sexta-feira, 26 de outubro de 2012

LECTIO DIVINA PARA A XXX SEMANA DO TEMPO COMUM



 Queridos irmãos no Carmelo:
 Durante este fim de semana, 13 irmãos nossos estarão fazendo seu retiro de preparação para os votos temporários no próximo mês de dezembro.  Rezemos por eles, para que Nosso Senhor faça com que eles descubram verdadeiramente o sentido da vocação para a Ordem Terceira do Carmo: ser santos, viendo em obséquio de Jesus Cristo, seguindo os exemplos de Maria, nossa Mãe e Irmã e de Santo Elias profeta e nosso pai, e desta forma, "fazer com que todos sejam amigos fortes de Deus", conforme dizia nossa patrona Santa Teresa de Jesus.
 Assim, colocamos as meditações do sábado e do XXX domingo antecipadamente pois estaremos trabalhando no retiro.
 Em Jesus e Maria
Marco Antonio otcarm 
     

No Evangelho deste domingo é-nos narrado o último episódio narrado por Marcos antes da entrada de Jesus em Jerusalém. A cura de um cego em terras de Jericó será experiência de uma fé e confiança no “Filho de David” que passava a caminho de Jerusalém. Deste encontro surge a mudança de vida: o cego passa a ver, porque a sua fé o salvou. O que era um possível obstáculo tornou-se experiência nova de salvação. Assim acontece também muitas vezes connosco. E quando menos esperamos o Senhor vem ao nosso encontro para não nos deixar cegos nas nossas vidas, mas cheios deste amor transformante que se faz dom de fé para cada um de nós.
Ir. Mª das Dores Rodrigues, fma

EVANGELHO – Mc 10, 46-52 - Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, fiho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar:  «Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais:  «Filho de Davi, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe:  «Coragem! Levanta-te, que ele está a chamar-te».  O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que eu te faça?»  O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou».  Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.

SEGUNDA-FEIRA

Palavra - Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, fiho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho.
    No tempo de Jesus os cegos faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade palestina de então. A cegueira, enquanto doença que impedia de estudar a Lei, era considerada uma maldição de Deus. Pela condição de ‘impureza notória’, os cegos estavam proibidos de servir de testemunhas no tribunal e de participar nas cerimónias religiosas no Templo.
    O cego que Jesus encontra ao longo do caminho representa todos esses a quem a doutrina oficial considerava pecadores, malditos, impuros, marginais, longe de Deus e da sua proposta de salvação. Ele está sentado à beira do caminho, a pedir esmola; postura que significa acomodação e instalação. Privado da visão e da acção, está conformado com a sua triste situação, sabendoque, por si só, é incapaz de sair dela.

Meditação
    Jesus continua a passar, hoje, pelos caminhos das nossas vidas, das nossas famílias, dos nossos ambientes de estudo, trabalho ou lazer. Quantos permanecem ainda ‘cegos’ na fé e na descoberta do sentido profundo da vida, acomodados ou paralisados na solidão, no abandono, no desespero, no sofrimento, no vazio ou nos horizontes limitados e mesquinhos de uma existência vulnerável? Quantos a nosso lado, pelos nossos caminhos, mendigam a ajuda de que precisam para recuperar Vida autêntica e fé? Deste grupo, não farei parte eu, tantas vezes? É urgente que Jesus me encontre e me faça ver de novo!

Oração
   Senhor Jesus, que passas pela minha vida, e me encontras assim, na beira do caminho, à margem dos teus caminhos, cego e, por isso, acomodado, desmotivado, isolado, fechado, perdido no tempo e na história, a mendigar algo que me faça renascer!
   Que a multidão, os barulhos, as pressas, a indiferença, os meus projetos e todo o mundo que me envolve, não Te ofusquem à cegueira da minha fé, não escondam a tua passagem pelos meus caminhos! Senhor, quero dar conta da tua presença, da tua proximidade, do teu Amor que liberta e regenera!

Ação
    Num confronto profundo e verdadeiro com a minha existência, questiono as minhas dificuldades de fé; o que me leva, às vezes, a enfrentar a vida com falta de sentido e de esperança?

TERÇA-FEIRA

Palavra  - Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim».
   A proximidade de Jesus dá ao cego a consciência da sua situação; Bartimeu percebe o sem sentido da vida e sente a vontade de apostar numa outra experiência. Consciente da sua debilidade, recorrendo à sua ‘pouca fé’, sabe que sem a ajuda de Jesus, continuará envolvido pelas trevas. Por isso, mendiga algo de novo: “Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim”. Ele vê em Jesus o Messias libertador que, segundo a mentalidade judaica, havia de vir não só para salvar Israel, mas também para dar vida em plenitude a cada homem.

Meditação
    A passagem de Jesus na nossa vida é sempre um momento de tomada de consciência, de interpelação, de desafio, que leva a pôr em causa a forma da existência e a sentir o imperativo de ir mais além.
    Jesus de Nazaré continua a cruzar-se hoje, de forma continuada, com cada um de nós e a oferecer-nos, sem cessar, a salvação. Importa não nos fecharmos à sua passagem, à sua presença, surdos e cegos aos apelos de Deus! É preciso não nos distrairmos do essencial, reconhecer os desafios de Deus nos acontecimentos do dia a dia, e rezar com toda a força da nossa fé: ‘Jesus, Salvador, tem piedade de mim’!

Oração
Senhor Jesus, tem piedade de mim!
Liberta-me dos meus egoísmos, do meu acomodamento, dos meus interesses, dos meus vazios…
Liberta-me de tudo o que me torna cega ao teu amor, à tua proposta, à tua vontade!
Senhor Jesus, tem piedade de mim!
Levanta-me das ‘capas’ que me prendem e afastam daqueles que te seguem!
Só tu, Senhor, me podes conceder o milagre de renascer e a luz para ver-te e ver de novo!
Senhor, eu acredito, mas aumenta a minha fé!

Ação
   Num tempo de reflexão, analiso o lugar da oração na minha vida: que tempo lhe dou, a confiança e a fé com que rezo, como é que a oração toca e transforma o concreto do meu viver…? Se ainda não o tiver, faço um plano de oração para o meu dia a dia.

QUARTA-FEIRA

Palavra - Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de Davi, tem piedade de mim».
    Deparamo-nos com a reação de muitos que estão à volta de Jesus: repreendiam o cego e queriam fazê-lo calar. Estes que repreendem e mandam calar são os da doutrina oficial de então, os que ainda não tinham percebido a gratuidade e a universalidade da salvação de Jesus. No entanto, o cego não se deixa intimidar com a oposição; firme na fé, grita, implora ainda com mais força: “Filho de Davi, tem piedade de mim”! Mas, enquanto que um grupo constitui obstáculo à adesão de Bartimeu a Cristo, outros personagens vão ser intermediários entre Jesus e o cego, facilitando o encontro.

Meditação
    Este fato pode ajudar-nos a tomar consciência do papel daqueles que nos circundam na nossa caminhada de fé. Ao longo do caminho encontramos pessoas que são obstáculo, impedindo-nos a procura de uma vida nova; mas também encontramos quem nos motiva e ajuda a ir ao encontro de Cristo. Precisamos de aprender a discernir entre as várias opiniões e propostas e a dar a devida importância a quem nos pode ajudar a descobrir o caminho para a verdadeira Vida. As dificuldades surgidas pela incompreensão ou oposição dos outros ou dos ambientes onde vivemos, estudamos ou trabalhamos, não nos podem fazer desistir! Jesus passa constantemente por nós com uma proposta de vida nova. Deixemo-nos mover pela força do seu Amor, mais forte do que tudo!

Oração
    Senhor, concede-me a Luz do teu Espírito para discernir os caminhos e os meios que me conduzem a ti, aos teus projetos, às tuas propostas de vida!
   Reveste-me da força do teu amor e da tua sabedoria que vence qualquer obstáculo e resolve as dificuldades!
    Senhor, ensina-me a ser firme e constante no meu caminho de fé e de vida cristã. Quero aprender de ti a coerência da Cruz e a alegria da ressurreição, para dizer com a vida que só tu és Caminho, Verdade e Vida!

Ação
    Tomando consciência dos obstáculos que encontro na caminhada de fé e vida cristã, procuro revestir-me de força para os vencer, procurando estratégias e ajudas libertadoras.

QUINTA-FEIRA

Palavra  - Jesus parou e disse: «Chamai-O». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».

   Estamos diante de um encontro transformador; Jesus pára e manda chamar o interlocutor. Esta cena recorda-nos os relatos do chamamento dos discípulos (cf. Mc 1,16-20; 2,14; 3,13). Os mediadores do chamamento transmitem ao cego as palavras de Jesus: “coragem, levanta-te; Ele chama-te”. Um convite a deixar uma situação de miséria, de escravidão e de dependência, para acolher uma vida diferente. A revestir-se de dignidade e a adquirir uma nova identidade. Um chamamento a tornar-se discípulo; a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.

Meditação
    Jesus deixa-se vencer por qualquer súplica; o seu amor não resiste! Continua a parar diante de cada um de nós! Chama-nos, apesar de ‘cegos’! E chama-nos de muitas formas! Recorre a outros, a mediações, para percebermos melhor a sua voz! Atenção! Não podemos ficar indiferentes a tantos mensageiros do Senhor que nos surgem no caminho a dizer: ‘coragem. Ele te chama! Levanta-te! Responde-lhe! Segue-O!’
    Mas, também nós somos implicados em muitos outros processos de chamamento e encontro. Jesus requisita-nos para chamar outros a fim de que se encontrem com Ele e o sigam. Não nos podemos demitir da identidade de chamados e de mediadores do chamamento do Senhor.

Oração
    Obrigado, Jesus, porque acolhes as minhas súplicas, os meus gritos, a minha sede de vida e de ti! Páras diante da minha cegueira, confiante na mudança, na libertação!
    Obrigado porque me chamas pelo nome! Obrigado pelas mediações que colocas no meu caminho para me dizeres quanto me amas e queres a minha renovação!
    Obrigado pelo convite a levantar-me com coragem, a percorrer o caminho que me conduz a ti e à salvação prometida! É a tua graça que antecede qualquer vontade ou decisão; é a tua força que move qualquer passo; é o teu Amor que impele à decisão! Por isso, obrigado, Senhor!

Ação
    Numa atitude de valorização, acolhimento e gratidão, vou dar-me conta das pessoas que Deus coloca no meu caminho para me indicarem o projeto de Jesus e a sua vontade a meu respeito.

SEXTA-FEIRA

Palavra  - O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus.
    Eis a atitude de acolhimento e resposta ao chamamento: atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Gestos cheios de força e determinação. A capa é tudo o que um mendigo possui, a única coisa de que ele pode separar-se; outros deixaram o barco, as redes, os assalariados, os familiares, a banca dos impostos, etc. O atirar fora a capa significa o deixar tudo o que se possui, para dar o salto que leva ao encontro de Jesus. É necessário um corte com o passado, com a anterior situação, com tudo aquilo em que se apostou anteriormente, a fim de começar uma vida nova com Jesus.

Meditação
   Quando reconhecemos e acolhemos o chamamento de Deus, nada permanece igual. Somos impelidos a atirar fora todas as ‘capas’ que escondem ou ofuscam a nossa verdadeira identidade! Como Bartimeu, precisamos  aprender a renunciar ao egoísmo, ao comodismo, à escravidão, aos comportamentos incompatíveis com a adesão a Cristo. Precisamos dar o salto e descobrir o sentido novo e a alegria de uma vida permeada pelo Amor de Deus; uma vida que se faz resposta ao seu projeto. Ele está a chamar! Vamos arriscar o salto! Vamos ter com Jesus! Do encontro profundo com Ele, brota sempre Vida nova.

Oração
    Senhor, queria ter a docilidade de escutar e acolher o teu chamamento. Deixar-me atrair pela tua voz e prender pela tua vontade. Gostava de ter a coragem de atirar fora a ‘capa’ dos meus disfarces, dos meus projetos, dos meus medos e do meu vazio! Sinto-me chamado a ir ter contigo; a dar o salto decisivo para te encontrar, para te deixar entrar na minha vida, para te seguir! Mas só tu sabes quanto este processo é difícil, com que obstáculos me deparo no dia a dia e, sobretudo, como ainda é grande a minha ‘cegueira’ diante de tantas outras propostas com que o mundo me sufoca! Senhor, faz que eu veja a tua vontade!

Ação
    Vou libertar-me de algum aspecto ou situação da minha vida que me dificulta ou impede de seguir Jesus no concreto da minha existência.

SÁBADO

Palavra  - Jesus perguntou-lhe: «Que queres que eu te faça?» O cego respondeu-lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
    Chegamos ao cume do processo de encontro entre a solicitude salvadora de Jesus e a condição sedenta de Luz e de Vida do cego: “Que queres que te faça?”. Eis a resposta confiante de Bartimeu que, cansado de estar sentado à beira do caminho, percebe o essencial; quer encontrar a luz para seguir Jesus: “Mestre, que eu veja!”. A Salvação faz-se dom: “vai, a tua fé te salvou”. A transformação realiza-se. O cego recupera a vista! Acredita profundamente e de forma vital. Deixa a vida de escuridão e a ‘beira’ da estrada! Segue Jesus pelo caminho novo do discipulado!

Meditação
    A nossa vida devia estar marcada pela experiência deste processo de encontro com Cristo que desemboca num seguimento cada vez mais coerente. Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo, precisa abandonar a vida cômoda e instalada e enfrentar uma nova realidade, num desafio permanente, num questionamento constante. Tem de percorrer, dia a dia, o difícil caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida…! Certos, porém, de que o caminho de Jesus é um caminho pascal; não leva à morte, mas à ressurreição, à vida verdadeira e eterna.

Oração
    Senhor, diante a tua solicitude libertadora confesso a minha sede de luz: ‘que eu veja, Senhor’! Que eu te reconheça na minha vida e na vida das pessoas que me rodeiam! Que eu me dê conta da tua presença, sempre que passas no meu caminho e me tens algo a dizer! ‘Que eu veja, Senhor’, a minha condição de escuridão, de acomodamento, de paralisia! E ‘que eu veja’ também a alternativa da tua proposta de vida! Na minha pouca fé, ‘que eu veja’ o teu amor e a tua salvação na minha existência e te siga pelo caminho da constância, da coerência e da alegria! ‘Que eu veja, Senhor!’

Ação
   Vou pensar em passos concretos a fim de seguir Jesus no meu dia a dia com mais coerência, confiança, constância e alegria.

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