Carmelo:
Escola de Santidade
P. Rafael María López-Melús, carmelita
O ilustre
cardeal Mercier, arcebispo de Malinas, ao regressar de Roma, onde participara
da canonização de Santa Joana d’Arc, parou no convento carmelita de Dijon.
Quando lhe mostraram, na sala capitular, um quadro da Beata Elisabeth da
Trindade, o prelado perguntou:
“Quanto
tempo ela viveu no Carmelo”?
“Cinco
anos, Eminência”, respondeu-lhe a Madre Priora.
O cardeal,
sorrindo, comentou: “Aqui se fazem santas muito rapidamente”.
Quem são os
Santos?
“As
únicas personagens de utilidade pública”.
“O
mundo prosseguirá existindo graças à oração dos Santos”.
"Jesus
Cristo promove a existência dos Santos para aumentar em nós a graça, para assim
contribuir para a nossa santificação”.
“O
maior benefício dos Santos é sua própria vida, que nos estimula a imitar seus
exemplos”.
Todos somos
chamados à santidade.
Jesus
Cristo disse: “Sede santos como o Pai celestial é santo” (Mt 5,48). “Sede
misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso" (Lc. 6,36).
E São
Paulo: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação” (1 Tes 4,3;
Ef 1,4).
O Concílio
Vaticano II lembrou-nos que “somos todos chamados à santidade”
(L. G. cap. 5).
É fácil ser
santo?
Sim e não.
Um Santo é
um homem ou uma mulher que levaram o Evangelho a sério. Isto não é fácil.
O Santo
não nasce pronto. Ele se faz santo. A santidade é um caminho longo, que pede
muita perseverança. Não consiste em fazer “coisas extraordinárias”, mas em
fazer coisas ordinárias “extraordinariamente bem feitas”, como disse o papa
Bento XV ao cardeal que tentava travar a beatificação da futura Santa Teresinha
do Menino Jesus.
Na obra
“El Divino Impaciente”, Pemán afirmou belamente: “A santidade é fazer
simplesmente o que temos a fazer”.
A Igreja
tem como uma de suas quatro notas constitutivas a santidade. Logo, é
absolutamente necessário, que na Igreja de todos os tempos abundem os santos.
Hoje, mais
do que nunca, a Igreja e o mundo precisam de almas santas.
O Carmelo,
em seus quase oito séculos de existência, foi sempre escola de santidade
“Quantos
santos no céu usam nosso hábito! Temos a esperança de nos fazermos, com a graça
de Deus, semelhantes a eles”. (Sta. Teresa, Fund. 29,33).
A respeito
de Teresinha González Quevedo, carmelita morta em 1950, afirmou sua amiga
Carmen Aguado: "Sempre disse que se tornara carmelita para ser santa”.
O Carmelo
deu à Igreja um acervo riquísimo de doutrina espiritual, mas seria
insignificante esta sublime doutrina carmelitana, se não fosse confirmada pela
santidade de sua vida, isto é, de seus filhos.
Nos finais
do século XV, um beneditino muito sábio, o célebre humanista abade Juan
Tritemio (+1516), escreveu uma pequena obra louvando o Carmelo, dirigida tanto à
juventude carmelitana como aos detratores da Ordem, movido pela nobre intenção
de tornar conhecidas a quantidade e qualidade de homens ilustres que o Carmelo
deu à Igreja. O autor queria incentivar os jovens carmelitas a imitar seus
confrades. Era dirigida também aos detratores da Ordem para que se calassem ao
saberem que o Carmelo é escola de ciência e virtude.
No livrinho
havia esta afirmação hiperbólica: “Se há alguém capaz de contar as estrelas do
firmamento, também será capaz de contar os santos do Carmelo”.
Esta
afirmação não parecerá tão exagerada se tivermos presente que , não só os
religiosos, monjas e religiosas dos diversos ramos carmelitanos são membros do
Carmelo, mas também a enorme quantidade de leigos da Terceira Ordem vivem de
seu espírito e vestem o escapulário.
A grande
doutora Santa Teresa afirma: mais santo será “quem com mais mortificação,
humildade e consciência limpa serve a Nossa Senhor”(Moradas VI, 8). No
livro “Fundações diz: "Para mim a santidade não se encontra
nas revelações e visões” (4,8). Em uma de suas Cartas: "O
caminho das coisas extraordinárias não é o caminho de maior santidade”
(233,9). E ainda: “Nosso afã não é possuir muitos mosteiros, mas sim que sejam santas
aquelas que neles estiverem”.(Carta, 424, 6)
Dois meses
antes de sua morte, Santa Teresinha do Menino Jesus nos transmitirá uma clara e
dilacerante lição, ao nos dizer: “ (A santidade) Não está nesta ou naquela
prática, mas consiste numa disposição do coração, que nos faz humildes e
pequeninos nos braços de Deus, conscientes de nossa fraqueza, e audaciosamente
confiantes em sua bondade de Pai”.
Este
pequeno caminho espiritual de simplicidade e de confiança sem limites na
bondade do Pai Celestial, viveram-no os santos do Carmelo.
Exortação à
santidade
Para
sermos santos abraçamos a vocação carmelita. Os papas se referiram repetidas
vezes ao Carmelo como Escola de Santidade. Lembramos apenas três frases de Pio
XII:
1. No
dia 23.9.1951: "Nós, com o afeto de nosso amor paternal, elevamos nossas mãos à
excelsa Patrona a Virgem do Monte Carmelo e aos numerosos e grandes santos que
esta Ordem produz, recomendando-lhes vossas pessoas e vossos empreendimentos”.
2. No
dia 16.7.1952, depois de citar vários santos carmelitas: "A esta escolha conjunta
(dos santos do Carmelo) há que acrescentar outros quase inumeráveis exemplos,
que, se não brilham externamente com tanto fulgor, sem dúvida podem ser
propostos como merecedores de imitação... e confiamos que às coroas de
santidade cujo fulgor tanto brilham ao longo tempo, serão multiplicadas por
novas flores e novos frutos, que testemunham, a cada dia, a potente virtude de
vossa Ordem; para chegar a isto, sirva-vos de guia e mediadora de graças
celestiais a Santíssima Virgem Maria sob a invocação do Carmelo”.
3. No
Ano Santo do Escapulário, 1950-1951, diante de muitos milhares de religiosos e
seculares carmelitas: "Nós vos exortamos a caminhar sempre
avante de uma maneira digna à vossa vocação, seguindo os passos dos grandes
santos que o Carmelo tem dado à Igreja”. (6.8.1950).
Santificando
os outros
O Carmelo
não se contenta em produzir almas santas, mas trabalha para que também outros o
sejam, através de sua oração, sacrifício e apostolado. Os grandes santos e
escritores do Carmelo contribuem enormemente através de suas vidas e suas
maravilhosas obras, para embelezar e aumentar esta nota de santidade eclesial.
Contribui
sobretudo por meio deste “Canal de graças” que é o santo Escapulário do Carmo.
Concluímos
esta reflexão recordando que "se somos filhos dos santos e esperamos
viver sua mesma vida” (Tb 2,18), somos obrigados a cumprir o conselho
que nos dá o célebre beato carmelita Batista Mantuano (+1516): "Estes
varões do Carmelo nos foram dados como modelos para que os imitemos, e,
conhecedores de suas obras, acordemos de nossa letargia”.
Com outras
palavras o mesmo dizia Santa Teresa: "Deixar de conformar nossa vida à vida
de nossos Santos Pais é a maior mágoa que podemos causar-lhes”. (Fund.
14,5)
São Paulo
nos recorda: “Deus nos chamou a uma vocação santa, não por nossos méritos, mas por
causa de Jesus Cristo” (Tim 1, 9).
Vale citar
aqui a oração da “coleta” da Missa da Festa de Todos os Santos Carmelitas, que
celebramos no dia 14 de novembro de cada ano: "... Concedei-nos propício
que, por seus exemplos e méritos, vivendo somente para vós, na contínua
meditação de vossa Lei e perfeita abnegação, possamos chegar, juntamente com
eles, à felicidade da vida eterna. Amém”.
Ou seja: “Que
possamos ser santos como eles o foram”.
LEIA, ABAIXO, A LECTIO DIVINA PARA A TERÇA-FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM.
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