Sto.
Tomás de Villanova, bispo
1ª
Leitura (Gal 3,1-5): Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou, depois de
ter sido apresentada aos vossos olhos a imagem de Jesus Cristo crucificado? Só
quero que me respondais ao seguinte: Foi por cumprirdes as obras da Lei de
Moisés que recebestes o Espírito Santo, ou por que ouvistes a mensagem da fé?
Sois tão insensatos que, tendo começado com o Espírito, acabais agora na carne?
Foi em vão que recebestes tantos dons? Se é que foi em vão! Aquele que vos dá o
Espírito e realiza milagres entre vós procede assim por cumprirdes as obras da
Lei de Moisés, ou por que ouvistes a mensagem da fé?
Salmo
Responsorial: Lc 1
R. Bendito seja o Senhor, Deus
de Israel, que visitou e redimiu o seu povo.
O Senhor nos deu um Salvador
poderoso, na casa de David, seu servo, como prometeu pela boca dos seus santos,
os profetas dos tempos antigos;
Para nos libertar dos nossos
inimigos e das mãos daqueles que nos odeiam; para mostrar a sua misericórdia a
favor dos nossos pais, recordando a sua sagrada aliança:
O juramento que fizera a Abraão,
nosso pai, que nos havia de conceder esta graça: de O servirmos um dia, sem
temor, livres das mãos dos nossos inimigos, em santidade e justiça na sua
presença, todos os dias da nossa vida.
Aleluia. Abri, Senhor, o nosso
coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho
(Lc 11,5-13): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Imaginai
que um de vós tem um amigo e, à meia-noite, o procura, dizendo: Amigo,
empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe
oferecer. O outro responde lá de dentro: ?Não me incomodes. A porta já está
trancada. Meus filhos e eu já estamos deitados, não posso me levantar para te
dar os pães?. Digo-vos: mesmo que não se levante para dá-los por ser seu amigo,
vai levantar-se por causa de sua impertinência e lhe dará quanto for necessário.
Portanto, eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a
porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra;
e a quem bate, a porta será aberta. Algum de vós que é pai, se o filho pedir um
peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto
mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!».
«O Pai do céu dará o Espírito
Santo aos que lhe pedirem»
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona,
Espanha)
Hoje, o Evangelho é uma catequese
de Jesus a respeito da oração. Afirma solenemente que o Pai sempre a escuta:
«Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será
aberta» (Lc 11,9).
As vezes podemos pensar que a
prática nos mostra que isso não sempre acontece, que não sempre age assim. É
necessário rezar com as atitudes corretas!
A primeira é a constância, a
perseverança. Devemos rezar sem nos desanimar nunca, no obstante nos pareça que
nossa súplica bate com um rechaço, ou que não é escutada imediatamente. É a
atitude daquele homem inoportuno que a meia noite vai lhe pedir um favor ao seu
amigo. Com sua insistência recebe os pães que precisa. Deus é o amigo que
escuta desde dentro a quem é constante. Havemos de confiar em que acabará por
nos dar o que pedimos, porque além de ser amigo, é Pai.
A segunda atitude que Jesus nos
ensina é a confiança e o amor dos filhos. A paternidade de Deus ultrapassa
imensamente à humana, que é limitada e imperfeita: «Ora, se vós, que sois maus,
sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu ... !» (Lc
11,13).
Terceira: Havemos de pedir
principalmente o Espírito Santo e não somente coisas materiais. Jesus nos anima
a pedi-lo, assegurando-nos que o receberemos: «...quanto mais o Pai do céu dará
o Espírito Santo aos que lhe pedirem!» (Lc 11,13). Esta petição sempre é
escutada. É como pedir a graça da oração, já que o Espírito Santo é sua fonte e
origem.
O beato frade Gil de Asís, colega
de São Francisco, resume a ideia de esse Evangelho quando diz: «Reze com
fidelidade e devoção, porque uma graça que Deus não lhe deu uma vez, pode dá-la
em outra ocasião. Por sua conta põe humildemente toda a mente em Deus e, Deus
porá em você sua graça, conforme lhe praza».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«A tua verdade disse que se
chamarmos nos responderão, que se pedirmos, receberemos: — Ó Pai Eterno, os
teus servos clamam. Responde-lhes!» (Santa Catarina de Sena)
«Quando precisamos de ajuda,
Jesus não nos diz para nos resignarmos e fecharmo-nos em nós mesmos, mas para
nos voltarmos para o Pai e Lhe pedirmos com confiança todas as nossas
necessidades, desde aquelas que são mais evidentes e cotidianas» (Francisco)
«O Espírito Santo, que ensina a
Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, também a educa para a vida de
oração, suscitando expressões que se renovam no âmbito de formas permanentes:
bênção, petição, intercessão, ação de graças e louvor.» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 2644)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje dá
continuidade ao assunto da oração, iniciado ontem com o ensinamento do Pai
Nosso (Lc 11,1-4). Hoje Jesus ensina que devemos rezar com fé e
insistência, sem esmorecer. Para isto ele usa uma parábola provocadora.
* Lucas 11,5-7: A parábola que
provoca. Como de costume, quando ele tem uma coisa importante para ensinar,
Jesus recorre a uma comparação, uma parábola. Hoje ele nos conta uma história
curiosa que termina em pergunta, e ele dirige esta pergunta ao povo que o
escutava e também a nós que hoje lemos ou escutamos a história: "Se alguém
de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: 'Amigo, me
empreste três pães, porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para
oferecer a ele'. Será que lá de dentro o outro responderia: 'Não me amole! Já
tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para
lhe dar os pães?” Antes de Jesus mesmo
dar a resposta, ele quer que você dê a sua opinião. O que você responderia: sim
ou não?
* Lucas 11,8: Jesus mesmo
responde à provocação. Jesus dá a sua resposta: “Eu declaro a vocês: mesmo
que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai
levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo
necessita”. Se não fosse Jesus, será que você teria a coragem de inventar uma
história na qual se sugere que Deus atende às nossas orações para ver-se livre
da amolação? A resposta de Jesus reforça a mensagem sobre a oração, a saber:
Deus atende sempre à nossa oração. Esta parábola lembra a outra, também em Lucas,
da viúva que insiste em conseguir seus direitos junto ao juiz ateu que não se
importa com Deus nem com a justiça e que atende à viúva não porque quer ser
justo, mas porque quer ver-se livre da amolação da mulher (Lc 18,3-5). Em
seguida, Jesus tira duas conclusões para aplicar a mensagem da parábola na
vida.
* Lucas 11,9-10: A primeira
aplicação da Parábola. “Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado!
Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois, todo aquele
que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”.
Pedir, procurar, bater! Jesus não coloca condição. Se você pedir, vai receber.
Se você procurar, vai encontrar. Se você bater na porta, ela vai ser aberta.
Jesus não diz quanto tempo vai durar o pedir, o buscar, o bater, mas é certo
que vai ter resultado.
* Lucas 11,11-12: A segunda
aplicação da parábola. “Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe
pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe
dar um escorpião?” Esta segunda
aplicação deixa transparecer o público que escutava as palavras de Jesus e
também o jeito de ele ensinar em forma de diálogo. Ele pergunta: “Vocês que são
pais, quando o filho pede um peixe, vocês dão uma cobra?” O povo responde:
“Não!” – “E se pede um ovo, vocês dão um escorpião?” - “Não!”
Por meio do diálogo, Jesus envolve as pessoas na comparação e, pela
resposta que recebe delas, ele as compromete com a mensagem da parábola.
* Lucas 11,13: A mensagem:
receber o dom do Espírito Santo. “Se vocês, que são maus, sabem dar coisas
boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles
que o pedirem." O dom máximo que
Deus tem para nós é o dom do Espírito Santo. Quando fomos criados, ele soprou o
seu espírito nas nossas narinas e nós nos tornamos um ser vivente (Gn 2,7). Na
segunda criação através da fé em Jesus, ele nos dá novamente o Espírito, o
mesmo Espírito que fez com que a Palavra se encarnasse em Maria (Lc 1,35). Com
a ajuda do Espírito Santo, o processo da encarnação da Palavra continuou até à
hora da morte da Cruz. No fim, na hora da morte, Jesus devolveu o Espírito ao
Pai: “Em tuas mãos entrega o meu espírito” (Lc 23,46). É este Espírito que
Jesus nos prometeu como fonte de verdade e de compreensão (Jo 14,14-17; 16,13),
e como ajuda no meio das perseguições (Mt 10,20; At 4,31). Este Espírito não se
compra a preço de dinheiro nos shopping centros. A única maneira de consegui-lo
é através da oração. Foram nove dias de oração que conseguiu o dom abundante do
Espírito no dia de Pentecostes (At 1,14; 2,1-4).
Para um confronto pessoal
1) Como você responde à
provocação da parábola? Uma pessoa que vive num apartamento pequeno em cidade
grande, como ela responderia? Abriria a porta?
2) Quando você reza, reza
com a convicção de conseguir o que pede?
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