quinta-feira, 4 de junho de 2020

Sexta-feira da 9ª semana do Tempo Comum


1ª  Leitura (2 Tm 3,10-17) - Tu, pelo contrário, te aplicaste a seguir-me de perto na minha doutrina, no meu modo de vida, nos meus planos, na minha fé, na minha paciência, na minha caridade, na minha constância, nas minhas perseguições, nas provações que me sobrevieram em Antioquia, em Icônio, em Listra. Que perseguições tive que sofrer! E de todas me livrou o Senhor. Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, sedutores e seduzidos. Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e creste. Sabes de quem aprendeste. E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra.

Salmo Responsorial - 118/119
R. Os que amam vossa lei têm grande paz!

Tantos são os que me afligem e perseguem, mas eu nunca deixarei vossa aliança!
Vossa palavra é fundada na verdade, os vossos justos julgamentos são eternos.

Os poderosos me perseguem sem motivo; meu coração, porém, só teme a vossa lei.
Os que amam vossa lei têm grande paz, e não há nada que os faça tropeçar.

Ó Senhor, de vós espero a salvação, pois eu cumpro sem cessar vossos preceitos.
Serei fiel à vossa lei, vossa aliança; os meus caminhos estão todos ante vós.

Aleluia. Quem me ama, realmente, guardará minha palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos. Aleluia.

Evangelho (Mc 12,35-37): Então Jesus tomou a palavra e ensinava, no templo: «Por que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi, movido pelo Espírito Santo, falou: ‘Disse o Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés’. Se o próprio Davi o chama de ‘senhor’, como então ele pode ser seu filho?». E a grande multidão o escutava com prazer.

«Se o próprio Davi o chama de ‘senhor’»

P. Josep LAPLANA OSB Monge de Montserrat (Montserrat, Barcelona, Espanha)

Hoje, o judaísmo ainda sabe que o Messias tem de ser “o filho de Davi” e deve inaugurar uma nova era do reinado de Deus. Os cristãos “sabemos” que o Messias filho de Davi é Jesus Cristo, e que este reino tem começado já incoativamente –como semente que nasce e cresce- e se fará realidade visível e radiante quando Jesus volte no final dos tempos. Mas agora já Jesus é o filho de Davi e nos permite viver “na esperança” os bens do reino messiânico.

O título “Filho de Davi” aplicado a Jesus Cristo forma parte da medula do Evangelho. Na Anunciação, a Virgem recebeu esta mensagem: «Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó» (Lc 1,32-33). Os pobres que pediam a cura a Jesus clamavam: «Filho de Davi, tem compaixão de mim!» (Mc 10,48). Na sua entrada solene em Jerusalém, Jesus foi aclamado: «O Bendito o Rei? Que vai começar, o reino de Davi, nosso pai!» (Mc 11,10). O antiquíssimo livro da Didaké agradece a Deus «a vinha santa de Davi, teu servo, que nos tem dado a conhecer por meio de Jesus, teu servo».

Mas Jesus não é só filho de Davi, senão também Senhor. Jesus o afirma solenemente ao citar o Salmo davídico 110, cita incompreensível para os judeus: pois resulta impossível que o filho de Davi seja “Senhor” de seu pai. São Pedro, testemunha da ressurreição de Jesus, viu claramente que Jesus tinha sido constituído “Senhor de Davi”, porque «Davi morreu e foi sepultado, seu sepulcro ainda se conserva entre nós (...). A este Jesus Deus o tem ressuscitado, e disso somos testemunha todos nós» (Ac 2,14).

Jesus Cristo, «nosso Senhor, descendente de Davi quanto à carne, que, segundo o Espírito de santidade, foi estabelecido Filho de Deus no poder por sua ressurreição dos mortos» como diz São Paulo (Rm 1,3-4), tem se convertido no foco que atrai o coração de todos os homens, e assim, mediante a sua atração suave, exerce seu senhorio entre todos os homens que se dirigem a Ele como amor e confiança.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

S. Bonifácio, Bispo e Mártir
* No evangelho de anteontem, Jesus criticou a doutrina dos saduceus (Mc 12,24-27).
No evangelho de hoje, ele critica o ensinamento dos doutores da lei. E desta vez, sua crítica não visa a incoerência da vida deles, mas sim o ensinamento que eles transmitem ao povo. Numa outra ocasião, Jesus tinha criticado a incoerência deles e tinha dito ao povo: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam” (Mct. 23,2-3). Agora, ele mostra uma reserva com relação ao que eles ensinam a respeito da esperança messiânica, e ele baseia a sua crítica em argumentos tirados da Bíblia.

* Marcos 12,35-36: O ensinamento dos doutores da Lei sobre o Messias.
A propaganda oficial tanto do governo como dos doutores da Lei dizia que o Messias viria como Filho de Davi. Era a maneira de ensinar que o Messias seria um rei glorioso, forte e dominador. Assim foi o grito do povo no Domingo de Ramos: "Bendito o Reino que vem do nosso pai Davi!" (Mc 11,10). Assim também gritou o cego de Jericó: "Jesus, filho de Davi, tem dó de mim!" (Mc 10,47).

* Marcos 12,37: Jesus questiona o ensinamento dos doutores sobre o Messias
Jesus questiona este ensinamento dos doutores. Ele cita um salmo de Davi: “O Senhor disse ao meu senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés!” (Sl 110,1) E Jesus acrescenta: “Se o próprio Davi o chama de meu Senhor, como é que o messias pode ser filho dele?” Isto significa que Jesus não concordava muito com esta ideia de um messias Senhor Glorioso, que viria como rei poderoso para dominar e se impor sobre todos os inimigos. Marcos acrescenta que o povo gostou da crítica de Jesus. De fato, a história informa que os “pobres de Javé “(anawim) esperavam o messias não como dominador, mas sim como servidor de Deus para a humanidade.

* As várias formas de esperança messiânica.
Ao longo dos séculos, a esperança messiânica foi crescendo, tomando várias formas. Quase todos os grupos e movimentos da época de Jesus esperavam a chegada do Reino, mas cada um do seu jeito: fariseus, escribas, essênios, zelotes, herodianos, saduceus, os profetas populares, os discípulos de João Batista, os pobres de Javé. Pode-se distinguir três tendências na esperança messiânica do povo no tempo de Jesus.

1. Messias como enviado pessoal de Deus: Para uns, o futuro Reino devia chegar através de um enviado de Deus, chamado Messias ou Cristo. Ele seria ungido para poder realizar esta missão (Is 61,1). Alguns esperavam que ele fosse um profeta; outros, que fosse um rei, um discípulo ou um sacerdote. Malaquias, por exemplo, espera o profeta Elias (Mal 3,23-24). O Salmo 72 espera um rei ideal, um Novo Davi. Isaías ora espera um discípulo (Is 50,4), ora um profeta (Is 61,1). O espírito impuro gritava: "Eu sei quem tu és o Santo de Deus! (Mc 1, 24). Sinal de que também havia gente que esperava um messias que fosse sacerdote (Santo ou Santificado). Os pobres de Javé (anawim) esperavam o Messias como o “Servo de Deus”, anunciado por Isaías.

2. Messianismo sem messias. Para outros, o futuro chegaria de repente, sem mediação nem ajuda de ninguém. O próprio Deus viria em pessoa para realizar as profecias. Não haveria um messias propriamente dito. Seria um messianismo sem messias. Isto já se percebe no livro de Isaías, onde o próprio Deus vem chegando trazendo a vitória na mão (Is 40,9-10; 52,7-8).

3. O Messias já chegou. Também havia grupos que já não esperavam o messias. Para eles a situação presente devia continuar como estava, pois achavam que o futuro já tinha chegado. Estes grupos não eram populares. Por exemplo, os saduceus não esperavam o messias. O herodianos achavam que Herodes fosse o rei messiânico.

4. A luz da ressurreição. A Ressurreição de Jesus é a luz que, de repente, iluminou todo o passado. À luz da ressurreição, os cristãos começaram a reler o Antigo Testamento e descobriram nele sentidos novos que antes não podiam ser descobertos, porque faltava a luz (cf 2Cor 3,15-16). É no AT que eles buscavam as palavras para expressar a nova vida que estavam vivendo em Cristo. É lá que encontraram a maior parte dos títulos de Jesus: Messias (Sl 2,2), Filho do Homem (Dn 7,13; Ez 2,1), Filho de Deus (Sl 2,7; 2 Sm 7,13), Servo de Javé (Is 42,1; 41,8), Redentor (Is 41,14; Sl 19,15; Rt 4,15), Senhor (LXX) (quase 6000 vezes!). Todos os grandes temas do AT desembocam em Jesus e encontram nele a sua plena realização. Na ressurreição de Jesus desabrochou a semente e, no dizer dos Pais da Igreja, todo o Antigo Testamento se tornou Novo Testamento.

Para um confronto pessoal
1) Qual é a sua esperança para o futuro do mundo de hoje em que vivemos?
2) A fé na Ressurreição tem alguma influência na maneira de você viver sua vida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO