S. João Gabriel Perboyre, presbítero e mártir
Bta Mª de Jesus Lopez Rivas, Virgem de nossa Ordem
1ª
Leitura (Col 1,24—2,3): Irmãos: Agora alegro-me com os sofrimentos que
suporto por vós e completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em
benefício do seu corpo que é a Igreja. Dela me tornei ministro, em virtude do
cargo que Deus me confiou a vosso respeito, isto é, anunciar-vos em plenitude a
palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi
agora manifestado aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer em que
consiste, entre os gentios, a glória inestimável deste mistério: Cristo no meio
de vós, esperança da glória. E nós O anunciamos, advertindo todos os homens e
instruindo-os em toda a sabedoria, a fim de os apresentarmos todos perfeitos em
Cristo. É para isso que eu trabalho, combatendo com o apoio da sua força, que atua
em mim poderosamente. Quero que saibais como é grande a luta que sustento por
vós, pelos de Laodiceia e por tantos outros que não me viram pessoalmente. Luto
para que os seus corações sejam confortados e, estreitamente unidos na
caridade, alcancem em toda a sua riqueza a plenitude da inteligência, o
conhecimento do mistério de Deus, que é Cristo, no qual estão escondidos todos
os tesouros da sabedoria e da ciência.
Salmo
Responsorial: 61
R. Em Deus está a minha
salvação e a minha glória.
Só em Deus descansa a minha alma,
d’Ele vem a minha esperança. Ele é meu refúgio e salvação, minha fortaleza:
jamais serei abalado.
Povo de Deus, em todo o tempo
ponde n’Ele a vossa confiança, desafogai em sua presença os vossos corações.
Deus é o nosso refúgio.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,6-11): Num outro sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a
ensinar. Lá estava um homem que tinha a mão direita seca. Os escribas e os
fariseus observavam Jesus, para ver se ele faria uma cura no dia de sábado, a
fim de terem motivo para acusá-lo. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse ao homem da mão seca: Levanta-te e fica aqui no meio! Ele se levantou e
ficou de pé. Jesus disse-lhes: Eu vos pergunto: em dia de sábado, o que é
permitido, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?
Passando o olhar sobre todos eles, Jesus disse ao homem: Estende a mão! O homem
assim o fez e a mão ficou curada. Eles se encheram de raiva e começaram a
discutir entre si sobre o que fariam contra Jesus.
«Levanta-te e fica aqui no
meio (...). Estende a mão»
P. Júlio César RAMOS González SDB
(Mendoza, Argentina)
Hoje Jesus nos dá exemplo de
liberdade. Falamos muitíssimo dela nos nossos dias. Mas a diferença do que hoje
se apregoa e até se vive como liberdade, a de Jesus, é uma liberdade totalmente
associada e aderida à ação do Pai. Ele mesmo dirá: Vos garanto que o Filho do
homem não pode fazer nada por si só e sim somente o que vê o Pai fazer; o que
faz o Pai, faz o Filho (Jo 5,19). E o Pai só obra, só age por amor.
O amor não se impõe, mas faz
agir, mobiliza devolvendo com amplidão a vida. Aquele mandato de Jesus:
Levanta-te e fica aqui no meio (Lc 6,8); tem a força recriadora daquele que
ama, e pela palavra age. Mas ainda, o outro: Estende tua mão,(Lc 6,10), que
termina conseguindo o milagre, restabelece definitivamente a força e a vida
daquele que estava débil e morto. Salvar é arrancar da morte e, é a mesma
palavra que se traduz por sanar. Jesus curando, salva o que havia de morto
nesse pobre homem doente, e isso é um claro signo do amor de Deus Pai para com
suas criaturas. Assim, na nova criação onde o Filho não faz outra coisa mais do
que vê fazer ao Pai, a nova lei que imperará será a do amor que se põe em obra
e, não a de um descanso que inativa, inclusive, para fazer o bem ao irmão
necessitado.
Então, liberdade e amor
conjugados é a chave para hoje. Liberdade e amor conjugados à maneira de Jesus.
Aquilo de: ama e faz o que queiras, de Santo Agostinho tem hoje vigência plena,
para aprender a configurar-se totalmente com Cristo Salvador.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O projeto de Deus vai além da
capacidade de conhecimento e compreensão do homem, mas, pelo contrário, só Ele
conhece os nossos pensamentos, as nossas ações e até o nosso futuro» (S. João
Damasceno)
«Sem a ideia do Redentor, não se
pode suportar a verdade da própria culpa e recorre-se à primeira falsidade: a
cegueira dessa culpa, da qual nascem todas as outras falsidades e, finalmente,
a incapacidade geral de enfrentar a verdade» (Bento XVI)
«(…)Cheio de compaixão, Cristo
autoriza-Se, em dia de sábado, a fazer o bem em vez do mal, a salvar uma vida
antes que perdê-la (87). O sábado é o dia do Senhor das misericórdias e da
honra de Deus (88). ‘O Filho do Homem é Senhor do próprio sábado’ (Mc 2,28)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 2.173)
Reflexão
• Contexto. Esta passagem
apresenta Jesus curando um homem que tinha uma das mãos atrofiada. Ao contrário
do contexto dos capítulos 3-4, onde Jesus aparece sozinho, aqui Jesus aparece
rodeado por seus discípulos e mulheres que o acompanhavam. Nos estágios
iniciais desta jornada, o leitor encontrará diferentes formas de ouvir a
palavra de Jesus, seguindo o que em última análise, poderia ser resumida em
duas experiências que exigem, por sua vez, dois tipos de aproximação para
Jesus: a de Pedro (5,1-11) e a do centurião (7,1-10). Pedro encontra Jesus
depois da pesca milagrosa. Jesus o convida para ser um pescador de homens, e
Pedro cai depois ajoelhando-se diante de Jesus: "Afasta-te de mim, Senhor,
porque sou um homem pecador" (5,8). O centurião não tem comunicação direta
com Jesus: ouviu falar coisas boas sobre Jesus e, por isso envia-lhe
intermediários para pedir a cura de seu servo que está morrendo; ele não pede
algo para si, mas sim para uma pessoa muito querida. A figura de Pedro
representa a atitude daquele que, sentindo-se pecador, coloca seu trabalho sob
a influência da Palavra de Jesus. O centurião, mostrando sua solicitude pelo
servo, aprende a ouvir a Deus. Pois bem, a cura do homem com a mão seca se
coloca entre estas vias ou atitudes que caracterizam a itinerância da vida de
Jesus. O milagre ocorre em um contexto de discussão ou controvérsia: as espigas
arrancadas no sábado e uma cura também no sábado, precisamente a mão atrofiada.
Entre as duas discussões, a palavra de Jesus desempenha um papel crucial: "O
Filho do Homem é senhor do sábado" (6,5). Indo para a nossa passagem,
perguntamo-nos o que significa esta mão atrofiada? É um símbolo da salvação do
homem que é conduzido à sua situação original, a da criação. Além disso, a mão
direita expressa atividade humana. Jesus devolve a este dia, o sábado, seu
sentido mais profundo: é o dia da alegria, da restauração e não da limitação. O
sábado Jesus que apresenta é o sábado messiânico, não o sábado legalista; as
curas realizadas por ele são sinais do tempo messiânico, da restauração e
libertação do homem.
• Dinâmica do milagre.
Lucas coloca diante de Jesus um homem com uma mão sem força, seca, paralisada.
Ninguém se interessa em pedir a sua cura e menos ainda ele diretamente está
interessado. Mas a doença não era apenas um problema individual, mas os seus
efeitos repercutem em toda a comunidade. Neste relato não emerge tanto o
problema da doença, mas sim a sua relação com o sábado. Jesus é criticado
porque ele curou em dia de sábado. A diferença entre Jesus e os fariseus
consiste em que estes, em dia de sábado, não trabalham com base no mandamento
do amor que é a essência da lei. Jesus, depois de ordenar ao homem para se pôr
no meio da assembleia, faz uma pergunta decisiva: "É lícito curar no
sábado, ou não?". Os espaços de resposta são reduzidos: curar ou não curar
(v. 9). Imagine a dificuldade dos fariseus: tinham que excluir que num sábado
se pudesse fazer o mal ou conduzir o homem à perdição e menos ainda curar,
visto que ajudar no sábado somente era permitido em casos de extrema
necessidade. Os fariseus se sentem provocados e isto por sua vez provoca sua
agressividade. Aparece evidente que a intenção de Jesus ao curar no sábado é
procurar o bem do homem, a pessoa que está doente. Esta motivação de amor nos
convida a refletir sobre o nosso comportamento e fundamentá-lo no comportamento
de Jesus que salva. Jesus não presta atenção apenas para a cura do enfermo, mas
também está interessado no comportamento dos adversários: curá-los de sua
distorcida atitude ao observar a lei. Observar o sábado sem ajudar o próximo em
suas doenças não está em conformidade com a vontade de Deus. Para o
evangelista, a função do sábado é fazer o bem, salvar como Jesus fez em sua
vida terrena.
Para um confronto pessoal
1. Você se sente
interpelado pelas palavras de Jesus? Como você se compromete em seu serviço à
vida? Você sabe criar condições para que o outro viva melhor?
2. Você sabe colocar no
centro da sua atenção a todos os homens e suas necessidades?
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