quinta-feira, 1 de novembro de 2012

2 de Novembro: Comemoração de todos os fiéis defuntos



Evangelho (Lc 23,33.39-43): Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma pena? Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar. Ele lhe respondeu: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso

Comentário: Fra. Agustí BOADAS Llavat OFM (Barcelona, Espanha)

"Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos" (Lc 20,38)

   Hoje, o Evangelho recorda o fato fundamental do Cristianismo: a morte e ressurreição de Jesus. Façamos nossa, agora, a oração do Bom Ladrão: Jesus, lembra-te de mim (Lc 23, 42). A Igreja não reza pelos santos como ora pelos defuntos, que dormem no Senhor, mas encomenda-se às orações daqueles e reza por estes, diz Sto. Agostinho num Sermão. Pelo menos uma vez por ano nós, os cristãos, questionamo-nos sobre o sentido da nossa vida e sobre o sentido da nossa morte e ressurreição. É no dia da comemoração dos fiéis defuntos, da qual Sto. Agostinho nos apontou a diferença em relação à festa de Todos os Santos.

   Os sofrimentos da Humanidade são os sofrimentos da Igreja e têm em comum, sem dúvida, o fato de todo o sofrimento ser de algum modo privação de vida. Por isso a morte de um ser querido nos causa uma dor tão indescritível que nem a fé sozinha consegue aliviá-la. Assim, os homens sempre quiseram honrar os defuntos. Na verdade, a memória é uma forma de fazer com que os ausentes estejam presentes, de perpetuar a sua vida. Mas os mecanismos psicológicos e sociais, com o tempo, amortecem as recordações. E se, humanamente, esse fato pode levar à angústia, os cristãos, graças à ressurreição, têm paz. A vantagem de nela crermos é que nos permite confiar em que, apesar do esquecimento, voltaremos a encontrar-nos na outra vida.

   Uma segunda vantagem de crermos consiste em que, ao recordar os defuntos, rezamos por eles. Fazemo-lo no nosso interior, na intimidade com Deus, e cada vez que rezamos juntos, na Eucaristia: não estamos sós perante o mistério da morte e da vida, antes o compartilhamos como membros do Corpo de Cristo. Mais ainda: ao ver a cruz, suspensa entre o céu e a terra, sabemos que se estabelece uma comunhão entre nós e os nossos defuntos. Por isso S. Francisco proclamou agradecido: Louvado sejas, Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal.

ESPIRITUALIDADE: A ESPERANÇA CRISTÃ
Missionários do Sagrado Coração – Curitiba.

A esperança desaparece quando não se alimenta a fé.

Dia 2 de novembro celebramos o dia de finados. Recordamos nesta data os nossos falecidos, as pessoas que já estão em Deus, porém continuam vivas e presentes em nosso meio, em nosso convívio familiar e social, em nossas lembranças saudosas e inesquecíveis. Por isso, nada melhor do que refletirmos hoje sobre a Esperança. Neste sentido quero destacar alguns aspectos para nossa reflexão.

SER CRISTÃO É SABER ESPERAR

   O cristão é fundamentalmente alguém que espera e que vive a dimensão profunda da esperança. No entanto, este esperar deve ser isento de toda passividade, ou falta de espírito de luta, pois a espera passiva, isto é, cruzar os braços, nada mais é do que uma forma disfarçada de “não-esperança”, ou seja, do desespero e da impotência. O cristão é aquele que vive entre “aquilo que é” e “aquilo que ainda não é”. Ele realiza sua missão neste mundo, porém orienta toda sua vida para aquilo que ainda há de vir. Sabe viver o presente com o seu olhar voltado para o Reino futuro e definitivo.

AS RAÍZES DA ESPERANÇA

   Nada abala as esperanças de uma pessoa de fé, nem mesmo, quando suas esperanças parecem impossíveis ou contraditórias. O “homem de esperança” é aquele que, apesar de estar “morrendo de sede”, ainda acredita na “fonte de água viva”. Ter esperança significa estar pronto a todo o momento para aquilo que ainda não nasceu e, todavia não se desesperar se não ocorrer nascimento algum durante nossa existência. Não faz sentido esperar pelo que já existe ou pelo que não pode ser. Aqueles, cuja esperança é fraca, decidem pelo conforto, ou então pela violência. Aqueles, cuja esperança é forte e está alicerçada nas raízes da fé, estão prontos a todo o momento a “dar a vida” pelo Reino de Deus. Só uma pessoa de fé é capaz de viver a esperança cristã.

A ESPERANÇA FORTALECE O VIGOR MISSIONÁRIO

   Ter esperança é um modo de ser e de viver. É algo que acompanha todo crescimento afetivo-espiritual de uma pessoa. A esperança orienta e dá um vigor sempre novo, não deixa a pessoa desanimar, mesmo em meio às maiores tragédias da vida. A Esperança faz crescer. Fortalece o vigor pastoral e missionário. Dá novo sentido à vida. Quando a esperança desaparece, podemos dizer que a vida termina, seja na realidade ou potencialmente. Sem esperança não há mais o espírito de luta e nem o espírito criativo e dinâmico. Desde os primórdios, o ser humano sempre viveu de esperanças, embora nem sempre tenha falado ou tenha se ocupado dela. É, sobretudo, no cristianismo que encontramos o coração da esperança. É ela que a articula todas as esperanças fundamentais pelo amanhã. Aí encontramos uma linguagem que fala de salvação, de felicidade, que não apenas integra um passado, mas garante um futuro, com base numa esperança em plenitude. A esperança, presença marcante em outras religiões também, procura dar uma resposta aos grandes questionamentos da criatura humana:

   –  Qual é o significado da vida do homem e da mulher? – O que será da humanidade? – Como será a vida depois da morte? Sem dúvida, a esperança está implantada no coração inquieto de cada criatura humana e segundo Moltmann: “Onde há esperança há religião”. Em outras palavras, onde há esperança há vida, amor, justiça e fraternidade. Aí a vida floresce, mesmo em meio aos escombros.

A ESPERANÇA NA VIDA ETERNA

   Na história do Povo de Deus, os profetas surgiram numa situação de desgraça; como os porta-vozes dos “pobres da terra”. Eles pregavam a justiça e o fim da opressão. Porém, o profeta é, antes de tudo, o mensageiro da esperança. Ele faz reviver nos desanimados a esperança. Ele vê e compreende a realidade presente, e, denunciando o mundo contraditório, anuncia a sua mensagem de esperança num mundo melhor. Assim, a esperança cristã é a expectativa dos bens futuros, da vida eterna, da ressurreição definitiva junto a Deus. No dizer de São Paulo: “Os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós no futuro” (Rm 8,18).

   A esperança cristã sempre está ligada a uma perspectiva de Vida Nova, numa dimensão de Reino de Deus, de Ressurreição dos Corpos, estabelecendo assim, uma passagem da escravidão para a liberdade da glória dos filhos de Deus:

   – “Os que morreram em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia”. (1Tes 4,14). No discurso de Pedro, no dia de Pentecostes, ele também destaca este aspecto da esperança futura, ao dizer: “minha carne repousará na esperança” (At 2,26). Paulo, em sua defesa perante o governador romano, expressa também esta dimensão: “tenho em Deus a esperança de que há de acontecer a ressurreição, tanto de justos como de injustos... É por causa dessa esperança, ó rei, que hoje sou acusado pelos judeus... É por causa da esperança de Israel que estou carregando agora esta corrente” (At 24,15; 26,7; 28,20).

A ESPERANÇA COMPROMETE

   Quem tem esperança tem também perseverança, sabe levar até o fim o seu compromisso de fé e o seu projeto de missão. A esperança faz caminhar. A esperança aquece o coração. A Carta aos Hebreus nos diz: “Desejamos somente que cada um de vós demonstre o mesmo ardor em levar até o fim o pleno desenvolvimento da esperança” (Hb 6,11). Mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, nossa esperança se torna nossa vida, adquire uma dimensão de vida eterna.

   “Se temos esperança em Cristo tão somente para esta vida somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,19). E no dizer de São João, seremos semelhantes a Deus: “Desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou... seremos semelhantes a Ele porque o veremos tal como Ele é” (1Jo 3,2). Como meta final, a esperança cristã tem como objetivo, nos conduzir a Deus, no momento presente da vida, mas também no futuro definitivo, no Reino dos Céus.

 Perguntas para reflexão:
1.Você é uma pessoa de esperança?
2.Como você vive a esperança cristã no seu dia-a-dia?
3.Quais são os sinais de esperança que você percebe na Igreja de hoje?

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