Sto. Afonso Rodríguez, religioso
1ª
Leitura (Ef 6,10-20): Irmãos: Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu
poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para poderdes resistir às ciladas do
demónio. Porque nós não temos de lutar contra adversários de carne e osso, mas
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo de
trevas, contra os espíritos do mal que habitam as regiões celestes. Portanto,
irmãos, tomai a armadura de Deus, para poderdes resistir no dia mau e
perseverar firmes, superando todas as provas. Permanecei bem firmes, de rins
cingidos com o cinturão da verdade, revestidos com a couraça da justiça, de pés
calçados com o zelo de anunciar o Evangelho da paz. Tende sempre nas mãos o
escudo da fé, com o qual podereis apagar as setas inflamadas do Maligno. Tomai
o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orai em
todo o tempo, movidos pelo Espírito Santo, com toda a espécie de orações e
súplicas. Perseverai nas vossas vigílias, com preces por todos os cristãos. Orai
também por mim, para que, ao falar, me seja concedida a palavra, a fim de
anunciar com firmeza o mistério do Evangelho, do qual sou embaixador nas minhas
algemas. Possa eu de facto anunciá-lo com firmeza, como é meu dever.
Salmo
Responsorial: 143
R. Bendito seja o Senhor,
rochedo do meu refúgio.
Bendito seja o Senhor, o rochedo
do meu refúgio, que adestra as minhas mãos para a luta e os meus dedos para o
combate.
O Senhor é meu amparo e minha
cidadela, meu baluarte e meu libertador. Ele é meu escudo e meu abrigo e
submete os povos ao meu poder.
Hei de cantar-Vos, meu Deus, um
cântico novo, hei de celebrar-Vos ao som da harpa, a Vós que dais aos reis a
vitória e salvastes David, vosso servo.
Aleluia. Bendito o que vem em
nome do Senhor: Paz no céu e glória nas alturas. Aleluia.
Evangelho
(Lc 13,31-35): Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a
Jesus: Sai daqui, porque Herodes quer te matar. Ele disse: Ide dizer a essa
raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia
chegarei ao termo. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de
amanhã, pois não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas
vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo
das asas, mas não quiseste! Vede, vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo:
não mais me vereis, até que chegue o tempo em que digais: Bendito aquele que
vem em nome do Senhor.
«Jerusalém, Jerusalém! Quantas
vezes eu quis reunir teus filhos, mas não quiseste!»
Rev. D. Àngel Eugeni PÉREZ i
Sánchez (Barcelona, Espanha)
Hoje podemos admirar a firmeza de
Jesus no cumprimento da missão encomendada pelo Pai do céu. Ele não se deteve
por nada: Eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã (Lc 13,32). Com esta
atitude, o Senhor marcou a pauta de conduta que ao longo dos séculos seguiriam
os mensageiros do Evangelho ante as persecuções: não se dobrar ante o poder
temporário. Santo Agostinho disse que, em tempo de persecuções, os pastores não
devem abandonar os fiéis: nem os que sofrerão o martírio nem os que
sobreviverão como o Bom Pastor, que quando vê que vem o lobo, não abandona o
rebanho, senão que o defende. Mas visto o fervor com que todos os pastores da
Igreja se dispunham a derramar o seu sangue, indica que o melhor será jogar a
sorte quem dos clérigos se entregarão ao martírio e quais se porão a salvo para
logo cuidarem dos sobreviventes.
Na nossa época, com frequência,
nos chegam notícias de persecuções religiosas, violências tribais ou revoltas
étnicas em países do Terceiro Mundo. As embaixadas ocidentais aconselham aos
seus concidadãos que abandonem a região e repatriem o seu pessoal. Os únicos
que permanecem são os missioneiros e as organizações de voluntários, porque
para eles pareceria uma traição abandonar os seus em momentos difíceis.
Jerusalém, Jerusalém, que matas
os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir
teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas não
quiseste! (Lc 13,34-35). Esse lamento do Senhor produz em nós, os cristãos do
século XXI, uma tristeza especial, devido ao sangrento conflito entre judeus e
palestinos. Para nós, essa região do Próximo Oriente é a Terra Santa, a terra
de Jesus e de Maria. E o clamor pela paz em todos os países deve ser mais
intenso e sentido pela paz em Israel e Palestina.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Deus pede-te fé, não quer a tua
morte; Ele anseia pela tua entrega, não pelo teu sangue; é apaziguado, não com
a tua morte; mas com a tua boa vontade» (São Pedro Crisólogo)
«Jerusalém é a esposa, é a noiva
do Senhor: Ele a amava muito! Mas ela não percebe as visitas do Senhor e faz o
Senhor chorar. Jerusalém cai por distração, por não receber o Senhor que vem
salvá-la» (Francisco)
«(…) nas vésperas da sua paixão,
Jesus anunciou a ruína deste esplêndido edifício, do qual não ficaria pedra
sobre pedra (381). Há aqui o anúncio dum sinal dos últimos tempos, que vão
iniciar-se com a sua própria Páscoa (382) (…)» (Catecismo da Igreja Católica,
nº 585)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje nos
faz sentir o contexto ameaçador e perigoso no qual Jesus vivia e trabalhava.
Herodes, o mesmo que tinha matado João Batista, quer matar Jesus.
* Lucas 13,31: O aviso dos
fariseus a Jesus. “Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e
disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te
matar". É importante notar que Jesus recebeu o aviso da parte dos
fariseus. Algumas vezes, os fariseus estão juntos com o grupo de Herodes
querendo matar Jesus (Mc 3,6; 12,13). Mas aqui, eles são solidários com Jesus e
querem evitar a morte dele. Naquele tempo, o poder do rei era absoluto. Ele não
prestava conta a ninguém da sua maneira de governar. Herodes já tinha matado a
João Batista e agora está querendo acabar também com Jesus.
* Lucas 13,32-33: A resposta
de Jesus. “Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios,
e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. A
resposta de Jesus é muito clara e corajosa. Ele chama Herodes de raposa. Para
anunciar o Reino Jesus não depende da licença das autoridades políticas. Ele
até manda um recado informando que vai continuar seu trabalho hoje e amanhã e
que só vai embora depois de amanhã, isto é, no terceiro dia. Nesta resposta
transparece a liberdade de Jesus frente ao poder que queria impedi-lo da
realizar a missão recebida do Pai. Pois quem determina os prazos e a hora é
Deus e não Herodes! Ao mesmo tempo, na resposta transparece um certo simbolismo
relacionado com a morte e a ressurreição ao terceiro dia em Jerusalém. E para
dizer que não vai ser morto na Galileia, mas sim em Jerusalém, capital do seu
povo, e que vai ressuscitar no terceiro dia.
* Lucas 13,34-35: Lamento de
Jesus sobre Jerusalém. "Jerusalém, Jerusalém, você que mata os
profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir
seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não
quis!” Este lamento de Jesus sobre a
capital do seu povo evoca a longa e triste história da resistência das
autoridades aos apelos de Deus que chegavam a elas através de tantos profetas e
sábios. Em outro lugar Jesus fala dos profetas perseguidos e mortos desde Abel
até Zacarias (Lc 11,51). Chegando em Jerusalém pouco antes da sua morte,
olhando a cidade do alto do Monte das Oliveiras, Jesus chora sobre ela, porque
ela não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 19,44).
Para um confronto pessoal
1) Jesus qualifica o poder
político como raposa. O poder político do seu país merece esta qualificação?
2) Jesus tentou muitas
vezes converter o povo de Jerusalém, mas as autoridades religiosas resistiram.
E eu, quanto vezes resisti?
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