Santa
Josefina Bakhita, virgem
1ª
Leitura (Hb 13,15-17.20-21): Irmãos: Ofereçamos a Deus continuamente,
por Jesus Cristo, um sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
aclamam o seu nome. Não esqueçais a beneficência e a solidariedade, porque são
estes sacrifícios que agradam a Deus. Obedecei aos vossos chefes e sede-lhes
submissos, porque eles velam pelas vossas almas, como quem tem de responder por
elas. Assim poderão fazê-lo com alegria, e sem queixumes, o que vos seria
prejudicial. O Deus da paz, que ressuscitou dos mortos Aquele que, pelo sangue
de uma aliança eterna, Se tornou o supremo pastor das ovelhas, nosso Senhor
Jesus, vos torne aptos para cumprir a sua vontade em toda a espécie de boas
obras e realize em nós o que Lhe é agradável, por Jesus Cristo, a quem seja
dada glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Salmo
Responsorial: 22
R. O Senhor é meu pastor: nada
me faltará.
O Senhor é meu pastor: nada me
falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e
reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas
por amor do seu nome. Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não
temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa à vista
dos meus adversários; com óleo me perfumais a cabeça e meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão de
acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para
todo o sempre.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Mc 6,30-34): Os apóstolos se reuniram junto de Jesus e lhe contaram
tudo o que tinham feito e ensinado. Ele disse-lhes: «Vinde, a sós, para um
lugar deserto, e descansai um pouco!». Havia, de fato, tanta gente chegando e
saindo, que não tinham nem tempo para comer. Foram, então, de barco, para um
lugar deserto, a sós. Muitos os viram partir e perceberam a intenção; saíram
então de todas as cidades e, a pé, correram à frente e chegaram lá antes deles.
Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por
eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a
ensinar-lhes muitas coisas.
«Vinde, a sós, para um lugar
deserto, e descansai um pouco! Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo,
que não tinham nem tempo para comer»
Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu,
Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho nos sugere uma
situação, uma necessidade e um paradoxo que são muito atuais.
Uma situação. Os Apóstolos estão
“estressados”: «Ele disse-lhes: Vinde à parte, para algum lugar deserto, e
descansai um pouco. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo
para comer» (Mc 6,31). Frequentemente nós nos vemos achegados à mesma mudança.
O trabalho exige boa parte de nossas energias; a família, onde cada membro quer
palpar nosso amor; as outras atividades nas que nos comprometemos, que nos
fazem bem e, ao mesmo tempo, beneficiam a terceiros... Querer é poder? Talvez
seja mais razoável reconhecer que não podemos tudo aquilo que gostaríamos.
Uma necessidade. O corpo, a
cabeça e o coração reclamam um direito: descanso. Nestes versículos temos um
manual, frequentemente ignorado, sobre o descanso. Aí destaca a comunicação. Os
Apóstolos «Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-lhe tudo o que
haviam feito e ensinado» (Mc 6,30). Comunicação com Deus, seguindo o fio do
mais profundo de nosso coração. E — que surpresa!— encontramos a Deus que nos
espera. E espera encontrar-nos com nossos cansaços.
Jesus lhes diz: «Vinde à parte,
para algum lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que iam e
vinham e nem tinham tempo para comer» (Mc 6,31). No plano de Deus há um lugar
para o descanso! É mais, nossa existência, com todo seu peso, deve descansar em
Deus. O descobriu o inquieto Agostinho: «Nos criastes para ti e nosso coração
está inquieto até que não descanse em ti». O repouso de Deus é criativo; não
“anestésico”: encontrar-se com seu amor centra nosso coração e nossos
pensamentos.
Um paradoxo. A cena do Evangelho
acaba “mal”: os discípulos não podem repousar. O plano de Jesus fracassa: são
abordados pelas pessoas. Não puderam “desconectar”. Nós, com frequência, não
podemos liberar-nos de nossas obrigações (filhos, conjugue, trabalho...): seria
como trair-nos! Impõe-se encontrar a Deus nestas realidades. Se existe
comunicação com Deus, se nosso coração descansa Nele, relativizaremos tensões
inúteis... E a realidade —desnuda de quimeras— mostrará melhor o sinal de Deus.
Nele, ali, repousaremos.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Se não é com Deus ou por Deus,
não há descanso que não canse» (Santa Teresa de Ávila)
«O descanso divino do sétimo dia
não se refere a um Deus inativo, se não que sublinha a plenitude da realização
levada à término, dirigindo ao mesmo uma mirada “contemplativa”, que já não
aspira a novas obras, se não melhor a gozar da beleza do realizado» (São João
Paulo II)
«O agir de Deus é o modelo do
agir humano. Se Deus, no sétimo dia, “parou para respirar” (Ex 23,12), também o
homem deve “descansar” e deixar que os outros, sobretudo, os pobres, “retomem
fôlego” O sábado faz cessar os trabalhos cotidianos e concede uma pausa. É um
dia de pretexto contra as escravidões do trabalho e o culto do dinheiro.»
(Catecismo da Igreja Católica, n°2172)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje está em
vivo contraste com o de ontem! De um lado, o banquete de morte, promovido
por Herodes com os grandes do reino no palácio da Capital, durante o qual João
Batista foi assassinado, (Mc 6,17-29). Do outro lado, o banquete de vida,
promovido por Jesus com o povo faminto da Galileia lá no deserto (Mc 6,30-44).
O evangelho de hoje só traz a introdução à multiplicação dos pães descrevendo o
ensino de Jesus.
* Marcos 6,30-32. O
acolhimento dado aos discípulos. “Os apóstolos se reuniram com Jesus e
contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Havia aí tanta gente que chegava e
saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer.
Então Jesus disse para eles: Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que
vocês descansem um pouco" Estes versículos mostram como Jesus formava seus
discípulos. Ele se preocupava não só com o conteúdo da pregação, mas também com
o descanso. Levou-os a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma
revisão.
* Marcos 6,33-34. O
acolhimento dado ao povo. O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro
lado do lago, e eles foram atrás dele procurando alcançá-lo andando por terra
até o outro lado. “Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve
compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar
muitas coisas para eles”. Ao ver aquela multidão, Jesus ficou com dó, “pois
eles estavam como ovelhas sem pastor”. Ele esqueceu o descanso e começou a
ensinar. Ao perceber o povo sem pastor, Jesus começou a ser pastor. Começou a
ensinar. Como diz o Salmo: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta! “Ele me guia
por bons caminhos, por causa do seu nome. Embora eu caminhe por um vale
tenebroso, nenhum mal temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado
me deixam tranquilo. Diante de mim preparas a mesa, à frente dos meus
opressores” (Sl 23,1.3-5).” Jesus queria descansar junto com os discípulos, mas
o desejo de atender à necessidade do povo levou-o a deixar de lado o descanso.
Algo semelhante aconteceu quando ele se encontrou coma a samaritana. Os
discípulos foram buscar comida. Quando voltaram, disseram a Jesus: “Mestre,
come alguma coisa!” (Jo 4,31), mas ele respondeu: “Eu tenho um alimento para
comer que vocês não conhecem” (Jo 4,32). O desejo de atender à necessidade do
povo samaritano levou-a a esquecer a fome. “Meu alimento é fazer a vontade
daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4,34). Em primeiro lugar o
atendimento ao povo que o procurava. A comida vem depois.
Então Jesus começou a ensinar
muitas coisas para eles. O evangelho
de Marcos muitas vezes informa que Jesus ensinava. O povo ficava impressionado:
“Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente dos escribas!” (Mc
1,22.27). Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o
costume dele (Mc 10,1). Por mais de quinze vezes Marcos diz que Jesus ensinava,
mas raramente diz o que ele ensinava. Será que Marcos não se interessava pelo
conteúdo? Depende do que a gente entende por conteúdo! Ensinar não é só uma
questão de ensinar verdades novas para o povo decorar. O conteúdo que Jesus
tinha para dar transparecia não só nas palavras, mas também nos gestos e no
próprio jeito de ele se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está
desligado da pessoa que o comunica. Jesus era uma pessoa acolhedora (Mc 6,34).
Queria bem ao povo. A bondade e o amor que transparecem nas suas palavras
faziam parte do conteúdo. Eram o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como
leite derramado. Este novo jeito de ensinar de Jesus manifestava-se de muitas
maneiras. Jesus aceita como discípulos não só homens, mas também mulheres.
Ensina não só na sinagoga, mas em qualquer lugar onde houvesse gente para
escutá-lo: na sinagoga, em casa, na praia, na montanha, na planície, no
caminho, no barco, no deserto. Não cria relacionamento de aluno-professor, mas
sim de discípulo-mestre. O professor dá aula e o aluno está com ele só durante
o tempo de aula. O mestre dá testemunho e o discípulo convive com ele 24 horas
por dia. É mais difícil ser mestre do que professor! Nós não somos alunos de
Jesus, mas sim discípulos e discípulas! O ensino de Jesus era uma comunicação
que transbordava da abundância do coração nas formas mais variadas: como
conversa que tenta esclarecer os fatos (Mc 9,9-13), como comparação ou parábola
que faz o povo pensar e participar (Mc 4,33), como explicação do que ele mesmo
pensava e fazia (Mc 7,17-23), como discussão que não foge do polêmico (Mc
2,6-12), como crítica que denuncia o falso e o errado (Mc 12,38-40). Era sempre
um testemunho do que ele mesmo vivia, uma expressão do seu amor! (Mt 11,28-30).
Para um confronto pessoal
1. Como você faz quando
deve ensinar aos outros algo da fé e da religião? Imita Jesus?
2. Jesus se preocupa não
só com o conteúdo, mas também com o descanso. Como foi o ensino de religião que
você recebeu na infância? As catequistas imitavam Jesus?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO