PALAVRA - Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a
Boa Nova».
MEDITAÇÃO
João é um verdadeiro discípulo: precede o
Senhor, antecipa-se aos seus caminhos, previne a sua chegada, para que à sua
vinda encontre corações receptivos, abertos à Boa Nova de Jesus. O nosso mundo
está órfão de Deus, o Senhor já não encontra caminhos para chegar aos corações
dos homens porque, provavelmente, estejam a faltar cristãos arrojados,
desinstalados, como João, que tenham a coragem de anunciar a Boa Nova. Como
hoje, também no tempo de João era difícil, no entanto as multidões, os
publicanos e os soldados deram-lhe ouvidos… e converteram-se: ‘Que devemos
fazer?’. Não tem sentido ser cristão e não ser anunciador de Cristo. Ser de
Cristo, ser cristão, seguir a Cristo, implica necessariamente o anúncio. O
cristão maduro é aquele que, tendo a Jesus no coração, O anuncia
incansavelmente, como fez João Baptista.
ORAÇÃO
‘João anunciava ao povo a Boa Nova’. Aqui me
tens, também, Senhor, para ser Teu anunciador, como canto nesta canção: “O amor
de Deus repousa em mim, o amor de Deus me consagrou, o amor de Deus me enviou a
anunciar a paz e o bem. O amor de Deus me enviou a anunciar a paz e o bem. O
amor de Deus me escolheu, para estender o reinado de Cristo entre as nações e
proclamar feliz Boa Nova aos seus pobres. Por isso eu exulto em Deus meu
Salvador. O amor de Deus repousa em mim”. Aqui me tens, também, Senhor, envia-me;
envolto no Teu amor, ser-me-á muito fácil falar de Ti; comprometido com os
irmãos, não será difícil indicar-lhes os Teus caminhos, de partilha, de
honestidade, de não violência… os caminhos que conduzem a Ti, o verdadeiro
Messias, os caminhos do cristão.
AÇÃO
“Anunciadores de Cristo, precisam-se”. Tantos
de nós estejamos tão ocupados, tão ocupados, nas nossas paróquias e comunidades
que nos falta o tempo para sermos, paradoxalmente, só e só, anunciadores de
Cristo. Hoje vou sê-lo… o tempo inteiro.
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