27 de novembro - Festa da Imaculada Conceição da Medalha Milagrosa.
Evangelho
(Lc 21,5-11): Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do templo, que
era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: «Admirais
essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será
destruído. Mas eles perguntaram: «Mestre, quando será, e qual o sinal de que
isso está para acontecer?». Ele respondeu: «Cuidado para não serdes enganados,
porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu!, e ainda: O tempo está
próximo. Não andeis atrás dessa gente! Quando ouvirdes falar em guerras e
revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam
primeiro, mas não será logo o fim?. E Jesus continuou: «Há de se levantar povo
contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em
vários lugares; acontecerão coisas pavorosas, e haverá grandes sinais no céu».
Comentário: Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)
Não ficará pedra sobre pedra
Hoje,
escutamos com assombro a severa advertência do Senhor: «Admirais essas coisas?
Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra» (Lc 21,6). Essas palavras de
Jesus situam-se nas antípodas de uma denominada “cultura do progresso
indefinido da humanidade”, ou, se preferimos, de uns quantos cabecilhas
técnico-científicos e político-militares da espécie humana, em evolução
imparável.
Desde onde? Até onde? Ninguém sabe, nem pode
saber, com excepção, em última análise, de uma suposta matéria eterna que nega
Deus, usurpando-o dos Seus atributos. Como tentam fazer-nos comungar com rodas
de moinho aqueles que recusam comungar com a finitude e precariedade próprias
da condição humana!
Nós, os discípulos do Filho de Deus feito
homem, de Jesus, escutamos as Suas palavras e, fazendo-as muito nossas,
meditamos nelas. Eis que nos diz: «Cuidado para não serdes enganados» (Lc
21,8). Quem no-lo diz é Aquele que veio para dar testemunho da verdade, afirmando
que aqueles que são da verdade escutam a Sua voz.
E também nos garante: «Não será logo o fim»
(Lc 21,9). O que, por um lado, quer dizer que dispomos de um tempo de salvação
e que nos convém aproveitá-lo; e, por outro lado, que, de qualquer modo, o fim
virá. Sim, Jesus virá «julgar os vivos e os mortos», como professamos no Credo.
Leitores de Meditando o Evangelho de hoje,
queridos irmãos e amigos: em uns versículos mais adiante, do fragmento que
agora comento, Jesus anima-nos e consola-nos com estas palavras que, em Seu
nome, vos repito: «É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa
vida!» (Lc 21,19).
Respondendo com a energia de um hino cristão
da Catalunha, exortamo-nos uns aos outros: «Perseveremos, pois já tocamos o Céu
com a mão!»
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Reflexão
Lucas 21, 5-11
No
evangelho de hoje começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso
Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos
próximos dias até o fim desta última semana do ano eclesiástico. Para nós do
Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Mas para o povo
pobre e perseguido das comunidades cristãs daquele tempo era a fala que todos
entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e
oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto da teimosia da fé destes pobres
que, apesar das perseguições e contra todas as aparências em contrário,
continuavam a crer que Deus estava com eles e que Ele continuava sendo o Senhor
da história.
* Lucas
21,5-7: Introdução ao Discurso Apocalíptico.
Nos dias
anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus tinha rompido com o Templo (Lc
19,45-48), com os sacerdotes e os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc
20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no fim,
como vimos no evangelho de ontem, terminou elogiando a viúva que deu em esmola
tudo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ouvindo como
“algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com
coisas dadas em promessa”, Jesus responde anunciando a destruição total do
Templo: "Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará
pedra sobre pedra. Tudo será destruído." Ouvindo este comentário de Jesus,
os discípulos perguntam: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o
sinal de que essas coisas estarão para acontecer?" Eles querem mais
informação. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta
pergunta dos discípulos sobre o quando e o como da destruição do Templo. O
evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou
este discurso. Ele diz que Jesus tinha saído da cidade e estava sentado no
Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Lá do alto do Monte ele tinha uma visão
majestosa sobre o Templo. Marcos informa ainda que havia só quatro discípulos
para escutar o ultimo discurso. No início da sua pregação, três anos antes, lá
na Galiléia, as multidões iam atrás de Jesus para escutar suas palavras. Agora,
no último discurso, há apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3).
Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
* Lucas
21,8: Objetivo do discurso: "Não se deixem enganar!"
Os discípulos tinham perguntado: "Mestre,
quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para
acontecer?” Jesus começa a sua resposta com uma advertência: "Cuidado para
que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou
eu!' E ainda: 'O tempo já chegou'. Não sigam essa gente”. Em época de mudanças
e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação
enganando os outros. Isto acontece hoje e estava acontecendo nos anos 80, época
em que Lucas escreve o seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles
anos, diante da destruição de Jerusalém do ano 70 e diante da perseguição dos
cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse
chegando. Havia até gente que dizia: “Deus já não controla mais os fatos!
Estamos perdidos!” Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos
é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos
para não serem enganadas pelas conversas do povo sobre o fim do mundo:
"Cuidado para que vocês não sejam enganados!". Em seguida, vem o
discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar
neles a esperança.
Lucas
21,9-11: Sinais para ajudar a ler os fatos.
Depois
desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando vocês
ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro, essas
coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." E Jesus continuou:
"Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. Haverá
grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas
pavorosas e grandes sinais vindos do céu.". Para entender bem estas
palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores
de Lucas viviam e escutavam no ano 85. Ora, nos cinquenta anos entre o ano 33 e
o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já tinham acontecido e
eram do conhecimento de todos. Por exemplo, em várias partes do mundo havia
guerras, apareciam falsos messias, surgiam doenças e pestes e, na Ásia Menor,
os terremotos eram frequentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera
todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do
projeto de Deus em andamento na história do Povo de Deus, desde a época de
Jesus até o fim dos tempos:
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino
contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11);
Até aqui
vai o evangelho de hoje. O evangelho de amanhã traz mais
um sinal: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de
depois de amanhã traz mais dois sinais: a destruição de
Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais
do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época em que Lucas
escreve o seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução
do plano de Deus, e descobrir que a história não tinha escapado da mão de Deus.
Tudo estava conforme tinha sido previsto e anunciado por Jesus no Discurso
Apocalíptico.
Para um confronto pessoal
1. Qual o sentimento que você teve durante a
leitura deste evangelho de hoje? De medo ou de paz?
2. Você acha que o fim do mundo está próximo? O que
responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? O que, hoje, anima o
povo a resistir e ter esperança?
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