sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Segunda-feira da 27ª semana do Tempo Comum

Mártires do Rio Grande do Norte
Evangelho (Lc 10,25-37): Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou: «Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?». Jesus lhe disse: «Que está escrito na Lei? Como lês?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo!». Jesus lhe disse: «Respondeste corretamente. Faze isso e viverás». Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus retomou: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois o colocou em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais». E Jesus perguntou: «Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?». Ele respondeu: «Aquele que usou de misericórdia para com ele». Então Jesus lhe disse: «Vai e faze tu a mesma coisa».

«Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?»

Rev. Pe. Ivan LEVYTSKYY CSsR (Lviv, Ucrnia)

Hoje, a mensagem evangélica assinala o caminho da vida: «Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração (...) e teu próximo como a ti mesmo!» (Lc 10,27) E porque Deus nos amou primeiro, nos leva à união com Ele. A beata Teresa de Calcutá disse: «Nós necessitamos essa união íntima com Deus na nossa vida quotidiana. Mas, como podemos consegui-la? Através da oração». Estando em união com Deus empeçamos a experimentar que tudo é possível com Ele, inclusive amar teu próximo.

Alguém dizia que o cristão entra na Igreja para amar a Deus e sai para amar ao próximo. O Papa Bento ressalta que o programa cristão — o programa do bom samaritano, o programa de Jesus — é «um coração que vê». Ver e parar! Na parábola, duas pessoas vêm ao necessitado, mas não param. Por isso Cristo reprende os fariseus dizendo: «Tendo olhos, não enxergais, e tendo ouvidos, não ouvis?» (Mc 8,18) Pelo contrário, o samaritano vê e para, tem compaixão e assim salva a vida do necessitado e si mesmo.

Quando o famoso arquiteto catalão Antonio Gaudí foi atropelado por um veículo, algumas pessoas que passavam não pararam para ajudar aquele ancião ferido. Não levava nenhum documento e pelo aspecto parecia um mendigo. Se tivessem sabido quem era aquele próximo, seguramente tivessem feito fila para ajuda-lo.

Quando praticamos o bem, pensamos que o fazemos pelo próximo, mas realmente também o fazemos por Cristo: «Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40) E meu próximo, disse Bento XVI, é qualquer que tenha necessidade de mim e que eu possa ajudar. Se cada um, ao ver ao próximo em necessidade, parasse e se compadecesse dele uma vez ao dia ou à semana, a crise diminuiria e o mundo seria melhor. «Nada nos faz tão semelhantes a Deus como as boas obras» (São Gregório de Nissa).

«Aquele que usou de misericórdia para com ele»

Ir. Lluís SERRA i Llançana (Roma, Itália).

Hoje, um mestre da Lei faz a Jesus uma pergunta que talvez nos tenhamos feito mais de uma vez: «Que hei de fazer para ter como herança a vida eterna?» (Lc 10,25). Era uma pergunta feita com segundas intenções, pois queria pôr Jesus à prova. O mestre responde sabiamente o que diz a Lei, isto é, amar a Deus e ao próximo como a si mesmo (cf. Lc 10,27). A chave é amar. Se buscarmos a vida eterna, sabemos que «a fé e a esperança passarão, enquanto que o amor não passará nunca» (cf. 1Cor 13,13). Qualquer projeto de vida e qualquer espiritualidade cujo centro não seja o amor nos distancia do sentido da existência. Um ponto de referência importante é o amor a si mesmo, frequentemente esquecido. Somente podemos amar a Deus e ao próximo desde nossa própria identidade.

O mestre da Lei vai mais longe ainda e pergunta a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc 10,29). A resposta chega através de um conto, de uma parábola, de historia curta, sem formulações teóricas complicadas, mas com um grande conteúdo. O modelo de próximo é um samaritano, quer dizer um marginado, um excluído do povo de Deus. Um sacerdote e um levita passam de longe ao ver o homem espancado e mal ferido. Os que parecem estar mais perto de Deus (o sacerdote e o levita) são os que estão mais distantes do próximo. O mestre da Lei evita pronunciar a palavra samaritano para indicar a quem se comportou como próximo do homem mal ferido e diz: «Aquele que usou de misericórdia para com ele» (Lc 10,37).

A proposta de Jesus é clara: «Vai e faze tu o mesmo». Não é a conclusão teórica do debate, e sim o convite a viver a realidade de amor, o qual é muito mais do que um sentimento etéreo, pois se trata de um comportamento que vence as descriminações sociais e que surge do coração da pessoa. São João da Cruz nos recorda que «ao entardecer da vida te examinarão o amor».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz a parábola do Bom Samaritano. Meditar uma parábola é o mesmo que aprofundar a vida, a fim de descobrir dentro dela os apelos de Deus. Ao descrever a longa viagem de Jesus a Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas ajuda as comunidades a entender melhor em que consiste a Boa Nova do Reino. Ele faz isto apresentando pessoas que vêm falar com Jesus e lhe fazem perguntas. Eram perguntas reais do povo do tempo de Jesus e eram também perguntas reais das comunidades do tempo de Lucas. Assim, no evangelho de hoje, um doutor da lei pergunta: "O que devo fazer para obter a vida eterna?" A resposta, tanto do doutor como de Jesus, ajuda a entender melhor o objetivo da Lei de Deus.

* Lucas 10,25-26: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?"
  Um doutor, conhecedor da lei, quer provocar Jesus e pergunta: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?" O doutor acha que deve fazer algo para poder herdar. Ele quer garantir a herança pelo seu próprio esforço. Mas uma herança não se merece. Herança, nós a recebemos pelo simples fato de sermos filho ou filha. ”Você já não é escravo, mas filho; e se é filho, é também herdeiro por vontade de Deus”. (Gal 4,7). Como filhos e filhas não podemos fazer nada para merecer a herança. Podemos é perdê-la!

* Lucas 10,27-28: A resposta do doutor
  Jesus responde com uma nova pergunta: "O que diz a lei?" O doutor responde corretamente. Juntando duas frases da Lei, ele diz: "Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento e ao próximo como a ti mesmo!" A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do Levítico (Lv 19,18). Jesus aprova a resposta e diz: "Faz isto e viverás!" O importante, o principal, é amar a Deus! Mas Deus vem até mim no próximo. O próximo é a revelação de Deus para mim. Por isso, devo amar também o próximo de todo o meu coração, de toda a minha alma, com toda a minha força e com todo o meu entendimento!

* Lucas 10,29: "E quem é o meu próximo?"
  Querendo justificar-se, o doutor pergunta: "E quem é o meu próximo?" Ele quer saber para si mesmo: "Em que próximo Deus vem até mim?" Ou seja, qual é a pessoa humana próxima de mim que é revelação de Deus para mim? Para os judeus, a expressão - próximo - estava ligada ao clã. Quem não era do clã, não era próximo. Conforme o Deuteronômio, eles podiam explorar ao “estrangeiro”, mas não ao “próximo” (Dt 15,1-3). A proximidade era baseada nos laços de raça e de sangue. Jesus tem outra maneira de ver, que ele expressa na parábola do Bom Samaritano.

4. Lucas 10,30-36: A parábola
1. Lucas 10,30: O assalto na estrada de Jerusalém para Jericó
Entre Jerusalém e Jericó encontra-se o deserto de Judá, refúgio de revoltosos, marginais e assaltantes. Jesus conta um caso real que deve ter acontecido muitas vezes. “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu na mão de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto”.
2. Lucas 10,31-32: Passa um sacerdote, passa um levita
Casualmente, passa um sacerdote e, em seguida, um levita. São funcionários do Templo, da religião oficial. Os dois viram o assaltado, mas passaram adiante. Não fizeram nada. Por que não fizeram nada? Jesus não o diz. Ele deixa você supor ou se identificar. Deve ter acontecido muitas vezes, tanto no tempo de Jesus como no tempo de Lucas. Acontece também hoje: uma pessoa de igreja passa perto de um pobre sem dar-lhe ajuda. Pode até ser que o sacerdote e o levita tenham tido a justificativa: "Ele não é meu próximo!" ou: "Ele está impuro e se eu tocar nele, ficarei impuro também!" E hoje: "Se eu ajudar, perco a missa do domingo e faço pecado mortal!"

3. Lucas 10,33-35: Passa um samaritano
Em seguida, chega um samaritano que estava de viagem. Ele vê, move-se de compaixão, aproxima-se, cuida das chagas, coloca o homem no seu próprio animal, leva-o até a hospedaria, cuida dele durante a noite e, no dia seguinte, dá ao dono da hospedaria dois denários, o salário de dois dias, dizendo: "Cuida dele e o que gastares a mais no meu regresso te pago!" É ação concreta e eficiente. É ação progressiva: chegar, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se e partir para a ação. A parábola diz "um samaritano que estava de viagem". Jesus também estava em viagem até Jerusalém. Jesus é o bom samaritano. As comunidades devem ser o bom samaritano.

* Lucas 10,36-37: Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?
  No início, o doutor tinha perguntado: "Quem é o meu próximo?" Por de trás da pergunta estava a preocupação consigo mesmo. Ele queria saber: "A quem Deus me manda amar, para que eu possa ter a consciência em paz e dizer: Fiz tudo que Deus pede de mim!" Jesus faz outra pergunta: "Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?" A condição de próximo não depende da raça, do parentesco, da simpatia, da vizinhança ou da religião. A humanidade não está dividida em próximos e não-próximos. Para você saber quem é o seu próximo, isto depende de você chegar, ver, mover-se de compaixão e se aproximar. Se você se aproximar, o outro será o seu próximo! Depende de você e não do outro! Jesus inverteu tudo e tirou a segurança que a observância da lei poderia dar ao doutor.

* Os Samaritanos.
A palavra samaritano vem de Samaria, capital do reino de Israel no Norte. Depois da morte de Salomão, em 931 antes de Cristo, as dez tribos do Norte se separaram do reino de Judá no Sul e formaram um reino independente (1 Rs 12,1-33). O Reino do Norte sobreviveu durante uns 200 anos. Em 722, o seu território foi invadido pela Assíria. Grande parte da sua população foi deportada (2 Rs 17,5-6) e gente de outros povos foram trazidos para Samaria (2 Rs 17,24). Houve mistura de raça e de religião (2Rs 17,25-33). Desta mistura nasceram os samaritanos. Os judeus do Sul desprezavam os samaritanos como infiéis e adoradores de falsos deuses (2Rs 17,34-41). Havia muito preconceito contra os samaritanos. Eles eram mal vistos. Dizia-se deles que tinham uma doutrina errada e que não faziam parte do povo de Deus. Alguns chegaram ao ponto de dizer que ser samaritano era coisa do diabo (Jo 8,48). Muito provavelmente, a causa deste ódio não era só a raça e a religião. Era também um problema político-econômico, ligado à posse da terra. Esta rivalidade perdurava ate o tempo de Jesus. Mesmo assim Jesus coloca os samaritanos como exemplo e modelo para os outros.

Para um confronto pessoal
1. O samaritano da parábola não era do povo judeu, mas era ele que fazia o que Jesus pede. Isto acontece hoje? Você conhece gente que não frequenta a igreja mas vive o que evangelho pede? Quem são hoje o sacerdote, o levita e o samaritano?
2. O doutor perguntou: “Quem é o meu  próximo?” Jesus perguntou: “Quem foi próximo do homem assaltado?” São duas perspectivas diferentes: o doutor pergunta a partir de si mesmo. Jesus pergunta a partir das necessidades do outro. Qual é a minha perspectiva?

XXVII Domingo do Tempo Comum

Evangelho (Lc 17,5-10): Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.  Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta da roça, lhe dirá: ‘Vem depressa para a mesa?’ Não dirá antes: ‘Prepara-me o jantar, arruma-te e serve-me, enquanto eu como e bebo. Depois disso, tu poderás comer e beber?’ Será que o senhor vai agradecer o servo porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer’».

«Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer».

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha).

Hoje, Cristo fala-nos mais uma vez de serviço. O Evangelho insiste sempre no espírito de serviço. Para isso, ajuda-nos a contemplação do Verbo de Deus encarnado — o servo de Iavé, de Isaias — que «despojou-se, assumindo a forma de escravo» (Fl 2,2-7). Cristo afirma também: «Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22,27), pois «o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos» (Mt 20,28). Numa ocasião, o exemplo de Jesus concretizou-se realizando o trabalho dos escravos ao lavar os pés dos discípulos. Queria deixar bem claro, com este gesto, que seus seguidores deviam servir, ajudarem-se e, amarem-se uns aos outros, como irmãos e servidores de todos, como propõe a parábola do bom samaritano.

Devemos viver toda a vida cristã com sentido de serviço sem crer que estamos fazendo algo extraordinário. A vida familiar, profissional, e social — no mundo político, econômico, etc.— deve estar impregnada desse espírito. «Para servir, servir», afirmava São Josemaria Escrivá; ele queria expressar que para “ser útil” é preciso viver uma vida de serviço generoso e não buscar honras, glórias humanas ou aplausos.

Os antigos afirmavam o “nolentes quaerimus” — «procuramos para os cargos de governo pessoas que não os ambicionam; aqueles que não desejam figurar» — quando deviam fazer nomeações hierárquicas. Esta é a intencionalidade própria dos bons pastores dispostos a servir à Igreja como ela quer ser servida: assumir a condição de servos como Cristo. Recordemos, segundo as palavras de Santo Agostinho, como deve exercer-se uma função eclesial: «Non tam praeesse quam prodesse»; não com o mando ou a presidência, mas com a utilidade e o serviço.

“Aumenta a nossa fé!”

Stos Anjos da Guarda
Lucas reúne nos primeiros dez versículos deste capítulo diversos dizeres de Jesus sobre algumas atitudes fundamentais para a vida de quem quer segui-Lo pelo caminho do discipulado. Podemos dividir o trecho de hoje em duas partes: vv. 5-7 e vv. 8-10.

A primeira parte trata da questão da fé inabalável, que deve ser característica do discípulo. Inicia-se o diálogo com os apóstolos expressando diante de Jesus a sua insegurança quanto à sua fé: “Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”(v.5). Tal pedido tem outros ecos nos evangelhos. Faz-nos lembrar do pai do moço epiléptico em Marcos: “Eu tenho fé, mas ajude a minha falta de fé!”(Mc 9, 24)

É a experiência de todo (a) discípulo (a) - acreditamos em Jesus, queremos seguir a sua pessoa e o seu projeto, mas a vida se encarrega de nos demonstrar como é fraca a nossa fé - quantas caídas, traições, incoerências, recaídas! O único recurso é pedir este dom gratuito de Deus, que ninguém pode merecer, que é a fé inabalável. Do fundo no nosso ser gritamos com os Doze: “Aumenta a nossa fé!”
Com a hipérbole (exagero) típica do oriental, Jesus enfatiza tanto a necessidade da fé quanto a sua força, através das imagens do grão de mostarda (semente bem pequena), e do sicômoro - árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este sicômoro: “Arranque-se daí, e plante-se no mar. E ela obedeceria a vocês.” (v. 6)

A segunda parte do trecho fala sobre a atitude correta de quem tem um ofício ou ministério dentro da comunidade cristã. Em outros trechos - como 12, 35-37 - Lucas enfatiza a gratuidade de Deus diante da escolha dos seus discípulos. Aqui temos o outro lado - a responsabilidade de quem foi chamado sem mérito algum da sua parte.

Mas, o ensinamento não é que os discípulos não valem nada, nem que o seu trabalho não tem valor. O ponto central é que o fato de terem desenvolvido bem as suas tarefas e missão não lhes dá o direito de exigir a graça de Deus, por causa dos seus méritos. Tal graça é, e sempre será, um dom gratuitamente oferecido.

Hoje nós estamos na mesma situação dos apóstolos - fomos chamados à fé sem mérito algum da nossa parte. Agradecendo a Deus por este dom, procuremos sempre mais aprofundar essa fé, não nos contentando com uma mera adesão intelectual aos dogmas mas assumindo a nossa parte - a de cumprir bem a missão recebida, sem nos vangloriarmos disso, pois se nós conseguimos fazer bem as coisas, também é porque podemos contar com a graça de Deus. Sem falsa humildade, mas também sem vaidade, devemos rezar: “Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (v. 19)

1º de outubro

Santa Teresa do Menino Jesus
Virgem de nossa Ordem e Doutora da Igreja


Nasceu em Alençon (França) no dia 2 de janeiro de 1873. Entrou para o Carmelo de Lisieux no dia 9 de abril de 1888. Exercitou-se de modo singular na humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar nas suas irmãs, especialmente nas noviças. Oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela edificação da Igreja, morreu num êxtase de amor no dia 30 de setembro de 1897.

INVITATÓRIO
R. Vinde, adoremos o Senhor, que se revela aos pequeninos.

LAUDES
Hino
A infinita caridade do Senhor
tua glória quis, no Céu, fosse igualada,
dos apóstolos e dos mártires à palma,
Virgem que és, de dons imensos coroada.

Desejando, como vítima de amor,
por um fogo virginal, ser abrasada,
pede ao Esposo consumi-la sem demora,
nos ardores de sua chama abençoada.

Ao anúncio da partida suspirada,
vê Teresa a eternidade gloriosa.
Num gemido – “Eu te amo” – alegremente,
para o Cristo alça voo, vitoriosa.

Lá do alto, das estrelas cintilantes,
se já sorves da alegria nos caudais,
não te esqueças que a esta terra prometeste
uma chuva derramar dos teus rosais.

Vós, ó Rei, que sempre às almas pequeninas
um espaço reservais de dileção,
a nós todos que a Teresa nos unimos,
dai que entremos na celestial mansão.

Força, honra e louvor eternamente
a Deus Pai e ao Unigênito também;
e ao Espírito Paráclito igualmente
pelos séculos dos séculos.  Amém.

Ant.1 Minha alma se agarra a Vós; com poder vossa mão me sustenta.

Salmos e Cântico do Domingo da I Semana

Ant.2 Vós, santos e humildes de coração, bendizei o Senhor.

Ant. 3 O Senhor ama o seu povo, coroa os humildes com a vitória.

Leitura breve - Rm 8,14-17
Os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Não recebestes um espírito de escravos para recairdes no medo, mas recebestes um Espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: "Abbá! Ó Pai!" O próprio Espírito Santo se une ao nosso espírito, para atestar que somos filhos. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se realmente sofremos com Ele, é para sermos também glorificados com Ele.

Responsório breve
R. Farei correr sobre ela a paz * como um rio. R. Farei correr.
V. E a riqueza das nações como uma torrente a transbordar.
* Como um rio. Glória ao Pai. R. Farei correr.

Cântico Evangélico
Ant. Em verdade eu vos digo: Se não vos converterdes e não vos tornardes iguais a crianças, no Reino dos Céus não haveis de entrar.

Preces
Louvemos o Senhor, que nos dá em Santa Teresa do Menino Jesus um modelo exemplar de vida evangélica. E roguemos:

R. Ouvi-nos, Senhor!

Senhor, que dissestes: "Se alguém tem sede venha até mim e beba quem tem fé em mim",
- fazei-nos sedentos do vosso Amor. R

Senhor, que dissestes: "Se não vos transformardes em crianças, não entrareis no Reino do Céu",
- concedei-nos a simplicidade de coração e a confiança no vosso amor. R.

Senhor, que dissestes: "Só entrará no Reino do Céu quem faz a vontade do meu Pai, que está no Céu",
- ensinai-nos guardar os vossos mandamentos com espírito de fé e obediência. R

Senhor, que dissestes: "Tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos foi a mim que o fizestes",
- fazei que hoje vos reconheçamos e amemos em cada um dos nossos irmãos. R.


Senhor, que dissestes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos",
- criai em nós o espírito missionário tão vigoroso do coração de Santa Teresa do Menino Jesus, que a levou a oferecer-se pela salvação das almas. R.

(intenções livres)

Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

VÉSPERAS
Hino
Do teu trono de glória fulgente,
já, ó virgem, na Pátria gozando,
tua chuva de rosas envia
aos fiéis que te estão suplicando.

Sejam símbolo, prá nós, tuas rosas,
de que podes prestar-nos auxílio!
Junto a Deus, firma a nossa esperança
na alegria e na dor, neste exílio.

Que teus rogos inspirem mais fé.
Tuas rosas maior esperança
possam dar, aos que lutam na terra,
a Deus Pai, teu amor de criança.

Dai-nos isto Deus Pai e Deus Filho
e o Espírito Santo também,
cuja glória, na altura dos céus,
sem cessar cantaremos.  Amém.

Ant.1 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.

Salmos e Cântico das II Vésperas do Comum das Virgens.

Ant. 2 Por eles, a mim mesmo me consagro para que sejam consagrados na verdade.

Ant. 3 Deus escolheu os fracos para confundir os fortes.

Leitura breve - 1 Tm 2, 1.3
Caríssimo, antes de tudo recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador. Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, pois há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos.

Responsório breve
R. Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos * e no meio
da assembleia hei de louvar-vos! R. Anunciarei.
V. Porque não desprezastes o pobre na sua angústia. * E no meio.
Glória ao Pai. R. Anunciarei.

Cântico Evangélico
Ant. Alegrai-vos e exultai, diz o Senhor, pois no Céu estão escritos vossos nomes.

Preces
Oremos a Deus Pai Onipotente pela Igreja estendida por toda a terra. E digamos:

R. Lembrai-vos, Senhor, da vossa Aliança.

Para que a Igreja se entregue ao vosso amor
_ e descubra aos contemplativos a sua vocação ao amor. R.

Para que o mundo acredite em vós,
_ fazei que as almas consagradas sejam testemunhas fiéis da vossa bondade. R.

Para que os fiéis sejam um reflexo da vossa face e imitem o vosso Filho,
- ajudai-os a levar mutuamente a sua cruz, apoiados na caridade fraterna. R.

Para que, segundo a vossa vontade, todos os homens conheçam a Cristo, que é a Verdade,
- infundi em todos nós um ardente espírito missionário. R.
(intenções livres)

Para que onde Cristo reina se encontrem aqueles que lhe destes,
- concedei aos fiéis defuntos a alegria de contemplarem a vossa face. R.

Pai Nosso ...

Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


1º de outubro: Santa Teresa do Menino Jesus, virgem, doutora da Igreja.

Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus». Naquele mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha).

Hoje, o evangelista Lucas nos narra o fato que dá lugar ao agradecimento de Jesus para com seu Pai pelos benefícios que tem outorgado à Humanidade. Agradece a revelação concedida aos humildes de coração, aos pequenos no Reino. Jesus mostra sua alegria ao ver que estes admitem, entendem e praticam o que Deus dá a conhecer por meio Dele. Em outras ocasiões, no seu diálogo íntimo com o Pai, também lhe agradecerá porque sempre o escuta. Elogia ao samaritano leproso que, uma vez curado de sua doença -junto com outros nove- retorna ele só, onde está Jesus para lhe agradecer o benefício recebido.

Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras: Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar com maior alegria, nem sentir-se com maior elevação, nem fazer com maior utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa Mãe, a Igreja.

A gratidão não é uma virtude muito usada ou frequente, no entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro, procurando recompensar ao bem feitor com obras, segundo as próprias possibilidades.

Reflexão

• Contexto. Anteriormente Jesus tinha enviado os 72 discípulos, agora eles voltam e contam como foi a experiência. Pode-se observar que o sucesso da missão é devido à superioridade ou supremacia do nome de Jesus, em vez de os poderes do mal. A derrota de Satanás coincide com a chegada do Reino: os discípulos tinham visto isso em sua missão. As forças demoníacas tinham sido enfraquecidas: os demônios tinham se submetidos ao poder do nome de Jesus.

Essa convicção não pode basear a alegria e o entusiasmo do seu testemunho missionário; a alegria tem a sua raiz última em ser conhecidos e amados por Deus. Isto não significa dizer que o ser protegidos por Deus e o relacionamento com Ele sempre nos coloca em uma posição de vantagem diante das forças demoníacas. Aqui entra a mediação de Jesus entre Deus e nós: "Eis que eu vos dei o poder" (v. 19). O poder de Jesus é um poder que nos permite experimentar o sucesso contra o poder demoníaco e nos protege. Um poder que só pode ser transmitido quando Satanás é derrotado. Jesus assistiu a queda de Satanás, mesmo se ainda não está definitivamente derrotado; para frustrar esse poder de Satanás na terra são chamados os cristãos. Esses estão confiantes da vitória, apesar do fato de que eles vivem em uma situação crítica: participam da vitória na comunhão de amor com Cristo mesmo sendo provados pelo sofrimento e morte. No entanto, o motivo da alegria, não está na certeza de escapar ilesos, mas ser amados por Deus. A expressão de Jesus "seus nomes estão escritos nos céus" testemunha que o estar presente no coração de Deus (a memória) garante a continuidade de nossas vidas na dimensão da eternidade. O sucesso da missão dos discípulos é uma consequência da derrota de Satanás, agora, mostra a benevolência do Pai (vv. 21-22): o sucesso da Palavra de Graça na missão dos setenta e dois, vivida como plano do Pai e na comunhão da ressurreição do Filho, a partir de agora, é a demonstração da benevolência do Pai; a missão torna-se um espaço para a revelação da vontade de Deus no tempo humano. Esta experiência é transmitida por Lucas num contexto de oração: mostra de uma parte a reação no céu ("Eu vou dar graças", v. 21) e de outra aquela sobre a terra (vv. 23-24).

• A oração de alegria. Na oração que Jesus dirigiu ao Pai, sob a ação do Espírito, diz-se, que "exulta," exprime a abertura da alegria messiânica e proclama a benevolência do Pai. Torna-se evidente nos pequenos, nos pobres e naqueles que não contam para nada, porque acolheram a palavra transmitida pelos enviados e por isso entram na relação entre as pessoas divinas da Trindade. Em vez disso, os sábios e os doutos, por causa da sua segurança se alegram devido à sua competência intelectual e teológica. Mas esta atitude impede-os de entrar na dinâmica da salvação dada por Jesus. O ensinando que Lucas pretende transmitir aos crentes individualmente, mas também às comunidades eclesiais, podem ser da seguinte forma sintetizado: a humildade abre para a fé; a suficiência das próprias seguranças fecha ao perdão, à luz, à benevolência de Deus. A oração de Jesus tem seus efeitos sobre todos aqueles que se deixam ser envolvidos pela benevolência do Pai.

Para um confronto pessoal
1. A missão de levar a vida de Deus para o outro envolve um estilo de vida pobre e humilde. A sua vida é perpassada pela vida de Deus, pela Palavra da graça que vem de Jesus?
2. Tenho confiança no chamado de Deus e no seu poder, que precisa ser expressa através da simplicidade, da pobreza e da humildade?

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

CELEBRAÇÃO DO TRÂNSITO DE SANTA TERESA DO MENINO JESUS VIRGEM DE NOSSA ORDEM E DOUTORA DA IGREJA

No dia 30 de setembro, por volta das 19h20min, hora que Santa Teresa do Menino Jesus “entra na vida”, a comunidade, tendo nas mãos velas acesas no Círio Pascal, se reúna para celebrar o início da missão da "pequena Teresa": “passar o Céu fazendo o bem sobre a Terra”.
Antes do início das primeiras vésperas do Ofício Divino, lê-se o relato do piedoso trânsito de Sta Teresa do Menino Jesus da Sagrada Face, feito por sua irmã, Madre Inês de Jesus.
Leitura
Leitura relato do último dia de Sta Teresa do Menino Jesus na terra, numa quinta-feira do dia 30 de setembro de 1897, feito pela madre Inês de Jesus:

         “Durante a manhã eu (irmã Inês) a (Santa Teresa) vigiava durante a Missa. Ela não me dizia nada. Ela estava esgotada, ofegante; seus sofrimentos, eu presumia, eram inexprimíveis. Num determinado momento, ela juntou as mãos e olhando à estátua da Virgem Maria disse:
         - Oh! Eu rezei a ela com grande fervor! Mas é uma agonia pura, sem mistura alguma de consolação.
         Eu lhe disse algumas palavras de compaixão e de afeição e acrescentava que ela tinha bem me edificado durante sua convalescença.
         - E você, as consolações que tinha me dado! Ah! Como elas são enormes!
         Durante todo o dia, sem um instante de trégua, ela permaneceu, podemos dizer sem exageros, sob verdadeiros tormentos. Ela parecia estar no fim de suas forças e, todavia, para nosso espanto, ela podia se mexer, se sentar no seu leito.
         - …Veja, nos dizia ela, como tenho forças hoje! Não, eu não vou morrer! Eu ainda tenho forças por vários meses, talvez até mesmo vários anos!
         E se o bom Deus o quisesse, diz a Nossa Madre, você o aceitaria?
         Ela começou a responder, na sua agonia:
         - Seria bem necessário…
         Mas se corrigindo na mesma hora, ela diz com um tom de resignação sublime e caindo novamente sobre seu travesseiro:
         - Eu quero com certeza!
          Eu pude recolher essas exclamações, mas é bem difícil de transmitir o seu tom:
          - Eu não creio mais na morte para mim… Eu creio apenas no sofrimento… melhor assim! Ó meu Deus!… Eu amo o bom Deus! O minha boa Virgem Maria, venha em meu socorro! Se isso é a agonia, o que é então a morte?!… Ah! Meu bom Deus!… Sim, ele é muito bom, eu o vejo muito bom…
         E olhando para a Virgem Maria:
         - Oh! A senhora sabe que estou me sufocando!
         Para mim:
         - Se você soubesse o que é se sufocar!
         O bom Deus vai ajudá-la, minha pobrezinha, e terminará logo mais.
          - Sim, mas quando? …Meu Deus, tenha piedade de vossa pobre menina! Tenha piedade!
          Para Nossa Madre:
         - Ó minha Madre, eu vos garanto que o cálice está cheio até a boca!… Mas o bom Deus não vai me abandonar, certamente… …Ele nunca me abandonou…Sim, meu Deus, tudo o que quiser, mas tenha piedade de mim! …Minhas irmãzinhas! Minhas irmãzinhas rezem por mim! …Meu Deus! Meu Deus! Vós que sois tão bom!!! …Oh! Sim, vós sois bom! Eu o sei…
         Depois do ofício de Vésperas, Nossa Madre colocou sobre seus joelhos uma imagem de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Ela olhou por um instante e disse o quanto Nossa Madre lhe tinha garantido que ela logo mais iria acariciar Nossa Senhora como também o Menino Jesus nessa imagem:
 - Ó minha Madre, apresentai-me logo à Virgem Maria, eu sou um bebê que não aguenta mais! … Prepare-me para bem morrer.
 Nossa Madre lhe respondeu que tendo sempre compreendido e praticado a humildade, sua preparação já estava feita. Ela refletiu por um instante e pronunciou humildemente essas palavras:
 - Sim, me parece que nunca busquei outra coisa senão a verdade; sim, eu compreendi a humildade de coração… parece-me que sou humilde.
 Ela repetiu ainda:
 - Tudo o que escrevi sobre meus desejos de sofrimento. Oh! É bem verdadeiro! Eu não me arrependo de me ter entregado ao Amor.
 Com insistência:
 - Oh! Não, eu não me arrependo, muito pelo contrário!
 Um pouco depois:
 - Eu nunca teria crido que era possível sofrer tanto [nota: nunca aplicamos nela injeção alguma de morfina]! Nunca! Nunca! Eu não posso compreender tal coisa senão pelos desejos ardentes que tive de salvar as almas.
         Por volta das 5 horas, eu estava sozinha perto dela. Seu rosto mudou de repente, compreendi que era a última agonia. Quando a Comunidade entrou na enfermaria, ela acolheu todas as irmãs com um doce sorriso. Ela segurava seu Crucifixo e o olhava constantemente. Durante mais de duas horas, a respiração rouca arranhava seu peito. Seu rosto estava congestionado, suas mãos roxas, ela tinha os pés congelados e tremia todos seus membros. Um suor abundante caia em gotas enormes sobre seu rosto e inundava suas bochechas. Ela estava sob uma opressão cada vez maior e lançava às vezes pequenos gritos involuntários para respirar.
         Durante esse tempo tão cheio de agonia para nós, escutávamos pela janela – e eu sofria bastante – o canto de vários pássaros, mas tão fortemente, de tão perto e durante tanto tempo! Eu rezava para o bom Deus de fazê-los calar, esse concerto me perfurava o coração e tinha medo que ele cansasse nossa Terezinha.
         Durante outro momento, ela parecia ter a boca tão ressecada que a irmã Genoveva, achando que a aliviaria, lhe colocava nos lábios um pequeno pedaço de gelo. Ela o aceitou lhe fazendo um sorriso que nunca me esquecerei. Era como um supremo adeus.
         Às 6 horas o Angelus soou, ela olhou longamente para a estátua da Virgem Maria.
 Enfim, às 7 horas e pouco, Nossa Madre tendo despedido a Comunidade, ela suspirou:
          - Minha Madre! Não é isso a agonia?… Não irei morrer?…
         Sim, minha pobrezinha, é a agonia, mas o bom Deus quer talvez prolongá-la por algumas horas. Ela retoma com coragem:
         - Ora bem!… Vamos!… Vamos!… Oh! Eu não quereria sofrer menos tempo…
         E olha seu Crucifixo:
         - Oh! Eu o amo!.... Meu Deus… Eu vos amo….
         De uma hora para outra, após ter pronunciado essas palavras, ela caiu suavemente para trás, com a cabeça inclinada para a direita. Nossa Madre fez soar imediatamente o sino da enfermaria para chamar a Comunidade. “Abram-se todas as portas” dizia a Madre no mesmo instante. Essas palavras tinha algo de solene, e me fizeram pensar que no Céu o bom Deus o dizia também a seus anjos.
         As irmãs tiveram o tempo de se ajoelhar em torno do leito e foram testemunhas do êxtase da pequena Santa que morria. Seu rosto tinha tomado a cor de uma flor-de-lis que tinha quando em plena saúde, seus olhos estavam fixados no alto, brilhantes de paz e de alegria. Ela fazia alguns movimentos de cabeça, como se Alguém a tivesse divinamente ferido com uma flecha de amor, depois retirado a flecha para a ferir novamente… A irmã Maria da Eucaristia se aproximou com uma vela para ver de mais perto seu olhar sublime. Diante da luz dessa vela, não houve movimento algum de suas pálpebras. Esse êxtase durou o tempo de um “Credo”, e ela deu seu último suspiro.
         Após sua morte, ela conservou um sorriso celeste. Ela estava com uma beleza encantadora. Ela segurava tão forte seu Crucifixo que foi necessário arrancá-lo de suas mãos para enterrá-la. A irmã Maria do Sagrado-Coração e eu fizemos tal serviço, com a irmã Amada de Jesus, e notamos que ela não parecia ter mais do que 12 ou 13 anos. Os membros do seu corpo permaneceram flexíveis até o dia do seu enterro, numa segunda-feira, no dia 4 de outubro de 1897.”

Apagam-se as velas
Vésperas I


V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Hino
Um atalho de luz, eis a Pequena Via:
O ascensor é Jesus, sob o olhar de Maria!

Teresinha e seu sonho, bem maior que a vida:
Escalar a montanha, ao encontro do Amor!
Decidiu que vai fazer esta subida,
Sem medir sacrifícios, buscando o Senhor.

Contemplando o mistério santo da humildade,
Ela toma nos braços a Criança-Jesus.
Em momento de paz, na simplicidade,
Faz nascer, para nós, o atalho de luz!

Tempestades a fazem crescer na esperança.
"Oh! Não vou despertar-te!" diz ela ao Senhor.
Puro nada sou, mas Deus é segurança.
Só por Ele é que vive a santa do Amor!

Por caminhos de paz, na doce descoberta,
O Senhor, generoso, Teresinha conduz.
é segredo de Deus que, enfim, a liberta.
Vai ser vítima santa do Amor que a seduz.

Instruindo os pequenos na segura via,
A santinha nos lega a divina lição:
O ascensor é Jesus, à luz de Maria.
Aprovada no Céu, de Teresa a invenção.

Salmodia

Ant. 1: Vinde, filhas, contemplai o Senhor e ficareis radiantes.

Salmo 112 (113)
1 Louvai, servos do Senhor, *
louvai o nome do Senhor.
2 Bendito seja o nome do Senhor, *
agora e para sempre.
3 Desde o nascer ao pôr do sol, *
seja louvado o nome do Senhor.

4 O Senhor domina sobre todos os povos, *
a sua glória está acima dos céus.
5 Quem se compara ao Senhor nosso Deus, *
que tem o seu trono nas alturas,
6 e Se inclina lá do alto *
a olhar o céu e a terra?

7 Levanta do pó o indigente *
e tira o pobre da miséria,
8 para o fazer sentar com os grandes, *
com os grandes do seu povo,
9 e, no lar, transforma a estéril *
em ditosa mãe de família.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Vinde, filhas, contemplai o Senhor e ficareis radiantes.

Ant. 2: Nós Vos seguimos de todo o coração, nós Vos adoramos e procuramos a vossa face; não nos abandoneis, Senhor.

Salmo 147 (147 B)
12 Glorifica, Jerusalém, o Senhor, *
louva, Sião, o teu Deus.

13 Ele reforçou as tuas portas *
e abençoou os teus filhos.
14 Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras *
e saciou-te com a flor da farinha.

15 Envia à terra a sua palavra, *
corre veloz a sua mensagem.
16 Faz cair a neve como lã, *
espalha a geada como cinza.

17 Faz cair o granizo como migalhas de pão *
e com o seu frio gelam as águas.
18 Envia a sua palavra e derrete-as, *
faz soprar o vento e correm as águas.

19 Revelou a sua palavra a Jacó, *
suas leis e preceitos a Israel.
20 Não fez assim com nenhum outro povo, *
a nenhum outro manifestou os seus juízos.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant: Nós Vos seguimos de todo o coração, nós Vos adoramos e procuramos o vosso rosto; não nos abandoneis, Senhor.

Ant.3: Alegrai-vos, ó Virgens de Cristo, exultai, esposas do Cordeiro.

Cântico Ef 1,3-10
3 Bendito seja Deus, *
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que do alto do Céu nos abençoou, *
com todas as bênçãos espirituais em Cristo.

4 Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, *
para sermos santos e irrepreensíveis, †
em caridade, na sua presença.
5 Ele nos predestinou, de sua livre vontade, *
para sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo,

6 para que fosse enaltecida a glória da sua graça, *
com a qual nos favoreceu em seu amado Filho;
7 n’Ele temos a redenção, pelo seu Sangue, *
a remissão dos nossos pecados;
segundo a riqueza da sua graça *

8 que Ele nos concedeu em abundância,
com plena sabedoria e inteligência, *
9 deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade,
segundo o beneplácito que n’Ele de antemão estabelecera, *

10 para se realizar na plenitude dos tempos:
instaurar todas as coisas em Cristo, *
tudo o que há nos céus e na terra.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Alegrai-vos, ó Virgens de Cristo, exultai, esposas do Cordeiro.

Leitura breve 1 Cor 7, 32.34
Quem não é casado preocupa-se com os interesses do Se­nhor, procura agradar ao Senhor. A mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e de espírito.

Responsório breve
V. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.
R. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.
V. O Senhor é bom para a alma que O procura.
R. O Senhor é a minha herança.
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.

Cântico evangélico
Ant. Quando chegou o Esposo, a Virgem prudente entrou com a lâmpada acesa para o banquete nupcial do seu Senhor.

A minha alma engrandece ao Senhor *
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador;
pois ele viu a pequenez de sua serva, *
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.

O Poderoso fez por mim maravilhas *
e Santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração, *
chega a todos que o respeitam;

demonstrou o poder de seu braço, *
dispersou os orgulhosos;
derrubou os poderosos de seus tronos *
e os humildes exaltou;

saciou de bens os famintos, *
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor, *
fiel ao seu amor,

como havia prometido aos nossos pais, *
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Quando chegou o Esposo, a Virgem prudente entrou com a lâmpada acesa para o banquete nupcial do seu Senhor.

Preces
"Ó meu Jesus! amo-te, amo a Igreja, minha Mãe. Não me esqueço que para ela o mínimo impulso de puro amor é mais proveitoso do que todas as demais obras em sua totalidade". A oração de Santa Teresinha é uma oração fundamentalmente eclesial, oração aberta, que abrange todas as necessidades da Igreja. Invoquemos a misericórdia de Deus, inspirados na insistência de Santa Teresinha em implorar ao Pai por todos os seus irmãos.

R: Por intercessão de Santa Teresinha, ouvi-nos Senhor.

1. Senhor, que dais ao vosso povo a graça de celebrar hoje a festa da virgem Santa Teresa do Menino Jesus,
— concedei-lhe que se alegre sempre com a sua intercessão. R.

2. Senhor concedei à vossa Igreja, por intercessão de Santa Teresinha, crescer na necessidade de encontrar em vossa Palavra a fonte de sua ação evangelizadora,
— para se tornar uma comunidade sempre mais orante e participativa. R.

3. Senhor, como Santa Teresinha, queremos vos pedir de modo especial pelos sacerdotes,
— a fim de que sejam dignos ministros de Cristo, pastores fiéis, acolhedores e misericordiosos. R.

4. Senhor, como Santa Teresinha, queremos interceder por todos aqueles que sofrem longe de vós,
— por aqueles que se esqueceram que podem encontrar em vosso Coração refúgio e alívio para suas dores. R.

5. Senhor, unidos a Santa Teresinha, queremos interceder por aqueles que padecem de secura espiritual,
— que não encontram consolo na oração e por aqueles que não têm sede de vós. R.

6. Senhor, que o ardor missionário de nossa comunidade seja sempre revigorado por uma autêntica vivência da fé,
— e sustentado na escuta amorosa de vossa Palavra. R.

7. Senhor, vos pedimos por toda a grande Família Carmelita,
— para que todos mantenham acesa a chama de sua vocação contemplativa e, a exemplo de Maria Santíssima sejam conduzidos pela oração a uma atitude de pronto serviço, de modo especial aos irmãos necessitados. R.

8. Senhor, que recebestes santa Teresa do Menino Jesus no banquete das núpcias eternas,
— admiti benignamente os defuntos ao convívio do vosso reino. R.

(Intenções Particulares)
PAI NOSSO

Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor.

Encerra-se a Liturgia das Horas como de costume.
Ao final da Liturgia das Horas, a comunidade, em dois coros, e com as velas acesas, rezará com as palavras de Sta Teresa do Menino Jesus o


ATO DE OFERECIMENTO AO AMOR MISERICORDIOSO

T. Oferecimento de mim mesma como Vítima de Holocausto ao Amor Misericordioso do Bom Deus:

1. Meu Deus! Trindade Bem-aventurada, desejo AMAR-VOS e vos fazer AMAR, trabalhar para a glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que estão sobre a terra e libertando as que sofrem no purgatório.

2. Desejo cumprir, perfeitamente, vossa vontade e chegar ao grau de glória que me preparastes, em vosso reino, numa palavra, desejo ser Santa, mas sinto minha impotência e vos peço, ó meu Deus! Sejais vós mesmo minha SANTIDADE.

1. Pois que me amastes, a ponto de dar-me vosso Filho único para ser meu Salvador e meu Esposo, os tesouros infinitos de seus méritos são meus, eu vo-los ofereço, com alegria, suplicando-vos que me olheis através da Face de Jesus e em seu Coração ardente de AMOR.

2. Ofereço-vos, ainda, todos os méritos dos Santos (que estão no Céu e sobre a terra), seus atos de AMOR e os dos Santos Anjos; enfim, ofereço-vos, ó BEM-AVENTURADA TRINDADE! o Amor e os méritos da SANTÍSSIMA VIRGEM, MINHA MÃE QUERIDA, é a ela que abandono minha oferta, suplicando-lhe vo-la apresentar.

1. Seu Divino Filho, meu Esposo Bem-Amado, disse-nos durante sua vida mortal: "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo dará!" Portanto, estou certa de que atendereis a meus desejos; eu o sei, ó meu Deus! Quanto mais quereis dar, tanto mais fazeis desejar. Sinto em meu coração desejos imensos e é, com confiança, que vos peço vir tomar posse de minha alma.

2. Ah! não posso receber a santa comunhão tantas vezes quanto desejo, mas, Senhor, não sois ONIPOTENTE?... Ficai em mim, como no tabernáculo, não vos afasteis jamais de vossa hostiazinha...

1. Quisera consolar-vos da ingratidão dos maus e suplico-vos tirar-me a liberdade de vos desagradar; se por fraqueza, cair alguma vez, que, logo vosso Divino Olhar purifique minha alma, consumindo todas as minhas imperfeições, como o fogo que transforma em si todas as coisas...

2. Agradeço-vos, ó meu Deus, todas as graças que me concedestes, em particular, de me ter feito passar pelo cadinho do sofrimento. É com júbilo que vos contemplarei, no último dia, empunhando o cetro da Cruz; pois que vos dignastes fazer-me partilhar desta Cruz tão preciosa, espero, no Céu, assemelhar-vos a Vós e ver brilhar em meu corpo glorificado os sagrados estigmas de vossa Paixão...

1. Após o exílio da terra, espero ir gozar de vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o Céu, quero trabalhar só por vosso AMOR, com o único fim de vos agradar, consolar vosso Coração Sagrado e salvar almas que vos amem eternamente.

2. Na tarde desta vida, comparecerei perante vós com as mãos vazias, pois não vos peço, Senhor, contar minhas obras. Toda nossa justiça é manchada a vossos olhos. Quero, pois, revestir-me de vossa própria justiça, e receber de vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo. Não quero outro Trono e outra Coroa senão Vós, ó meu Bem-Amado.

1. Para vós, o tempo não é nada. Um único dia é como se fossem mil anos. Podeis, então, preparar-me num instante para comparecer diante de vós...

2. A fim de viver num ato de perfeito amor, OFEREÇO-ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO A VOSSO AMOR MISERICORDIOSO suplicando-vos me consumir, sem cessar, deixando transbordar em minha alma as ondas de Ternura Infinita que estão encerradas em vós, e que assim eu me torne Mártir de vosso Amor, ó meu Deus!...

1. Que este Martírio após me ter preparado para comparecer perante vós, faça-me, enfim, morrer e que minha alma precipite-se, sem tardar, no eterno abraço de vosso Amor Misericordioso...

T. Quero, ó meu Bem-amado, em cada palpitar de meu coração, renovar-vos este oferecimento um número infinito de vezes, até que, dissipadas as sombras, possa repetir-vos meu Amor, num Face a Face Eterno!..

Após o ato de oferecimento a comunidade renova seus votos com as mesmas palavras da nossa Santa em seu


BILHETE DE PROFISSÃO

T. Oh, Jesus, meu divino Esposo!
Que eu jamais perca a segunda veste de meu Batismo!
Tira-me deste mundo, antes que cometa a mais leve falta voluntária.
Que eu não procure e não encontre senão a ti.
Que as criaturas nada sejam para mim, e eu nada seja para elas,
 mas que tu, Jesus, sejas tudo!...
Que as coisas da terra jamais possam perturbar a minha alma;
que nada perturbe minha paz!
Jesus, não te peço senão a paz e também o amor,
o amor infinito, sem outro limite senão tu mesmo...
Amor que jã não seja eu, mas sejas tu, meu Jesus.
Por ti, Jesus, morra eu mártir,
o martírio do coração ou do corpo, antes, os dois...
Dá-me cumprir meus votos em toda a sua perfeição,
e leva-me a compreender o que uma esposa tua deve ser.
Faze que nunca eu seja um peso para a comunidade,
e que ninguém se ocupe de mim;
que eu seja vista, espezinhada, esquecida,
qual um grãozinho de areia que te pertence, Jesus.
Faça-se em mim tua vontade de maneira perfeita.
Que eu possa chegar à morada que antecipadamente me foste preparar...
Deixa-me, Jesus, salvar muitas almas;
que no dia de hoje, nenhuma seja condenada,
e que todas as almas do Purgatório sejam salvas...
Perdoa-me, Jesus, se digo coisas que não devo dizer.
Só quero alegrar-te e consolar-te.

Se houver padre, este dará a benção solene, conforme o Missal. Caso contrário, encerra-se como no ofício de Vésperas.