domingo, 25 de março de 2012

M E D I T A Ç Õ E S    Q U A R E S M A I S
1ª Palavra de Jesus na cruz.
Pai, perdoa-lhes

     Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.  Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes (Lucas 23.34).

     O tumulto em torno da cruz era grande. A zombaria, o escárnio continuava. Enquanto isso, Jesus permanecia em silêncio. Este silêncio era anormal. O historiador da época, Flávio Josefo, descreve a crucificação de muitos e diz que eles gritavam, berravam horas a fio de dor. Desesperados amaldiçoavam seus inimigos e deuses. Jesus guarda silêncio. E quando pela primeira vez abre sua boca na cruz, profere uma oração. Penso que, quando Jesus começou a falar, os inimigos ao pé da cruz silenciaram para ouvir o que ele diria. Jesus orou: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
     Pai! – Assim Jesus invocou a Deus desde o princípio. No rio Jordão, por ocasião do batismo, Deus se manifestou e disse do céu: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (Mateus 3.17). Jesus afirmou: Quem me vê a mim vê o Pai (João 14.9). Isto é consolador, saber que aqui está o Filho de Deus sofrendo por nós, para nos reconciliar com Deus Pai.
     Pai, perdoa-lhes. No Jardim Getsêmani, Jesus orou por si, agora suplica ao Pai em favor de seus inimigos. Jesus conhece o coração do Pai. Ele vê, o que os inimigos não viam, a ira de Deus que está prestes a desabar sobre eles. E Jesus, com os braços abertos, entre céu e terra, clama ao Pai: Pai, perdoa-lhes. Não os punes em tua ira. Cada pecado é uma bofetada no rosto de Deus. Nenhum pecado permanece impune. Freqüentemente Deus tem punido os pecados no ato. Quando o bando de Coré se revoltou contra Moisés, Deus fez a terra se abrir e engolir os rebeldes (Nm 16). Sodoma e Gomorra foram castigados com fogo do céu. Sem dúvida, agora Deus não silenciará diante das atrocidades que as criaturas estavam praticando contra seu Filho unigênito. Mas Jesus se opõe à ira de Deus e clama por perdão. Não coloca nenhuma condição nesta sua oração como no Getsêmani: Se for da tua vontade. Não! Pai, perdoa-lhes. Para que isso fosse possível, ele estava sofrendo na cruz. Sim, seu sangue nos purifica de todos os pecados (1 Jo 1.7), ainda que sejam como a escarlate (Is 1.18).
    Pai,... não sabem o que fazem. – O que eles não sabem? Eles não sabiam que Jesus é o Filho de Deus, o Senhor da glória. Eles não sabiam que Deus estava executando aqui o seu plano da salvação. Eles não sabiam que eram instrumentos de Satanás. O povo cegado estava agindo na cegueira. Os próprios apóstolos não compreenderam o que estava acontecendo e vacilaram na fé. O apóstolo Pedro lhes diz no dia de Pentecostes: Eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades (Atos 3.17). O apóstolo Paulo, que perseguiu a Igreja cristã, confessa mais tarde: O fiz na ignorância, na incredulidade (1 Timóteo 1.13). Observemos bem. Ele chama a inimizade contra Deus de incredulidade. Aqui Jesus interpreta, até onde possível, da melhor maneira, chamando também a inimizade de: Não sabem o que fazem. Quão bondoso é nosso Salvador. Isto nos consola. Também nós, quando somos enganados e puxamos pelo pecado – agimos como que cegados, por ignorância e incredulidade.
     Mas lembremos, não sabiam, porque não queriam saber. Estavam cegados pelo ódio a Jesus, pela astúcia de Satanás. Eles tinham as profecias lidas no templo, viram os milagres de Jesus que eram “sinais” do cumprimento das profecias, tinham os ensinos de Jesus. Eles não tinham desculpas. Ignorância não inocenta ninguém. Eles eram culpados.
     Quantos andam ainda hoje na ignorância? Mesmo assim, quantas igrejas por toda a parte. O evangelho anunciado pelas ondas do rádio, pela televisão, por revistas, folhetos e jornais. A Bíblia à venda. Não! Não terão desculpas.
     Por isso Jesus ora: Pai, perdoa-lhes! O pecado é grande. A ira estava prestes a desabar sobre eles. Perdoa-lhes! Isto é, não os castigos imediatamente. Concede-lhes mais um tempo da graça, para que possam presenciar a ressurreição, ouvir a mensagem no dia de Pentecostes, para chegarem ao conhecimento da verdade, arrepender se, chegarem à fé para serem salvos.
    Pai, perdoa-lhes! Esta oração, Jesus não a fez somente em favor de todos seus inimigos, soldados romanos, os fariseus e o povo em geral, mas também por nós. Quantas vezes temos pecado, merecendo o castigo imediato de Deus, mas Deus nos foi gracioso. Ele nos concedeu tempo para arrependimento e nos perdoou? Recebemos muito amor, por isso queremos amar nossos inimigos. Conta-se que o rei Luiz XII da França fez um sinal da cruz diante dos nomes de seus inimigos políticos para lembrar que deve amá-los. Assim Jesus diz a todos nós: Sede misericordiosos como também é misericordioso vosso Pai (Lucas 6.36).

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