terça-feira, 23 de junho de 2020

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA - MISSA DA VIGÍLIA (dia 23 à tarde ou à noite)


A celebração desta vigília nos introduz na solenidade do Nascimento de João Batista. São João encontra-se no coração das festas juninas, marcadas pela alegria e pela certeza de que Deus é misericordioso com os empobrecidos.

Primeira Leitura (Jer 1,4-10) - Nos dias de Josias, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações”. Disse eu: “Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo”. Disse-me o Senhor: “Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás, e tudo que eu te mandar dizer, dirás. Não tenhas medo deles, pois estou contigo para defender-te”, diz o Senhor. O Senhor estendeu a mão, tocou-me a boca e disse-me: “Eis que ponho minhas palavras em tua boca. Eu te constituí hoje sobre povos e reinos com poder para extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar”.

Salmo Responsorial: 70(71)
R. Desde o seio maternal, sois meu amparo.

Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor, / que eu não seja envergonhado para sempre! / Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me! – R.

Sede uma rocha protetora para mim, / um abrigo bem seguro que me salve! / Porque sois a minha força e meu amparo, † o meu refúgio, proteção e segurança! / Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. – R.

Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, / em vós confio desde a minha juventude! / Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, / desde o seio maternal, o meu amparo. – R.

Minha boca anunciará todos os dias / vossa justiça e vossas graças incontáveis. / Vós me ensinastes desde a minha juventude, / e até hoje canto as vossas maravilhas. – R.

Segunda Leitura (1Pd 1,8-12) - Caríssimos, sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação. Essa salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas. Eles profetizaram a respeito da graça que vos estava destinada. Procuraram saber a que época e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao anunciar com antecedência os sofrimentos de Cristo e a glória consequente. Foi-lhes revelado que, não para si mesmos, mas para vós, estavam ministrando essas coisas, que agora são anunciadas a vós por aqueles que vos pregam o evangelho em virtude do Espírito Santo, enviado do céu; revelações essas, que até os anjos desejam contemplar!

ALELUIA. Ele veio para dar testemunho da luz e preparar o povo para a vinda do Senhor. ALELUIA.

Evangelho (Lucas 1,5-17) - Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada. Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no templo, pois era a vez do seu grupo. Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no santuário e fazer a oferta do incenso. Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido. Então, apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem-disposto”.

Reflexão:
ALVES MORENO
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO

A leitura corresponde ao início do chamado Evangelho da Infância de Lucas. O teólogo genial que é S. Lucas, não prescinde do seu gênio de historiador e começa por situar na História o acontecimento: «Nos dias de Herodes, rei da Judeia» (v. 5). «Zacarias», era um nome corrente entre judeus, que significa "Yahwéh recordou-se". Isabel, Elixabet, era o nome da mulher de Aarão (Ex 6, 23) e significa «Deus é a plenitude», ou «Deus jurou». Zacarias pertencia à turma de Abia, isto é, ao oitavo turno semanal ao serviço do Templo (cf. 1 Par 24, 10). Segundo conta o historiador Flávio José, os 24 turnos semanais estavam em pleno funcionamento nesta data.

6 «Ambos justos aos olhos de Deus». A sua santidade não era meramente externa e legal. Justo equivale a fiel cumpridor de toda a vontade de Deus, pessoa que ajusta todo o seu pensar e atuar à lei do Senhor. Então, como hoje, é de pais justos e santos que procedem os grandes homens, os grandes santos.

9-10 «Para oferecer o incenso». Um sacrifício que se repetia duas vezes ao dia e às 3 horas da tarde. O sacerdote eleito desta vez foi Zacarias, talvez a única vez na vida que lhe coube tamanha honra, segundo as instruções de Mixná. Então pôde penetrar no Santuário, na primeira câmara chamada «o Santo», onde se encontravam os 12 pães da proposição que representavam as 12 tribos de Israel na presença do Senhor, bem como o candelabro de 7 braços, a menoráh. Zacarias, totalmente só e no máximo recolhimento, ao sinal da trombeta, tinha de deitar incenso sobre as brasas que estavam sobre o pequeno altar de oiro, enquanto o povo espalhado pelos átrios, o dos israelitas e o das mulheres, fazia subir as suas preces até Deus: a nuvem do fumo do incenso que se erguia do altar dos perfumes era a imagem bem expressiva da oração, segundo as palavras do Salmo 141(140), 2. A afluência dos fiéis costumava ser grande, a fim de rezar neste preciso momento, sobretudo na oferenda da tarde.

14-17 «Terás alegria…» Logo a seguir são apontados os motivos de tamanha alegria: a grandeza e santidade excepcionais do filho (v. 15), cheio de Espírito Santo (santificado no ventre materno, segundo a exegese habitual, ou dotado do carisma profético); será instrumento para a salvação de muitos (v. 16); preparará a vinda do Messias (v. 17). É interessante notar como o Evangelista, apesar de saber que João preparou a vinda de Jesus, o Messias, não instrumentaliza um relato que se move num ambiente e perspectiva «pré-cristã» e numa linguagem vétero-testamentária; é mais um indício da fidelidade de Lucas às suas fontes (aqui talvez um relato de família, conservado em círculos afetos ao Batista). É por isso que não diz: «irá à frente do Messias» (como seria de esperar), mas «irá à frente de Yahwéh».

João Batista é motivo de grande alegria para seus pais.
Zacarias e sua esposa sentiam grande tristeza pelo facto de não terem filhos. O mesmo acontecia com os casais que não eram favorecidos por Deus com o dom da maternidade. Tal facto motivou uma oração constante de Zacarias. E como para Deus nada é impossível, o Anjo do Senhor, como nos conta o Evangelho de hoje, foi portador dessa boa nova: “Não temas Zacarias, porque a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João.”

Os filhos devem ser sempre motivo de alegria para seus pais. Uma criança que nasce é como um sorriso de Deus no seu lar. Como é importante os casais aceitarem com generosidade os seus filhos! A mentalidade anti-natalista que se infiltrou por toda a parte está a revelar-se num desastre para a Humanidade e revela grande falta de fé. Invoca-se demasiado o argumento da crise econômica para se não ter filhos, quando a crise existe também por causa da falta dos mesmos filhos. “Procurai em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo” assim nos afirma o Senhor de todas as riquezas.  É garantia divina que “valemos mais que os passarinhos e as flores do campo, às quais nada falta”. Se os casais forem generosos no cumprimento dos seus deveres, nada faltará aos filhos e a toda a Humanidade. O egoísmo é que é a verdadeira causa profunda de todas as crises. Os factos o confirmam constantemente. De famílias numerosas, por vezes bem pobres de meios materiais, têm surgido grandes santos e heróis da mesma Humanidade: Santa Catarina de Sena, Santo Inácio de Loyola, etc., etc.

João Batista é motivo de grande alegria para a Humanidade.
Aquele menino seria motivo de grande alegria não só para seus pais, mas também para toda a Humanidade. Ele foi escolhido por Deus para ser o grande profeta, o último e maior de todos eles, como o confirmaria o próprio Jesus. Desde jovem sentiu vocação para viver no deserto todo entregue à oração e penitência. O que ele cumpriu com a generosidade da própria vida. Teve a honra de batizar e apresentar Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Foi um profeta valente, que não teve receio de arriscar a vida pela verdade, no cumprimento da missão que Deus lhe confiou. Foi por isso degolado na prisão. É exemplo sempre atual. Ensina-nos a amar a Jesus e a dar a vida por Ele se necessário for.

O mundo de hoje precisa de homens valentes, desapegados das comodidades, capazes de levar uma vida sóbria e gastá-la alegremente ao serviço de Deus. Vale bem a pena realçar para o mundo de hoje o exemplo de sua vida, para, como ele atingirmos a meta da salvação eterna, para a qual todos fomos criados.

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