sexta-feira, 11 de agosto de 2023

XIX domingo do Tempo Comum

Nossa Senhora del Olvido, Triunfo e Misericórdias
Santa Dulce dos Pobres, virgem
 
1ª Leitura (1Re 19,9a.11-13a):
Naqueles dias, o profeta Elias chegou ao monte de Deus, o Horeb, e passou a noite numa gruta. O Senhor dirigiu-lhe a palavra, dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor». Então, o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa. Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta.
 
Salmo Responsorial: 84
R. Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação.
 
Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quantos de coração a Ele se convertem. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra.
 
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu.
 
O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.
 
2ª Leitura (Rom 9,1-5): Irmãos: Em Cristo digo a verdade, não minto, e disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo: Sinto uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração. Quisera eu próprio ser anátema, separado de Cristo para bem dos meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, que são israelitas, a quem pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, a quem pertencem os Patriarcas e de quem procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos. Amém.
 
Aleluia. Eu confio no Senhor, a minha alma espera na sua palavra. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 14,22-33): Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá, sozinho. O barco, entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento era contrário. Nas últimas horas da noite, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: «É um fantasma». E gritaram de medo. Mas Jesus logo lhes falou: «Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!». Então Pedro lhe disse: «Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água». Ele respondeu: «Vem!». Pedro desceu do barco e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: «Senhor, salva-me!». Jesus logo estendeu a mão, segurou-o e lhe disse: «Homem de pouca fé, por que duvidaste?”. Assim que subiram no barco, o vento cessou. Os que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: «Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!».
 
«Começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!»
 
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, a experiência de Pedro reflexa situações que nós também experimentamos alguma vez. Quem não viu fazer águas os seus projetos e não experimentou a tentação do desânimo ou da desesperação? Em circunstâncias assim, devemos reavivar a fé e dizer como o salmista: «Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e dá-nos a tua salvação» (Sal 85,8).
 
Para a mentalidade antiga, o mar era o lugar onde habitavam as feras do mal, o reino da morte, ameaçador para o homem. Ao “caminhar sobre a água” (cf. Mt 14,25), Jesus indica-nos que com a sua morte e ressurreição triunfa sobre o poder do mal e da morte, que nos ameaça e procura destroçar-nos. Nossa existência, não é também como uma frágil embarcação, sacudida pelas ondas que atravessa o mar da vida e que espera chegar a uma meta que tenha sentido?
 
Pedro creia ter uma fé clara e uma força muito consistente, mas «começando a afundar» (Mt 14,30); Pedro havia assegurado a Jesus que estava disposto a segui-lo até à morte, mas a sua debilidade o acobardou e negou o Mestre nos feitos da Paixão. Por que Pedro afunda-se justamente quando começa a caminhar sobre a água? Porque, em vez de olhar a Jesus Cristo, olha ao mar e isso lhe fez perder a força e a partir desse instante, a sua confiança no Senhor diminuiu e os pés não lhe responderam. Mas, Jesus «estendeu a mão [e] segurou-o» (Mt 14,31) e salvou-o.
 
Depois da sua ressurreição, o Senhor não permite que o seu apóstolo afunde no remorso e na desesperação e lhe devolve a confiança com o seu generoso perdão. A quem eu enxergo no combate da vida? Quando noto que o peso dos meus pecados e erros me arrastam e me afundam, deixo que o bom Jesus estenda a sua mão e me salve?
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Outro benefício da oração é que ela faz passar o tempo tão depressa e com tanto prazer que nem sequer nos apercebemos da sua duração» (São João Mª Vianney)
 
«O Senhor está na "montanha" do Pai: podemos sempre invocá-lo» (Bento XVI)
 
«Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos pelo seu Filho» (Heb 1, 1-2). Cristo, Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. N'Ele, o Pai disse tudo. Não haverá outra palavra além dessa (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 65)
 
Coragem, não tenhais medo!
 
Pe. Paulo Sérgio Silva.
 
Depois de realizar a milagrosa multiplicação dos pães e peixes, Jesus Cristo retira-se para rezar e envia os discípulos à outra margem do mar para anunciar as maravilhas que eles viram e ouviram da Boa nova, pois eles devem levar o banquete do Reino a toda terra. Em meio a travessia, os discípulos sofrem os ataques de um mar revolto que ameaça afundar o barco. Os discípulos são tomados pela preocupação, medo e inquietação, pois Jesus não está fisicamente com eles. Como Senhor de toda a criação, Jesus vai ao seu encontro caminhando sobre as águas revoltas que diante de sua presença silenciam e serenam. Pedro, em nome da comunidade, deseja caminhar com o Senhor, mas antes deverá provar se sua fé está alicerçada em si mesmo ou em Deus.
 
* A cena narrada por Mateus permanece atual porque é a realidade de toda comunidade cristã, tanta da época do evangelista que a escreve quanto da nossa própria época. Vejamos os elementos que compõem a cena. As diferentes realidades vividas no mesmo momento por Jesus e pelos discípulos revelam a necessidade de “ORAÇÃO”. Jesus está rezando em comunhão serena com o Pai mesmo com proximidade da Cruz em sua vida, ao passo que os discípulos, na primeira dificuldade, são tomados pelo medo e pela convicção de que Deus os abandonou. Não era assim com o povo de Israel no Antigo Testamento e conosco ainda hoje? Sem oração facilmente o coração é tomado pelo medo que é expressão da falta de confiança em Deus. “AS TREVAS” que envolvem os discípulos não são apenas frutos da escuridão noturna, mas representam as incertezas, medo e inseguranças de todos que ao longo da história se deixam tomar pela desconfiança, perdem o caminho vocacional indicado por Deus e ficam sem saber para qual estrada seu coração deve se inclinar. “AS ONDAS” que atingem ferozmente o barco tentando afundá-lo representam as perseguições e hostilidade que ao longo da história tentaram impedir os vocacionados de alcançar o objetivo de sua vida que é fazer a vontade de Deus. Os “VENTOS CONTRÁRIOS” de modo semelhante as ondas, representam tudo aquilo que deseja mover o coração dos discípulos para trás e os levar abandonar a ordem do Senhor para chegar a outra margem e anunciar as maravilhas do Reino. O conjunto das ações dos discípulos revelam uma fé fraca, superficial, insuficiente para resistir aos desafios diários do anúncio do Evangelho.
 
* A presença de Jesus que caminha sobre um mar que emudece diante de sua presença traz à lembrança a ação de Deus no Antigo Testamento que utiliza toda a criação para realizar seu plano salvífico (Ex. 14,21-31; Sl. 77,20; Sl. 107,25-30). Jesus Cristo zela pelo seu Povo como outrora a ação divina o fez em meio a deserto e que não deixa que as forças da morte os atinjam. Sua expressão “Eu Sou” recorda o Deus que assume a missão de salvar seu povo escravizado e os conduzir a terra da libertação (Ex. 3,6).
 
* O diálogo que acontece logo após Pedro fraquejar na fé revela a pedagogia e a paciência salvífica de Deus. Pedro é a imagem de todos os discípulos que navegam no barco que é a Igreja. Aquilo que é aparentemente impossível Pedro realiza quando confia em Jesus e segue sua voz que clama: “VEM!”. Pedro afunda quando deixa de ouvir a voz de Deus e a confia demais somente em si mesmo. Nos últimos anos o Papa Francisco inclusive tem nos falado dos perigos de uma igreja que tem a si mesmo como referência de salvação ao invés de Jesus Cristo. Uma Igreja que está mais preocupada em falar de si mesma do que do Senhor Jesus, que está mais preocupada em tornar a humanidade membro de si do que do Reino, acabará por esquecer qual a sua missão: Anunciar Jesus Cristo ao mundo.
 
* E o Senhor novamente nos chama. O faz todos os dias. Como o fez naquele mar serenado, o faz hoje em nossa vida. Os cristãos são permanentemente exortados a assumir uma atitude de confiança corajosa e suplicante naquele que conduz sua Igreja. Jesus convida seus discípulos a ter a ousadia e a coragem em meio ao mundo que os ameaça e a manter viva a fé em meio às tribulações. Mas para isto, como nos recorda Santa Teresa de Jesus, nossa vida deve permanecer fixa no Cristo, e não nas dificuldades que enfrentamos em nossa missão de anunciar o Evangelho. A Igreja sabe, pela própria história, que não existe dificuldade que não pode ser enfrentada quando a comunidade permanece alicerçada na convicção de que o Senhor a acompanha nas tribulações nos caminhos da história. É este o caminho que Pedro e os discípulos precisam aprender para poder chegar a outra margem e fazer o anúncio da salvação se realizar. É este também o caminho que precisamos permanecer reaprendendo a cada dia em nossa peregrinação vocacional. Mais à frente esta confiança será ainda mais necessária na fé dos discípulos, pois não será apenas o mar que será vencido, pelo Cruz de Cristo, será o pior e mais temido dos inimigos que sucumbirá ante a confiança de Jesus Cristo em Deus Pai. O mal e a morte serão definitivamente vencidos pela doação de sua vida na Cruz e na sua Ressurreição (1Cor. 15,26-28).

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