MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 30º dia
Santo Agostinho, Sermão 215
Creiamos
em Jesus Cristo, nosso Senhor, nascido do Espírito Santo e da Virgem Maria.
Pois também a bem-aventurada Maria, acreditando, concebeu aquele a quem,
acreditando, deu à luz. Ao escutar a mensagem de que haveria de ter um filho,
perguntou ela como poderia acontecer isso, uma vez não conhecia varão. Com
efeito, só conhecia um modo de conceber e dar à luz; ainda que, pessoalmente,
não o tivesse experimentado, tinha aprendido com outras mulheres – a natureza é
repetitiva – que homem nasce de um varão e de uma mulher. Recebeu, então, do
anjo esta resposta: «O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te
cobrirá com a sua sombra; por isso, o que nascer de ti será santo e será
chamado Filho de Deus». Depois destas palavras do anjo, ela, cheia de fé e
tendo concebido a Cristo na sua mente antes do que no seu seio, disse: «Eis
aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». Cumpra-se,
disse, que uma virgem conceba sem sémen de varão; nasça do Espírito Santo e de
uma mulher virgem aquele em quem renascerá do Espírito Santo a Igreja, também
virgem. Seja chamado Filho de Deus aquele Santo que há de nascer de mãe humana,
mas sem pai humano, uma vez que foi conveniente que se fizesse filho do homem
aquele que, de forma admirável, nasceu de Deus Pai sem mãe alguma.
Desta forma, assim como quando, ao nascer,
saiu de um seio fechado, assim também, na mesma carne, quando adulto, já
ressuscitado, entrou por portas fechadas. Estas coisas são maravilhosas, porque
são divinas; são inefáveis, porque são inescrutáveis. A boca do homem não é
capaz de explicá-las, porque tão pouco o coração é capaz de investigá-las.
Maria acreditou e realizou-se nela aquilo em que acreditou. Creiamos, também
nós, para que em nós possa igualmente realizar-se o que nela se realizou. Ainda
que também este nascimento seja maravilhoso, pensa ó homem o que assumiu por ti
o teu Deus, o que assumiu o criador pela criatura: Deus que permanece em Deus,
o eterno que vive com o eterno, o Filho igual ao Pai, não desdenhou revestir-se
da forma de servo em benefício dos servos, réus e pecadores. E isto não se deve
a méritos humanos, pois merecíamos antes o castigo pelos nossos pecados; porém,
se tivesse posto os olhos na nossa maldade, quem teria resistido? Assim, pelos
servos ímpios e pecadores, o Senhor dignou-se nascer, como servo e homem, do
Espírito Santo e da virgem Maria.
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