sábado, 30 de outubro de 2021

1º de novembro: Todos os Santos

1ª Leitura (Ap 7,2-4.9-14): Leitura do Apocalipse de São João Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Amém! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».

Salmo Responsorial: 23

R. Esta é a geração dos que procuram o Senhor.

Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu santuário? O que tem as mãos inocentes e o coração puro, o que não invocou o seu nome em vão.

Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu Salvador. Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face de Deus.

2ª Leitura (1Jo 3,1-3): Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro.

Aleluia. Vinde a Mim, vós todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.

Evangelho (Mt 5,1-12a): Naquele tempo, Vendo as multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e ele começou a ensinar: Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

«Alegrai-vos e exultai»

+ Mons. F. Xavier CIURANETA i Aymí Bispo Emérito de Lleida (Lleida, Espanha)

Hoje, celebramos a realidade de um mistério salvador, expresso no credo, que se torna muito consolador: Creio na comunhão dos santos. Todos os santos que já passaram para a vida eterna, a começar pela Virgem Maria, formam uma unidade: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). E também estão, ao mesmo tempo, em comunhão conosco. A fé e a esperança não podem unir-nos, porque eles já gozam da visão eterna de Deus; mas une-nos, por outro lado, o amor que não passa nunca (1Cor 13,13); esse amor que nos une, juntamente com eles, ao mesmo Pai, ao mesmo Cristo Redentor e ao mesmo Espírito Santo. O amor que os torna solidários e solícitos para conosco. Portanto, não veneramos os santos somente pela sua exemplaridade, mas sobretudo pela unidade no Espírito de toda a Igreja, que se fortalece com a prática do amor fraterno.

Por esta profunda unidade, devemos sentir-nos perto de todos os santos que, antes de nós, acreditaram e esperaram o mesmo que nós cremos e esperamos e, acima de tudo, amaram Deus Pai e os seus irmãos, os homens, procurando imitar o amor de Cristo.

Os santos apóstolos, os santos mártires, os santos confessores que viveram ao longo da história são, portanto, nossos irmãos e intercessores; neles se cumpriram as palavras proféticas de Jesus: Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, (Mt 5,11-12). Os tesouros da sua santidade são bens de família, com que podemos contar. São estes os tesouros do céu, que Jesus convida a juntar (cf. Mt 6,20). Como afirma o Concílio Vaticano II, A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos (Lumen gentium, 49). Esta solenidade traz-nos uma notícia reconfortante, que nos convida à alegria e à festa.

Todos estamos chamados a ser santos por ser batizados.

Pe. Antonio Rivero L.C.

Hoje celebramos toda essa multidão inumerável de pessoas, irmãos nossos, que já gozam de Deus e continuam em comunhão conosco desde o céu. É uma festa que nos enche de alegria e otimismo: se eles puderam ser santos, por que nós não? Qual foi o segredo da sua santidade?

Em primeiro lugar, a festa de todos os Santos nos convida a celebrar, a princípio, dois fatos. O primeiro é que, verdadeiramente, a força do Espírito de Jesus age em todas as partes, é uma semente capaz de arraigar em todas as partes, que não necessita condições especiais de raça, ou de cultura, ou de classe social. Por isso esta festa é uma festa gozosa, fundamentalmente gozosa: o Espírito de Jesus deu, e dá, e dará fruto, e dará em todas as partes. O segundo fato que celebramos é que todos esses homens e mulheres de todo tempo e lugar têm algo em comum, algo que os une. Todos eles “lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro”, mediante o batismo (1ª leitura). Todos eles foram pobres, famintos e sedentos de justiça, limpos de coração, trabalhadores da paz (Evangelho). E isso os une. Porque hoje não celebramos uma festa superficial, hoje não celebramos que “no fundo, todo mundo é bom e tudo terminará bem”, mas celebramos a vitória dolorosamente alcançada por tantos homens e mulheres no seguimento do Evangelho (conhecendo-o explicitamente ou sem conhecê-lo). Porque existe algo que une o santo desconhecido das selvas amazônicas com o mártir das perseguições de Nero e com qualquer outro santo de qualquer outro lugar: une-os a busca e a luta por uma vida mais fiel, mais entregada, mais dedicada ao serviço dos irmãos e do mundo novo que Deus quer.

Em segundo lugar, celebramos, portanto, esses dois fatos: que com Deus vivem já homens e mulheres de todo tempo e lugar, e que esses homens e mulheres lutaram com esforço no caminho do amor, que é o caminho de Deus. Mas ai podemos acrescentar também um terceiro aspecto: Santo Agostinho, na homilia que a Liturgia das Horas oferece para o dia de São Lourenço, explica isso deste modo: “Os santos mártires imitaram Cristo até o derramamento de seu sangue, até a semelhança da sua paixão. Imitaram-no os mártires, mas não só eles. A ponte não caiu depois deles terem passado; a fonte não se secou depois deles terem bebido nela”. Santo Agostinho se dirigia a uns cristãos que acreditavam que talvez só os mártires, os que nas perseguições tinham derramado o sangue pela fé, compartilhariam a gloria de Cristo. E às vezes nós também pensamos a mesma coisa: que a santidade é um heroísmo próprio só de alguns. E ano é assim. A santidade, o seguimento fiel e esforçado de Jesus Cristo, é também para nós: para todos nós e para cada um de nós. É algo exigente, sem dúvida; é algo para gente entregada, que leva as coisas à sério, não para gente superficial e que se limita a ir empurrando as coisas com a barriga.  Porém somos nós, cada um de nós, os chamados a essa santidade, a esse seguimento. Como dizia Santo Agostinho na homilia citada antes: “Nenhum homem, seja qual for o seu gênero de vida, deve desesperar da sua vocação” (...). “Entendamos, pois, de que maneira o cristão tem que seguir Cristo, ademais do derramamento de sangue, ademais do martírio”. E hoje, na festa de Todos os Santos, somos convidados a celebrar que também nós podemos entender e descobrir a nossa maneira de seguir Cristo. 

Finalmente, portanto, a festa de hoje é um chamado à santidade para todos nós. Ser santos não é fazer necessariamente milagres, nem deixar obras surpreendentes para a história. É difícil definir o que é a santidade, mas todos esses santos que hoje celebramos nos demonstram que seguir Cristo é possível, e que isso é santidade. Tiveram defeitos. Não eram perfeitos. Cometeram pecados. Foram “normais”. Porém creram no Evangelho e o cumpriram. Alguns deixaram uma pegada profunda. Outros passaram despercebidos. E hoje honramos todos. E aceitamos o seu convite para seguir o seu caminho. Aqui também recomendaria ler a “Lumen Gentium” do Concilio Vaticano II, nos seus números 39-41, que faz um chamamento à santidade aos cristãos de todos os estados: jerarquia, leigos, religiosos.

Para refletir: Realmente estou convencido de que não só posso ser santo, mas que devo ser santo, por ser batizado? Peço a intercessão dos meus irmãos santos que já gozam da amizade eterna com Deus no céu, ou nem sequer me lembro deles? Quais são os santos da minha devoção e por que?

Para rezar: Senhor, meu Deus, ajudai-me a ser santo. Santo sem prêmio, santo para não vos ofender, santo para servir melhor os demais. Senhor, no dia de hoje, que recorramos e celebramos a memória de todos os Santos, ajudai-me a me aproximar mais de Vós. A eles rogo que peça ao Espírito, que conceda os dons necessários para ser melhor. Não porque eu mereça algo, mas para que o meu louvor chegue a Vós, mais pleno. Senhor, perdoai-me, pelas minhas faltas e pecados, por tudo o que podia ter feito e não fiz, por tudo o que podia ter servido e não servi, por tudo o que desperdicei. Dai-me a vossa benção para que o resto da minha vida, seja fiel e caridoso, luz vossa e servidor de todos. Segundo Vós me peçais em cada momento. Obrigado, Senhor, pela vossa Misericórdia para comigo. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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