MÊS DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
Décimo primeiro dia
Dores do Coração de
Jesus
Não
foi o ferro da lança quem primeiro feriu o Coração de Jesus; o amor o havia
ferido desde o primeiro instante de sua vida. Foi esta a primeira e a maior de
suas chagas, que Ele mesmo não pôde dissimular: "Feriste-me o Coração, minha irmã, minha esposa, feriste-me o
Coração" (Cant. 4,7) (Nouet). O Coração de Jesus também foi ferido
pela compaixão de nossas misérias, que tantas chagas lhes fez, quantos males
via em nós.
Foi ferido pela dor de nossos pecados,
sofrendo sozinho o arrependimento e contrição de todos os crimes do mundo, como
seu corpo depois sofreu a pena que mereciam. Foi esta cruz mais pesada do que a
do Calvário onde morreu, pois começou-lhe com a vida e só com a morte acabou.
"Estas
palavras que lhe estavam reservadas - nos diz a Beata Ângela de Foligno - manifestar-se-ão ao espírito e
contristar-lhe-ão o Coração, desde o primeiro momento de Sua existência; não
confusamente, porém do modo mais claro e distinto.
Ele
previa que depois de triste e penosa vida de 33 anos, cujas circunstâncias
todas tinha diante dos olhos, seria vendido e traído por um dos seus
discípulos, negado por outro, abandonado por todos, preso, espancado,
esbofeteado, acusado, blasfemado, caluniado, flagelado, coroado de espinhos,
conduzido ao Calvário, carregado com a Cruz, crucificado, aniquilado pela
morte, e traspassado pelo golpe de uma lança: eis o que Ele viu e não cessou de
ver e meditar du-rante a sua vida. Semelhante previsão não podia existir sem
amarga tristeza, e sem incomensurável dor de coração e de espírito".
Avalie, pois, quão vivas e contínuas foram
as dores do Coração de Jesus.
Escutemos ainda sobre este assunto a Santa
Margarida Maria, ou antes, a Nosso Senhor: "Estando eu um dia, diante do Santíssimo Sacramento exposto, apareceu-me
o Divino Mestre todo radiante de glória com as suas cinco chagas
resplandecentes quais cinco sóis. De sua sagrada Humanidade saíam chamas de
todos os lados, porém principalmente do seu adorável peito, que parecia uma
fornalha: no meio destas chamas, mostrou-me seu suavíssimo Coração, que era o
foco das chamas. Revelou-me então as maravilhas in-explicáveis do seu amor, a
que excesso havia chegado, amando os homens, de quem só recebia ingratidões.
«Eis aqui, me disse Ele, o que Me é mais sensível do que tudo o que sofri em
Minha Paixão, tanto que, se corresspondessem ao Meu amor, pouco contaria tudo
quanto por eles fiz e quisera, se fosse possível, fazer ainda mais; eles,
porém, só têm tibieza e repulsa para todos os meus ardentes desejos de
fazer-lhes bem»".
O Coração de Jesus não sofreu somente em
todas as horas, mas todos os instantes de sua vida mortal; pois, como disse
Santa Margarida Maria, toda a sua vida derivou-se no amor e na privação, assim
como consumou-se no sacrifício.
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