sexta-feira, 29 de maio de 2015

MÊS DE MARIA – Sábado da 8ª Semana do Tempo Comum


Evangelho (Mc 11,27-33): Jesus e os discípulos foram outra vez a Jerusalém. Enquanto andava pelo templo, os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: «Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?». Jesus disse: «Vou fazer-vos uma só pergunta. Respondei-me, que eu vos direi com que autoridade faço isso. O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me!». Eles discutiam entre si: «Se respondermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que não acreditastes em João?’ Vamos então responder: ‘Dos homens’?». — Eles tinham medo do povo, já que todos diziam que João era realmente um profeta. Responderam então a Jesus: «Não sabemos». E Jesus retrucou-lhes: «Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas!».

Comentário: Mn. Antoni BALLESTER i Díaz (Camarasa, Lleida, Espanha)

Com que autoridade fazes essas coisas?

Hoje, o Evangelho pede-nos que pensemos com que intenção vemos Jesus. Há quem vá sem fé, sem reconhecer sua autoridade: por isso, «os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos, lhe perguntaram: “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” (Mc 11,27-28).

Se não tratamos a Deus na oração, não teremos fé. Mas, como diz São Gregório Magno, «quando insistimos na oração com toda veemência, Deus se detém no nosso coração e recobramos a vista perdida». Se tivermos boa disposição, apesar de estar no erro, vendo que a outra pessoa tem razão, acolheremos suas palavras. Se tivermos boa intenção, apesar de arrastar o peso do pecado, quando façamos oração Deus nos fará compreender nossa miséria, para que nos reconciliemos com Ele, pedindo perdão de todo coração e, por meio do sacramento da penitência.

A fé e a oração vão juntas. Diz-nos Santo Agostinho que, «se a fé falta, a oração é inútil. Depois, quando oremos, criemos e oremos para que não falte a fé. A fé produz a oração e, a oração produz também a firmeza da fé». Se tivermos boa intenção e, acudimos a Jesus, descobriremos quem é e, entenderemos sua palavra, quando nos pergunte: «O batismo de João era do céu ou dos homens?» (Mc 11,30). Pela fé, sabemos que era do céu e, que sua autoridade vem-lhe do seu Pai, que é Deus e, Dele mesmo porque é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Porque sabemos que Jesus é o único salvador do mundo, acudimos a sua Mãe que também é nossa Mãe, para que desejando acolher a palavra e a vida de Jesus, com boa intenção e boa vontade, para ter a paz e a alegria dos filhos de Deus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, ocarm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* "Com que autoridade?"
A palavra "autoridade" é central nesta passagem. Contém o segredo do caminho de fé e do crescimento espiritual que podemos percorrer, se nos deixamos guiar pela Palavra, na meditação deste Evangelho. A pergunta provocadora dirigida a Jesus por seus adversários leva imediatamente a entender a distância que há entre ele e os outros, por isso não pode haver uma resposta. "Autoridade", nas palavras dos sacerdotes e dos escribas, indica o "poder", "força", "domínio", "capacidade de fazer cumprir as leis e julgar". Para Jesus, no entanto, "autoridade" significa outra coisa, como podemos entender se termos presente que em hebraico esta palavra vem da raiz que significa "fazer-se igual a". Na verdade, Jesus manifesta imediata e claramente em que o horizonte Ele se move, para onde está indo e para onde quer nos conduzir: para ser iguais, para ser como o Pai, para manter uma relação de amor com Ele, como entre Pai e filho. Não é por acaso que Ele imediatamente mencione o batismo de João...

* "O batismo de João...".
Jesus nos leva rapidamente e com clareza ao ponto de partida, à fonte, lá onde podemos reencontrar conosco mesmos, no encontro com Deus. Às margens do rio Jordão, onde ele foi batizado, é preparado um lugar para nós, porque, porque, como Ele, descemos às águas, no fogo do amor e nos deixamos marcar com o selo do Espírito Santo, nos deixamos encontrar, visitar e envolver por estas palavras: "Tu és o meu Filho amado" (Mc 1, 11). Jesus nos ensina que não há nenhuma outra autoridade, outra grandeza ou outra riqueza, mas apenas esta.

* "Do céu ou dos homens?"
Queremos estar com Deus e com os homens, seguir a Ele ou a eles, entrar na luz do céu aberto (Mc 1, 10) ou permanecer nas trevas da nossa solidão?
* "Respondei-me." É belíssima esta palavra de Jesus, repetida com ênfase duas vezes (vv. 29 e 30). Jesus pede uma escolha precisa, uma decisão clara, sincera e autêntica, até o fim. O verbo "responder", em grego, expressa justamente esta atitude, esta capacidade de distinguir e separa bem as coisas. O Senhor quer nos convidar para entra no mais profundo de nós mesmos para nos deixar penetrar por suas palavras e que, dessa forma, aprendemos cada vez mais e melhor, em estreita relação com Ele, a tomar as decisões importantes de nossa vida e até mesmo a todos os dias.
Mas esse verbo simples e bonito indica, todavia algo mais. A raiz hebraica expressa resposta e, ao mesmo tempo, a miséria, a pobreza, tristeza e humildade. Isto é, não pode haver uma verdadeira resposta senão na humildade, no ouvir. Jesus pede aos sacerdotes e escribas, e também a nós, de entrar nesta dimensão da vida, nesta atitude da alma: fazer-se humilde diante dele, reconhecer a nossa pobreza e a necessidade que temos Dele, porque esta é a única possível resposta para suas perguntas.

* "Discutiam entre si".
Estamos diante de outro verbo importante que nos ajuda a compreender melhor o nosso mundo interior. Este discutir, de fato, é um "falar através de", como se deduz da tradução literal do verbo grego usado por Marcos. As pessoas desta passagem estão quebradas por dentro, atravessadas por uma ferida; diante de Jesus, não são de uma peça. Entre eles falam por diversas razões e considerações, ao invés de entrar naquele relacionamento e diálogo com o Pai, que foi inaugurado no batismo de Jesus, continuam de fora, à distância, como o filho da parábola, que se recusa a entrar no banquete do amor (cf. Lc 15, 28). Eles também não acreditam que a Palavra do Pai, que repete mais uma vez: "Tu és o meu Filho muito amado: em ti me comprazo" (Mc 1, 11), por isso continuam procurando e querendo a força da autoridade e do poder em vez da fraqueza do amor.

Para um confronto pessoal
1) O Senhor me ensina que a sua autoridade, também em minha existência, não é domínio nem força de opressão, mas é amor, capacidade de se assemelhar, de se fazer próximo. Eu quero aceitar essa autoridade de Jesus na minha vida, desejo realmente entrar nesta relação de semelhança a Ele? Estou disposto a tomar as medidas que esta escolha comporta? Estou determinado a ir até o fim por este caminho?
2) Ao avizinhar-me desta passagem do Evangelho, talvez não suspeitasse que seria levado à passagem do Batismo e a esta experiência tão fundamental e motora de relacionamento com Deus Pai. No entanto, o Senhor quis revelar mais uma vez seu grande amor, ele não recuar diante de qualquer fadiga ou obstáculo, para me alcançar. Mas e o meu coração como está, neste momento, diante Dele? Consigo escutar a voz do Pai falando comigo e me chama de "filho", pronunciando o meu nome? Consigo acolher esta sua declaração de amor? Confio, creio, me entrego a Ele? Eu escolho o céu ou ainda a terra?
3) Eu acho que deveria acabar com essa meditação, sem dar minha resposta. Jesus me pede especificamente: aquele "Respondei-me" hoje é dirigido a mim. Eu aprendi que não pode haver verdadeira resposta, sem uma verdadeira escuta, e que a verdadeira escuta só pode nascer da humildade... Desejo dar este passo? Desejo, pelo contrário, continuar a responder guiado apenas por minhas convicções, por meus velhos modos de pensar e sentir, por minha presunção e autossuficiência?

* Uma pergunta final. Olhando meu coração por dentro, eu também me vejo um pouco dividido, como os adversários de Jesus? Tenho em mim alguma ferida que me atravessa e não me permite ser um cristão por inteiro, amigo de Cristo, um seguidor seu?

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