domingo, 1 de janeiro de 2012

"Áiepartenon"(Sempre Virgem).
A PERPÉTUA VIRGINDADE DE MARIA
     Santo Epifânio diz; "De onde vem esta perversidade? De onde é que irrompeu tamanha audácia? Porventura o próprio nome não é suficiente atestado? Quem jamais houve, em tempo algum, que ousasse proferir o nome de Maria e espontaneamente não lhe acrescentasse a palavra virgem? O nome de Virgem foi dado a Santa Maria, nem se mudará nunca, ela sempre permaneceu ilibada” (Panarion, Contra os hereges).
     A Perpétua Virgindade de Maria ensina que Maria é Virgem antes, durante e depois do parto. Este dogma mariano é o mais antigo das Igrejas Católica e Oriental Ortodoxa, que afirma a "real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito homem." Assim Maria foi sempre Virgem pelo resto de sua vida, sendo o nascimento de Jesus como seu filho biológico, uma concepção milagrosa.
     O dogma da Virgindade de Maria, sempre ligado à Maternidade Divina, foi-se preparando e firmando nos primeiros séculos, nas pregações, escritos e doutrina dos santos padres, na liturgia e na piedade popular. Em 451, o Concílio de Calcedônia declarou que Jesus é “nascido de Maria Virgem”; em 553, o Concílio de Constantinopla II declarou: “Encarnou-se da gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria”; até que, em outubro de 649, o Concílio do Latrão chegou a esta definição de fé: "Seja condenado quem não professar, de acordo com os santos Padres, que Maria, Mãe de Deus em sentido próprio e verdadeiro, permaneceu sempre Santa, Virgem e Imaculada quando, em sentido próprio e verdadeiro, concebeu do Espírito Santo, sem o concurso do sêmen de homem, e deu à luz Aquele que é gerado por Deus Pai antes de todos os séculos, o Verbo de Deus, permanecendo inviolada a sua virgindade também depois do parto".
     Maria é verdadeira mãe porque ela deu a seu Filho tudo aquilo que uma mãe dá na linha da existência a seu filho, desde o momento da concepção, passando pela gestação e concluindo com o nascimento.
     Por outro lado, esta Maternidade de Maria, tal como foi realizada e revelada por Deus, é totalmente excepcional, milagrosa e irrepetível, pois é uma maternidade virginal do Filho de Deus, Unigênito. Maria, a Mãe de Jesus, é totalmente e sempre Mãe-Virgem. A fé da Igreja condensa esta verdade segundo a formula: “Virgem antes do parto, no parto e depois do parto”. João Paulo II afirma o sentido forte da virgindade de Maria. É um fato que afeta tanto a seus sentimentos, pensamentos (virginitas spiritualis), como a seu corpo (virginitas physica). Trata-se de uma virgindade real e não metafórica.
     Baseado nos aspectos que pertencem ao conceito neotestamentário de virgindade, a Igreja ensina como verdade revelada sobre a virgindade de Maria o seguinte:
     • a absoluta e perpétua integridade corporal da Virgem;
     • sua virgindade de alma, ou seja, a plena e exclusiva união de sua alma com Deus.
     Este dogma da fé católica supõe:
     • que Maria concebeu milagrosa e virginalmente pelo poder onipotente de Deus, por isso Jesus não teve pai humano;
     • que deu à luz sem perder sua virgindade no nascimento de seu Filho;
     • que Maria, depois do nascimento de Cristo, permaneceu virgem durante toda sua vida terrestre.
      A Igreja defende (e sempre defendeu, desde os primeiros anos do Cristianismo) que Maria era virgem antes do parto, durante o parto e depois do parto. Vamos começar pelos pontos, então:
     a) Antes do parto: Maria era virgem, e isso é incontestável: "O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem desposada... e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26). E, a própria Maria, ainda dá testemunho de Sua virgindade ao responder ao Anjo: "Como se fará isso, pois eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Conhecer, nesse sentido, significa que não teve relações sexuais.
     b) Maria permaneceu virgem durante o parto: o que é concebido por milagre deve nascer por milagre. O nascimento é uma conseqüência da concepção; sem o milagre do nascimento virginal, o milagre de se manter a virgindade de Maria estaria incompleto. Deus então teria operado um milagre incompleto. E isto está conforme à profecia "uma virgem conceberá e dará à luz". E a própria Bíblia confirma a profecia: "Ora, tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor, por meio do profeta." (Mt 1,22); ou seja, conceber e dar à luz, virginalmente.
    E isso também é o que professamos em todas as missas, após a Homilia, no Credo Apostólico: “Nasceu da Virgem Maria” – e isso, de forma alguma, significa que Ela “deixou” de ser virgem após o parto.
c) E agora, à base das Escrituras, será mostrado que Maria permaneceu virgem em sua vida. E isso, será respondido com base às objeções protestantes:
1. "MARIA DEU À LUZ O SEU FILHO PRIMOGÊNITO." (Lc 2,27)
     Na visão protestante, Jesus era o “primeiro filho de muitos outros” de Maria. Ora, eu sou filho primogênito. Isso significa que tem que ter um segundo? Claro que não. Agora, outra coisa importante sobre esse versículo, será mostrado por uma análise bíblica:
     A Lei de Moisés exige que todo primogênito seja consagrado a Deus, quer seja filho único ou não. É como observamos em: "Consagrar-me-ás todo o primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele é meu" (Ex. 13,2).
     Em outro trecho da Bíblia, o Senhor ordena: "contar todos os primogênitos masculinos dos filhos de Israel, da idade de um mês para cima" (Nm 3,40). Se há primogênito de um mês de idade, como é que se pode exigir que, para haver primeiro, haja um segundo?
     Mesmo fora da terra de Israel podia-se chamar "primogênito" o menino que não tivesse nem irmã mais jovem. É o que atesta uma inscrição sepulcral judaica datada de 5 a.C. e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito) no ano de 1922; lê-se aí que uma jovem mulher chamada Arsinoé morreu "nas dores do parto do seu filho primogênito". Notemos neste texto o modo de falar que observamos a respeito de Mt 12,5; "primogênito"vem a ser apenas o filho antes do qual não houve outro, não não necessariamente aquele após o qual houve outros..
2. “JOSÉ NÃO CONHECEU MARIA [NÃO TEVE RELAÇÕES COM ELA] ATÉ QUE ELA DESSE À LUZ UM FILHO.” (Mt 1,25)
     Alguns vêem um significado de que, após o nascimento de Jesus, Ela teve relações com José. Contudo, na Bíblia, o termo "até que" simplesmente significa "o que se deu no passado" e não tem a mesma conotação que temos em português, significando "algo que aconteceu após".
     A Bíblia menciona uma mulher que não teve filhos “até o tempo de sua morte" (cf. 2Samuel 6,23). Será, então, que produziu descendentes após sua morte?
     Existem pelo menos outras duas passagens em que o Evangelista Mateus utiliza a expressão “até que” como ênfase a uma realidade, mas sem delimitá-la: é o caso de Mateus 12: 18-20 onde se lê:
     “Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito, e anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo”. Isto quer dizer que depois que o juízo triunfar, o Messias poderá contender, gritar, e esmagar a cana quebrada? E em Mateus 20:44 lemos:
     “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés”. Podemos deduzir que após os inimigos serem vencidos o Filho não mais exercerá o Governo junto com Seu Pai?
     A expressão "até que"corresponde ao hebraico “ad ki”. Ora, esta partícula na Escritura ocorre para designar apenas o que se deu (ou não se deu) no passado sem indicação do que havia de acontecer no futuro.
3. A Bíblia fala, algumas vezes, em "irmãos de Jesus". Seriam esses irmãos filhos de Maria?
     Muitas vezes, no AT, a palavra "irmão" é usada para designar parentes próximos. De fato, em hebraico, a mesma palavra que significa "irmão carnal" significa também "parente próximo". Objetam os protestantes que o NT, como foi escrito em grego, teria palavras suficientes para diferenciar "irmãos" de "parentes próximos".
     Teria... mas será que assim o faz?
     Vamos à Bíblia. A Bíblia nos dá o nome de alguns dos irmãos de Jesus. Assim, Mateus diz:
     "Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13, 55).
      Portanto, Jesus tinha um irmão chamado Tiago. Será que esse Tiago é filho de Maria? Existe, em outra parte da Bíblia, referência a esse Tiago?
     Existe.
     2.1. Em Mt 27,56 lê-se: "Estavam ali (no Calvário), a observar de longe..., Maria de Mágdala, Maria Mãe de Tiago e de José, e a mãe de dos filhos de Zebedeu".
     Essa Maria, mãe de Tiago, não é esposa de São José, mas Cleofas, conforme Jo 19,25; era também irmã de Maria Mãe de Jesus, como se lê abaixo:
     Jo 19,25: "Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Mágdala".
     2.2. São Paulo, escrevendo aos Gálatas, diz: "Entretanto, não vi nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor." (Gl 1, 19)
     Aqui, temos um dado interessante: Tiago, irmão do Senhor, era um Apóstolo. Significa que era um dos Doze.
     A Bíblia nos mostra que existem dois Tiagos que eram Apóstolos:
     "São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus." (Mt 10, 2-4). Ou seja: o Apóstolo Tiago, irmão do Senhor como é chamado por Paulo, não é filho de Maria. Donde se vê que a palavra "irmão" no NT não designa necessariamente irmãos de carne.
     O aramaico, que os judeus falam no tempo de Jesus e que os Evangelistas supõem, era uma língua pobre de vocabulário. A palavra aramaica e hebraica "Ha" podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou até parentes mais distantes. No Antigo Testamento vinte passagens atestam esse significado amplo de irmão. Assim, por exemplo:
  • Gn 13,8: Abraão disse a seu sobrinho Lote, filho do seu irmão: "somos irmãos". Ver também Gn 14, 14-16.
  • Gn 29,12.15: Jacó se declara irmão de Labão, quando na verdade era filho de Rebeca, irmã de Labão.
  • Gn 31, 23 refere que com seus irmãos, isto é, com seus parentes de sexo masculino, foi ao encalço de Jacó.
  • 1Cor 23,21-23: "Os filhos de Maerati foram Moholi e Musi. Os filhos de Moholi foram Ecleázaro e Cis. Ecleázamo morreu sem ter filhos, mas apenas filhas; os filhos de Cis, seus irmãos (=primos), as tomaram por mulheres"..
  • Ver ainda 1Cor 15,5; 2Cor 36,10; 2Rs 10,13; Jz 9,3; 1Sm 20,29....
     Conclusão: não há, na Bíblia, margens para se concluir que Maria Santíssima tenha tido outros filhos, além de Jesus.
 4. O exagero em dizer que Maria teve outros filhos:
     Quando Jesus foi encontrado no templo, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto. O povo de Nazaré refere-se a Jesus como "O filho de Maria" (Mc 6,3) e não como "um dos filhos de Maria". A expressão grega implica que Ele era seu único filho.
     Na verdade, ninguém nos Evangelhos é chamado de "filho de Maria", ainda quando são chamados de "irmãos do Senhor".
     Existe ainda um outro ponto que requer uma compreensão da antiga cultura oriental. Em tal cultura, o termo "irmão" era usado para se referir aos mais velhos - parentes com mais idade cuja função era dar conselhos aos mais novos.
     Em João 7,3-4, encontramos os "irmãos" de Jesus aconselhando-o a deixar a Galiléia e ir para Judéia, para que seus discípulos pudessem ver as suas obras. Se os "irmãos" forem compreendidos neste sentido, conforme a cultura oriental, eles certamente seriam mais velhos que Jesus, o que elimina de vez a possibilidade de serem seus irmãos de fato, já que todos nós sabemos que Jesus era o filho primogênito de Maria.
     Finalmente, devemos considerar o que aconteceu aos pés da Cruz (Jo 19,26-27).
     Se Tiago, José, Simão e Judas fossem mesmo irmãos de Jesus, porque Jesus fez vistas grossas a esse fato e confiou Sua mãe ao Seu discípulo João?
     O Evangelho nos diz que "a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa". Por que Ela iria para a casa de um discípulo se ela tinha pelo menos mais quatro filhos?
     Aqui, termino a minha defesa bíblica sobre a Virgindade Perpétua de Maria. Que não sejam palavras ao vento, e que nossa querida Mãe interceda por nós.

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