sábado, 12 de outubro de 2024

14 de outubro - NOSSA SENHORA DIVINA PASTORA - Padroeira do Estado de Sergipe

1ª Leitura (Gal 4,22-24.26-27.31—5,1):
Irmãos: Como está escrito, Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da mulher livre. O da escrava nasceu segundo a natureza e o da mulher livre em virtude da promessa. Há nisto uma alegoria. As mulheres representam as duas alianças. A primeira, concluída no monte Sinai, gera para a escravidão: é Agar. Mas a Jerusalém do alto é livre, e esta é a nossa mãe. Porque está escrito: «Alegra-te, ó estéril, que não davas à luz; rejubila e canta de alegria, tu que não conheceste as dores da maternidade, porque os filhos da abandonada são mais numerosos que os daquela que tem marido». Por isso, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da mulher livre. Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não torneis a sujeitar-vos ao jugo da escravidão.
 
Salmo Responsorial: 112
R. Bendito seja o nome do Senhor para sempre.
 
Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre.
 
Desde o nascer ao pôr do sol, seja louvado o nome do Senhor. O Senhor domina sobre todos os povos, a sua glória está acima dos céus.
 
Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra? Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para o fazer sentar com os grandes do seu povo.
 
Aleluia. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 11,29-32): Acorrendo as multidões em grande número, Jesus começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão; pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas».
 
«Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal»
 
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San Domenico di Fiesole, Florença, Itália)

Hoje, a voz doce ainda que severa de Cristo põe em guarda os que estão convencidos de já ter o bilhete para o Paraíso só porque dizem: «Jesus, és tão belo!». Cristo pagou o preço da nossa salvação sem excluir ninguém, mas é necessário observar algumas condições básicas. E, entre outras, está a de não pretender que Cristo faça tudo e nós nada. Isso seria não somente necedade, mas também perversa soberba. Por isso o Senhor usa hoje a palavra perversa: «Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas» (Lc 11,29). Dá-lhe o nome de perversa porque põe a condição de ver antes milagres espetaculares, para dar depois a sua eventual e condescendente adesão.
 
Nem diante dos conterrâneos de Nazaré acedeu, porque exigentes! pretendiam que Jesus assinalasse a sua missão de profeta e Messias com maravilhosos prodígios, que eles queriam saborear como espectadores sentados na poltrona de um cinema. Mas isso não pode ser: O Senhor oferece a salvação, mas só àquele que se sujeita a Ele mediante uma obediência que nasce da fé, que espera e cala. Deus pretende essa fé antecedente (que no nosso interior Ele mesmo pôs como uma semente de graça).
 
Uma testemunha contra os crentes que mantêm uma caricatura da fé será a rainha do sul, que se deslocou desde os confins da terra para escutar a sabedoria de Salomão e, acontece que «aqui está quem é mais do que Salomão» (Lc 11,31). Diz um provérbio que «não há pior surdo do que o que não quer ouvir». Cristo, condenado à morte, ressuscitará ao terceiro dia: a quem o reconheça, propõe-lhe a salvação, enquanto para os outros -regressando como um Juiz- não haverá nada a fazer, a não ser ouvir a condenação por incredulidade obstinada. Aceitemo-lo com fé e amor adiantados. O reconheceremos e nos reconhecerá como seus. Dizia o Servo de Deus Dom Alberione: «Deus não gasta a luz: acende as lâmpadas na medida que façam falta, mas sempre em tempo oportuno».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Da mesma forma que Salomão construiu aquele Templo, o verdadeiro Salomão também construiu um Templo: Cristo é o verdadeiro Salomão!» (Santo Agostinho)
 
«Ainda hoje, para as “Nínives modernas”, Deus procura mensageiros de penitência. Teremos a coragem, a fé profunda, a credibilidade necessária para alcançar os corações e abrir as portas à conversão?» (Bento XVI)
 
«Só a identidade divina da pessoa de Jesus é que pode justificar uma exigência tão absoluta como esta: ‘Quem não está comigo, está contra Mim’ (Mt 12, 30); o mesmo se diga de quando Ele afirma ser mais que Jonas, mais que Salomão, mais que o Templo (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 590)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* O evangelho de hoje traz uma acusação muito forte de Jesus contra os fariseus e os escribas.
Eles queriam que Jesus lhes desse um sinal, pois não acreditavam nos sinais e milagres que ele estava realizando. Esta acusação de Jesus continua nos evangelhos dos próximos dias. Ao meditarmos estes evangelhos, devemos tomar muito cuidado para não generalizar a acusação de Jesus como se fosse dirigida contra todo o povo judeu. No passado, a ausência deste cuidado contribuiu, lamentavelmente, para aumentar em nós cristãos o antissemitismo que tantos males trouxe à humanidade ao longo dos séculos. Em vez de levantarmos o dedo contra os fariseus do tempo de Jesus, é melhor olharmos no espelho dos textos para perceber neles o fariseu que vive escondido na nossa igreja e em cada um de nós, e que merece a mesma crítica da parte de Jesus.
 
*  Lucas 11, 29-30: O sinal de Jonas. “Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”. O evangelho de Mateus informa que eram os escribas e os fariseus que pediram um sinal (Mt 12, 38). Queriam que Jesus realizasse para eles um sinal, um milagre, para que pudessem verificar se ele era mesmo o enviado de Deus conforme eles o imaginavam. Queriam que Jesus se submetesse aos critérios deles. Queriam enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não havia neles abertura para uma possível conversão. Mas Jesus não se submeteu ao pedido deles. O evangelho de Marcos diz que Jesus, diante do pedido dos fariseus, soltou um profundo suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas. “De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração”. Como será este sinal do Filho do Homem? O evangelho de Mateus responde: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). O único sinal será a ressurreição de Jesus. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos escribas e fariseus. Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem. O sinal que converte não são os milagres, mas sim o testemunho de vida!
 
* Lucas 11,31: Salomão e a rainha do Sul. A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar a conversão da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.
 
* Lucas 11,32: Aqui está quem é maior do que Jonas. Depois da digressão sobre Salomão e a Rainha de Sabá, Jesus volta a falar do sinal de Jonas: “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a incredulidade dos escribas e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”. Jesus é maior que Jonas, maior que Salomão. Para nós cristãos, ele é a chave principal para a escritura (2Cor 3,14-18).
 
Para um confronto pessoal
1) Jesus criticou os escribas e os fariseus que chegavam a negar a evidência, tornando-se incapazes de reconhecer o apelo de Deus nos acontecimentos. E nós cristãos hoje, e eu: merecemos a mesma crítica de Jesus?
2) Nínive se converteu diante da pregação de Jonas. Os escribas e fariseus não se converteram. Hoje, os apelos da realidade provocam mudança e conversão nos povos do mundo inteiro: ameaça ecológica, urbanização que desumaniza, consumismo que massifica e aliena, injustiças, violência, etc. Muitos de nós cristãos vivemos alheios a estes apelos de Deus que vem da realidade.

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