Bto
Francisco de Jesus, Maria e José, (Palau y Quer), presbítero de nossa Ordem
Bta
Josefa Naval Girbés, virgem da OTC
1ª
Leitura (Fl 3,3-8a): Irmãos: Os verdadeiros circuncidados somos nós, que
prestamos culto a Deus segundo o seu Espírito e nos gloriamos em Jesus Cristo,
sem confiarmos na carne. É verdade que eu também poderia confiar na carne. Se
alguém julga poder gloriar-se na carne, poderia eu com maior razão: Fui
circuncidado aos oito dias, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
filho de hebreus. Quanto à Lei judaica, era fariseu; quanto ao zelo, era
perseguidor da Igreja; quanto à justiça segundo a Lei, vivia irrepreensivelmente.
Mas tudo isso, que era para mim lucro, considerei-o como perda por causa de
Cristo. Mais ainda: considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com
o bem supremo, que é o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele,
renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar Cristo.
Salmo
Responsorial: 104
R. Exulte o coração dos que
procuram o Senhor.
Cantai salmos e hinos ao Senhor,
proclamai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu nome santo, exulte o
coração dos que procuram o Senhor.
Procurai o Senhor e o seu poder,
buscai sempre a sua face. Recordai as suas maravilhas, os seus prodígios e os
oráculos da sua boca.
Vós, descendentes de Abraão, seu
servo, filhos de Jacob, seu eleito, o Senhor é o nosso Deus e as suas sentenças
são lei em toda a terra.
Aleluia. Vinde a Mim, vós
todos que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.
Aleluia.
Evangelho
(Lc 15,1-10): Naquele tempo, Todos os publicanos e pecadores
aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém,
murmuravam contra ele. «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Então
ele contou-lhes esta parábola: «Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma,
não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até
encontrá-la? E quando a encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando em casa,
reúne os amigos e vizinhos, e diz: Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha
que estava perdida! Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador
que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de
conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende a
lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la? Quando a
encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: Alegrai-vos comigo! Encontrei a
moeda que tinha perdido! Assim, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de
Deus por um só pecador que se converte». E Jesus continuou. «Um homem tinha
dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte da herança que
me cabe. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais
novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo
numa vida desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma
grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade. Então, foi pedir
trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio cuidar dos porcos.
«Haverá no céu alegria por um
só pecador que se converte»
Rev. D. Francesc NICOLAU i Pous (Barcelona,
Espanha)
Hoje, o evangelista da
misericórdia de Deus nos expõe duas parábolas de Jesus que iluminam a conduta
divina para com os pecadores que regressam ao bom caminho. Com a imagem tão
humana da alegria, nos revela a bondade de Deus que se alegra com o retorno de
quem havia se afastado do pecado. É como um retorno à casa do Padre (como dirá
mais explicitamente em Lc 15,11-32). O Senhor não veio para condenar o mundo, e
sim para salvá-lo (cf. Jo 3,17), e fez tudo isso acolhendo aos pecadores que
com plena confiança. «Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para
ouvi-lo» (Lc 15,1), já que Ele lhes curava a alma como um médico cura o corpo
dos enfermos (cf. Mt 9,12). Os fariseus eram tidos como boas pessoas e não
sentiam necessidade do médico, e por eles -disse o evangelista- que Jesus
propôs as parábolas que hoje lemos.
Se nós nos sentimos
espiritualmente enfermos, Jesus nos atenderá e se alegrará de que acudamos a
Ele. Contudo, se nós, como os orgulhosos fariseus pensássemos que não era
necessário pedir perdão, o Médico divino não poderia obrar em nós. Sentirmos
pecadores, o faremos cada vez que recitamos o Pai Nosso, pois ao rezar dizemos
«perdoa nossas ofensas...». e quanto devemos agradecer que o faça! Quanto
agradecimento também devemos sentir pelo sacramento da reconciliação que pôs ao
nosso alcance tão compassivamente! Que a soberbia não nos faça menosprezar.
Santo Agostinho nos disse que Jesus Cristo, Deus Homem, nos deu exemplo de
humildade para curar-nos do tumor da soberbia, «já que grande miséria é o homem
soberbo, mas maior é a misericórdia de Deus humilde».
Digamos ainda que a lição que
Jesus dá aos fariseus é exemplar também para nós; não podemos nos afastar de
nós os pecadores. O Senhor quer que nos amemos como Ele nos amou (cf. Jo 13,34)
e devemos sentir grande gozo quando possamos levar uma ovelha errante ao redil
ou recobrar uma moeda perdida.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Nisto reside a maravilhosa
misericórdia de Deus para conosco: em que Cristo não morreu pelos justos ou
pelos santos, mas pelos pecadores e pelos ímpios» (São Leão Magno)
«O bom pastor, o bom cristão sai,
está sempre de saída: sai de si mesmo, sai para Deus, na oração, na adoração;
ele está a serviço dos outros para levar a mensagem da salvação» (Francisco)
«Os ministros ordenados são
também responsáveis pela formação na oração dos seus irmãos e irmãs em Cristo.
Servos do Bom Pastor, são ordenados para guiar o povo de Deus até às fontes
vivas da oração: a Palavra de Deus, a Liturgia, a vida teologal, o «hoje» de
Deus nas situações concretas (36)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.686)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz as
primeiras duas das três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra.
Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc
15,8-10), e filho perdido (Lc 15,11-32). As três parábola são dirigidas para os
fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são
dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.
* Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas.
Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas
as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam
de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a
Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do
outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de
exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o
escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is
50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim
acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem
acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois
discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e
possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
* Lucas 15,4: Parábola da
ovelha perdida. A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta:
"Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa
e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes
de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como
responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser
positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia?
Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que
se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus,
aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor
um passarinho na mão do que dez voando!”
* Lucas 15,5-7: Jesus
interpreta a parábola da ovelha perdida. Ora, na parábola o dono das
ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só
Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba
que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam
os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam
que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se
perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele
contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser
acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido,
pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras
ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu
haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e
nove justos que não precisam de conversão."
* Lucas 15,8-10: Parábola da
moeda perdida. A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de
prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura
cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e
vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha
perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só
pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres
conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de
desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no
livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu
és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)
Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da
ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja
de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?
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