quinta-feira, 31 de março de 2022

SETENÁRIO DAS DORES DE NOSSA SENHORA

D. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R. Amém.
D. Meu Deus, em meu favor e amparo atendei-me.
R. E dos meus inimigos defendei-me.
D. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

OFERECIMENTO
Virgem Dolorosíssima, seríamos ingratos se não nos esforçássemos para promover a memória e o culto de vossas dores e lágrimas, particulares graças para uma sincera penitência, oportunos auxílios e socorros em todas as necessidades e perigos. Alcançai-nos, Senhora, de vosso Divino Filho, pelos méritos de vossas dores e lágrimas, a graça que vos pedimos... Virgem sem mácula, Mãe de piedade, cheia de aflição e de amargura; com toda a humildade de meu coração eu vos suplico que ilustreis o meu entendimento e acendais a minha vontade, para que com espírito fervoroso e compassivo contemple as dores que se propõem nesta santa coroa, e possa conseguir as graças e favores prometidos, aos que se ocupam neste santo exercício. Amém.

PRIMEIRA DOR: A PROFECIA DE SIMEÃO

L. “Simeão disse a Maria, mãe do menino: ‘Eis que este menino vai ser causa de queda e de elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Quanto a você, uma espada de dor há de atravessar-lhe a alma. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.

D. Oremos: Deus, nosso Pai, pelas palavras de Simeão predissestes uma vida de sofrimento para a Mãe do vosso Filho. Concedei, Vos pedimos, que a exemplo da mesma Virgem Maria, cujo coração foi transpassado pela espada da dor, saibamos enfrentar os sofrimentos desta vida e ser solidários com os sofrimentos dos irmãos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

SEGUNDA DOR: A FUGA PARA O EGITO

L. “O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, e lhe disse: ‘Levante-se, pegue o menino e a mãe dele, e fuja para o Egito! Fique lá até que eu avise. Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo’. José levantou-se de noite, pegou o menino e a mãe dele, e partiu para o Egito. Aí ficou até a morte de Herodes”.

D. Oremos: Deus, nosso Pai, fizestes da Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, a mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio. Suplicantes Vos pedimos, que a exemplo da Virgem das Dores, saibamos lutar para defender a vida e tenhamos a audácia de anunciar-Vos ao mundo como única luz verdadeira. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

TERCEIRA DOR: A PERDA DO MENINO JESUS NO TEMPLO

L. “Quando o menino completou doze anos, subiram para a festa como de costume. Passados os dias da Páscoa, voltaram, mas o menino ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Três dias depois, encontraram o menino no Templo. Estava sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas. Ao vê-lo, sua mãe lhe disse: ‘Meu Filho, por que fizeste isso conosco? Seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura’. Jesus respondeu: ‘Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa de meu Pai?”

D. Oremos: Deus, nosso Pai, por três dias Maria e José procuraram aflitos seu Filho Jesus. Suplicantes vos pedimos, que amparados pela Virgem das Dores, busquemos sempre na penitência e na conversão, o reencontro com vosso Filho e sejamos fiéis à Aliança selada conosco, através do Preciosíssimo Sangue de vosso Filho. Ele que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

QUARTA DOR: O ENCONTRO DE MARIA COM JESUS NO CAMINHO DO CALVÁRIO

L. “Vocês todos que passam pelo caminho, olhem e prestem atenção: haverá dor semelhante à minha dor? Como me maltrataram”.

D. Oremos: Deus, nosso Pai, no caminho do Calvário, vosso Filho Jesus e Maria, sua mãe, se encontraram. Suplicantes vos pedimos, que a exemplo da Virgem das Dores, saibamos ir ao encontro do vosso Filho, principalmente com as obras do apostolado, com o exercício da virtude e a penitência para mortificação. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

QUINTA DOR: A CRUCIFIXÃO DE JESUS

L. “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena. Vendo a Mãe e perto dela o discípulo a quem amava, disse Jesus para a Mãe: ‘Mulher, eis aí o teu filho!’ Depois disse para o discípulo: ‘Eis a tua Mãe!’” (Jo 19,25-27).

D. Oremos: Deus, nosso Pai, ao pé da cruz unistes a Virgem Maria aos sofrimentos do vosso Filho, fazendo-a Co-Redentora da humanidade. Suplicantes, vos pedimos, que a exemplo da Virgem das Dores, saibamos nos colocar aos pés das cruzes cotidianas, e proclamando a fé no vosso Filho, único Salvador do mundo, possamos ensinar aos irmãos essa verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

SEXTA DOR: MARIA RECEBE O CORPO DE JESUS

L. “Ele não tinha aparência nem beleza para atrair o nosso olhar... Nós achávamos que ele era um homem castigado, um homem ferido por Deus e humilhado... foi preso, julgado injustamente... Pois foi cortado da terra dos vivos e ferido de morte por causa da revolta do meu povo”. (Is 53,2.4.8)

D. Oremos: Deus, nosso Pai, estando “tudo consumado”, o corpo do vosso Filho foi descido da cruz e entregue nos braços de Maria, sua Mãe. Suplicantes vos pedimos, que a exemplo da Virgem das Dores, tenhamos os braços sempre abertos para acolher a todos aqueles que o Senhor nos confiar em suas angústias e sofrimentos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

SÉTIMA DOR: MARIA SEPULTA O CORPO DE JESUS

L. “No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim, onde estava o túmulo, em que ninguém ainda tinha sido sepultado. Então, por causa do dia dos preparativos para a Páscoa e porque o túmulo estava perto, aí colocaram Jesus”. (Jo 19,41-42)

D. Oremos: Deus, nosso Pai, a Virgem Maria acompanhou vosso Filho até a sepultura. Suplicantes vos pedimos que a exemplo da Virgem das Dores, acompanhemos durante toda a vida vosso Filho, para que no último dia tenhamos nEle a ressurreição. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

(1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai)

LADAINHA DE NOSSA SENHORA DAS DORES
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Mãe de Jesus Crucificado, rogai por nós.
Mãe do Coração transpassado,...
Mãe do Cristo Redentor,...
Mãe dos discípulos de Jesus,...
Mãe dos redimidos,...
Mãe dos viventes,...
Virgem obediente,...
Virgem oferente,...
Virgem fiel,...
Virgem do silêncio,...
Virgem da espera,...
Virgem da Páscoa,...
Virgem da Ressurreição,...
Mulher que sofreu o exílio,...
Mulher forte,...
Mulher corajosa,...
Mulher do sofrimento,...
Mulher da Nova Aliança,...
Mulher da esperança,...
Nova Eva,...
Colaboradora na salvação,...
Serva da reconciliação,...
Defesa dos inocentes,...
Coragem dos perseguidos,...
Fortaleza dos oprimidos,...
Esperança dos pecadores,...
Consolação dos aflitos,...
Refúgio dos marginalizados,...
Conforto dos exilados,...
Sustento dos fracos,...
Alívio dos Enfermos,...

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

ORAÇÃO FINAL
Dai-nos, Senhora, compreender o oceano de angústias que fizeram de vós a Mãe das Dores, para que possamos participar de vossos sofrimentos e vos consolemos pelo nosso amor e nossa fidelidade. Choramos convosco, ó Rainha dos Mártires, na esperança de ter a felicidade de um dia nos alegrarmos convosco no céu. Amém.

Sábado IV da Quaresma

São Francisco de Paola, religioso

1ª Leitura (Jer 11,18-20): Quando o Senhor me avisou, eu compreendi; vi então as maquinações dos meus inimigos. Eu era como manso cordeiro levado ao matadouro e ignorava a conjura que tramavam contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos, para não mais se falar no seu nome». Senhor do Universo, que julgais com justiça e sondais os sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que haveis de aplicar- lhes, pois a Vós confio a minha causa.

Salmo Responsorial: 7

R. Senhor, meu Deus, em Vós espero.

Senhor, meu Deus, em Vós me refúgio, livrai-me de quantos me perseguem e salvai-me. Não me arrebatem como o leão e me dilacerem sem ter quem me salve.

Julgai-me, Senhor, segundo a minha justiça, segundo a minha inocência. Acabe a malícia dos ímpios e confortai o justo, Vós, Deus de justiça, que sondais o íntimo dos corações.

A minha proteção está em Deus, que salva os homens retos de coração. Deus é o juiz justo, um Deus que pode castigar todos os dias.

Felizes os que recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela perseverança.

Evangelho (Jo 7,40-53): Ouvindo estas palavras, alguns da multidão afirmavam: «Verdadeiramente, ele é o profeta!». Outros diziam: «Ele é o Cristo!» Mas outros discordavam: “O Cristo pode vir da Galileia? Não está na Escritura que o Cristo será da descendência de Davi e virá de Belém, o povoado de Davi?». Surgiu, assim, uma divisão entre o povo por causa dele. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos. Os guardas então voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: «Por que não o trouxestes?». Responderam: «Ninguém jamais falou como este homem». Os fariseus disseram a eles: «Vós também vos deixastes iludir? Acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas essa gente que não conhece a Lei são uns malditos!». Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que tinha ido a Jesus anteriormente, disse: «Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir ou saber o que ele fez?». Eles responderam: «Tu também és da Galileia? Examina as Escrituras, e verás que da Galileia não surge profeta». Depois que cada um voltou para sua casa.

«Ninguém jamais falou como este homem»

Abbé Fernand ARÉVALO (Bruxelles, Bélgica)

Hoje o Evangelho nos apresenta as diferentes reações que produziam as palavras de nosso Senhor. Este texto de João não nos oferece nenhuma palavra do Mestre, mas sim as consequências do que ele dizia. Uns pensavam que era um profeta; outros diziam «Ele é o Cristo» (Jo 7,41).

Verdadeiramente, Jesus Cristo é esse “sinal de contradição” que Simeão havia anunciado a Maria (cf. Lc 2,34). Jesus não deixava indiferentes aos que lhe escutavam, até o ponto em que nesta ocasião e em muitas outras «surgiu uma divisão entre o povo por causa dele» (Jo 7,46). A resposta dos guardas, que pretendiam prender o Senhor, centraliza a questão e nos mostra a força das palavras de Cristo: «Ninguém jamais falou como este homem» (Jo 7,46). É como dizer: suas palavras são diferentes; não são palavras ocas, cheias de soberba e falsidade. Ele é a “Verdade” e seu modo de falar reflete este fato.

E se isto acontecia com relação aos seus ouvintes, com maior razão suas obras provocavam muitas vezes o assombro, a admiração; e, também, a crítica, a murmuração, o ódio… Jesus falava a “linguagem da caridade”: suas obras e palavras manifestavam o profundo amor que sentia por todos os homens, especialmente pelos mais necessitados.

Hoje como então, os cristãos somos —temos de ser— “sinal de contradição”, porque não falamos e atuamos como os demais. Nós, imitando e seguindo a Jesus Cristo, temos de empregar igualmente “a linguagem da caridade e do carinho”, linguagem necessária que, definitivamente, todos são capazes de compreender. Como escreveu o Santo Padre Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, «o amor —caritas— sempre será necessário, mesmo na sociedade mais justa (…). Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem».

«Ninguém jamais falou como este homem»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje notamos como se “complica” o ambiente ao redor do Senhor, poucos dias antes da Paixão ocorrida em Jerusalém. Por causa Dele se gera todo tipo de discussão e controvérsia. Não podia ser de outro modo: «Pensais que eu vim trazer a paz à terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão» (Lc 12,51).

E não é que o Redentor deseje a controvérsia e a divisão, e sim que ante Deus não valem as “meias tintas”: «Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha»(Lc 11,23). É inevitável! Diante Dele não há nenhuma postura neutra: ou existe, ou não existe; é meu Senhor, ou não é meu Senhor. Ninguém pode servir a dois senhores (cf. Mt 6,24).

João Paulo II considerava que ante Deus temos que optar. A fé simples que nosso bom Deus nos pede implica uma opção. Devemos optar porque Ele não que nos impor; veio à Terra de maneira discreta; morreu humilhado, sem chamar a atenção de sua condição divina (Flp 2,6). É o que expressa maravilhosamente são Tomás de Aquino no Adoro Te devote: «Na cruz se escondia só a divindade, aqui [na Eucaristia] se esconde também a humanidade».

Devemos optar! Deus não se impõe; se oferece. E fica para nós a decisão de optar a favor Dele ou de não fazê-lo. É uma questão pessoal que cada um —com a ajuda do Espírito Santo— há de se resolver. De nada servem os milagres, se as disposições do homem não são de humildade e de simplicidade. Diante dos mesmos fatos, vemos aos judeus divididos. E é que em questões de amor não se pode dar uma resposta morna, pela metade: a vocação cristã comporta uma resposta radical, tão radical como foi o testemunho de entrega e obediência de Cristo na Cruz.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«O Verbo de Deus se fez homem e o Filho de Deus se fez Filho do homem para que o homem, intimamente unido à Palavra de Deus, pudesse se tornar filho de Deus por adoção» (Santo Irineu de Lyon)

«Na raiz do mistério da salvação está, de fato, a vontade de um Deus misericordioso, que não quer se entregar à incompreensão, à culpa e à miséria do homem» (Francisco)

«Entre as autoridades religiosas de Jerusalém, não somente se encontravam o fariseu Nicodemos e o notável José de Arimateia, discípulos ocultos de Jesus, mas também, durante muito tempo, houve dissensões a respeito d'Ele ao ponto de, na própria véspera da paixão, João poder dizer deles que ‘um bom número acreditou n' Ele’, embora de modo assaz imperfeito (Jo 12, 42); o que não é nada de admirar, tendo-se presente que, no dia seguinte ao de Pentecostes, ‘um grande número de sacerdotes se submetia à fé’ (At 6, 7) e ‘alguns homens do partido dos fariseus tinham abraçado a fé’ (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 595)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* No capítulo 7, João constata que havia várias opiniões e muita confusão a respeito de Jesus no meio do povo. Os parentes pensavam de um jeito (Jo 7,2-5), o povo pensava de outro jeito (Jo 7,12). Uns diziam: "Ele é o profeta!" (Jo 7,40). Outros diziam: "Ele engana o povo!" (Jo 7,12) Uns elogiavam: "Ele é bom!" (Jo 7,12). Outros criticavam: "Ele não estudou!" (Jo 7,15) Muitas opiniões! Cada um tinha os seus argumentos, tirados da Bíblia ou da Tradição. Mas ninguém se lembrava do messias Servo, anunciado por Isaías (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12; 61,1-2). Hoje também há muita discussão sobre religião, e cada um tira os seus argumentos da Bíblia. Como no tempo, assim também hoje, acontece muitas vezes que os pequenos são enganados pelo discurso dos grandes e, às vezes, até pelo discurso do pessoal da igreja.

* João 7,40-44: A confusão no meio do povo. A reação do povo é a mais variada possível. Uns dizem: é o profeta. Outros: é o Messias, o Cristo. Outros rebatem: não pode ser, porque o messias virá de Belém e esse aí vem da Galileia! Estas várias ideias sobre o Messias provocavam divisão e briga. Havia até gente que queria prendê-lo, mas não o fizeram. Provavelmente, porque tinham medo do povo (cf. Mc 14,2).

* João 7,45-49: Os argumentos das autoridades. Anteriormente, diante das reações do povo favoráveis a Jesus, os fariseus tinham mandado guardas para prendê-lo (Jo 7,32). Mas os guardas voltaram ao quartel sem Jesus. Tinham ficado impressionados com a fala tão bonita: "Ninguém jamais falou como esse homem!" Os fariseus reagiram: "Até vocês se deixaram enganar!" Para os fariseus, só mesmo "esse povinho que não conhece a lei" se deixa enganar por Jesus. É como se dissessem: "Nós, os chefes, conhecemos melhor as coisas e não nos deixamos enganar!" Eles chamam o povo de "maldito"! As autoridades religiosas da época tratavam o povo com muito desprezo.

* João 7,50-52: A defesa de Jesus por Nicodemos. Diante deste argumento estúpido, a honestidade de Nicodemos se revolta e ele levanta a voz para defender Jesus: "Desde quando a nossa lei condena alguém sem primeiro ouvi-lo para saber o que fez?" A reação dos outros é de deboche: "Até você, Nicodemos, virou Galileu, hein!? Dê uma olhada na Bíblia e verá que da Galileia não pode vir nenhum profeta!" Eles estão seguros! Com o livrinho do passado na mão se defendem contra o futuro que chega incomodando. Assim muita gente faz até hoje! Só aceito o novo se ele estiver de acordo com as ideias deles que são do passado.

Para um confronto pessoal

1. Quais são hoje as diferentes opiniões sobre Jesus que existem no meio do povo? E na sua comunidade, existem diferentes opiniões que geram confusão? Quais? Conte.

2. Há pessoas que só aceitam o novo se ele estiver de acordo com as ideias deles que são do passado. E eu?

quarta-feira, 30 de março de 2022

VIA SACRA COM SANTA TERESA DO MENINO JESUS

I Estação: JESUS NO HORTO DA OLIVEIRAS.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.  E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.(Mt 26,38-39)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Não quero que Jesus sofra; quisera enxugar as lágrimas que Ele derrama pelos pecadores, convertendo-os todos”. “Oh! Não percamos tempo, salvemos as almas! As almas caem no inferno tão numerosas quanto os flocos de neve em um dia de inverno (Sta. Teresa de Jesus) e Jesus chora; e nós pensamos em nossas dores, sem pensar em consolá-Lo”.
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
II Estação: JESUS É TRAÍDO POR JUDAS E PRESO.

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. O traidor havia combinado um sinal com eles, dizendo-lhes: "Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele; prendam-no". Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: "Salve, Mestre!", e o beijou. (Mt 26, 48-49).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Para me conquistar, Te fizeste mortal, igual a mim; derramaste teu sangue, mistério supremo. Antes de entrar na celeste glória, o Deus-Homem tinha que sofrer. Quantos desprezos sofreste por meu amor, em terra estrangeira”.
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
III Estação: JESUS É JULGADO PELO SINÉDRIO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando um depoimento falso contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. (Mt 26:59-60)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Eu gosto do que Ele faz. Eu gosto de tudo o que Deus me dá. Jesus não pode desejar para nós sofrimentos inúteis”.
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
IV Estação: JESUS É NEGADO POR PEDRO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.(Mt 26:73-75)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "O Bom Deus me dá coragem na proporção dos meus sofrimentos. Sinto que, no momento, não poderia suportar mais, mas não tenho medo, pois se Ele os aumentar, aumentará, ao mesmo tempo, minha coragem".
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
V Estação: JESUS É JULGADO POR PILATOS.
 
V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso. E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado. (Mt 27:24-26).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Vou cantar a inefável graça de ter sofrido e carregado a cruz. Compreendi que pela cruz se salvam os pecadores. Pela cruz minha alma viu abrir-se um horizonte novo”
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
VI Estação: JESUS É FLAGELADO E COROADO DE ESOINHOS.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo. 2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura; 3 e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas.(Jo 19,1-3).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Soframos ainda que com amargura e sem coragem. Também Jesus sofreu de tristeza."
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
VII Estação: JESUS CARREGA A CRUZ.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota. (Jo 19,17).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Jesus prodigaliza as suas cruzes como o sinal mais seguro da sua ternura, porque deseja fazer-te semelhante a Ele. Porquê ter medo de não ser capaz de levar a cruz sem desfalecer?”
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
VIII Estação: JESUS É AJUDADO PELO CIRINEU.

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. E quando o iam levando, tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus. (Lc 23:26)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Quando se quer atingir um fim, deve-se procurar os seus meios. Jesus me fez compreender que era pela cruz que Ele queria me dar almas e minha atração pelo sofrimento cresceu na medida em que o sofrimento aumentou".
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
IX Estação: JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALÉM.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. E seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos, e o lamentavam. Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. (Lc 23:27,28)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Se um suspiro pode salvar uma alma, que não podem fazer os sofrimentos como os nossos? Não recusemos nada a Jesus!"
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
X Estação: JESUS É CRUCIFICADO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. E era a hora terceira, e o crucificaram. E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. E os que passavam blasfemavam dele, meneando as suas cabeças, e dizendo: Ah! tu que derrubas o templo, e em três dias o edificas, Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz. (Mc 15, 25-27. 29,30).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Às vezes custa à nossa fraqueza dar a Nosso Senhor aquilo que Ele pede. E, porque custa, é meritório e precioso o nosso sacrifício."
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
XI Estação: JESUS PROMETE SEU REINO AO BOM LADRÃO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso (Lc 23:42,43).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Tomei a resolução de estar sempre, em espírito, ao pé da cruz para receber o divino orvalho que se desprendia dela, e compreendi que, a seguir, teria que derramá-lo sobre as almas” (A,45v).
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
XII Estação: JESUS CRUCIFICADO, A MÃE E O DISCÍPULO AMADO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo19:26,27)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Amar aos pés da cruz é mais belo e heroico do que amar nos esplendores do Tabor. É ali que se prova o verdadeiro amor."
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
XIII Estação: JESUS MORRE NA CRUZ.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; (Mt 27:50,51)
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. "Não acreditemos que existe o amor sem o sofrimento."
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
XIV Estação: JESUS É SEPULTADO.
 

V. Nós vos adoramos, ó Cristo.
R. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.
 
C. José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, E o pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. Estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro. (Mt 27:59-61).
 
C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
 
L. “Meu coração está por completo colocado na vontade de Deus, por isso permaneço em profunda paz”
 
C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.
 
Oração final
Deus nosso Pai, que haveis determinado que se salvem vossos escolhidos por meio dos sofrimentos e da Cruz!  Ajudai-nos a suportar os nossos sofrimentos com o Espírito de paciência e resignação que nos deixou vosso Unigênito Filho Jesus Cristo, e fazei que em todas as nossas aflições, sejam da alma, sejam do corpo, repitamos com fé e submissão as palavras que Ele Vos dirigiu em sua dolorosa agonia.  “Pai, não se faça minha vontade, mas sim a vossa!" Amém.

Sexta-feira da 4ª semana da Quaresma

1ª Leitura (Sab 2,1a.12-22): 
Dizem os ímpios, pensando erradamente: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras. Censura-nos as transgressões da Lei e repreende-nos as faltas de educação. Declara ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do Senhor. Tornou-se uma censura viva dos nossos pensamentos e até a sua vista nos é insuportável. A sua vida não é como a dos outros e os seus caminhos são muito diferentes. Somos considerados por ele como escória e afasta-se dos nossos caminhos como de uma coisa impura. Proclama feliz a morte dos justos e gloria-se de ter a Deus como pai. Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos o que sucede na sua morte. Porque se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas, para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo». Assim pensam os ímpios, mas enganam-se, porque a sua malícia os cega. Ignoram os segredos de Deus e não esperam que a santidade seja premiada, nem acreditam que haja recompensa para as almas puras.

Salmo Responsorial: 33

R. O Senhor está perto dos corações atribulados.

A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua memória. Os justos clamaram e o Senhor os ouviu, livrou-os de todas as suas angústias.

O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido. Muitas são as tribulações do justo, mas de todas elas o livra o Senhor.

Guarda todos os seus ossos, nem um só será quebrado. O Senhor defende a vida dos seus servos, não serão castigados os que n’Ele se refugiam.

Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

Evangelho (Jo 7,1-2.10.14.25-30): Depois disso, Jesus percorria a Galileia; não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas. Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não publicamente, mas em segredo. Lá pelo meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. Alguns de Jerusalém diziam: «Não é este a quem procuram matar? Olha, ele fala publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que realmente ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é». Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus exclamou: «Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis. Eu o conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!». Eles procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

«Ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora»

Fr. Matthew J. ALBRIGHT (Andover, Ohio, Estados Unidos)

Hoje, o Evangelho permite-nos contemplar a confusão que surgiu quanto à identidade e missão de Jesus Cristo. Quando nos pomos cara a cara com Jesus, há mal-entendidos e conjecturas acerca de quem Ele é, como se cumprem n’Ele, ou não, as profecias do Antigo Testamento e sobre o que Ele fará. As suposições e os preconceitos conduzem à frustração e à ira. Isto sempre foi assim: a confusão à volta de Cristo e dos ensinamentos da Igreja desperta sempre controvérsia e divisões religiosas. O rebanho dispersa-se se as ovelhas não reconhecem o seu pastor!

As pessoas dizem: «Este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém saberá de onde seja» (Jo 7,27), e concluem que Jesus não pode ser o Messias porque Ele não corresponde à imagem de “Messias” em que tinham sido instruídos. Por outro lado, sabem que os Príncipes dos Sacerdotes O querem matar, mas ao mesmo tempo veem que Ele se movimenta livremente sem ser preso. De modo que se perguntam se talvez as autoridades «terão reconhecido verdadeiramente que este é o Cristo» (Jo 7,26).

Jesus atalha a confusão identificando-se a si próprio como o enviado por Ele que é “verdadeiro” (cf. Jo 7,28). Cristo tem consciência da situação, tal como João a retrata, e ninguém lhe deita a mão porque ainda não tinha chegado a hora de revelar plenamente a sua identidade e missão. Jesus desafia as expectativas ao mostrar-se, não como um líder conquistador para derrotar a opressão romana, mas como o “Servo Sofredor” de Isaías.

O Papa Francisco escreveu: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus». É urgente que ajudemos os outros a irem mais além das suposições e dos preconceitos sobre quem é Jesus e o que é a Igreja, e ao mesmo tempo facilitar-lhes o encontro com Jesus. Quando uma pessoa consegue saber quem é realmente Jesus, então abundam a alegria e a paz.

«Mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje, o evangelista João diz-nos que a Jesus «não tinha chegado a sua hora» (Jo 7,30). Refere-se à hora da Cruz, no preciso e precioso momento de dar-se pelos pecados de toda a Humanidade. Ainda não tinha chegado a sua hora, mas estava muito próxima. Será na Sexta-feira Santa quando o Senhor levará até ao fim a vontade do pai Celestial e sentirá —como escrevia o Cardeal Wojtyla— todo «o peso daquela hora na qual o servo de Yahvé deverá cumprir a profecia de Isaías, pronunciando o seu “sim”».

Cristo —no seu constante desejo sacerdotal— fala muitíssimas vezes desta hora definitiva e determinante (Mt 26,45; Mc 14,35; Lc 22,53; Jo 7,30; 12,27; 17,1). Toda a vida do Senhor será dominada por uma hora suprema e irá desejá-la com todo o seu coração: «Um batismo eu devo receber, e como estou ansioso até que isto se cumpra!» (Lc 12,50). E «na véspera da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim» (Jo 13,1). Naquela sexta-feira, o nosso Redentor entregará o seu espírito nas mãos do Pai, e desde esse momento a sua missão, já cumprida, passará a ser a missão da Igreja e de todos os seus membros, animados pelo Espírito Santo.

A partir da hora de Getsemaní, da morte do Senhor na Cruz e da Ressurreição, a vida começada por Jesus «guia toda a História» (Catecismo da Igreja n.1165). A vida, o trabalho, a oração, a entrega de Cristo tornam-se presente agora na sua Igreja: é também a hora do Corpo do Senhor; da sua hora advém a nossa hora, a de o acompanhar na oração de Getsemaní, «sempre despertos —como afirma Pascal— apoiando-o na sua agonia, até ao final dos tempos». É a hora de agir como membros vivos de Cristo. Por isso, «tal como a Páscoa de Jesus, acontecida “uma vez por todas” permanece sempre atual, da mesma forma a oração da Hora de Jesus continua sempre presente na Liturgia da sua Igreja» (Catecismo da Igreja n. 2746).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Muitas vezes, procurar Jesus é uma coisa boa porque é a mesma coisa que procurar a Palavra, a verdade e a sabedoria. Enquanto mantivermos a semente da verdade depositada na nossa alma, e os mandamentos, a Palavra não se afastará de nós» (Orígenes)

«A liberdade nem sempre é poder fazer o que se quer: isto torna-nos fechados, distantes e impede-nos de ser amigos abertos e sinceros. A liberdade é o dom de se poder escolher o bem: isto sim é liberdade» (Francisco)

«Jesus, como antes d'Ele os profetas, professou pelo templo de Jerusalém o mais profundo respeito. Ali foi apresentado por José e Maria, quarenta dias depois do seu nascimento. Na idade de doze anos, decidiu ficar no templo para lembrar aos seus pais que tinha de Se ocupar das coisas de seu Pai. Ao templo subiu todos os anos, ao menos pela Páscoa, durante a vida oculta. O seu próprio ministério público foi ritmado pelas peregrinações a Jerusalém nas grandes festas judaicas» (Catecismo da Igreja Católica, nº 583)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Ao longo dos capítulos 1 a 12 do Evangelho de João, vai acontecendo a progressiva revelação que Jesus faz de si mesmo aos discípulos e ao povo. Ao mesmo tempo e na mesma proporção, vai crescendo o fechamento e a oposição das autoridades contra Jesus a ponto de elas decidirem a condenação e a morte de Jesus (Jo 11,45-54). O capítulo 7, que meditamos no evangelho de hoje, é uma espécie de balanço no meio do caminho. Já faz prever como será o desfecho final.

*  João 7,1-2.10: Jesus decide ir à festa dos Tabernáculos em Jerusalém. A geografia da vida de Jesus no evangelho de João é diferente da geografia nos outros três evangelhos. É mais completa. Conforme os outros evangelhos, Jesus foi apenas uma única vez a Jerusalém, aquela em que ele foi preso e morto. Conforme o evangelho de João, Jesus foi no mínimo duas ou três vezes a Jerusalém para a festa de Páscoa. Por isso sabemos que a vida pública de Jesus durou em torno de três anos. O evangelho de hoje informa que Jesus se dirigiu mais uma vez para Jerusalém, mas não publicamente. Foi às ocultas, pois na Judéia os judeus queriam matá-lo.

* Tanto aqui no capítulo 7 como nos outros capítulos, João fala de “judeus”, e de “vocês judeus”, como se ele e Jesus não fossem judeus. Esta maneira de falar reflete a situação da trágica ruptura que ocorreu no fim do primeiro século entre os judeus (Sinagoga) e os cristãos (Ecclesia). Ao longo dos séculos, esta maneira de falar do evangelho de João contribuiu para fazer crescer o antissemitismo. Hoje, é muito importante tomar distância desta polêmica para não alimentar um antissemitismo. Nunca podemos esquecer Jesus é judeu. Nasceu judeu, viveu como judeu e morreu como judeu. Toda a sua formação é da religião e da cultura dos judeus.

* João 7,25-27: Dúvidas dos habitantes de Jerusalém a respeito de Jesus.  Jesus está em Jerusalém e fala publicamente às pessoas que querem ouvi-lo. O povo fica confuso. Sabe que querem matar Jesus e ele anda solto aos olhos de todos. Será que as autoridades reconheceram que ele é o Messias? Mas como é que Jesus pode ser o messias? Todos sabem que ele vem lá de Nazaré, mas do Messias, assim se ensinava, ninguém sabe a origem.

* João 7,28-29: Esclarecimento da parte de Jesus.  Jesus fala da sua origem. “Vocês sabem de onde eu sou”. Mas o que o povo não sabe é a vocação e a missão que Jesus recebeu de Deus. Ele não veio por própria vontade, mas como todo profeta veio obedecendo a uma vocação, que é o segredo da vida dele. “Eu não vim por mim mesmo. Quem me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. Mas eu o conheço, porque venho de junto dele, e foi ele quem me enviou."

* João 7,30: Ainda não chegara a hora.  Quiseram prender Jesus, mas ninguém pôs a mão nele, “porque ainda não chegara a sua hora”.  No evangelho de João quem determina a hora e o rumo dos acontecimentos não são os que detêm o poder, mas é o próprio Jesus. Ele é que determina a hora (cf. Jo 2,4; 4,23; 8,20; 12.23.27; 13,1; 17,1). Mesmo pendurado na cruz, é Jesus quem determina até a hora de morrer (Jo 19,29-30).

Para um confronto pessoal

1) Como eu vivo o meu relacionamento com os judeus? Descobri alguma vez um pouco de antissemitismo dentro de mim? Consegui eliminá-lo?

2) Como no tempo de Jesus, hoje em dia, há muitas ideias e opiniões novas sobre as coisas da fé. Como faço? Eu me agarro às ideias antigas e me fecho nelas, ou procuro entender o porquê das novidades?