O mistério glorioso da
Assunção de Maria ao céu é como a contrapartida do mistério gozoso da
Anunciação.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Se
Maria está no céu em corpo e alma, não pode haver o pessimismo absoluto: a
humanidade não está condenada à corrupção. Se Maria foi assunta ao céu, também
não pode haver o orgulho prometeico: o homem não é um ser autossuficiente, pois
para chegar a sua realização final depende das mãos de Deus.
Em
primeiro lugar, vamos resumir um pouco a história e o conteúdo do dogma da
Assunção de Maria ao céu. Desde o século VI até hoje, 15 de agosto, esta festa
foi chamada Dormição da Virgem, agora é o título com que hoje é designada a
solenidade em Oriente, junto com o Trânsito de Maria. No século VII foi adotada
pela liturgia romana, por cuja influência mais tarde se espalhou no Ocidente, e
foi chamada a Assunção de Maria. A Liturgia romana atual considera esta festa
como a "festa do seu destino de plenitude e bem-aventurança, da
glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, de sua perfeita
glorificação em Cristo ressuscitado; uma festa que propõe a Igreja e toda a
humanidade a imagem da promessa consoladora do cumprimento da esperança final;
porque este plena glorificação é o destino daqueles a quem Cristo fez irmãos e
tem em comum com eles carne e sangue" (Paulo VI, Marialis Cultus, 6). A
Assunção de Maria é um dogma definido por Pio XII solenemente em 01 de novembro
de 1950, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. Ela participa da
ressurreição de Cristo por quanto esteve perfeitamente unida com ele, ouvindo a
sua palavra e colocando-a em prática. A Assunção é a epifania da profunda
transformação que a semente da palavra divina produziu em Maria, na integridade
de sua pessoa.
Em
segundo lugar, este glorioso mistério é a contrapartida do mistério gozoso da
Anunciação. No mistério da Anunciação, o abismo de humildade de Maria causou a
vertigem de Deus até o ponto de Ele descer ao seio de Maria. No mistério da
Assunção, Nossa Senhora se rende à nostalgia vertical, pois Deus namorou sua
juventude e agora lhe atrai às alturas. E assim como na Anunciação Maria abriu
a Deus a entrada neste mundo tornando-se em porta para entrar na terra, na
Assunção é realizada a glória como nossa Mãe, tornando-se para nós assim a
porta do céu, por isso é "ianua coeli " como cantamos nas ladainhas
do Santo Rosário. Ela é, portanto, a nova escada de Jacob pela que Deus vem aos
homens (Anunciação), e os homens ascendemos a Deus (Assunção).
Finalmente,
a glorificação de Maria assume um valor de sinal escatológico para o povo de
Deus que ainda caminha para o dia do Senhor; sinal consolador para suportar com
segurança escatológica a esperança de autorrealização, como Maria, e para dar
incentivo para aqueles que ainda estão no meio de perigos e ansiedades lutando
contra o pecado e a morte. Portanto, a assunção de Maria não é uma realidade
alienante para o povo de Deus a caminho, mas um estímulo e um ponto de
referência que nos compromete na realização de nosso próprio caminho histórico
para a perfeição escatológica final. Celebrando a Assunção de Maria, o nosso
pedido deve ser dirigido a implorar que quanto aconteceu a Maria, após a
Ascensão de seu Filho, também aconteça para nós, seus filhos. Nem pessimismo:
tudo termina com a nossa morte. Nem orgulho prometeico: eu alcanço minha
realização e realização aqui na terra, roubando secretamente o fogo a Deus, sem
necessidade dele, nem de seu céu. Como Maria foi elevada em corpo e alma ao céu
imediatamente depois de terminar o curso de sua vida aqui na terra, nós também
ressuscitaremos em nossos corpos, no final dos tempos, quando Jesus Cristo vier
por última vez.
Para
refletir:
São João Damasceno, o
transmissor mais ilustre desta tradição, comparando a Assunção da Santa Mãe de
Deus com seus outros presentes e privilégios, diz ele, com eloquência veemente:
"Convinha que aquela que no parto foi preservada intacta na sua
virgindade, conservara o seu corpo também após a morte, livre da
corruptibilidade. Convinha que aquela que tinha levado o Criador como uma
criança em seu ventre, tivesse depois sua mansão no céu. Era justo que a mulher
com quem Deus se desposara, habitasse no tálamo celestial. Convinha que aquela
que tinha visto seu filho na cruz e cuja alma foi trespassada pela espada da
dor, da que foi poupada no momento do parto, o contemplasse sentado à direita
de Deus. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o mesmo que seu Filho e fosse
reverenciada por todas as criaturas como Mãe e serva de Deus”.
Para
rezar:
Hoje, vosso Filho vem
te buscar, Virgem e Mãe e Vos diz: “Vinde, amada minha, Vos colocarei sobre meu
trono, prendado está o Rei de vossa beleza. Quero-Vos junto a Mim, para
consumar minha obra salvadora. Já tendes a vossa “casa” onde vou celebrar as
núpcias do Cordeiro”. Bem-aventurada Vós que acreditaste, pois se cumpriu o que
da parte do Senhor Vos foi dito. Mãe Santíssima, preparai-me um lugar no céu
junto de Vós.
Assunção da Virgem
Maria: “A vitória total contra a morte”
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Btos Mártires de La Rochelle |
Hoje
celebramos a festa do primeiro ser humano- Maria- que, depois de Cristo seu
Filho, experimentou a vitória total contra a morte, também corporalmente. Não
estamos feitos para a morte, mas para a vida, para a ressurreição (segunda leitura).
Este
foi o último dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1 novembro de 1950:
“Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a
Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena,
foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Depois de ter lutado contra
todos os inimigos da nossa alma (primeira leitura) e graças a que Cristo venceu
o último inimigo- a morte- (Segunda leitura), Deus nos concederá a ressurreição
do nosso corpo.
Em
primeiro lugar, o que significa que Maria foi elevada al céu em corpo e alma?
Maria, como primeira seguidora de Jesus, é a primeira cristã e a primeira
salvada pela Páscoa do seu Filho; participa já da vitória do seu Filho, e é
elevada à glória definitiva em corpo e alma. O motivo deste privilégio formula
bem o prefácio de hoje: “com razão não quisestes, Senhor, que conhecesse a
corrupção do sepulcro a mulher que, por obra do Espírito, concebeu no seu seio
o autor da vida, Jesus Cristo”. Por que este privilégio? Porque Ela foi
radicalmente dócil na sua vida respondendo com um “sim” total à sua vocação,
desde a humildade radical (evangelho). Ela esteve presente com Jesus, até o
final, lutando contra o dragão que queria devorar o seu Filho (primeira
leitura).
Em
segundo lugar, o que significa para nós esta festa? Em Maria se condensa o
nosso destino. Da mesma maneira que o seu “sim” foi representante do nosso,
também o “ sim” de Deus para Ela, glorificando-a, é um “sim” para todos nós,
que somos os seus filhos. Sinala o destino que Ele nos prepara, se vencermos os
dragões do mal que nos cercam (segunda leitura) e se caminharmos na fé e na
humildade como Maria (evangelho). O nosso destino é a ressurreição final em
corpo e alma, como Maria que a obteve antes, como prêmio pela sua fé, humildade
e pela sua vida sem pecado, e para poder abraçar o seu querido Filho e preparar
junto como Ele um lugar para nós.
Finalmente,
esta festa nos infunde esperança e otimismo na nossa vida. O destino da nossa
vida não é a morte, porém a vida. Toda a pessoa humana, corpo e espírito, está
destinada à vida. O nosso corpo tem, pois, uma grandíssima dignidade; não
podemos profaná-lo nem manchá-lo. O que Deus fez em Maria, fará também em nós.
Cremos nisso. Esperamos. Desejamos. A nossa história terá um final feliz. Não
terminamos no sepulcro, mas na ressurreição do nosso corpo. E a Eucaristia que
recebemos semanalmente ou diariamente é a antecipação do que será a nossa
glória futura: “quem come a minha Carne e bebe o meu Sangre, tem vida eterna e
eu o ressuscitarei no último dia”. A Eucaristia é como a semente e a garantia
da vida imortal para os seguidores de Jesus. O que Maria conseguiu- a
glorificação definitiva-, nós também conseguiremos, como fruto da Páscoa de
Cristo.
Para
refletir:
ao pensar na
ressurreição final, encho-me de alegria e otimismo por saber pela fé que o meu
destino é a vida e não a morte no sepulcro? Já aqui na terra estou semeando as
sementes da imortalidade e da ressurreição no meu corpo, comungando o Corpo de
Cristo na Eucaristia? Esta festa de Maria me convida a levar uma vida de
santidade, de fé, de humildade e de amor?
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