sábado, 30 de novembro de 2013

UMA IMAGEM PARA VIVENCIAR O ADVENTO,

Frei Jose Cláudio de Alencar Batista, O. Carm.adsense


Falou Elias a seu servo: sobe a montanha, olha pra o mar!
E a terra deu o mais novo fruto: nasce duma virgem quem vem salvar!  

A Igreja abre as portas do novo ano litúrgico celebrando o advento, tempo de espera ativa e vigilante d’Aquele “que era, que é e que há de vir” (cf. Ap 1,8).  Enquanto Carmelitas, depois da celebração do Capítulo Geral, em Roma, e com o advento do nosso Capítulo Provincial, que realizar-se-á em janeiro próximo, somos convidados a viver este tempo de espera, renovando a nossa vocação, diante de uma Igreja que, nas vicissitudes do tempo presente, animada pelo sopro do Espírito, busca ser fiel ao seu Mestre e Senhor; e diante de um mundo que continua sedento e faminto de felicidade, de renovação, de Deus…

No contexto do advento, uma figura bíblica e carmelitana me vem à memória como fonte de motivação para vivenciarmos este tempo oportuno para nossa salvação: o “servo de Elias”.  Numa situação de seca e fome, que assolava o povo de Deus, na época do reinado de Acab, este homem é um sinal de esperança.

Leiamos o texto (1Rs 18,43-45)[1]: 43. Depois disse ao seu servo: “Suba e olhe para o lado do mar”. O servo subiu, olhou e disse: “Não se vê nada”. Elias disse: “Volte até sete vezes”. 44. Na sétima vez, o servo disse: “Uma nuvenzinha, do tamanho da mão de uma pessoa, vem subindo do mar”. Então Elias mandou: “Vá dizer a Acab que atrele os cavalos no carro e desça, para que a chuva não o detenha”. 45. Num instante o céu ficou escuro, com nuvens trazidas pelo vento, e caiu uma chuva pesada. Acab subiu no seu carro e foi para Jezrael. 

Quem é este homem? O texto bíblico não nos apresenta o seu nome. A única informação que temos é que ele é servo (v. 43), servo de Elias. Talvez pudesse ser um dos seus discípulos, iniciado na escola dos profetas (cf. 1Rs 20,35; 2Rs 2,3-5). Não importa sabermos quem ele era. Certamente, a preocupação do autor não era tanto reconhecer a pessoa quanto a missão por ele desempenhada. De fato, aqueles que mais o bem fazem à humanidade vivem no anonimato; porém, seus nomes estão inscritos no livro da vida (cf. Fl 4,3). É-nos suficiente o qualificativo de “servo”: não qualquer servo, mas um servo que fez o que devia ser feito (cf. Lc 17,10).

O servo de Elias porta algumas características esperadas de um servidor. Aqui cito quatro: a prontidão, a obediência, a vigilância, a perseverança.

Ele tem o traço da prontidão: está desperto, atento ao seu senhor, ao que ele dizia e fazia; de modo que soube escutar atentamente a ordem do profeta (“Suba e olhe para o lado do mar ” (v.43); “Volte até sete vezes” (v.43), “Vá dizer a Acab… ”(v. 44)).

A prontidão à escuta é seguida da obediência, expressa pela disponibilidade e adesão ao mandado, ao profeta, a Deus: ele responde prontamente (“o servo subiu, olhou…” (v.43)).  À prontidão e obediência soma-se a vigilância: graças a ela, o servo soube observar atentamente o mar e perceber algum sinal do advento da chuva que fora predita (cf. v.44). Contudo, de nada adiantaria estas atitudes se ele não carregasse consigo a perseverança: ele só pôde conservar e praticar a prontidão, a obediência e a vigilância por “sete vezes”, porque conservou-se firme e constante no seu propósito, no seu obséquio.

Tomando a imagem deste servo (e que servo!), somos chamados a nos reconhecer nele. Eu, você, nós, somos esse servo. Somos carmelitas, leigos ou religiosos; e como tais, chamados por Cristo, o Servo dos Servos, a tornarmos servos seus. Como nossa Regra nos diz: somos vocacionados a “viver em obséquio de Jesus Cristo” [2]. É a ele que servimos, contemplando-o no próximo, no necessitado, nas inúmeras realidades de “sede e fome” (de justiça, dignidade, de espiritualidade, de vida…). A visibilidade de tantos contextos vitais no mundo em que vivemos, e os apelos que deles emergem, nos direcionam a realizar dois movimentos:  primeiro, o de  “subir a montanha e olhar para o mar”,  para contemplar e avistar os sinais de esperança;  e segundo, o de descer da montanha, para anunciar, em obras e palavras, a chuva, que é Jesus, a Boa-nova que vem irrigar a terra inteira, restaurando todas as coisas n’Ele (cf. Ef 1,9). Deste modo, podemos entender que a nossa vocação é “sermos servos da esperança”. Jesus é a Esperança!

Isso só será possível se, de fato, reafirmarmos nossa identidade de “servos carmelitas”, assumindo consciente, afetiva e efetivamente, a nossa missão de servir a Deus e ao próximo de acordo com o carisma com o qual Ele nos presenteou: sermos homens e mulheres de Deus no meio do povo. Lembremos que todo carisma é dom, dádiva, não para si, mas para os outros, para Deus.  Se não nos dispusermos a ser servos, negaremos a Cristo, que mesmo sendo Senhor fez-se servo. Que o Senhor nos livre de querermos inverter os papéis, tornando-nos senhores e querendo que os outros nos sirvam, pois, como diz Jesus: “entre vocês não deve ser assim; quem quiser ser o primeiro seja aquele que serve” (Mc 10,42). Cabe bem aqui aquele cântico das ofertas que diz: “Quem vive para si, empobrece o seu viver. Quem doar a própria vida, vida nova há de colher”.

Necessitamos, urgentemente, resgatar o sentido de nossa vocação/missão, entendida enquanto serviço, que nasce, cresce, mantêm-se, e renova-se no serviço de Cristo. Precisamos recuperar a mística do servo. Só a partir daí poderemos, em Cristo, cultivar as quatro características presentes no servo de Elias: a prontidão, a obediência, a vigilância, a perseverança. Não olvidemos que o Senhor pedirá contas de nossa administração. Oxalá que cada um de nós escute dele estas palavras: “Como foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria” (Mt 25,21.23).

Aproveitemos o advento para repensar nossa caminha pessoal e comunitária, buscando a renovação de nossos pensamentos, sentimentos e atitudes. Olhemos para o futuro e aguardemos pressurosos Aquele que vem nascer em nossa vida. Busquemos cultivar estas quatro atitudes do servo de Elias: estando prontos para ouvir os apelos de Deus; disponíveis a obedecê-lo; vigilantes aos sinais de sua presença e perseverantes em nossas escolhas e convicções, portanto, no seu obséquio.

Para refletir:
1) O que o texto me diz? Quais os questionamentos e apelos suscitados?
2) Em que “o servo de Elias” ajuda-me, enquanto carmelita, cristão, a viver a minha vocação?
3) Percebo estas quatro características: prontidão, obediência, vigilância e perseverança em minha vida? Como reforçá-las ou desenvolvê-las ?
4) Como viver, pessoal ou comunitariamente, o advento a partir destas quatro palavrinhas? Criando uma sigla para memorizar estas palavras, podemos utilizar cada uma das iniciais: prontidão, obediência, vigilância e perseverança.

[1] Na tradição carmelitana, este texto é interpretado à luz do Novo Testamento:  Elias (ou o servo) avistam ao longe “uma nuvenzinha, do tamanho da mão de uma pessoa, (que) vem subindo do mar”.  A nuvenzinha é Maria, e a chuva é o próprio Jesus que vem irrigar a terra, trazendo a vida. É o que cantamos no Ofício de N.Sra. do Carmo: “Foi lá no Carmelo que a Virgem Surgiu. Do mar, numa nuvem, Elias a viu. Em chuva de graças a Mãe se mostrou, e todo o Carmelo feliz exultou.” É um texto que evoca todo o sentido do advento e que está em  paralelo, por exemplo, com o salmo 85 (84), de onde vem este tão belo canto: “Das alturas orvalhem os céus, e as nuvens, que chovam justiça. Que a terra se abra ao amor e germine o Deus Salvador”. 
[2] Obsequiar significa servir. Podemos traduzir essa expressão da regra como “viver no seguimento e no serviço de Jesus Cristo”. 

NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM NOSSA SENHORA

Terceiro Dia


Oração inicial:
Senhor, nosso Deus, que na Bem-aventurada Virgem Maria nos dais o modelo de discípulo fiel que cumpre vossa palavra, abri nossos corações para escutar a mensagem de salvação que, em virtude do Espírito Santo, deverá ressoar em nós cotidianamente e produzir frutos abundantes. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Reflexão: A Virgem Maria, discípula do Senhor.
Se por meio da fé, Maria se converteu em mãe do Filho, que lhe foi dado pelo Pai e pelo poder do Espírito Santo, conservando íntegra sua virgindade, na mesma fé descobriu e acolheu a outra dimensão da maternidade, revelado por Jesus durante sua missão messiânica. Pode-se afirmar que esta dimensão da maternidade pertence a Maria desde o começo, ou seja, desde o momento da concepção e nascimento do Filho. Desde então, ela era a que havia acreditado. À medida que se esclarecia ante seus olhos e ante seu espírito a missão do Filho, ela mesma como Mãe se abria cada vez mais àquela novidade da maternidade, que devia constituir seu papel junto ao Filho. Ela não havia dito desde o começo: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra? Por meio da fé Maria seguia ouvindo e meditando aquela palavra, que se fazia cada vez mais transparente, de um modo que excede todo conhecimento, a revelação de Deus vivente. Maria, Mãe, se converte assim, em certo sentido, na primeira discípula de seu Filho, a primeira à qual parecia dizer “segue-me”, antes ainda de dirigir este convite aos apóstolos ou a qualquer outra pessoa.

Oração final:
Dirigi vosso olhar, Pai Santo, sobre os que guardamos e meditamos no coração as palavras de vosso Filho Jesus Cristo, para que, fortalecidos com o exemplo da Bem-aventurada Virgem Maria, edifiquemos vosso reino na terra e desfrutemos dele para sempre no céu. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave Maria
Ó Maria concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós

ORAÇÃO: Santíssima Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a graça ... que peço com toda a confiança. Amém.


I Domingo do Advento

«Na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem »

Iniciamos mais um ano litúrgico, mais um itinerário de preparação para a encarnação de Jesus. É o tempo da luz e da procura do caminho do Senhor. O tempo da preparação da vinda do Senhor. E a sua vinda exige atenção e vigilância. Exige um olhar novo sobre a nossa vida. Exige a disponibilidade para a entrega. Exige que estejamos preparados porque o Filho do Homem vem de novo estar conosco e ser a nossa salvação.
Pe Luciano Miguel, sdb

Evangelho (Mt 24,37-44) - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem.
A Liturgia coloca-nos logo no início do novo Ano Litúrgico – o Primeiro Domingo do Advento – um texto do Evangelho segundo São Mateus que nos convida à vigilância a fim de prepararmos a vinda do Senhor. E porque acentua mais o momento da Sua última vinda, desconhecido por todos, recorre a fatos do Antigo Testamento, em que um aparecimento repentino nessa altura surpreendeu a quase todos. E neste caso concreto compara a surpresa dos “dias de Noé”, com a súbita chegada do Filho do homem.
O Jesus que fala aos seus discípulos já tinha vindo no primeiro Natal. Agora fala sobre a Sua segunda vinda. Não diz quando acontecerá mas recorda, a eles e a nós, que a única atitude sábia e responsável de todo aquele que nele acredita, é esperá-Lo em vigilância. Esperá-Lo preparados. Não esquecidos da Sua vinda, mas vigiar esperando. Confiando com persistência. Desejando e anelando essa vinda. Comprometendo-se na sua preparação. Não nos deve interessar “o quando virá”, mas sim em que atitude nos encontrará.

Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou.
Jesus diz em poucas palavras qual era a atitude das pessoas no tempo de Noé: levavam uma vida tão cheia com os afazeres do dia a dia, que nada viam para além das preocupações materiais. Essa rotina, dominada pelos prazeres efêmeros, impediu-os de ver os sinais dos tempos concretizados no comportamento de Noé. E por isso foram surpreendidos pela catástrofe do Dilúvio.
Será muito diferente a vida dos contemporâneos de Noé e nossa de hoje? Ao afirmarmos que hoje há muita gente que vive como se Deus não existisse, acaso não afirmamos que essa é uma vida de inconsciência dado que ninguém pode negar que todos somos mortais? Como nos tempos de Noé a moda impôs-se: preenchemos a vida apenas com as realidades materiais transitórias, com os prazeres de momento, com os aplausos cujo eco logo desaparece. E tudo nos parece que vai bem, sentimo-nos satisfeitos e felizes até ao primeiro percalço. E se este for mortal? Tudo estará perdido. Para evitá-lo Jesus recomenda-nos que conjuguemos o viver com o morrer, o hoje com o futuro, se queremos evitar o dilúvio da inutilidade da vida. Ser cristão a sério é o oposto de estar acomodado.

Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada.
Jesus partindo de cenas da vida do campo e da casa, próprias dos seus conterrâneos e necessárias à subsistência das pessoas, diz o que vai suceder no dia da vinda do Filho do homem: o mesmo que aconteceu no tempo de Noé. Só que aqui, em vez do “a todos levou” explica que “uns serão levados e outros deixados”. E isto vai depender, fundamentalmente, da situação em que cada um se encontre.
 “Hoje todos fazem assim” – é a frase que frequentemente ouvimos como justificação da quebra de um agir moral ou de uma sã tradição. Deus olha individualmente e o mal comum nunca justifica o erro individual. Jesus adverte-nos de que pelo fato de todos passarmos pelos mesmos trabalhos, termos as mesmas atividades, nem por isso somos forçosamente iguais. A intenção com que agimos, as motivações que nos movem é que dão valor à nossa ação. Dos dois homens e das duas mulheres, um podia estar em vigilância, preparado à espera do Senhor e o outro não. Por isso tinham sorte diferente. Sou dos que se escondem na multidão ou ajo por convicção própria? Faço porque os outros também fazem ou imprimo o meu cunho especial? Ponho o selo de cristão àquilo que faço?

Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
É uma conclusão lógica tirada dos dois exemplos que Jesus apresentou antes: “Portanto, vigiai…”. Não queirais que vos aconteça como a eles. E para evitá-lo só tendes o remédio da vigilância, dado que ignorais o tempo da vinda do Senhor. Ao longo do Evangelho as palavras “Vigiar, vigilante, vigilância, vigília, velar, estar atentos…” e semelhantes, são das mais repetidas por Jesus e pelos Apóstolos. Por aqui se pode medir a importância do aviso do Senhor.
O mundo em que vivemos embala-nos de tal modo, com tantas promessas e seduções, que nos adormece numa vida cheia de sonhos que parecem eternizar-nos. E vivemos como se nunca nada mudasse. Mas o Senhor vem recordar-nos que essa atitude de instalação e de satisfação pode ser quebrada pela Sua vinda repentina que nos pedirá contas dos dons recebidos. É que nós somos criaturas do Senhor. Somos obra sua. Temos de viver nele, por Ele e para Ele. Quem nos acordará desse sono materialista em que caímos? Só a vigilância na oração. Só a consciência de quem somos. Só a vinda dele que nós temos de preparar em alegre esperança vigilante. Estamos dispostos a vigiar e a esperar não apenas a vinda do próximo Natal mas também a vinda final?

Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Como era costume de Jesus, ele tirava partido de qualquer fato que tivesse acontecido e que era conhecido por todos. Possivelmente este teria sido um roubo de que todos falavam. Jesus ultrapassa o fato histórico e material e aplica-o a toda a vida, pois a vida tem de ser uma vigilância contínua. O ladrão e o roubo são uma referência factual que nada têm a ver com a vinda do Senhor, mas que serviam perfeitamente a Jesus para transmitir a mensagem que pretendia.
Deus Pai, deste-nos a vida para a viver. E quando alguém morre pequenino, física ou espiritualmente, é um fracasso do Teu projeto. Porém isso só acontece quando nos roubam ou nos deixamos roubar a vida. E roubam-nos porque não estamos vigilantes de noite e de dia. A vida do cristão só tem sentido em vigília permanente para um encontro diário contigo. São, sobretudo os enamorados que vigiam e esperam. Será que sentimos as Tuas vindas como um dom de amor? Ou metem-nos medo? Tu não vens como ladrão. Ao contrário, tudo é graça nas Tuas vindas! Maranatha! Vem, Senhor Jesus!

Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
Jesus insiste na vigilância, repetindo quase as mesmas palavras do início do texto. Todo o Capítulo 24 de São Mateus apresenta uma visão escatológica e por isso também um convite constante à vigilância. “Estai atentos…, vigiai…, estai preparados…”. O Evangelista termina este capítulo com o texto que meditamos, acrescentando ainda a parábola do servo que o senhor castigou quando voltou e não o achou vigilante. Mais advertências da parte de Jesus não poderíamos esperar.
Hoje começamos o tempo de Advento. Que significa estar preparados? Como? O Senhor fala-nos em não nos deixarmos surpreender. Será que hoje a sociedade de que fazemos parte está mais vigilante e menos despreocupada do que os contemporâneos de Noé? Concretamente, como penso preparar-me durante este tempo para esta vinda do Senhor? Arranjarei espaço e tempo para analisar em que medida estou absorvido e inconsciente pelas minhas tarefas diárias e as minhas preocupações? E para o encontro definitivo com o Deus da vida estou preparado? Penso que ainda tenho muito tempo? E se fosse já hoje, como me sentiria diante dos irmãos a quem não amo? O Deus que está à minha espera, o Deus da vida, seria o mesmo Deus a quem eu rezo?
Recordando a frase de Santo Agostinho: “"Tenho medo da graça que passa sem que eu perceba!", hoje procurarei descobrir nas pessoas, nos acontecimentos, nos pormenores mais insignificantes e mesmo no silêncio, um apelo insistente a vigiar, a preparar-me para a vinda do Senhor, a não O deixar passar sem me dar conta.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM NOSSA SENHORA

Segundo Dia


Oração inicial:
Ó Deus, que enviastes vosso Filho, Palavra de Salvação e Pão da Vida, do céu ao seio da Santíssima Virgem, concedei-nos receber a Cristo tal como Maria recebeu, conservando suas palavras no coração e celebrando com fé seus mistérios. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Reflexão: A Virgem Maria, Mãe de Deus
Se é verdade que o mistério do homem só se esclarece no mistério do Verbo Encarnado, é necessário aplicar este princípio de modo muito particular àquela excepcional filha das gerações humanas, àquela Mulher extraordinária que chegou a ser Mãe de Cristo. Só no mistério de Cristo se esclarece plenamente o seu mistério. Assim a apresenta a Igreja desde sempre. O mistério da Encarnação permitiu penetrar e esclarecer cada vez melhor o mistério da Mãe do Verbo Encarnado. Este aprofundamento teve particular importância no Concílio de Éfeso (431), durante o qual, para grande alegria dos cristãos, a verdade sobre a maternidade divina de Maria foi confirmada solenemente como verdade de fé da Igreja. Maria é a Mãe de Deus, já que por obra do Espírito Santo concebeu em seu seio virginal e deu ao mundo a Jesus Cristo, o Filho de Deus, consubstancial ao Pai. O Filho de Deus… nascido da Virgem Maria… se fez verdadeiramente um de nós… se fez homem. Assim, pois, mediante o mistério de Cristo, no horizonte da fé da Igreja resplandece plenamente o mistério de sua Mãe. Por sua vez, o dogma da maternidade divina de Maria foi para o Concílio de Éfeso e para a Igreja como um selo do dogma da Encarnação, no qual o Verbo assume realmente na unidade de sua Pessoa divina a natureza humana sem anular a divina.

Oração final:
Ó Deus, que pela Maternidade Virginal de Maria entregastes aos homens os bens da salvação, concedei-nos experimentar a intercessão materna daquela que nos deu vosso Filho Jesus Cristo, o autor da vida. Ele que vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

Ave Maria
Ó Maria concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós

ORAÇÃO: Santíssima Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a graça ... que peço com toda a confiança. Amém.

30 de Novembro

Santo André, apóstolo

Evangelho (Mt 4,18-22): Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram.

Comentário: Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Italia)

Eu farei de vós pescadores de homens

Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» e o levou onde estava Jesus (Jo 2,41). Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles. Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos todo o que temos e somos ao seu serviço — isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio— para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”. O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, OCarm
  
 • CAMINHAVA AS MARGENS DO MAR DA GALILÉIA.
Jesus havia saído do deserto, depois de quarenta dias de grande solidão e de lua contra o diabo (Cf. Mt 4,1-11). Ele havia saído vitorioso; seguro do amor de seu Pai e veio à Galiléia; uma terra distante e desprezada; uma terra fronteiriça e de pagãos, só, portanto, consigo mesmo sua grande luz e sua salvação (Cf. Mt 4,12-16). E aqui, Ele começou a proclamar sua mensagem de alegria e de libertação: “O Reino dos Céus agora está próximo! (Cf. Mt 4,17).Não existe mais solidão, nem a agonia do deserto, não existe ausência porque o Senhor Jesus Cristo desceu sobre nossa terra; a Galiléia dos gentios: com certeza, Ele está próximo; Ele é “Deus Conosco”. Ele não está longe. Não ficou parado e escondido, porque Ele próprio “caminha”, passeia às margens do mar, ao longo das costas de nossas vidas pobres e de fato ainda mais além de nossos horizontes. A Galiléia, que significa “anel”: e cuja interpretação nos diz que Ele, Jesus, o Amor, vem desposar-se; unir-se para sempre com Ele. Agora, só nos resta acolhe-lo, enquanto caminha sobre as margens do mar. Ainda na distância, Ele, já nos vê, e isto já sabemos…

O VERBO “VER”, se repete duas vezes, primeiramente ao referir-se a André e a seu irmão, depois a Tiago e a João; este “VER” trás consigo mesmo toda a força e a intensidade de um olhar proveniente do coração, do mais íntimo. E é desta maneira, como o Senhor nos vê: nos lê a profundidade; com uma detalhada atenção amorosa foliada passo a passo nas páginas de nossas vidas; conhece cada coisa de nós e tudo ama.

• Não é nada raro que Mateus utilize muitas vezes um vocabulário familiar para narrar este episódio sobre a vocação e o encontro com o Senhor Jesus. Já que também, encontramos quatro vezes a palavra “irmão”, e duas vezes a palavra “pai”. Somos levados à casa, a nosso principio de vida, ali onde de igual forma nos redescobrimos que somos filhos e irmãos. Jesus entra dentro desta nossa realidade e o faz de uma maneira mais humana; mais nossa, mais cotidiana, entra na carne, no coração, em toda a vida e vem resgatar-nos para fazer-nos nascer de novo.

• “SEGUE-ME” e “VEM”.
São suas palavras simples e claras; Ele nos pede para ficarmos no caminho; andar da mesma forma que Ele. É agradável sentir-se despertar por sua voz! A qual é mais forte e atingível, mais doce que a voz das águas do mundo, que às vezes tendem a ser ruidosas e confusas. Diferente de quando Ele fala, o faz ao coração, tudo se converte em uma grande paz e tudo volta à calma. E depois, nos mostra também a rota, nos assinala o caminho para fazer e a seguir e não deixa perder-nos: “Atrás de mim, diz o Senhor. Só basta receber o convite, só basta aceitar que seja Ele, para que saber mais, só devo segui-lo, pois, Ele nos mostrará o caminho”.

• “DEIXARAM AS REDES E O SEGUIRAM”.
Os dois irmãos, os dois primeiros chamados, o de Pedro e o de André, chegam a ser para nós um exemplo claríssimo, corajoso e convincente no inicio deste caminho. Eles nos ensinam as coisas que se deve fazer os movimentos e a escolha. “Deixar” e “seguir” chegam a ser os verbos chaves e as palavras escritas no coração. São porque, talvez, frequentemente possa ocorrer e ter que considerar tais iniciativas no interior de nossas vidas; no secreto da alma, ali onde só nós podemos ver. Ali onde só o Senhor é testemunho de que inclusive para nós, se cumprem estas maravilhosas palavras do Evangelho, que são tão vivas e fortes, e que mudam a nossa vida.

“EM SEGUIDA”.
Por duas ocasiões, Mateus nos faz ver a prontidão dos discípulos na acolhida do convite do Senhor, que passa, igualmente em seu olhar e em sua voz dirigida para eles. Eles não colocam obstáculos; não duvidam, não tem medo, só confiam cegamente Nele, respondendo em seguida e dizendo sim, àquele Amor. Alem disso, Mateus faz passar diante de nossos olhos todos os elementos que vivificam aquela cena na margem do mar: como por exemplo, as redes, a barca, o pai… tudo ocorre no fundo, tudo passa a segundo plano e tudo é deixado de lado. Só permanece o Senhor, que vai adiante e, atrás Dele, aqueles quatro homens novos, que levam nosso nome e a história, que Deus escreveu para nós.

PARA REFLEXÃO PESSOAL
• Tenho medo das águas que meu coração leva, como se meu mar fosse ameaçador, escuro, inimigo? Posso deixar o Senhor caminhar ao longo das margens comigo?
• Guardo silêncio neste momento? Permito realmente que Jesus passe e se aproxime de mim?
• Deixo que Ele fale, que me diga, talvez pela primeira vez: “Siga-me?. Ou prefiro continuar ouvindo só o rumor do mar e de suas ondas invasoras e devastadoras?

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM NOSSA SENHORA

Queridos irmãos da Ordem Terceira:
Durante muitos anos (séc XIII – séc XV) a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi a festa patronal de nossa Ordem.  Portanto, preparemo-nos para esta solenidade com muito amor e devoção, pedindo a Jesus a graça de podermos ser, no mundo, sinais da santidade de Maria, Honra e Esplendor do Carmelo, da qual a capa do nosso hábito é símbolo.

1º dia:
A Virgem Maria, estirpe escolhida de Israel.


Oração inicial:
Ó Deus, que ao eleger a Bem-aventurada Virgem Maria, excelsa filha de Sião, cumpristes as promessas feitas a nossos pais, concedei-nos seguir os exemplos daquela que vos agradou e nos agraciou em sua obediência. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

Reflexão
Maria é introduzida definitivamente no mistério de Cristo através deste acontecimento: a anunciação do anjo. Aconteceu em Nazaré, em circunstâncias concretas da história de Israel, o primeiro povo destinatário das promessas de Deus. O mensageiro divino disse a Virgem: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1, 28). Maria se perturbou com estas palavras e pensava em que significava aquela saudação (Lc 1,29). Que significariam aquelas extraordinárias palavras e, mais concretamente, a expressão cheia de graça. Quando lemos que o mensageiro disse a Maria cheia de graça? O contexto evangélico em que convergem revelações e promessas antigas, nos dá a entender que se trata de uma bênção singular entre todas as bênçãos espirituais em Cristo. No mistério de Cristo Maria está presente já antes da criação do mundo como aquela que o Pai escolheu como Mãe de seu Filho na Encarnação e, junto com o Pai, também o Filho a escolheu confiando-a eternamente ao Espírito de santidade. Maria está unida a Cristo de um modo totalmente especial e excepcional, e igualmente, é amada neste Amado eternamente, neste Filho consubstancial ao Pai, em quem se concentra toda a glória e toda graça. Por sua vez ela está e segue aberta perfeitamente a este dom do alto. Como ensina o Concílio, Maria sobressai entre os humildes e pobres do Senhor, que dele esperam com confiança a Salvação.

Oração
Ó Deus, que escolhestes a Bem-aventurada Virgem Maria, excelsa entre os humildes e os pobres, Mãe do Salvador, concedei-nos que imitando seus exemplos, possamos oferecer-vos uma fé sincera e por em ti a total esperança de nossa salvação. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave Maria
Ó Maria concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós

ORAÇÃO FINAL: Santíssima Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a graça ... que peço com toda a confiança. Amém.

29 de novembro

Beatos Dionísio y Redento
Mártires


Pierre Berthelot nasceu em Honfleur (Calvados, França) no ano 1600. Serviu os Reis de França e Portugal como cosmógrafo e almirante da armada. Fez-se carmelita em Goa, em 1635, onde professou no dia de Natal do ano seguinte, tomando o nome de Dionísio da Natividade, e onde foi ordenado sacerdote no dia 24 de agosto de 1638. Tomás Rodrigues da Cunha nasceu no lugar de Lisouros, freguesia de Cunha (Paredes de Coura, Portugal) em 1598. Entrou para o Carmelo Teresiano no convento de Goa, onde professou como irmão converso em 1615, tomando o nome de Redento da Cruz. O Padre Dionísio e o Irmão Redento foram enviados pelos superiores para Achém, na ilha de Sumatra, onde foram martirizados por muçulmanos no dia 29 de novembro de 1638 pela sua adesão a Cristo e pela sua firmeza na fé. Foram beatificados no dia 10 de junho de 1900 pelo Papa Leão XIII.

Laudes
Hino
Ao raiar o sol de um novo dia,
Que aparece a terra e a reanima,
Penso no sol que amadureceu
Dois cachos de uvas pra mesma vindima.

Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Esse sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
contínua prova do nosso amor.

Glória a ti, ó Pai celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
Fonte de amor e Fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Benditos sois vós quando por minha causa sois perseguidos: alegrai-vos e saltai de contentamento, porque nos céus será grande a vossa recompensa.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

Vésperas
Hino
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Este sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
continua prova de nosso amor.

Glória a ti, ó Pai celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
fonte de amor e fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Amaram a Cristo na sua vida e o imitaram na sua morte, por isso com Ele reinarão para sempre.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

Sexta-feira da 34ª semana do Tempo Comum

Beatos Dionisio da Natividade e Redento da Cruz, mártires
Evangelho (Lc 21,29-33): E Jesus contou-lhes uma parábola: «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».

Comentário: Diácono D. Evaldo PINA FILHO (Brasília, Brasil)

Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.

Hoje nós somos convidados por Jesus a ver os sinais que se descortinam no nosso tempo e época e a reconhecer nestes sinais a aproximação do Reino de Deus. O convite é para que repousemos o nosso olhar na figueira e nas outras árvores— «Olhai a figueira e todas as árvores» (Lc 21,29)— e para que fixemos nossa atenção naquilo que percebemos estar acontecendo nelas: «basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21,30). As figueiras começavam a brotar. Os botões começavam a surgir. Não era apenas a expectativa das flores ou dos frutos viriam a surgir, mas, sobretudo o prenúncio do verão, em que todas as árvores “começam a brotar”.

Segundo o Papa Bento XVI, «a Palavra de Deus impele-nos a mudar o nosso conceito de realismo». Efetivamente, «realista é quem conhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus». Essa Palavra viva que nos indica o verão como sinal de proximidade e de exuberância da luminosidade é a própria Luz: «quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto» (Lc 21,31). Neste sentido, «a Palavra já não é apenas audível, não possui apenas uma voz, agora a Palavra tem um rosto (...) que podemos ver: Jesus de Nazaré” (Bento XVI).

A comunicação de Jesus com o Pai foi perfeita; e tudo o que Ele recebeu do Pai, Ele deu-nos a nós, comunicando-se da mesma forma perfeita conosco. Assim, a proximidade do Reino de Deus, que expressa a livre iniciativa de Deus que vem ao nosso encontro, deve mover-nos a reconhecer a proximidade do Reino, para que também nós nos comuniquemos de forma perfeita com o Pai por meio da Palavra do Senhor – Verbum Domini -, reconhecendo os sinais do Reino de Deus que está perto como realização das promessas do Pai em Cristo Jesus.

Comentário: + Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona, Espanha)

O Reino de Deus está perto

Hoje, Jesus convida-nos a ver como brota a figueira, símbolo da Igreja que se renova periodicamente graças àquela força interior que Deus lhe comunica (recordemos a alegoria da videira e dos ramos, cf. Jo 15): «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21, 29-30).

O discurso escatológico que lemos nestes dias, segue um estilo profético que distorce deliberadamente a cronologia, de maneira que põe no mesmo plano acontecimentos que hão de acontecer em momentos diversos. O fato de que no fragmento escolhido para a leitura de hoje tenhamos um âmbito muito reduzido, dá-nos pé para pensar que teríamos que entender o que se nos diz como algo dirigido a nós, aqui e agora: «esta geração não passará antes que tudo aconteça» (Lc 21,32). De fato, Orígenes comenta: «Tudo isto pode suceder em cada um de nós; em nós pode ficar destruída a morte, definitiva inimiga nossa».

Eu queria falar hoje como os profetas: estamos a ponto de contemplar um grande broto na Igreja. Vede os sinais dos tempos (cf. Mt 16,3). Rapidamente ocorrerão coisas muito importantes. Não tenhais medo. Permanecei no vosso lugar. Semeai com entusiasmo. Depois podereis recolher formosas colheitas (cf. Sal 126,6). É verdade que o homem inimigo continuará a semear a discórdia. O mal não ficará separado até ao fim dos tempos (cf. Mt 13,30). Mas o Reino de Deus já está aqui entre nós. E abre caminho, ainda que com muito esforço (cf. Mt 11,12).

O Papa João Paulo II dizia-nos no início do terceiro milênio: «Duc in altum» (cf. Lc 5,4). Às vezes temos a sensação de não fazer nada proveitoso, ou inclusive de retroceder. Mas estas impressões pessimistas procedem de cálculos excessivamente humanos, ou da má imagem que malevolamente difundem de nós alguns meios de comunicação. A realidade escondida, que não faz ruído, é o trabalho constante realizado por todos com a força que nos dá o Espírito Santo.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos:
(1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31)
(2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33)..

* Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”. Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).

* Lucas 21,32-33:
 “Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!

* A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!

No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia! Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!”(Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Quinta-feira da 34ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 21,20-28): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. Então, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas; os que estiverem na cidade afastem-se dela, e os que estiverem fora da cidade, nela nem entrem. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Ai das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá grande angústia na terra e ira contra este povo. Serão abatidos pela espada e levados presos para todas as nações. E Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que se complete o tempo marcado para eles. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas. apavoradas com o bramido do mar e das ondas. As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as potências celestes serão abaladas. Então, verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima».

Comentário: Fray Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)

Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima

Hoje, ao ler este santo Evangelho, como não ver o reflexo do momento presente, cada vez mais cheio de ameaças e mais tingido de sangue? «Na terra, as nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas. As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo» (Lc 21,25b-26a). A segunda vinda do Senhor tem sido representada, inúmeras vezes, pelas mais aterrorizadoras imagens, como parece ser neste Evangelho; sempre sob o signo do medo.

Porém, será esta a mensagem que hoje nos dirige o Evangelho? Fiquemos atentos às últimas palavras: «Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28). O núcleo da mensagem destes últimos dias do ano litúrgico não é o medo; mas sim, a esperança da futura libertação, ou seja, a esperança completamente cristã de alcançar a plenitude da vida com o Senhor, na qual participarão, também, nosso corpo e o mundo que nos rodeia. Os acontecimentos narrados tão dramaticamente indicam, de modo simbólico, a participação de toda a criação na segunda vinda do Senhor, como já participou na primeira, especialmente no momento de sua paixão, quando o céu escureceu e a terra tremeu. A dimensão cósmica não será abandonada no final dos tempos, já que é uma dimensão que acompanha o homem desde que entrou no Paraíso.

A esperança do cristão não é enganadora, porque quando essas coisas começarem a acontecer —nos diz o próprio Senhor— «Então, verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 21,27). Não vivamos angustiados perante a segunda vinda do Senhor, a sua Parúsia: meditemos, antes, nas profundas palavras de Santo Agostinho que, já no seu tempo, ao ver os cristãos temerosos frente ao regresso do Senhor, se pergunta: «Como pode a Esposa ter medo do seu Esposo?».

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* No evangelho de hoje continua o Discurso Apocalíptico que traz mais dois sinais, o 7° e o 8°, que deverão ocorrer antes da chegada do fim dos tempos ou melhor antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e à nova Terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é o abalo da antiga criação.

* Lucas 21,20-24. O sétimo sinal: a destruição de Jerusalém.
Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora ela estava destruída! Como explicar este fato? Será que Deus não deu conta do recado? Difícil para nós imaginar o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades tantos dos judeus como dos cristãos. Aqui cabe uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Ele usou o evangelho de Marcos para compor a sua narrativa sobre Jesus. Marcos escrevia no ano 70, o mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isso, Marcos escreveu dando uma dica ao leitor: “Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não devia estar - (aqui ele abre um parêntesis e diz) “que o leitor entenda!” (fecha parêntesis) - então, os que estiverem na Judéia devem fugir para as montanhas”. (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, já fazia mais de quinze anos que Jerusalém estava em ruínas. Por isso, ele omitiu o parêntesis de Marcos. Lucas diz: "Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se completa". Ao ouvirem Jesus anunciar a perseguição (6° sinal) e a destruição de Jerusalém (7° sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é o nosso hoje! Estamos no 6° e no 7° sinal!”

* Lucas 21,25-26: O oitavo sinal: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim?
No fim, após ter ouvido falar de todos estes sinais que já tinham acontecido, ficava esta pergunta: “O projeto de Deus avançou muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta e na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais será que ainda faltam até que chegue o fim? Será que falta muito?” A resposta vem agora no 8° sinal: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados”. O 8° sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra são uma amostra de que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação, e o início da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a rachar é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Mundo Novo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus já está chegando. Dá para aguentar!

* Lucas 21,27-28: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem.
“Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” Neste anúncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, tinham figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, como acontece com o reino neo-liberal até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho de Homem, isto é, com aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Só nos quatro evangelhos o nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes! Toda dor que suportamos desde agora, toda luta em favor da vida, toda perseguição por causa da justiça, tudo é dor de parto, semente do Reino que vai chegar no 8° sinal.

Para um confronto pessoal
1) Perseguição das comunidades, destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem o povo sofrer eu me desespero? Qual a fonte da minha esperança?
2) Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, tanto mais divino, dizia o Papa Leão Magno. No meu relacionamento com os outros sou humano? Humanizo?