domingo, 7 de outubro de 2012

Preparando-nos para a Festa de Santa Teresa



TERCEIRO DIA - ORAMOS PORQUE JESUS OROU (I)

1. POR QUE ORAMOS?

  Mais tarde ou mais cedo no-lo perguntarão; ou tu mesmo já te perguntaste. Podemos nós mesmos dar várias razões: porque me ensinaram; preciso de pedir, agradecer ou louvar; intuo a necessidade de me relacionar com Deus; ou até me sinto psicologicamente  bem...
   Todas estas razões podem ser válidas mas não suficientes. Os que seguimos o Evangelho, possuímos uma razão de fundo: Oramos por que Jesus orou e ensinou-nos a orar.

2. EFETIVAMENTE JESUS OROU
 
  Se a oração não é senão a relação do homem com Deus, Jesus, não só orou, mas, ao ser a sua vida inteira uma relação com o Pai, toda ela foi oração. Contudo, somente soluças nos apresenta Jesus a orar: no Batismo (3,21); depois duma jornada de pregação (5,15); antes da eleição dos doze (6,12); antes da confissão de Pedro (9,18); durante a transfiguração (9,28); no momento de ensinar o Pai Nosso (11,1); no Monte das Oliveiras (22,41); desde a Cruz (11,46)...
   E se nos fixamos em S.João, vemo-lo orando: antes da Ressurreição de Lázaro (11,41); depois de anunciar a sua hora (12,27); na oração sacerdotal (17).
   Jesus ora num lugar solitário (Mc 1,35); no coração da noite (Mc 6,6); durante uma refeição (Jo 6,11); no regresso dos 72 discípulos (Lc 10,21); no Templo, na Sinagoga...

3. PORQUE OROU JESUS?
 
  A razão de fundo e a mais simples é esta: Jesus orava... porque sentia necessidade de orar. Jesus necessitava, várias vezes, de se distanciar dos homens e buscar no Pai o que estes não Lhe podiam dar.
  Lucas diz-nos que a sua fama se estendia, que muitos acorriam a Ele para ouvi-lo; mas Jesus retirava-se para lugares solitários, onde rezava (5,15), onde cultivava a sua relação de filiação com o Pai.
  Só descobrindo esta necessidade de nos sentirmos filhos - e na medida em que o formos descobrindo - saberemos dar razões da nossa oração. Finalmente, só se oramos para estar - ou querer estar - com o Pai, conhecer dia a dia a sua vontade e correr a cumpri-la entre os homens, oraremos pelos mesmos motivos que Jesus orou.
 
4. ORAR EM CRISTO JESUS
 
  Orar é tanto «falar com Deus» como deixar-nos falar por Ele. Mas Ele só fala em direto com o Filho, a nós fala-nos por seu intermédio. O orante deve aproximar-se do Filho para conhecê-lo, traduzir, adequar a mensagem a si próprio e segui-Lo.
  Jesus disse a Teresa que Ele era o Livro Vivo; mas ler a Cristo não é fácil. Sem a luz do Espírito não entenderemos nem uma só linha do Evangelho. Por fim, não só devemos ler a Cristo, mas devemos ler em Cristo. Ou seja, interpretar tudo com os seus critérios. Ninguém como os grandes orantes interpretaram à luz do Evangelho todos os sinais dos tempos.
 
 PAUTAS PARA A ORAÇÃO PESSOAL DURANTE A SEMANA
 
 1. JESUS ENSINOU-NOS A ORAR

  Dirigindo-nos a um Deus Pai (Lc 11,2). Desde a nossa própria interioridade (Mt 6,5). Sem ser demasiado loquazes (Lc 11,5). Unidos aos irmãos (Mt 18,19). Adequando fé e obras (Mt 7,21). Seguros da bondade do Pai (Mt 6,7). Procurando o melhor para nós (Lc 12,29). Perdoando (Mc 11,25). Sem esquecer os nossos inimigos (Mt 5,43). Orando em seu nome e unidos A Ele (Jo 14-12; 15-1). Examina hoje a tua oração à luz da oração de Jesus.
   
 2. JESUS ORA QUANDO ESTÁ ALEGRE E CONTENTE

   Lê o texto de Lc 10,21. Jesus apresenta-se como cumpridor da vontade do Pai e publica os nomes dos que serão herdeiros do seu Reino: os pobres, os simples... Chegar a compreender isto não é nada fácil, é pura graça de Deus. Jesus dá graças, não pela desgraça dos sábios e «espertos», mas porque as coisas de Deus vão ser patrimônio da gente simples. Como andamos de simplicidade e humildade?
           
 3. JESUS ORA, CHORANDO, FRENTE AO TÚMULO DE LÁZARO
         
  «Graças, Pai, por me teres escutado» (Jo 11, 42). Neste caso, a oração do Senhor serve para demonstrar a sua condição de enviado; mas também para demonstrar o valor que para Deus tem a vida em si mesma, o corporal, o terreno.
   Releiamos este texto. Façamos nossos os sentimentos de Jesus frente à dor humana; frente à morte de um amigo. Façamos nossa a petição ao Pai a favor do mesmo. Integramos na nossa oração a dor dos que sofrem?
   
4. JESUS ORA NO JARDIM DAS OLIVEIRAS (LC 39,46)

  Podem-se tecer muitas considerações acerca desta passagem evangélica. Fixemo-nos nela, não só hoje, mas muitas vezes na vida. Podemos meditar na necessidade de orar para não cair... No terrível da angústia, tristeza ou tédio. Pensemos, por exemplo, na sua terrível solidão. Solidão que lhe advém do fato de ser o Profeta por antonomásia e, todo o profeta, será sempre um homem incompreendido. Será sempre o orante da oração comprometida, isto é, a oração que não acaba nas palavras mas no jogo da sua própria vida. Silêncio... Assombremo-nos frente a tanta capacidade de compromisso!
 
5. JESUS ORA... PERDOANDO A SEUS INIMIGOS
 
   «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem... » (Lc 23,34). Talvez já se nos tenham incendiado de ira os olhos frente ao desejo de vingança de alguma injustiça. Talvez se nos tenham enchido de lágrimas, outras vezes, vendo como uma mãe, uma esposa, um filho passam por cima da dor e esquecem, perdoando, o seu desejo de vingança ao assassino dos seus.  Se é assim, estaremos na disposição de compreender melhor a cena; mas não de todo.
  Recordemos a nossa história de oração. Quantas vezes temos rezado pelos nossos inimigos, por aqueles por quem não simpatizamos e, por quem nos consta, que não buscam precisamente o nosso bem? Pelos menos, hoje, atualiza na tua vida o texto evangélico de Lc 6,27.
 
6. O PAI NOSSO

   Conta-nos S.Lucas: «E sucedeu que estando a orar num certo lugar, quando terminou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar. E Ele disse-lhes: orai assim...» (Lc 11,1). E deixou-lhes a oração/lição do Pai Nosso!
  Na oração de hoje, desmontemo-la petição por petição. Não esquecemos a invocação inicial nem o «Amem» do final. Repitamos pausadamente as palavras. Imaginemos que as estamos escutando da boca do próprio Cristo. Façamo-las nossas, como se estivessem a ser ditas pela primeira vez. Tiremos daqui algum compromisso.

Oração: Nós vos pedimos, ó Deus misericordioso, que, pela intercessão de Santa Teresa, obtenhamos a graça de imitar o que nela admiramos e que o profundo amor que ela vos dedicava, sirva de exemplo para todos nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

LEIA, ABAIXO, A LECTIO DIVINA DA SEGUNDA-FEIRA DIA 8 DE OUTUBRO

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