domingo, 25 de março de 2012

M E D I T A Ç Õ E S    Q U A R E S M A I S
O SERVO SOFREDOR - A história da paixão de Cristo XXXIII
Ali, pois,... depositaram o corpo de Jesus.

     Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho permitiu. Então, foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Jesus.  E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés.  Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro.  No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste, um sepulcro novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto.  Ali, pois, por causa da preparação dos judeus e por estar perto o túmulo, depositaram o corpo de Jesus. (João 19.38-42)

     Tendo Jesus falecido e os soldados atestado sua morte, José de Arimatéia foi a Pilatos e pediu autorização para tirar o corpo de Jesus da cruz, a fim de o sepultar com dignidade. Os romanos permitiam que familiares ou amigos pudessem sepultar com dignidade, mesmos malfeitores. Se não houvesse interessado, iriam para uma vala comum. Por isso, José de Arimatéia recebeu de Pilatos a licença para tanto.
     O sepultamento tem um alto significado tanto para Jesus como para todos nós. O corpo de Jesus foi depositar numa sepultura nova, de José de Arimatéia. O ser deitado na sepultura foi o último degrau na humilhação de Jesus. O Filho de Deus, o Verbo, o Criador e Mantenedor de todas as coisas, a luz do mundo, sepultado numa gruta escura, lavrado numa rocha. Esta humilhação é indescritível para o Príncipe e autor da vida (João 5.26). Ele, que já na vida não tinha onde reclinar sua cabeça (Mateus 8.20), também na morte não tem um lugar que pudesse denominar de seu. Ele se fez pobre para nos enriquecer (2 Coríntios 8.9).
     Ao contemplarmos sua morte, precisamos fazê-lo à luz da Escritura, e notaremos o conforto e a esperança que dela nos brotam.
     Nós nos alegramos que José de Arimatéia, um homem rico e honrado, membro do Sinédrio, que esperava o reino de Deus. Ele concedeu sua sepultura a Jesus, para o descaso e não se importou com o que diriam seus colegas, que sentenciaram a Jesus. Não se importou se isto lhe trará desprezo e zombarias. Ele confessou sua fé. Diz o evangelista Marcos: Ele se encheu de coragem (Marcos 15.43) para pedir o corpo a Pilatos. Conseguida a ordem, volta ao Gólgota para retirar o corpo. Ali se encontrou com Nicodemos (João 3), seu colega no Sinédrio, que veio para ajudar. Ele trouxe também mirra e aloés (João 19.39). Eles enrolaram o copo num lençol branco de linha e o depositaram no túmulo, lavrado numa rocha, no qual ainda ninguém tinha sido sepultado. Estavam ali também Maria Madalena a e Maria mãe de José (Marcos 15.47). O profeta Isaías declarou: Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca (Isaías 53.9). Assim se cumpriu a Escritura (1 Coríntios 15.4).
     Rolaram uma grande pedra para fechar a sepultura. Não havia flores, nem cantos, nem uma prédica. Nos corações das pouco as pessoas ali presentes, no entanto, havia profundo amor, tristeza, bem como gratidão por tudo o que Jesus fez. Mesmo que tudo isso ainda estava envolto em muitas perguntas e incertezas, mas a centelha da fé, como uma pequena brasa acessa, estava em seus corações.
     Precisamos lembrar ainda o significado do seu sepultamento para nós. Talvez José de Arimatéia e Nicodemos gostariam ter sepultado Jesus em outro lugar, em Betânia, Belém, ou até em Nazaré. A brevidade do tempo, no entanto, não o permitiu, pois em mais ou menos duas horas iniciava o grande sábado e tudo deveria estar pronto. Assim Deus o quis, que o lugar de onde brotaria a vida, por sua ressurreição, devesse estar bem perto do lugar de sua paixão e morte.
    E mais um detalhe. Deus queria que ele fosse sepultado num jardim. Jardins tiveram destaque na obra da salvação. No jardim do Édem, Adão e Eva caíram em pecado e lá Deus lhes prometera salvação. No jardim do Getsêmani Jesus iniciou sua amarga caminhada para a cruz. Agora é sepultado num jardim, para ali ressuscitar e triunfar sobre todos seus inimigos.
    Mas aqui está também uma advertência. Jesus não nos libertou somente da dívida, mas do poder do pecado e da escravidão de Satanás. Por isso o apóstolo Paulo escreve: Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida (Romanos 6.4). Fomos sepultados com Cristo. Recebemos esta bênção pelo batismo e a retemos enquanto estivermos na fé. Isto nos leva a uma luta diária de nosso novo homem (a fé) contra as inclinações de nossa carne pecaminosa, o velho homem. Confessamos “que o velho homem em nós, por contrição e arrependimento diários, deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua vez, sair e ressurgir diariamente novo homem, que vive em justiça e pureza diante de Deus eternamente”. (Cat. Menor Batismo, 4ª parte).

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