terça-feira, 4 de agosto de 2020

6 de agosto: Transfiguração do Senhor

Festa do Santíssimo Salvador do Mundo

1ª Leitura (Dan 7,9-10.13-14): Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo. Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Milhares de milhares o serviam e miríades de miríades o assistiam. O tribunal abriu a sessão e os livros foram abertos. Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença. Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno, que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.

Salmo Responsorial: 96

R. O Senhor é rei, o Altíssimo sobre toda a terra.

O Senhor é rei: exulte a terra, rejubile a multidão das ilhas. Ao seu redor, nuvens e trevas; a justiça e o direito são a base do seu trono.

Derretem-se os montes como cera diante do senhor de toda a terra. Os céus proclamam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória.

Vós, Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra, estais acima de todos os deuses. Alegrai-vos, ó justos, no Senhor e louvai o seu nome santo.

2ª Leitura (2Pe 1,16-19): Caríssimos: Não foi seguindo fábulas ilusórias que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. Porque Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da sublime glória de Deus veio esta voz: «Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência». Nós ouvimos esta voz vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo. Assim temos bem confirmada a palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em prestar atenção, como a uma lâmpada que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia e nasça em vossos corações a estrela da manhã.

Aleluia. Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O. Aleluia.

Evangelho (Mt 17,1-9): Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».

«Este é o meu Filho amado»

+ Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho fala-nos da Transfiguração de Jesus Cristo no monte Tabor. Jesus, depois da confissão de Pedro, começou a mostrar a necessidade de o Filho do homem ser condenado à morte e anunciou também a sua ressurreição ao terceiro dia. É neste contexto que devemos situar o episódio da Transfiguração de Jesus. Anastácio, o Sinaíta escreve que «Ele tinha-se revestido com nossa miserável túnica de pele, hoje colocou a veste divina, e a luz envolveu-o como um manto». A mensagem que Jesus transfigurado nos traz são as palavras do Pai: «Este é o meu Filho amado. Escutai-o!». (Mc 9,7). Escutar significa fazer a sua vontade, contemplar a sua pessoa, imitá-lo, pôr em prática os seus conselhos, tomar a nossa cruz e segui-lo.

Com o propósito de evitar equívocos e más interpretações, Jesus «ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos». (Mc 9,9). Os três apóstolos contemplam Jesus transfigurado, sinal da sua divindade, mas o Salvador não quer que se divulgue até depois da sua Ressurreição, quando então se poderá compreender a dimensão deste episódio. Cristo fala-nos no Evangelho e na nossa oração; então podemos repetir as palavras de Pedro: «Rabi, que bem estamos aqui» (Mc 9,5), sobretudo depois de ir comungar.

O prefácio da Missa de hoje oferece-nos um belo resumo da Transfiguração de Jesus. Diz assim: «Porque Cristo, Senhor, tendo anunciado sua morte aos discípulos, revelou a sua glória na montanha sagrada e, tendo também a Lei e os profetas como testemunhas, fê-los compreender que a paixão é necessária para chegar à gloria da ressurreição». Lição que os cristãos nunca devem esquecer.

A pedagogia da fé, isto é, o modo pelo qual Deus nos comunica seus mistérios durante a nossa peregrinação terrenal.

Pe. Antônio Rivero, L.C.

Jesus, hoje, nos convida a subir com Ele o monte Tabor, onde nos revelará sua glória e sua beleza, e nos dará coragem antes de subir ao Calvário (evangelho). Somente através da fé podemos descobrir, sem escandalizar-nos, a divindade de Jesus através de sua humanidade sofredora. Como somente por meio da fé, Moisés confiou em Deus e saiu de sua terra cômoda e fértil para que o Senhor lhe comunicasse seus mistérios e seus planos.

Em primeiro lugar, é um convite de Deus para deixar o nosso modus vivendi tranquilo, cômodo e sossegado, para colocar-nos a caminho guiados pela luz da fé e subir o monte santo da Páscoa, mas não sem ter passado antes pelo sendeiro da cruz de Cristo. Essa luz da fé e suficientemente clara para guiar-nos pelo reto caminho que Jesus nos indicou para chegar à vida eterna. E é, ao mesmo tempo, suficientemente escura para que tenhamos méritos ao crer, para que possamos confiar totalmente em sua palavra, mesmo quando que aquilo que Deus nos peça nos resulte humanamente incompreensível.

Em segundo lugar, somente a partir da fé terei, neste dia, um encontro místico com Cristo no monte Tabor, onde Ele se manifestará em todo seu esplendor e beleza, assim como fez com seus apóstolos mais íntimos, Pedro, Tiago e João. Façamos um quadro da cena: uma montanha e uma noite, luz e som, três espectadores, dois atores e um protagonista, Jesus. Tema da obra: a divindade de Deus. Título da obra: Jesus é Deus. Caiu a cortina… Esta experiência também teve Inácio de Loiola: “Muitas vezes e por muito tempo, estando em oração, via com os olhos interiores a humanidade de Cristo e a figura, que parecia ser como um corpo branco” (Autobiografia III, 29), “como sol” (idem, XI, 99). “Si não houvesse Escrituras que nos ensinassem estas coisas da fé, ele – Inácio – se determinaria de morrer por elas, somente pelas coisas que viu” (idem).

Finalmente, necessitamos este encontro místico com Cristo, como Pedro, Tiago, João, Inácio de Loiola, Teresa de Jesus, Teresa de Calcutá. A partir da fé, obviamente. Necessitou-o Moisés para guiar o povo de Israel do Egito à Palestina por quarenta anos de desastres, guerras, crise religiosa, castigos de Deus, fidelidades de Deus… Necessitou-o Inácio de Loiola para fundar a Companhia de Jesus contra o vento e as ondas dos príncipes, teólogos e Papas. Necessitavam-no esses três apóstolos que em alguns meses estariam com Jesus no Getsemani e se escandalizariam com Ele e o abandonariam. E somente depois da Ressurreição renovaram essa fé em Cristo Deus que brilhou no monte Tabor. E eu necessito desse encontro místico para não perder a alegria e o brilho da minha fé.

Para refletir: Como está minha fé em Cristo? Minha fé segue firme também quando vê Jesus crucificado e injuriado? Atemorizam-me os silêncios de Deus? Sobe até a mística da oração, no permaneças na planície. E depois baixa até a planície, cheio do esplendor místico de Cristo, feito caridade e ternura, como ama dizer o Papa Francisco.

Qualquer dúvida ou sugestão podem comunicar-se com o padre Antônio pelo seguinte e-mail: arivero@legionaries.org

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