S. Rafael de São José Kalinowski,
presbítero de nossa Ordem
Comum dos
pastores, exceto.
Oriundo de uma família polaca, nasceu em Vilna em
1835. Por ter participado no movimento de libertação da Polônia, foi condenado
a dez anos de trabalhos forçados na Sibéria. Em 1877 ingressou nos Carmelitas Descalços,
onde se ordenou sacerdote em 1882. Distinguiu-se no zelo pela unidade da Igreja
e pela incansável dedicação ao ministério de confessor e diretor espiritual.
Restaurou a Ordem na Polônia, desempenhando lá vários cargos de governo. Morreu
em Wadovice em 1907. Foi beatificado em 22 de Junho de 1983 e canonizado em 17
de Novembro de 1991.
ORAÇÃO - Senhor, que concedestes a São Rafael o
espírito de fortaleza nas adversidades e um extraordinário zelo de caridade em
benefício da unidade da Igreja, concedei, por sua intercessão, que, sendo
fortes na fé e amando-nos uns aos outros, colaboremos generosamente na unidade
de todos os fiéis em Cristo. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
Segunda-feira
da 33ª semana do Tempo Comum
Evangelho (Lc 18,35-43): Naquele tempo, quando Jesus se
aproximou de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmola.
Ouvindo a multidão passar, perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe:
«Jesus Nazareno está passando». O cego então gritou: «Jesus, Filho de Davi, tem
compaixão de mim!» As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse
calado. Mas ele gritava mais ainda: «Filho de Davi, tem compaixão de mim!»
Jesus parou e mandou que lhe trouxessem o cego. Quando ele chegou perto, Jesus
perguntou: «Que queres que eu te faça?» O cego respondeu: «Senhor, que eu
veja». Jesus disse: «Vê! A tua fé te salvou». No mesmo instante, o cego começou
a enxergar de novo e foi seguindo Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo
o povo deu glória a Deus».
Comentário: Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
A
tua fé te salvou
Hoje o cego
Bartimeu (cf. Mc 10,46) dá-nos toda uma lição de fé, manifestada com franca
simplicidade perante Cristo. Quantas vezes nos seria útil repetir a mesma
exclamação de Bartimeu: «Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!»
(Lc 18,37). É tão proveitoso para a nossa alma sentir-nos indigentes! O fato é
que o somos, mas, infelizmente, poucas vezes o reconhecemos de verdade. E...,
claro está: fazemos o ridículo. São Paulo adverte-nos: «Que tens que não tenhas
recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se
não o tivesses recebido?» (1Cor 4,7).
Bartimeu
não tem vergonha de se sentir assim. Em não poucas ocasiões, a sociedade, a
cultura do politicamente correto querem fazer-nos calar: com Bartimeu não o
conseguiram. Ele não se encolheu. Apesar de o «mandarem ficar calado, (...) ele
gritava mais ainda: Filho de Davi, tem compaixão de mim!» (Lc 18,39). Que
maravilha! Apetece dizer: —Obrigado, Bartimeu, por esse exemplo.
E vale a
pena fazê-lo como ele, porque Jesus ouve. E ouve sempre!, Por mais confusão que
alguns organizem à nossa roda. A confiança simples -sem preconceitos- de
Bartimeu desarma Jesus e rouba-lhe o coração: «Mandou que lhe trouxessem o cego
e (...) perguntou-lhe: «Que queres que eu te faça?» (Lc 18,40-41). Perante
tanta fé, Jesus não anda com rodeios! E Bartimeu também não: «Senhor, que eu
veja!». (Lc 18,41). Dito e feito: «Vê! A tua fé te salvou» (Lc 18,42). Assim,
pois, — a fé, se é forte, defende toda a casa— (Santo Ambrósio), quer dizer,
tudo pode.
Ele é tudo;
Ele dá-nos tudo. Então, que outra coisa podemos fazer perante Ele, se não lhe
dar uma resposta de fé? E esta resposta de fé equivale a deixar-se encontrar
por este Deus que —movido pelo afeto de Pai— nos procura sempre. Deus não se
impõe, mas passa frequentemente muito perto de nós: aprendamos a lição de
Bartimeu e ... Não o deixemos passar ao largo!
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Reflexão
* O
evangelho de hoje descreve a chegada de Jesus em Jericó. É a última parada
antes da subida para Jerusalém, onde será realizado o “êxodo” de Jesus conforme
tinha sido anunciado na sua Transfiguração (Lc 9,31) e nos avisos ao longo da
caminhada até Jerusalém (Lc 9,44; 18,31-33).
* Lucas
18,35-37: O cego à beira da estrada
“Quando
Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho,
pedindo esmolas. Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava
acontecendo. Disseram-lhe que Jesus Nazareno passava por ali”. No evangelho de
Marcos, o cego se chama Bartimeu (Mc 10,46). Por ser cego, ele não podia
participar da procissão que acompanhava Jesus. Naquele tempo, havia muitos
cegos na Palestina, pois o sol forte que bate na terra pedregosa embranquecida
fazia mal aos olhos sem proteção.
* Lucas
18,38-39: O grito do cego e a reação do povo
“Então o
cego gritou: "Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”Ele invoca Jesus
sob o título de “Filho de Davi”. O catecismo daquela época ensinava que o messias
seria da descendência de Davi, “filho de Davi”, messias glorioso. Jesus não
gostava deste título. Citando o salmo messiânico, ele chegou a perguntar: “Como
é que o messias pode ser filho de Davi se até o próprio Davi o chama de “meu
Senhor” (Lc 20,41-44)? O grito do cego incomodava o povo que acompanhava Jesus.
Por isso, “as pessoas que iam à frente mandavam que ele ficasse quieto. Elas
tentavam abafar o grito. Mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem
piedade de mim!”Até hoje, o grito dos pobres incomoda a sociedade estabelecida:
migrantes, aidéticos, mendigos, refugiados, tantos!
* Lucas
18,40-41: A reação de Jesus diante do grito do cego
E Jesus, o
que faz? “Parou, e mandou que levassem o cego até ele. Os que queriam abafar o
grito incômodo do pobre, agora, a pedido de Jesus, são obrigados a ajudar o
pobre a chegar até Jesus. O evangelho de Marcos acrescenta que o cego largou
tudo e foi até Jesus. Não tinha muito. Apenas um manto. Mas era o que tinha
para cobrir o seu corpo (cf. Ex 22,25-26). Era a sua segurança, o seu chão!
Também hoje Jesus escuta o grito calado dos pobres que nós, às vezes, não
queremos escutar. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: "O que quer
que eu faça por você?”Não basta gritar. Tem que saber por que grita! O cego
respondeu: "Senhor, eu quero ver de novo."
* Lucas
18,42-43: “Veja! Sua fé curou você!”
”Jesus
disse: "Veja. A sua fé curou você." No mesmo instante, o cego começou
a ver e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo louvou a
Deus”. O cego tinha invocado Jesus com ideias não inteiramente corretas, pois o
título “Filho de Davi” não era muito bom. Mas ele teve mais fé em Jesus, do que
nas suas próprias ideias sobre Jesus. Assinou em branco. Não fez exigências
como Pedro (Mc 8,32-33). Soube entregar sua vida aceitando Jesus sem impor
condições. A cura é fruto da sua fé em Jesus. Curado, ele segue Jesus e sobe
com ele para Jerusalém. Deste modo, tornou-se discípulo modelo para todos nós
que queremos “seguir Jesus no caminho” em direção a Jerusalém: acreditar mais
em Jesus do que nas nossas ideias sobre Jesus! Nesta decisão de caminhar com
Jesus está a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois a cruz
não é uma fatalidade, nem uma exigência de Deus. Ela é a consequência do compromisso
de Jesus, em obediência ao Pai, de servir aos irmãos e de recusar o privilégio.
* A fé é uma
força que transforma as pessoas
A Boa Nova
do Reino anunciada por Jesus era como um fertilizante. Fazia crescer a semente
da vida que estava escondida no povo, escondida como fogo debaixo das cinzas
das observâncias sem vida. Jesus soprou nas cinzas e o fogo acendeu, o Reino
desabrochou e o povo se alegrou. A condição era sempre a mesma: crer em Jesus.
A cura do cego esclarece um aspecto muito importante da nossa fé. Mesmo
invocando Jesus com ideias não inteiramente corretas, o cego teve fé e foi
curado! Converteu-se, largou tudo e seguiu Jesus no caminho para o Calvário! A
compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica,
mas sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no caminho do serviço,
desde a Galileia até Jerusalém. Quem insiste em manter a ideia de Pedro, isto
é, do Messias glorioso sem a cruz, nada vai entender de Jesus e nunca chegará a
tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Quem souber crer em Jesus e fazer a
entrega de si (Lc 9,23-24), aceitar ser o último (Lc 22,26), beber o cálice e
carregar sua cruz (Mt 20,22; Mc 10,38), este, como o cego, mesmo tendo ideias
não inteiramente corretas, conseguirá enxergar e “seguirá Jesus no caminho” (Lc
18,43). Nesta certeza de caminhar com Jesus está a fonte da coragem e a semente
da vitória sobre a cruz.
Para um confronto pessoal
1) Como vejo e sinto o grito dos pobres: migrantes,
negros, aidéticos, mendigos, refugiados, tantos?
2) Como é a minha fé: fixo-me mais nas minhas ideias
sobre Jesus ou em Jesus?
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