por Frei José Carlos Lopes Almeida, OP
A
sete dias da noite de Natal a Igreja apela fervorosa a vinda do seu Senhor e
Salvador com antífonas próprias para o Magnificat.
São
as Antífonas do Ó, que desde o século VI marcam cada dia da semana que nos
separa do Natal e que se iniciam com essa letra que assinala a admiração e a
expectativa.
A
celebração da festa da Expectação de Nossa Senhora, ou da Senhora do Ó, cuja
devoção encontramos presente em diversos locais, dava início a esta
semana. Hoje já não celebramos esta festa mas as antífonas são ainda cantadas
no Oficio litúrgico de Vésperas, dando desta forma uma caminhada muito
particular a estes dias prévios ao nascimento do Menino.
No
seu conjunto, bem como individualmente, estas exuberantes antífonas recordam os
traços característicos do Messias. Partindo de Deus, da sabedoria incriada,
atravessando os séculos e a história da promessa, terminam no presépio de Belém
onde repousa humildemente o Emanuel.
Cantando
ou rezando seguimos o percurso da Promessa, descemos do Paraíso, passando pelos
Patriarcas e os reis de Judá, para chegar até à doce e humilde serva, a filha
de Sião, a Virgem Maria que adora de joelhos o menino como seu Deus e o
estreita nos braços como seu filho.
Caminhemos
juntos, colocando nos nossos lábios as palavras que podem de uma forma
penetrante iluminar a nossa espera como iluminou e suavizou a espera de Maria.
Antífona do Ó do dia 17 de
Dezembro
Eliana Maria (Ir.
Gabriela, Obl. OSB)
Ó
Sabedoria que saístes da boca do Altíssimo, (1)
Atingindo
de uma a outra extremidade
e
tudo dispondo com força e suavidade: (2)
Vinde
ensinar-nos o caminho da prudência! (3)
Referências Bíblicas:
(1) Saí da boca do Altíssimo, diz a
Sabedoria, como a neblina cobri a terra... Então o criador de todas as coisas
deu-me uma ordem. Ele me disse: “Instala-te em Jacó, em Israel terás a tua
herança” (Eclo 24,3. 8).
(2) (A sabedoria) alcança com vigor de um
extremo ao outro e governa o universo retamente (Sb 8,1 e todo o Sb 7).
(3) Quem ensinaria a Deus o caminho do
julgamento prudente e sábio? (Is 40,14) e Dá, pois, a teu servo um coração que
escuta para governar o teu povo e para discernir entre o bem e o mal. (1 Rs3, 9).
Esta
antífona é dirigida ao Filho. É a Palavra (o Verbo – Jo 1,1) que sai da boca do
Pai, apresentando-nos a origem de Jesus Cristo. Somos convidados a contemplar o
que professamos no Símbolo Niceno-Constantinopolitano: Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido
do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de
Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.’
Com
Cristo-Sabedoria se cumpre a palavra do salmista: Vós lhes destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes
(Sl 8,7). Este poder, com a força que vem do alto, será necessário a Cristo
para vencer o combate que acontecerá entre a luz e as trevas, com a encarnação
do Filho de Deus.
O
‘Vinde’ é a única oração que vale! (Ap 22,20). É o grito de toda a humanidade
sedenta do paraíso perdido. Só o Messias, Emanuel, pode nos ensinar o caminho
da prudência, tomado num clima de inocência, de pureza, em que cada um realiza
o que o Senhor lhe pede.
LEIA,
ABAIXO A LECTIO DIVINA DO DIA 17 DE DEZEMBRO
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